quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

TÜRKİYE'YE HOŞGELDİNİZ! (Bem-vindos à Turquia!)




      A Turquia (Türkiye, em turco), cujo nome oficial é República da Turquia (Türkiye Cumhuriyeti), é um país eurasiático constituído por uma parte européia, a Trácia, e uma grande parte asiática, a Anatólia.

       A Turquia e seu Estado antecessor Otomano foram uma ponte entre as culturas ocidental e oriental e o centro de diversas grandes civilizações. Atualmente, a Turquia negocia sua adesão como membro pleno da União Européia.


Nome oficial do país
República da Turquia        
Bandeira
Língua oficial
Turco. Utiliza alfabeto latino, e é falado em muitos países que têm origem Turca. Aproximadamente 250 milhões de pessoas falam língua turca, assim é o 5º idioma mais falado do mundo.
Capital
Ancara
Área
780 mil km² (36º maior país do mundo)
População das principais cidades
Istambul (13,3 milhões), Ancara (4,8 milhões), Izmir (3,9 milhões), Bursa (2,6 milhões), Adana (2,1 milhões)
Presidente
Abdullah Gül (desde agosto de 2007)
Religião
95 % Muçulmanos, outros divididos entre Judeus e Cristãos (católicos e ortodoxos)
Fronteiras
A norte: Mar Negro, Ucrânia, Rússia, Geórgia; A leste: Armênia, Azerbaijão, Irã, Iraque; Ao Sul: Síria, Chipre, Mar Mediterrâneo; A oeste: Mar Egeu, Mar de Mármara, Grécia e Bulgária.
População
74 milhões (15º mais populoso país do mundo)
Moeda
Lira Turca. Símbolo: TL
   

Por estar localizada no ponto de interseção dos continentes Ásia, Europa e África, a Turquia se transformou, do ponto de vista geopolítico, em um dos países mais estratégicos do mundo. Por possuir a rota mais curta de passagem intercontinental, o país é a única ponte entre as civilizações do ocidente e oriente. 

Fonte: Centro Cultural Brasil Turquia (CCBT).


       A Turquia está localizada numa zona de clima temperado, e por isso é possível apreciar as quatro estações do ano e diferentes climas simultaneamente.


      Apesar de estar numa faixa de clima temperado, a Turquia é influenciada também pelo clima mediterrâneo, com os seus verões secos. Mas se separa das regiões subtropicais secas devido à abundante quantidade de água que recebe por sua posição na bacia hidrográfica do Mediterrâneo oriental e montanhas altas.

      Além disso, podemos observar significativas diferenças climáticas existentes entre as regiões devido à distância e altitude do nível do mar e a existência de elevadas montanhas. Nas regiões do Mediterrâneo e Egeu e no sul da Região de Mármara, onde se destaca o clima mediterrâneo, os meses do verão são quentes e secos e os invernos temperados e chuvosos.

Religião

Quase 98% da população da Turquia é muçulmana, enquanto que o restante é composto pela religião judaica e as várias comunidades cristãs.

Os turcos têm os conceitos religiosos tolerantes, baseados no Alcorão, o livro Sagrado dos mulçumanos, que promove a idéia de que religião e convicções implicam numa escolha pessoal conhecida apenas por Deus e o indivíduo. Isso significa que não existe obrigatoriedade de religião. Atualmente, existem 233 igrejas e 31 sinagogas ativas no país. Em toda a Turquia, é possível encontrar templos de adoração das três grandes religiões lado a lado, e de uma forma raramente vista em qualquer outro país, devido a diversidade religiosa da sociedade turca.

Culinária Turca

            Na Turquia, sentar-se à mesa e comer é quase um ritual. Costuma-se marcar os encontros nos horários das refeições, para serem mais prolongados e para aproveitar a companhia da outra pessoa e, em paralelo, curtir a comida e a bebida.

