sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Suplementação na Síndrome do Ovário Policístico

 



A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das doenças endócrinas mais comuns que atinge de 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva.

O tratamento basicamente envolve a mudança do estilo de vida e da alimentação e muitos estudos mostram que fazer uma boa prescrição de suplementos e fitoterápicos no tratamento da SOP fornece ótimos resultados.

 

Diferença entre Ovário policístico e SOP

A presença de cistos nos ovários nem sempre indica a Síndrome dos Ovários Policísticos, isso porque ela pode ou não ocorrer com ovários policísticos. 

Essa síndrome caracteriza-se frequentemente por hiperandrogenismo que pode se manifestar por: hirsutismo, acne, seborreia, alopecia, irregularidade menstrual, obesidade e cistos ovarianos.

 

O que é a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)?

De acordo com os critérios de Roterdã, a SOP é definida pela existência de pelo menos dois dos três critérios, que são hiperandrogenismo, anovulação crônica e ovários policísticos nos achados do ultrassom.

Esse problema endócrino resulta em sintomas bem característicos, tais como acne, queda de cabelo, oleosidade na pele e no couro cabeludo, ciclo irregular, pelos em excesso, cansaço excessivo, risco aumentado para resistência insulínica, obesidade e doenças coronárias. Todos esses sintomas precisam de tratamento, para que não ocorram consequências graves na saúde da mulher.

SOP x Resistência à Insulina

Estima-se que entre 50 e 90% das mulheres com SOP manifestem em algum momento a resistência à insulina. 

Dessa forma, como uma resposta compensatória à resistência à insulina, desenvolve-se hiperinsulinemia que, por sua vez, interage sinergicamente com o hormônio luteinizante (LH) nas células da teca. Isso leva a ativação de uma enzima chave que gera aumento e liberação de andrógenos, piorando a SOP.

Por isso, uma das estratégias para melhorar essa sensibilidade à insulina é fazer o controle da Carga Glicêmica (CG) e Índice Glicêmico (IG).

 

Primeira linha de tratamento

Antes de definir a sua conduta, deve haver uma avaliação correta dos exames da paciente, analisar seu recordatório, sinais e sintomas, e alinhar com o objetivo do tratamento, para assim suplementar. 

O ideal é que a primeira linha de tratamento da SOP seja:

  • Diminuir peso (em casos de excesso de peso);
  • Diminuir o processo inflamatório;
  • Modular a Vitamina D;
  • Tratar Resistência à insulina (incidência em 90% das pacientes com SOP).

 

Suplementação na SOP

A suplementação na SOP já vem sendo muito pesquisada, e aqui abaixo deixo alguns suplementos que demonstraram, em meta-análises com Estudos Clínicos Randomizados, serem efetivos no tratamento da SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos):

  • Vitamina D: a suplementação de vitamina D demonstrou reduziu a resistência à insulina e o hiperandrogenismo, além de melhorar o metabolismo lipídico de pacientes com SOP. 
  • Magnésio: A suplementação de magnésio resultou em redução do IMC e dos níveis de testosterona, bem como aumento das concentrações de DHEA em mulheres com SOP e aumento dos níveis séricos de LH.
  • Cromo: efeitos benéficos na redução do IMC, insulina em jejum e testosterona livre em pacientes com SOP. 
  • Ômega 3: reduziu o estado inflamatório em mulheres com SOP, por meio de uma diminuição na PCR-us e um aumento nos níveis de adiponectina. 
  • Mio-Inositol: D -quiro-inositol (DCI) MI sozinho (1,1 a 4 g) ou combinado com DCI melhorou o perfil metabólico de mulheres com SOP, também aumentando o SHBG quando a suplementação durou pelo menos 24 semanas.
  • Canela: a suplementação oral de canela em pacientes com SOP levou a uma redução significativa do nível sérico de LDL-C, colesterol total e TGL. Além disso, uma melhora na concentração sérica de HDL-C foi demonstrada pela suplementação de canela.

 


Curiosidade! 

