domingo, 29 de maio de 2016

Fitoterápicos na Obesidade



A obesidade é um problema mundial e a luta contra os quilos extras mobiliza uma infinidade de soluções, que nem sempre funcionam. Além de dietas diversas (algumas sem nenhum embasamento científico, as chamadas dietas “da moda”), isso inclui todos os tipos de pílulas, drogas e suplementos naturais. Claro que é interessante ter uma ajuda para perder peso, ou pelo menos tornar mais fácil detonar quilinhos combinando pílulas com outros métodos, como dieta e atividade física. Não existe pílula mágica, mas alguns fitoterápicos despontam como bons ajudantes, sem os efeitos colaterais de medicamentos mais fortes que inibem o apetite.

Os fitoterápicos funcionam por diversos mecanismos:

● aumento da saciedade e redução do apetite, assim se consome menos calorias.

● diminuição da absorção de nutrientes como gordura ou carboidratos, o que reduz as calorias assimiladas do alimento.

● aumento da queima (oxidação) de gordura, facilitando o gasto das calorias ingeridas.

Existem muitos ativos fitoterápicos, porém vamos falar somente sobre os mais eficazes, com ação comprovada por estudos científicos. Deve-se levar em conta que nem todas as substâncias funcionam de modo igual para diferentes organismos.

Meratrim®

O Meratrim é composto por dois extratos de plantas, Sphaeranthus indicus e Garcinia mangostana. Ele funciona reduzindo a gordura corporal. Especificamente, estes extratos inibem a formação de novas células de gordura e quebram as células de gordura existentes. Em dois estudos clínicos, publicados em 2013 nas revistas científicas Journal of Medicinal Food e Obesity, ficou evidenciado que Meratrim efetivamente aumenta a queima de gordura, reduz o peso, o índice de massa corporal, medida da cintura e circunferência do quadril. Como bônus adicional, os participantes ainda tiveram redução na glicose, triglicérides e colesterol. Os estudos usaram 400mg do fitoterápico tomado duas vezes por dia, mais 30 minutos de exercícios leves cinco dias por semana e uma dieta de 2000 calorias. 


Extrato de chá verde - GreenSelect Phytosome®

O chá verde é conhecido por sua ação na termogênese, um processo metabólico de oxidação de gordura para produzir calor e energia. O galato de epigalocatequina (EGCG) é o componente específico responsável por esta queima de gordura. Um extrato produzido de forma especial, o GreenSelect Phytosome, adiciona fosfolipídios de soja na mistura, o que torna o EGCG três vezes mais biodisponível para o corpo do que o extrato regular de chá verde. Outra vantagem é que mantém os níveis de EGCG na corrente sanguínea por muito mais tempo, quatro horas em vez de duas horas. Além disso, o extrato comum de chá verde contém cafeína e pode causar sintomas em pessoas que são sensíveis à substância. O GreenSelect é isento de cafeína, o que permite que seja tomado à noite sem atrapalhar o sono dos mais sensíveis. Um estudo publicado em 2009 pelo Alternative Medicine Review concluiu que após 90 dias de tratamento a perda de peso foi significativa, com redução do índice de massa corporal (uma perda média de 14kg no grupo do chá verde, em comparação com a perda de 5kg no grupo que fez somente dieta). Além disso, parâmetros bioquímicos (colesterol, triglicérides, hormônio do crescimento, IGF-1, insulina e cortisol) também melhoraram.

Açafrão - Satiereal®

Um extrato de açafrão (Crocus sativus) chamado Satiereal parece ser útil para quem tem compulsão em beliscar entre as refeições. Estes lanches fora de hora são provocados por alterações de humor relacionadas ao estresse, e os belisquetes sempre contêm elevado teor de açúcar e gordura, tudo o que sabota uma dieta! O petiscar ligado ao estresse ou "ingestão emocional" ocorre principalmente no sexo feminino. Um estudo publicado pela revista Nutrition Research em 2010, feito com mulheres, mostrou que duas doses de 90mg (pela manhã e antes do jantar) resultaram em uma grande redução no belisco entre as refeições. As participantes do estudo relataram redução da ânsia de comer, melhora no humor e nos níveis de energia, e sensação de saciedade por mais tempo.