            A cozinha turca é uma das mais antigas e ricas do mundo e traz uma grande herança da cultura otomana. Caracteriza-se por suas combinações diferentes em pratos com sabores bem especiais, embora lembre bastante a culinária árabe.

            Tanto em Istambul quanto em Bursa e Esmirna (Izmir, em turco), os temperos costumam ser mais suaves e o arroz predomina na maioria dos pratos.

          Na região sudeste, nas cidades de Urfa, Gaziantep e Adana são famosos os churrascos (Kebap), as entradas (Mezeler) e os doces típicos, como Baklava e Tel Kadayif.

          Na região do Mar Egeu, onde é grande o cultivo de azeitonas, o azeite de oliva está sempre presente nos pratos servidos frios. Os legumes e os peixes predominam, assim como nas regiões do Mar de Mármara e do Mar Mediterrâneo.

            A berinjela, o iogurte natural e o pepino são muito utilizados. A berinjela aparece em vários pratos, desde as entradas até kebab e molhos. O pão acompanha quase tudo. O iogurte natural temperado com alho e sal aparece habitualmente nos cardápios, como acompanhamento e molhos. Existe até uma bebida à base de iogurte, chamada Ayran.

            Os legumes podem ser preparados de dois modos: quando feitos com carne picada ou carne moída são servidos quentes. Quando feitos com azeite de oliva e arroz são servidos frios.
 
            Raki é a bebida tradicional dos jantares da Turquia. É também conhecida como arak no mundo árabe e ouzo entre os gregos. Degusta-se bem devagar durante as refeições, principalmente nos jantares. É uma bebida forte, à base de álcool etílico derivado de uvas e anis, que deve ser consumido lentamente. Pode ser servido sek, sem água, ou misturada com água, conforme a preferência de cada um.

            Não existe plantação de café na Turquia. O café turco é assim chamado por causa de uma técnica descoberta pelos turcos para torrar, moer e cozinhar o café. É consumido lentamente, a qualquer hora do dia ou após as refeições. Pode ser acompanhado pela Turkish Delight (“delícia turca” - doce feito de amido, açúcar com suco de limão e perfumado com água-de-rosas. Possui diversos sabores, como pistache, amêndoa, nozes, mel, damasco e etc) que equilibra o seu forte sabor.

            As entradas frias (Mezeler), geralmente são preparadas à base de azeite e de arroz. Já as entradas quentes são consumidas antes dos pratos principais e servidas mornas. 

            Os pratos principais são servidos bem quentes. No inverno, a época é das sopas. As carnes com legumes também são muito consumidas. No verão, costumam-se comer os peixes dos mares ao redor (Mar de Mármara, Mar Negro, Mar Egeu, Mar Mediterrâneo).

            Existem diversas variedades de sobremesas. Podem ser à base de sêmola, como halvah e bolo de sêmola (revani); à base de farinha de trigo, como bolinhas de açúcar; à base de frutas, como doce de marmelo; à base de leite, como o pudim de arroz; e à base de amido de trigo, como baklava.

Agradecimento especial ao Centro Cultura Brasil-Turquia pela atenção e  apoio cedidos para nossas pesquisas.
As receitas referentes às preparações culinárias citadas ao longo do texto podem ser encontradas no livro Os Temperos da Cozinha Turca, de Beril Eraydin Athayde, Editora Addresses.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Nutrição e Atividade Física



Dados do Ministério da Saúde informam que aproximadamente 69% dos gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) relativos a intervenções hospitalares ocorreram e foram relacionados às Doenças e Agravos Não-Transmissíveis (DANTs). Tais gastos poderiam ser minimizados se direcionados para ações de preventivas nos campos da nutrição e da atividades física, que são ações voltadas para a prevenção de doenças e garantia de boa saúde.