Em estudos foi observado que o pó de linhaça (30 g / dia) ajudou na redução de peso, RI e marcadores inflamatórios em mulheres com SOP.

 

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 


Pujol, AP. Suplementação na Síndrome do Ovário Policístico. Instituto Ana Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br Acessado em: 29/10/2021.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Como Driblar os Problemas de Saúde Vindos com a Idade

 


Segundo a OMS (organização mundial da saúde), idoso é aquele indivíduo com 60 anos ou mais que tem seus direitos garantidos como tal. Embora essa seja a definição, a idade cronológica não representa o estado físico ou psicológico da pessoa, já que cada organismo responde de uma maneira aos diversos estímulos a ele imposto. Sabe-se que o avançar da idade traz consigo diversas alterações que acompanham o envelhecimento, dentre as mais frequentes estão:

- Mudanças na composição corporal, com aumento do percentual de gordura, atrofia muscular e diminuição da quantidade de água no corpo.

- Diferenças na pele, essa se torna mais seca, fina e sensível a batidas ou pancadas.

- Redução na atividade dos órgãos dos sentidos, visão e audição diminuem, o paladar fica menos eficiente em reconhecer sabores, assim como, ocorre perda da capacidade de sentir sede.

- Alterações fisiológicas em todos os órgãos e tecidos, como, fragilidade óssea, endurecimento de veias e artérias, retração da elasticidade do pulmão, diminuição da atividade cardíaca e neurológica e alterações hormonais.

Pensando em todas essas mudanças naturais, o cuidado com a saúde e bem-estar passa a ser fundamental nessa fase da vida, tanto o acompanhamento médico quando o nutricional se fazem necessários para uma melhor qualidade de vida. A importância do acompanhamento nutricional está relacionada com a capacidade dos alimentos de prevenir, retardar ou até curar alguns tipos de enfermidades.

Algumas doenças comumente adquiridas por idosos, são enfermidades diretamente relacionadas com estilo de vida, que podem ser controladas com a ingestão adequada de certos nutrientes presentes nos alimentos.  

A osteoporose, por exemplo, caracteriza-se pela fraqueza dos ossos e acomete com frequência os idosos, podendo prejudicar a coluna, os joelhos, o quadril e as mãos, sendo o principal sintoma a dor crônica. Esta doença não tem cura, mas as complicações e sintomas podem ser evitados com uma alimentação rica em cálcio, mineral encontrado em maior quantidade nos leites e derivados, e em menor proporção nos vegetais de folhas verdes como o brócolis, couve manteiga, couve-flor, espinafre e agrião. As folhas verdes são ricas também em vitamina D, nutriente fundamental para evitar a perda de cálcio nos ossos.

A hipertensão arterial é outra doença muito comum entre os idosos, a prevalência da doença aumenta progressivamente com a idade, devido as alterações que ocorrem com o envelhecimento, como a calcificação e endurecimento das artérias. A pressão alta pode ser controlada com a diminuição de sódio na alimentação, portanto, deve-se evitar o consumo de grande quantidade deste mineral, presente no sal de cozinha, refrigerantes, temperos industrializados, enlatados, embutidos, entre outros.

A anemia ferropriva, que é uma anemia por deficiência de ferro, também é bastante comum na população da terceira idade e pode ocorrer devido à carência nutricional ou parasitoses intestinais. Por isso a importância do consumo de alimentos ricos em ferro como carnes vermelhas, fígado bovino e feijões. A baixa ingestão destes alimentos, que também são ricos em proteínas, importantes para a composição dos músculos, pode ocorrer devido à dificuldade na mastigação do idoso, por não terem todos os dentes ou por fazerem o uso de próteses dentárias inadequadas ou mal ajustadas. Portanto, devem ser associados à dieta, quando necessário, suplementos que forneçam os nutrientes que não são adquiridos com a alimentação devido às dificuldades fisiológicas.

