domingo, 29 de abril de 2018

Adoçantes Artificiais e a Incidência de Diabetes


Os adoçantes artificiais surgiram há mais de um século para adoçar a vida das pessoas que não podiam consumir açúcar, como os diabéticos. No cafezinho, no refrigerante light ou zero, no suco, no doce, no iogurte... Ao longo do dia, é difícil saber o quanto de adoçante foi consumido.

O adoçante é produzido a partir de edulcorantes, substâncias naturais ou artificiais responsáveis pelo sabor doce. Eles possuem um poder de adoçamento muito maior que o açúcar de cana (açúcar comum) e são recomendados para dietas especiais, como as de restrição e de emagrecimento. Embora exista atualmente uma ampla variedade de adoçantes, como o ciclamato, a sucralose, o acessulfame-K, o steviosídeo, entre outros, a sacarina e o aspartame são os mais consumidos.

O diabetes mellitus é uma disfunção metabólica, que ocorre quando há falta de insulina ou quando o organismo não reage adequadamente à ela, caracterizando a resistência à insulina, que provoca um aumento na taxa de glicose no sangue (ou hiperglicemia). A insulina, responsável pelo aproveitamento e metabolização da glicose pelas células do nosso organismo, tem a finalidade de gerar energia. Ela é produzida pelo pâncreas (glândula do nosso sistema digestivo) e sua ausência ou deficiência acarreta modificações importantes no metabolismo das proteínas, gorduras, sais minerais, água corporal e, principalmente, da glicose.

O diabetes tipo 1 (ou diabetes mellitus insulino-dependente) é mais comum em crianças, jovens e adultos até 30 anos, e necessita, geralmente, de insulina para o seu controle. Já o tipo 2 (ou diabetes mellitus não insulino-dependente) é o tipo mais frequente de diabetes, que aparece após os 40 anos, geralmente, em pessoas com sobrepeso. O seu controle pode ser feito através de dieta e exercícios físicos.

O diabetes se manifesta pela sede excessiva, excesso de urina, muita fome, cansaço, lesões de difícil cicatrização, infecções frequentes (pele, urina e genitais), alterações visuais ou emagrecimento. O tratamento pode ser feito por medidas farmacológicas (hipoglicemiantes orais ou insulina) ou não (dieta e prática de exercícios), sendo que os portadores do tipo 1 devem associar ambas as medidas.


No entanto, o uso destes adoçantes tem gerado controvérsias. Um estudo publicado na revista científica britânica "Nature" relaciona o uso de adoçantes com um maior risco de desenvolver diabetes. O trabalho sugere que os adoçantes mudam a composição das bactérias benéficas do intestino, dificultando o modo como o corpo lida com o açúcar proveniente da alimentação, resultando no aumento das taxas de açúcar no sangue. Este dano, chamado intolerância à glicose, pode levar à diabetes.

A pesquisa, inicialmente feita em camundongos, testou três tipos de adoçantes mais consumidos (sacarina, sucralose e aspartame). Alguns receberam um destes adoçantes na água, outros receberam água com açúcar e outros receberam apenas água. Após 11 semanas, os pesquisadores deram a todos uma dose de açúcar e monitoraram a resposta no nível de açúcar no sangue. Os camundongos que inicialmente receberam água com açúcar tiveram quase a mesma resposta que os que receberam água pura. Mas aqueles que receberam um dos adoçantes, tiveram maiores altas nos níveis de açúcar, indicando um prejuízo no processamento da dose de açúcar recebida. Outros experimentos realizados ligaram esse efeito à mudança das bactérias intestinais.

Após a ingestão, parte dos adoçantes artificiais não é digerida no estômago e vai direto para o intestino. Como são consumidos em pequenas quantidades e só parte é digerida, não interferem nos níveis de glicemia e de insulina no sangue e, pelo mesmo motivo, praticamente não apresentam calorias. Mas, o estudo preliminar em camundongos indicou que estes adoçantes artificiais, apesar de não serem digeridos, alteram a composição da flora intestinal, aumentando a quantidade de algumas bactérias.