Sabe-se que dois fatores são importantes para prevenção e melhora do quadro de diversas doenças, redução do risco de sobrepeso/obesidade e demais DANTs, além de componente indispensável da rotina das pessoas que desejam assegurar/ manter a qualidade de vida: alimentação equilibrada e prática regular e orientada de atividade física. Estas medidas simples, em geral são deixadas em segundo plano em virtude de atividades ocupacionais, estudo, fadiga gerada pelo exacerbado acúmulo de tarefas, entre outros e por outras vezes ocorre desacompanhada de uma boa nutrição. 

A ciência da nutrição como todos já sabem, possui um vasto território de ação, uma vez que para os mais diversos processos metabólicos e fisiológicos necessitamos de nutrientes, especialmente os de origem alimentar. Um plano alimentar equilibrado em macro, micronutrientes, vitaminas e minerais é fundamental a contribuição de resultados plenos da atividade física e para o sucesso das metas.

Pelos expostos acima, podemos de forma singela, concluir que dois pilares, ao menos, são importantes para manutenção da boa saúde: nutrição adequada e prática regular de atividade física. 

A necessidade energética, hidratação, necessidade ou não de suplementação deve ser sempre determinada de acordo com a idade, sexo, tipo e intensidade de exercício, bem como a frequência e duração, sendo importante que esta seja personalizada.

Em linhas gerais, algumas dicas podem ser seguidas por todos os praticantes de atividade física:
 

1.    Nunca realize qualquer tipo de exercício físico em jejum (lembre-se do velho ditado: “saco vazio não para em pé”);

2.    Hidrate-se antes, durante (após o 20º minuto) e ao término da atividade física, a água é um nutriente fundamental para as reações metabólicas (inclusive para atividades aquáticas ou em clima frio);

3.    Estabeleça horários para as refeições e atividade física (esta medida contribui para a regulação metabólica e do ciclo biológico);

4.    Alimente-se com pelo menos 1 hora de antecedência da prática esportiva;

5.    No pós-treino indica-se o consumo de carboidratos com baixo índice glicêmico (favorecendo estoques de glicogênio), preferenciamente acompanhados de proteína (ex.: vitamina de frutas).

Em caso de dúvidas, consulte sempre um nutricionista, caso tenha algum colega ou professor oferecendo algum tipo de suplemento. O profissional da Nutrição é o mais indicado para a prescrição, se esta se fizer necessária. O uso indiscriminado de suplementos e complementos alimentares, bem como o de “componentes milagrosos” pode trazer consequências nocivas a órgãos vitais, como fígado e rins.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referências Bibliográficas:


Galisa et al. Nutrição: conceitos e aplicações. M Books do Brasil Editora, 2008.

Organização Mundial de Saúde/Organização Panamericana de Saúde. Estratégia Global para Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, 2004.

Silva, SMCS; Mura, JDP. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. Editora Roca, 2007


Texto elaborado por: Caroline L. Codonho Castro

                               Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo

                               Especialista em Fisiologia em Metabolismo com ênfase em Atividade Física e Nutrição pela Universidade de São Paulo.

                               Especialista em Saúde da Família e Comunidade pela Instituição de Ensino e Pesquisa Albert Einstein

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Dia Mundial da Hanseníase




A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae (M. leprae) ou bacilo de Hansen, um microorganismo intracelular que tem predileção pela pele e nervos periféricos, de evolução lenta.

É uma doença crônica de progressão insidiosa, e poderia ser considerada inócua se não fosse pelo dano neural resultando em deformidades físicas que incapacitam suas vítimas na faixa etária mais produtiva de suas vidas. O potencial incapacitante da doença está relacionado às manifestações inflamatórias da doença, que ocorrem de forma aguda e são conhecidas por “reações hansênicas”.

No Brasil, a hanseníase permanece como um problema de saúde pública devido a sua magnitude, ao seu potencial incapacitante e por acometer a população na faixa etária ativa. Através dos esforços concentrados dos governos Federal, Estaduais, Municipais, e de profissionais de saúde, foram obtidos resultados positivos: a redução do número de casos novos registrados de 45.874 e o coeficiente de detecção geral de 26,61/100.000 habitantes em 2001 para 38.992 casos novos e 20,56/100.000 habitantes, respectivamente ao final de 2008.