Outro problema muito comum na terceira idade é a desidratação, que caracteriza-se pela baixa concentração de água, de sais minerais e de líquidos orgânicos, impedindo que o organismo realize suas funções fisiológicas. Pode acontecer devido a diarreias agudas, diminuição do consumo de água, vômitos, febre (sudorese), quando há excesso de calor (sem reposição suficiente da água eliminada pelo corpo) e pelo uso de medicamentos diuréticos sem o devido controle. A desidratação em idosos pode causar confusão mental, dor no peito, queda de pressão arterial, coma e até morte. É importante que o idoso ingira bastante água, mesmo que não tenha sede. Porém, alguns idosos sofrem de disfagia (engasgos), o que pode dificultar o consumo de líquidos, portanto, nestes casos, os líquidos devem engrossados com espessantes, produto que pode ser misturado às bebidas, deixando-as mais pastosas, facilitando a deglutição e impedindo os engasgos.

 

A prevenção e tratamentos destas doenças, através de hábitos alimentares saudáveis, são de extrema importância para o bem estar do idoso.

Além dos devidos cuidados com a alimentação, os idosos devem praticar atividades recreativas ou físicas, pois a junção de hábitos alimentares saudáveis e atividades de lazer proporcionam maior longevidade e melhor qualidade de vida.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

 

Castro, B. Como driblar os problemas de saúde vindos com a idade. Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Disponível em: www.codeagro.agricultura.sp.gov.br Acessado em 27/10/2021.


segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Hiperacidez Corporal

 


O equilíbrio ácido básico é fundamental para a saúde. A hiperacidez é provocada principalmente pela alimentação incorreta e consumo de água ácida, estresse emocional, sobrecarga tóxica, reações imunológicas ou qualquer processo que prive as células de oxigênio e outros nutrientes. O corpo tenta compensar a hiperacidez utilizando minerais alcalinos, fazendo que haja diminuição destes minerais, gerando mais hiperacidez celular.

O pH do sangue humano se relaciona intimamente com a saúde. Uma pequena variação do pH reduz o sistema imunológico, dando oportunidade para que seres vivos prejudiciais à saúde, como vírus, bactérias, fungos que vivem em meios ácidos, com pH abaixo de 7,0, proliferem e encontrem ambiente propício para viver.

Para manter-se saudável, o organismo precisa preservar a alcalinidade do sangue. O pH de uma pessoa saudável encontra-se na faixa de 7.1 a 7.5.

A maior parte das pessoas acometidas de câncer apresenta um pH no tecido de 4,5. Esse ambiente é pobre em oxigênio e muito propício para instalação de câncer. O médico alemão, Dr. Otto Warburg, ganhou o seu primeiro prêmio Nobel pela descoberta de que o câncer se desenvolve em ambiente de menor quantidade de oxigênio e esse ambiente é criado quando o pH é baixo.

Quando o pH do sangue está baixo, as gorduras são aderidas às paredes das artérias causando doenças do coração. As doenças causadas pela tireoide é resultado da deficiência do mineral iodo e esse elemento só é absorvido pelo organismo quando está com o pH ideal. Por isso, na sociedade atual é frequente encontrar pessoas com doenças da tireoide, porque atualmente são valorizados os alimentos que proporcionam ao organismo um ambiente de pH baixo.

Hábitos alimentares influenciam

A dieta contemporânea, rica em produtos industrializados e refinados, tem por característica produzir uma acidose metabólica sistêmica de baixo grau. Sabendo que esse grau de acidose aumenta com a idade, o ideal é que 70% da dieta seja composta por alimentos alcalinos e apenas 30% por alimentos ácidos. E esta proporção deve ser mantida em todas as refeições.

 A acidose metabólica crônica tem efeitos deletérios no corpo, incluindo superestimulação da produção de cortisol (hormônio do estresse), retardo de crescimento em crianças, perda da massa óssea (que pode levar à osteoporose), redução da massa muscular em adultos, formação de microcalcificação em tecidos moles (ex. articulações, mamas, tireoide) e formação de cálculos renais.