Essa alteração leva a distúrbios metabólicos, que causam o desenvolvimento de intolerância à glicose (quando o organismo não produz insulina em quantidade suficiente), primeiro estágio do diabetes.

Em humanos, os estudos foram menos detalhados, mas encontrou-se uma relação entre adoçantes e fatores ligados à síndrome metabólica, como sobrepeso, intolerância à glicose e alterações na microbiota.

O Ministério da Saúde indica o uso de adoçantes como parte do tratamento de diabéticos, ou em pessoas que precisam controlar ou que estão com sobrepeso. Nesses e em outros casos, porém, o uso diário excessivo ou sem recomendação pode trazer prejuízos à saúde. Portanto, os diabéticos, tanto do tipo 1 quanto do tipo 2, devem optar pelo uso dos adoçantes artificiais, porque eles têm o seu papel, mas o mínimo possível.

Já para as pessoas que não fazem dietas especiais, este consumo pode ser substituído por açúcares saudáveis, como o mascavo e o demerara, que apresentam mais nutrientes, vitaminas e sais minerais. Em decorrência do seu processamento, estes açúcares são mais escuros e saudáveis. 

A pesquisa divide opiniões. Os autores esclarecem que os resultados não são suficientes para recomendar mudanças na forma como os adoçantes são usados, mas recomendam que estes produtos sejam consumidos apenas pelas pessoas que precisam. Da mesma forma, especialistas acreditam que mais pesquisas sejam necessárias, enquanto que, grupos industriais consideram a pesquisa limitada e que outras evidências mostram que os adoçantes são seguros e úteis para o controle do peso. 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referência Bibliográfica:

Russo, JFS. Estudo sugere relação entre o uso de adoçantes artificiais e a incidência de diabetes. Grupo de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.alimentosfuncionais.blogspot.com.br Acessado em: 27/04/2018.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Kombucha


Kombucha é uma bebida milenar, originária da China a quase 2 mil anos. É feita a partir de um chá ou infusão, geralmente com chá preto e verde adoçado e submetido a fermentação controlada com bactérias probióticas.

Conhecido pelos povos da China como o “elixir da saúde”, esta bebida também possui vitaminas do complexo B, K e C, além de aminoácidos essenciais, propriedades antioxidantes e energéticas.

O resultado é em uma bebida de sabor agradável  e naturalmente frisante.

A fermentação ocorre por causa do scoby, um disco gelatinoso feito de colônias de bactérias e leveduras que se alimentam de açúcar e, por isso, acabam deixando a bebida com baixo teor de carboidratos.

O que é o Scoby?

O Scoby (comunidade simbiótica de bactérias e leveduras) ou mãe do kombucha.

Como também é conhecido, é uma união de mais de 30 tipos de bactérias e leveduras diferentes que vivem em simbiose e harmonia, alimentando-se do substrato (chá e açúcar) que disponibilizamos e que em troca nos fornecem diversas substâncias boas como o ácido lático, acético, enzimas e vitaminas. Sua origem é chinesa e tem registros há mais de 5000 anos na história.

Há possibilidades de compra ou doação do Scoby.

O Kombucha está em alta no Brasil há um ano e ganhou grande destaque por ser feita apenas com ingredientes naturais, sendo também um excelente opção de bebida funcional, podendo ter combinações infinitas de sabores. Cada kombucha tem a personalidade de quem faz, tendo assim uma grande variedade no mercado: mais doces, mais secos, com frutas e especiarias. 

Importante lembrar que o kombucha tem estar inserido a uma alimentação e estilo de vida saudável para poder todos os benefícios mencionados.