O homem é o reservatório natural da micobactéria e a transmissão dessa ocorre através das vias aéreas superiores. O período de incubação pode variar em média de três a cinco anos.

Estima-se que 70 a 90% da população seja resistente ao M. leprae devido à imunidade inata, que poderia estar reforçada pela vacinação com BCG ou por reação cruzada em pessoas que têm contato com o Mycobacterium tuberculosis ou outras micobactérias atípicas.

É considerado um caso de hanseníase, pelo Ministério da Saúde, a pessoa que apresenta uma ou mais das características listadas a seguir, com ou sem história epidemiológica, e que requer tratamento específico, com a poliquimioterapia:

a) lesões ou áreas da pele, com alteração de sensibilidade;


b) acometimento neural com espessamento de nervos, acompanhado ou não de alteração de sensibilidade e/ou de força muscular; e


c) baciloscopia positiva para o M. leprae


A tendência da doença, quando não tratada, é gerar deformidades típicas e o reconhecimento na maioria das civilizações de que a doença é transmissível de uma pessoa para outra resultaram, historicamente, num profundo estigma social.


Tipos de hanseníase

Doença que afeta, prioritariamente, a pele e os nervos, a hanseníase é pouco contagiosa, não se transmite através do toque ou de utensílios domésticos usados pelos infectados e pode se apresentar de quatro formas: a hanseníase tuberculóide, a hanseníase indeterminada (chamadas de formas paucibacilares), hanseníase dimorfa e hanseníase virchowiana (formas multibacilares).
 
As formas paucibacilares não são contagiantes e podem até atingir a cura espontaneamente. Somente os portadores da forma multibacilar são transmissores da doença e, mesmo assim, o contágio só acontece no contato íntimo e prolongado com o hanseniano através das vias aéreas, como respiração, espirro e tosse.
 
Além do contato prolongado com o bacilo, habitações pequenas e estado nutricional precário também são fatores de risco para o contágio.

Sintomas

O Bacilo de Hansen pode atingir diversos nervos, comprometendo a sensibilidade da pele e do corpo. Freqüentemente, os nervos atingidos são nervos que passam pelos braços e pelas pernas, daí o relato de hansenianos que sentem dormência e formigamento nos braços, nas pernas, mãos e pés. Em geral, os nervos da pele também são atingidos e, com isso, a área da pele com manchas fica dormente.

Devemos observar: manchas avermelhadas ou esbranquiçadas com áreas de insensibilidade; formigamento e cãimbras; enfraquecimento e dormência nos braços, mãos e pés; rarefação dos pêlos no local; surgimento de caroços ou nódulos.

Tratamento

O tratamento pode durar de 6 meses a 2 anos e não impede o paciente de levar uma vida absolutamente normal. O esquema de tratamento, denominado poliquimioterapia (coquetel de comprimidos), adotado pela OMS, desde 1981, envolve a utilização simultânea de 3 medicamentos. Como vantagens, este tratamento destrói o bacilo e impede que ele crie resistência aos medicamentos.
Vale destacar que 2 semanas após o início do tratamento com os medicamentos que matam o micróbio, o paciente deixa de ser fonte de infecção. As formas mais benígmas são tratadas durante 6 meses com 2 medicamentos: rifampicina e dapsona (sulfona). As formas contagiosas são tratadas por 2 anos com 3 drogas: rifampicina + dapsona (sulfona) + clofasimina (quimioterápico). Lembre-se: o tratamento leva à cura e está disponível gratuitamente nos serviços do Sistema Único de Saúde - SUS de todo o Brasil. 

Prevenção
 
A hanseníase é uma doença que pode ser confundida com outros problemas dermatológicos mais simples como, por exemplo, alergias.
 