 “Quando o corpo chega aos limites de tolerância em termos de hiperacidez tóxica, tanto o sistema digestivo como os outros tecidos iniciam um processo de limpeza que pode assumir diversas formas: diarreia, dores de cabeça, gripes, erupções cutâneas, abscessos, furúnculos, reumatismo, inflamações de diversos órgãos, catarata, febre e outros sintomas identificados em sua grande maioria com doenças agudas. Porém isto tem uma causa única: a hiperacidez”. As vitaminas, minerais e oligoelementos ingeridos não conseguem sintetizar se há um excesso de resíduos ácidos no corpo.

Os alimentos industrializados apresentam-se extremamente ácidos. Principalmente os refinados, cereais, leguminosas (exceção à lentilha), sal refinado, açúcar, doces, derivados de animais (carnes, ovos, peixes, laticínios) são mais acidificantes. Já os vegetais e as frutas possuem efeito alcalinizante. Alimentos ácidos geram vícios, levando a comer em excesso e a problemas de obesidade. Alimento natural integral possui um pH balanceado.


Todas as formas de artrite também estão associadas com o excesso de acidez, que compromete a calcificação de dentes e ossos. De acordo com alguns pesquisadores japoneses, dejetos tóxicos ácidos que se compactam, convertem-se em colesterol, ácidos graxos, ácido úrico, pedras nos rins, uratos, fosfatos, sulfatos, produzindo um grande número de enfermidades.

Para reverter os efeitos de muitos anos de alimentação inadequada, o ser humano precisa de alimento vivo, integral e alcalino. Os profissionais de saúde reconhecem a necessidade de reduzir o acúmulo ácido do corpo. Isto porque se o pH do seu corpo não estiver alcalino, você não conseguirá assimilar efetivamente as vitaminas, minerais e suplementos alimentares que o nosso corpo precisa para desenvolver suas funções vitais.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referência Bibliográfica:

Hiperacidez corporal: a causa de muitas doenças. ProDiet Nutrição Clínica. Disponível em: www.prodiet.com.br Acessado em: 25/10/2021.

 

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Temperos e Especiarias Naturais


 

Você já deve ter ouvido falar que temperos industrializados não fazem bem à saúde, mas você sabe o motivo? O alto consumo de temperos ultraprocessados pode ser uma ameaça devido às quantidades excessivas de sódio, conservantes e outros aditivos químicos que, a longo prazo, podem trazer complicações à saúde cardiovascular, cerebral e renal. Neste sentido, o mercado das especiarias e temperos naturais vêm ganhando cada vez mais espaço num estilo de vida saudável.

O que são as especiarias?

O termo especiaria é um termo antigo da Europa Ocidental para designar diversos produtos de origem vegetal com aroma e sabor acentuados. Elas são responsáveis por acentuar o sabor, aroma e cor dos alimentos. Podem ser utilizadas para incrementar qualquer tipo de refeição, desde salgados aos doces. Além disso, possuem a grande vantagem de serem baratas, transformando uma preparação simples em algo saboroso e até sofisticado. Na nutrição, são muito utilizadas tanto pelas propriedades organolépticas quanto pelos seus benefícios à saúde. Vamos conferir algumas delas?

Açafrão

Pode também ser conhecido como Cúrcuma. É uma raiz de cor alaranjada que possui aroma e sabor marcantes. O composto curcumina possui propriedades antioxidantes e, principalmente, anti-inflamatórias. Também exerce efeito positivo sobre a imunidade, saúde intestinal, auxilia na recuperação muscular, apresenta melhora de funções cerebrais e, alguns estudos demonstram ação protetiva ao câncer.

Gengibre

Raiz de origem chinesa e indiana, sendo que na Medicina Tradicional Chinesa é utilizada até como remédio. Possui ativos descongestionantes, expectorantes e digestivos. Diminui os sintomas de gripes, tosses, gases e dores estomacais. Além disso, é utilizado para amenizar as náuseas relacionadas à gravidez. Possui efeito termogênico, podendo ser um aliado ao emagrecimento.