Preparo do kombucha caseiro

Ingredientes

  • Cultura de probióticos ( Scoby)
  • 2 colheres de chá de sua preferência, podendo ser preto ou verde
  • 1/2 xícara de açúcar  demerara
  • Jarra de vidro com capacidade de 3 litros
  • 250 ml de água

 

Modo de Preparo

Inicie fervendo a água e acrescente o açúcar. Deixe ferver até o açúcar dissolver. Adicione as folhas de chá, deixando a mistura ferver por mais dois minutos. Então, desligue o fogo e tampe a panela, deixando o chá em infusão por cerca de quinze minutos. Coe-o e deixe esfriar. Por fim, despeje-o na jarra juntamente com 1,8 litros de água e uma ou mais colônias de probióticos, tampando o vidro com a ajuda de um tule e um elástico, para evitar a contaminação com insetos. Esta infusão tem validade de cerca de dez dias

Cuidados 

● O scoby não precisa ser refrigerado, mas sempre deve ser mantido com líquido (chá).

● Nunca feche o scoby em um pote com tampa. Utilize sempre panos para cobrir e elásticos para prender, a colônia precisa de oxigênio.

● Utilize apenas açúcar cristal ou  demerara. Esse é o alimento da colônia. Outros açúcares são mais difíceis ou impossíveis da colônia metabolizar.

● Utilize apenas chá branco, preto, mate, hibisco e verde. Não utilize chás saborizados e outras coisas que não são chá ou infusão, não irá funcionar.

● Não deixe nunca seu kombucha descoberto, pois moscas de frutas são atraídas pelo cheiro e podem contaminar a colônia.

● Se a colônia mofar, jogue fora, esterilize tudo e comece de novo.


Benefícios do kombucha
1. Ajuda a emagrecer:  estimula o metabolismo de carboidratos, além de aliviar a compulsão alimentar por doces e carboidratos em geral, melhorando o perfil glicídico.
2. Age no sistema digestório: o alívio de mal-estar digestivo é instantâneo, devido a ação dos antioxidantes que combatem os radicais livres causadores da disfunção. Ainda repõe a flora intestinal, garantindo equilíbrio ao organismo.
3. Poder desintoxicante: possui ação antioxidante e desintoxicante associadas, auxiliando na eliminação de toxinas e impurezas do organismo.
4. Altamente energizante: durante a fermentação do chá, ocorre a formação de ferro, o qual, associado com a cafeína naturalmente presente na bebida,confere maior sensação de energia e vitalidade.
5. Aumenta a imunidade: devido a presença de probióticos e vitaminas variadas na bebida, ocorre o fortalecimento do sistema imune, além da proteção das células, evitando doenças inflamatórias.
Diferença entre Kombucha e Kefir
Frequentemente comparado com o kefir de água, outra bebida probiótica muito popular, os dois possuem diferenças apenas em sua colônia de probióticos. Com funções semelhantes, o consumo das duas opções resultará em um organismo mais equilibrado.
O kefir é uma colônia de leveduras e microrganismos em forma de grãos, os quais podem se reproduzir tanto na água com açúcar mascavo ou no leite, o kombucha possui uma colônia de formato diferenciado, assemelhando-se à um disco ou cogumelo. 


Contraindicações
Por ser fermentada, a bebida tende a ser muito ácida, podendo diminuir a absorção de medicamentos. Pelo mesmo motivo, ela também contém um pouco de álcool, devendo ser evitada por pessoas com problemas hepáticos e renais, crianças menores de 8 anos, mulheres lactantes, gestantes e pessoas com histórico de alcoolismo.

Dra. Roseli Lomele Rossi - CRN 2084                                                                          
Nutricionista formada pelas Faculdades Integradas São Camilo (CRN 2084 /1983), com título de Especialista em Nutrição Clínica concedido pela ASBRAN - Associação Brasileira de Nutrição. Pós Graduada nos cursos de especialização de Planejamento, Organização e Administração de Serviços de Alimentação; Fitoterapia Aplicada à Nutrição Funcional e Nutrição Ortomolecular com Extensão em Nutrigenômica. É Diretora da Clínica Equilíbrio Nutricional e autora dos Livros: "Saúde & Sabor com Equilíbrio" - Receitas Infantis, “Saúde & Sabor com Equilíbrio” – Receitas Diet e Light Volumes I e II, Colaboradora do livro Nutrição Esportiva – Aspectos relacionados à suplementação nutricional e autora do Livro “As Melhores Receitas Light da Clínica Personal Diet”.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.