E também pode ficar durante algum tempo no organismo sem se manifestar, por isso é importante observar sua pele e, ao menor sinal, dos sintomas já descritos, principalmente da combinação "mancha com área de insensibilidade" procure um médico dermatologista ou um serviço de saúde, pois apesar de a hanseníase ser uma doença curável, os infectados estão sujeitos a reações durante ou após a alta e somente o diagnóstico precoce, com a aplicação do tratamento adequado, é capaz de resolver esse problema, que ainda é um caso de saúde pública. 

Recomendação nutricional

Um consumo adequado de alimentos é fator determinante para a diminuição dos efeitos colaterais provocados pelos medicamentos. Além da escolha certa dos alimentos, como aqueles ricos em vitaminas, torna-se necessária uma higiene adequada durante o preparo para evitar contato com as bactérias, pois os pacientes com hanseníase já têm as bactérias da doença e têm que evitar adquirir outras para não agravar a enfermidade.

 
Não há uma alimentação específica para as pessoas com hanseníase. Deve-se priorizar uma alimentação equilibrada, reduzindo o consumo de produtos industrializados, frituras, sal e açúcar. Cada organismo necessita e reage de uma forma, por isso o paciente precisa se adequar a uma alimentação que impeça ou diminua a indisposição durante o tratamento da doença, porque há tipos e sintomas diferentes de hanseníase.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referências Bibliográficas:

HU orienta pacientes com hanseníase sobre a importância da alimentação. Disponível em: www.ufjt.br Acessado em: 10/01/2013.

Montenegro, RMN. Associação entre o estado nutricional e a reação hansênica – um coorte de portadores de hanseníase em municípios da grande vitória (ES).[Dissertação de mestrado], Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, 2010.

Montenegro, RMN; Molina, MDC; Moreira, M; Zandonade, E. Avaliação nutricional e alimentar de pacientes portadores de hanseníase tratados em unidades de saúde da grande Vitória, Estado do Espírito Santo. Rev Soc Bras Med Trop, 2010: p. 1-4.

Souza, E de. Hanseníase: uma questão de sensibilidade. Disponível em: www.centrinho.usp.br Acessado em: 19/01/2013.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Arroz com feijão



            Alimentos de origem vegetal são fontes significativas de proteínas, sendo classificados, em sua maioria, como parcialmente ou totalmente incompletos. As leguminosas são as mais adequadas, contendo de 10 a 30% de proteínas, eventualmente apresentando alguma deficiência em aminoácidos sulfurados, como metionina e cisteína. Os cereais apresentam teor protéico menor que das leguminosas, de 6 a 15% em média, sendo geralmente deficientes em lisina.

            Apesar das limitações nutricionais apresentadas pelas proteínas vegetais, deve-se enfatizar que na alimentação normal de um indivíduo vários tipos de alimentos são consumidos simultaneamente, podendo ocorrer um efeito complementar em termos de aminoácidos essenciais. Dessa forma, uma adequada mistura de cereais (arroz, trigo, milho) com leguminosas (feijão, soja, ervilhas) consumidos em uma mesma refeição em proporções balanceadas, poderia apresentar valor nutricional, do ponto de vista protéico, equivalente àquele apresentado pelas proteínas de origem animal.

            Um dos melhores exemplos desta combinação é o clássico arroz com feijão, pois a proteína do arroz é pobre em lisina, mas é uma excelente fonte de aminoácidos sulfurados, como metionina e cistina. Já a proteína do feijão é relativamente rica na maioria dos aminoácidos essenciais, especialmente em lisina, mas deficiente em metionina e cistina.

Arroz
 
O arroz é considerado o produto de maior importância econômica em muitos países em desenvolvimento, constituindo-se alimento básico para cerca de 2,4 bilhões de pessoas. É uma cultura que apresenta grande capacidade de adaptação a diferentes condições de solo e clima. Cultivado e consumido em todos os continentes, o arroz se destaca pela produção e área de cultivo, desempenhando papel estratégico tanto em nível econômico quanto social para os povos das nações mais populosas da Ásia, África e América Latina.