Pimenta

Pode apresentar muitas variações, indo desde a mais suave até a mais picante. Essa diferença também se associa aos benefícios que seus ativos podem entregar para o corpo. A pimenta-preta possui piperina, composto rico em antioxidantes. Diferente da pimenta-vermelha, esta não aumenta a expressão de citocinas anti-inflamatórias, apenas suprime as citocinas pró inflamatórias. Por sua vez, a pimenta-vermelha tem como principal constituinte a capsaicina, que possui ação anti-inflamatória, termogênica e analgésica. 



Canela


Possui elevado teor de polifenóis, auxiliando na redução dos níveis de estresse oxidativo. Além disso, melhora os transtornos digestivos e pode controlar a resistência à insulina, devido à melhor utilização do açúcar. Pode ser utilizada em chás e no preparo de alimentos doces e bebidas.

Cardamomo

Muito comum na culinária indiana, o cardamomo é uma baga com pequenas sementes e sabor semelhante ao gengibre. Possui efeito hipotensor e levemente diurético, expectorante, estimula as secreções gástricas e alivia indigestão e flatulências. Pode ser utilizado em chás, cápsulas ou como óleo essencial. 



Agora que você já conhece algumas das especiarias e seus inúmeros benefícios, que tal incluir alguma delas na sua lista de compras? Essa pode ser uma ótima iniciativa para você se aventurar na cozinha e descobrir novos sabores com muito poder nutritivo.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referência Bibliográfica:

 

Canabarro, JS; Del Pino, B. Temperos e Especiarias. Nutrição em Pauta. Disponível em: www.nutricaoempauta.com.br Acessado em: 22/10/2021.

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Polifarmácia e Demência


 

Sintomas de demência podem ser induzidos por drogas e o risco aumenta progressivamente com o número de fármacos usados! Uma quantidade crescente de pesquisas mostra que a polifarmácia, definida como o uso de vários medicamentos ao mesmo tempo, pode causar sérios problemas de saúde geral e cerebral, especialmente em idosos.

 

O peso da idade

Uma pesquisa feita em 380 hospitais americanos monitorou pessoas com mais de 65 anos: a grande maioria (84% na internação e 95% na alta) tomava pelo menos 5 medicamentos, sendo que metade destes (42% na internação e 55% na alta) tomava mais de 10 medicamentos. Conforme envelhecemos, o fígado metaboliza drogas de forma menos eficiente, e os rins eliminam os fármacos mais lentamente. Ao longo do tempo, as drogas podem se acumular e gradualmente atingir níveis tóxicos para o cérebro, afetando a capacidade cognitiva. Esta ação biológica é bem conhecida, e médicos deveriam ajustar as receitas para reduzir as doses em pacientes idosos, além de evitar o uso de tantas drogas, muitas vezes desnecessárias.

 

Remédios

Idosos com fragilidade física e má condição de saúde ficam particularmente suscetíveis aos efeitos colaterais da associação de vários medicamentos. Eles vão a diversos especialistas e cada médico receita 3 a 4 fármacos, podendo totalizar de 9 a 15 remédios diferentes para tratar pressão, coração, diabetes, colesterol, azia, refluxo, insônia, depressão, artrite, alergia, dor, osteoporose, etc.

 

Insônia

Drogas como analgésicos, antidepressivos, estatinas e soníferos podem afetar a função cognitiva. Estudos recentes mostram que há um aumento no risco de demência e doença de Alzheimer com o uso prolongado do indutor de sono zolpidem na população idosa. A dose anual acumulada deste fármaco pode contribuir para desenvolver demências, especialmente em pacientes com doenças associadas, como hipertensão, diabetes e derrame.

 

Colesterol

Uma droga específica pode causar declínio cognitivo súbito, o remédio usado para “tratar” colesterol. As estatinas produzem alterações nas mitocôndrias, as usinas de energia das células. Cérebro e coração são os dois órgãos com maior concentração de mitocôndrias, devido à alta demanda de energia. Muitos pesquisadores acreditam que o declínio cognitivo é na verdade uma manifestação de dano mitocondrial. É bom lembrar que o cérebro e tecido nervoso precisam de colesterol, então, se o colesterol baixa, o risco de declínio cognitivo aumenta. Há outras formas de se reduzir o colesterol, se for o caso.