Alguns benefícios obtidos ao se consumir arroz são: vitaminas do complexo B (B1 - garante o bom funcionamento do sistema nervoso e muscular e do coração; B2 - importante para olhos, células nervosas e metabolismo de carboidratos, das gorduras e das proteínas; e B3 - fundamental para manter a pele saudável, o sistema nervoso e o aparelho digestivo em bom funcionamento, além de contribuir para a diminuição do colesterol). Ele possui ainda fibras e metionina - aminoácido que ajuda a processar gorduras e preservar a função hepática. Segundo a Embrapa, os aminoácidos do arroz são mais nutritivos que os de outros cereais, como milho e trigo, e o alimento concentra menos de 1% de gordura.


Feijão

O feijão é um alimento básico para o brasileiro. A média atual de consumo de feijão é de 12,7 kg percapita/ano. A preferência do consumidor é regionalizada e diferenciada, principalmente quanto à cor e ao tipo de grão. O feijoeiro comum é cultivado ao longo do ano na maioria dos estados brasileiros, proporcionando assim constante oferta do produto no mercado. É cultivado tanto em culturas de subsistência quanto em cultivos altamente tecnificados. A Região Sul ocupa lugar de destaque no cenário nacional, seguida, respectivamente, pelas Regiões Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Norte.

Ao consumir feijão, adquirimos os seguintes benefícios: fonte de vitaminas B1, B2, B3 e B9 (colabora para o bom funcionamento do sistema nervoso e da medula óssea); em proteínas e minerais (potássio, ferro, fósforo, cálcio, cobre, zinco e magnésio) e lisina, aminoácido essencial (aquele que o corpo não produz, mas é necessário ao organismo), que contribui para o crescimento de crianças e adolescentes e para a restauração de tecidos.

O Guia Alimentar do Ministério da Saúde prevê a ingestão de arroz e feijão todos os dias. Uma proporção ideal é uma porção de feijão para três de arroz. O consumo diário desses alimentos também ajuda a prevenir doenças. A fibra do arroz e a do feijão reduzem o risco de distúrbios cardiovasculares, diabetes, câncer de cólon, entre outros. E mais: contribuem para um melhor funcionamento do intestino.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Cozzolino, SMF. Biodisponibilidade de nutrientes. 1 ed. São Paulo: Manole, 2005; p.736-787

Embrapa Arroz e Feijão. Disponível em: www.cnpaf.embrapa.br Acessado em: 10/01/2013.

Guia Alimentar para a População Brasileira, 2006. Disponível em: http://nutricao.saude.gov.br/guia_conheca.phpAcessado em: 10/01/2013.

Pinheiro, BS. Arroz e feijão: propriedades nutricionais e benefícios à saúde. Disponível em: www.agricultura.gov.br Acessado em: 09/01/2013.

Phillippi, ST. Cereais, Massas e Pães. Nutrição e Técnica Dietética. 1 ed. Manole: Barueri,SP, 2003. p.37-56.

Phillippi, ST. Leguminosas. Nutrição e Técnica Dietética. 1 ed. Manole: Barueri,SP, 2003. p.145-151.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Esteatose hepática não alcoólica



A doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA) é uma condição clínico patológica caracterizada pelo acúmulo de lipídios no interior dos hepatócitos (células do fígado). O quadro patológico lembra o da lesão induzida por álcool, mas ocorre em indivíduos sem ingestão etílica significativa. A DHGNA é talvez a causa principal de morbidade e mortalidade ligadas a doenças do fígado. A maioria dos pacientes é assintomática, porém nos estágios avançados da doença pode surgir desconforto abdominal, fadiga e mal-estar.

Denomina-se doença hepática gordurosa não alcoólica um espectro de várias condições – esteatose (presença de infiltração gordurosa no fígado), esteatoepatite (infiltração gordurosa no fígado associada à inflamação e destruição de células do fígado), fibrose, cirrose (é a substituição do fígado normal por fibrose (cicatriz), que causa um “endurecimento” do fígado e dificulta seu funcionamento, o que acarreta na diminuição na produção de proteínas, por exemplo) – todas relacionadas ao depósito de gordura no fígado.