 

Coenzima Q10

O uso de estatinas para tratar colesterol inibe a produção da coenzima Q10, que regula a geração de energia para o sistema nervoso e o cérebro, e pode aumentar o risco de doenças neurológicas, esquecimento e confusão mental. Em 2012, a agência Food & Drug Administration reconheceu os potenciais efeitos danosos na função cerebral e mandou adicionar na bula a advertência de que as estatinas podem causar comprometimento cognitivo reversível. Suplementar com coenzima Q10 é importante sempre que se fizer uso de estatinas.

 

Vitamina B12

Pessoas que tomam medicamentos como metformina (diabetes), omeprazol e antiácidos (gastrite, refluxo), podem precisar de doses maiores de B12 devido à interferência destas drogas na absorção da vitamina. O uso frequente de bebida alcoólica também afeta negativamente a assimilação de B12. A deficiência de vitamina B12 causa prejuízo na função cerebral (memória, capacidade de aprendizado), distúrbios neurológicos (dormência, formigamento, falta de coordenação motora, alterações visuais), atrofia cerebral progressiva, transtornos psiquiátricos, depressão, e pode ter ligação com o Alzheimer.

 


Anticolinérgicos

Medicamentos anticolinérgicos são amplamente usados para tratar alergias, resfriados, cólicas, asma, depressão, hipertensão e incontinência urinária, e estão associados a um risco aumentado de declínio cognitivo e demências em idosos, se tomados de forma contínua. Estas drogas agem bloqueando acetilcolina, um neurotransmissor essencial para a função da memória.

 

Estudo

Em uma pesquisa recente, os pesquisadores acompanharam 688 pessoas com idade média de 74 anos durante 10 anos. Nenhum participante tinha problemas cognitivos ou de memória no início do estudo. Os que tomavam pelo menos um anticolinérgico tiveram 47% mais chances de desenvolver comprometimento cognitivo leve, em comparação com os participantes que não tomavam tais drogas. Os cientistas também analisaram biomarcadores para a doença de Alzheimer no líquor, como certas proteínas e fatores de risco genético. Indivíduos com biomarcadores positivos e usando anticolinérgicos eram 4 vezes mais propensos a desenvolver declínio cognitivo.

 

O papel do médico

A polifarmácia, ou uso de múltiplos medicamentos, está associada a fatores dos pacientes, como queixas e doenças. No entanto, cabe aos médicos avaliar as suas práticas de prescrição, prestando atenção nas receitas de outros especialistas e na história clínica dos pacientes. Nem todos os medicamentos são essenciais, e muitos podem ser descontinuados sem prejuízo ao tratamento.

 

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referências Bibliográficas:

*J Clinical Medicine 2021. Polypharmacy Is Significantly & Positively Associated with the Frailty Status.

*Fundamental & Clinical Pharmacology 2021. Chronic polypharmacy at all age: A population-based drug utilization study.

*BJGP Open 2021. Excessive polypharmacy and potentially inappropriate prescribing in 147 care-homes: cross-sectional study.

*Current Gerontology & Geriatrics Research 2017. Diseases Linked to Polypharmacy in Elderly Patients.

*Circulation: Heart Failure 2020. Polypharmacy in Older Adults Hospitalized for Heart Failure.

*PLoS One 2017. Association between Polypharmacy & Dementia: A Nested Case-Control Study Based on a 12-Year Longitudinal Cohort Database in South Korea.

*J American Geriatrics Society 2017. Association Between Use of Zolpidem & Risk of Alzheimer's Disease Among Older People.

*Brain 2021. Effects of statins on dopamine loss and prognosis in Parkinson's disease.

*Neurology 2020. Association of anticholinergic medication & Alzheimers biomarkers among cognitively normal older adults

*Current Medical Research Opinion 2021. Patient & physician factors contributing to polypharmacy among older patients.