Sua prevalência mundial ainda não foi determinada, mas parece ser a doença hepática mais comum no mundo ocidental, e está aumentando de maneira importante principalmente nos obesos. É referido que a DHGNA ocorre em 20% da população, sendo que sua prevalência ultrapassa 50% quando são avaliados pacientes obesos ou diabéticos, considerando-se a doença hepática mais freqüente nos Estados Unidos.
Embora o Ministério da Saúde não tenha estatísticas oficiais sobre a incidência da doença no país, os dados existentes sobre a saúde do brasileiro mostram que boa parte da população está no alvo da esteatose: 48% dos brasileiros têm excesso de peso, um em cada cinco é fumante e 27% dos homens ingerem mais de quatro doses de bebida cada vez que decidem ingerir álcool.

O estilo de vida “moderno”, caracterizado por dietas ricas em gorduras e pobres em fibras, associado ao sedentarismo, uso abusivo de álcool, tabagismo e estresse, independente das condições econômicas e sociais, tem tido um papel importante na epidemia de obesidade.

É importante que se diga que a DHGNA está associada com a chamada síndrome metabólica. Os critérios dessa síndrome, definidos pelo National Institute of Health (NHI), são os que se seguem: glicose de jejum maior ou igual a 110mg/dL; obesidade central (circunferência da cintura maior do que 102cm em homem e 88cm em mulheres); pressão arterial igual ou superior a 130/85mmHg ou tratada farmacologicamente; níveis de triglicerídeos superiores a 150mg/dL ou em uso de fibratos, e colesterol HDL (bom colesterol) menor que 40mg/dL (homem) e 50mg/dL (mulher). Sabidamente, os portadores dessa síndrome apresentam uma maior morbi-mortalidade associada a doenças cardiovasculares.

Classificação

            A DHGNA pode ser classificada de acordo com a sua etiologia como:

Primária: condições associadas à síndrome metabólica, diabetes melito tipo 2, obesidade e hiperlipidemia.

Secundária:

     - Drogas: corticóides, estrogênios sintéticos bloqueadores dos canais de cálcio, amiodarone, perexilina, nifedipina e tamoxifeno;

      - Procedimentos cirúrgicos: desvio jejunoileal e ressecção extensiva do intestino delgado;

      - Outras condições: nutrição parenteral total, toxinas ambientais e doença de Weber-Christian (doença rara, que se apresenta com inflamação recorrente da camada adiposa da pele).

Indefinida: supercrescimento bacteriano intestinal, sobrecarga de ferro e hepatite.


Tipos

            A esteatose hepática não-alcoólica abrange um amplo espectro, sendo categorizados em:

 DHGNA tipo I: esteatose simples;
● DHGNA tipo II: esteatose seguida de inflamação do hepatócito (célula do fígado);
● DHGNA tipo III: esteatose com injúria no hepatócito ou degeneração (balonização);
● DHGNA tipo IV: esteatose seguida de fibrose sinusoidal, corpúsculos de Mallory ou ambos.

            A esteatoepatite (NASH) é considerada a forma mais severa da DHGNA (tipos 3 e 4) e apresenta-se associada com resultados clínicos adversos, incluindo a cirrose e o carcinoma hepatocelular, os quais podem levar à morte.


O "fígado gorduroso" (F) tem aspecto mais amarelado e esbranquiçado, geralmente também com um volume um pouco maior do que o fígado normal (N).
 
Suspeita-se de DHGNA quando o exame clínico e o ultrassom abdominal demonstram hepatomegalia (aumento do tamanho do fígado) e este último acúmulo de lipídios no fígado e/ou quando as aminotransferases estão discretas (duas a três vezes o valor de referência) e persistentemente (em duas ou mais ocasiões) elevadas em indivíduos sem qualquer causa que justifique estas alterações (exclusão de outras doenças hepáticas).

Os mecanismos envolvidos no desenvolvimento e progressão da DHGNA ainda não são bem esclarecidos, porém a resistência insulínica (vide post diabetes), o estado inflamatório, entre outros fatores genéticos, dietéticos e estilo de vida, exercem papel-chave na gênese desta doença.

Uma das hipóteses é que a origem da esteatose hepática deve-se ao acúmulo de triglicérides (vide post gorduras) nos hepatócitos, o que eleva o metabolismo lipídico local, resultando em maior estresse oxidativo mitocondrial, formando espécies reativas de oxigênio (ROS – reative oxigen species). Outra hipótese para o desenvolvimento da DHGNA é que o aumento de ROS promove elevação da peroxidação lipídica da membrana celular, da secreção de citocinas pró-inflamatórias, como, por exemplo, o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), danos à célula de Kupffer e consumo de enzimas e vitaminas antioxidantes no fígado. Observa-se também a autoperpetuação do ciclo de resistência  insulínica e  inflamação pela ativação crônica da quinase (proteína) inibitória capa beta (IKκβ) e interações com o fator de transcrição nuclear NFκβ. A ativação direta das células esteladas hepáticas também pode ocorrer pela hiperglicemia e hiperinsulinemia causada por regulação ascendente dos fatores de crescimento do tecido conjuntivo.


Fatores Nutricionais


Fonte: Dâmaso, AR
 
Numa dieta com alta densidade energética, o excesso de carboidratos e/ou lipídios pode levar a uma elevação crônica da glicose, insulina e ácidos graxos livres no sangue. Estas condições dietéticas contribuem para a resistência à insulina. O transporte de glicose da corrente sanguínea para o hepatócito ocorre por mecanismos não-insulino-dependentes (não depende da insulina); desta forma, elevações na concentração de glicose circulante promovem uma maior captação hepática de glicose. A lipogênese de novo mediada pela insulina estimula o aumento da conversão de glicose em ácidos graxos; vale ressaltar que este processo ocorre principalmente no fígado. Sendo assim, a elevação tanto das concentrações de glicose quanto dos ácidos graxos no sangue contribui para o acúmulo de lipídios no fígado.

O consumo de gordura diário não pode ultrapassar 30% do valor calórico total de uma dieta. Quem consome quantidades elevadas de gordura na dieta, mesmo que sejam as chamadas gorduras saudáveis, podem desenvolver esteatose hepática. O tipo mais perigoso, no entanto, é a gordura trans, porque é a que mais induz depósito de gordura no fígado. Ela é encontrada em biscoitos, salgadinhos, pão de queijo, folhados e outros tipos de alimento.

Essa relação com hábitos nada saudáveis também explica como é formado o grupo de maior risco para desenvolver a doença. Os obesos, os diabéticos (do tipo 2) e os homens (mais numerosos do que as mulheres entre os fumantes e os dependentes de bebidas alcoólicas) são maioria entre os pacientes.


Tratamento da esteatose

O tratamento consiste em combater os fatores desencadeantes: redução do peso de forma gradual e dieta com baixo teor de gorduras e carboidratos na obesidade, bom controle metabólico na dislipidemia e diabetes mellitus, interromper o uso de álcool e se o paciente estiver em terapia nutricional parenteral, reduzir as calorias totais e infusão de carboidratos, administrar nutrição parenteral de forma cíclica e se possível administrar nutrição enteral concomitante.

A esteatose hepática pode ser evitada, assim como suas perigosas consequências. Para isso, é importante seguir uma dieta adequada, realizar atividades físicas, controlar o peso e o diabetes (caso tenha a doença), evitar o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, não recorrer a automedicação e realizar exames de saúde preventivos.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.



Referências Bibliográficas:

Araújo, LMB. Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica e Obesidade. Rev. Abeso 2010; n.43

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