Goma guar

A goma guar é uma fibra solúvel derivada das sementes de uma leguminosa, por isso está aqui incluída. Uma pesquisa de 2014 publicada no Journal of Food and Science Technology mostra uma série de benefícios no uso desta fibra. Ela ajuda a aumentar a saciedade e atua no controle de muitos problemas de saúde ligados à obesidade, como diabetes, constipação intestinal, doenças cardíacas, câncer de cólon, e ainda reduz os níveis de colesterol, triglicérides e glicose. Devido a sua capacidade de formar um gel no estômago, ela permite uma maior saciedade porque reduz o esvaziamento gástrico. Uma dieta suplementada com goma guar permite a diminuição do apetite e da sensação de fome, e ainda melhora o trabalho intestinal, ajudando o corpo a se livrar de toxinas. A goma guar não tem sabor e é muito fácil de incorporar na dieta. A dose usual é de 5gramas tomada com água antes das refeições.

ALERTA!

Cuidado com as pílulas ditas “naturais” e que prometem perdas ponderais espantosas. Estes suplementos podem estar turbinados por substâncias que nada têm a ver com fitoterápicos, como inibidores de apetite, hormônios, diuréticos e laxantes. Como foi dito acima, não há mágica. Qualquer programa de perda de peso envolve algum sacrifício, disciplina e muita dedicação. O ideal é sempre buscar acompanhamento profissional para um melhor resultado.

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.         
  
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

*Journal of Medicinal Food 2013. Efficacy and tolerability of an herbal formulation for weight management.
*Obesity 2013. Efficacy and tolerability of a novel herbal formulation for weight management.

*Alternative Medicine Review 2009. Greenselect Phytosome as an adjunct to a low-calorie diet for treatment of obesity: a clinical trial.

*Nutrition Research 2010. Satiereal, a Crocus sativus L extract, reduces snacking and increases satiety in a randomized placebo-controlled study of mildly overweight, healthy women.

*Journal of Food and Science Technology 2014. Guar gum: processing, properties and food applications.

*Critical Reviews in Food Science and Nutrition 2007. Guar gum: a miracle therapy for hypercholesterolemia, hyperglycemia and obesity.




quinta-feira, 26 de maio de 2016

Amamentação



         O ser humano não está pronto para viver independente do organismo materno no momento em que deixa o útero, após o período de gestação.

          Na etapa extrauterina o ninho do útero será substituído pelo colo e o cordão umbilical pelo peito materno, de onde fluirá o colostro, uma espécie de néctar, fonte sobretudo de anticorpos. Considera-se, pois, a amamentação como a segunda etapa da gestação, após a qual, e só então, o bebê começará a evidenciar alguns sinais de independência do organismo materno. Dessa forma, e somente dessa forma, o desenvolvimento físico e afetivo do bebê terá uma sequência natural.

     A amamentação na primeira hora de vida após o parto é essencial, pois ajuda o leite a descer mais rápido e é muito saudável para o bebê. A sucção é o maior estímulo à produção do leite: quanto mais o bebê suga, mais leite a mãe produz. O aleitamento ainda na primeira hora de vida tem sido relacionado com a manutenção da amamentação por mais tempo e os profissionais de saúde devem estimular esse momento ainda na primeira hora, colocando o bebê em contato pele a pele com a mãe logo após o nascimento.

Por que amamentar é importante?

O leite materno é um alimento completo. Isso significa que, até os seis meses, o bebê não precisa de nenhum outro alimento (chá, suco, água ou outro leite). Ele é de fácil digestão e rico em anticorpos, protegendo a criança de muitas doenças como diarreia, infecções respiratórias, alergias, além de ajudar a reduzir o risco futuro de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade.

A amamentação também permite um contato mais íntimo entre a mãe e o bebê. Sugar o peito é um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança, ajudando a ter dentes bonitos, a desenvolver a fala e a ter uma boa respiração.

Por que amamentar exclusivamente até os seis meses?

O leite materno tem o sabor e o cheiro dos alimentos que a mãe come. Por isto, a criança que mama no peito aceita melhor os alimentos que serão introduzidos após os seis meses. Além disso, o bebê que tem contato com outros tipos de leite antes dessa idade tem mais chances de adquirir alergias.

Depois dos seis meses, a amamentação deve ser complementada com outros alimentos saudáveis e de hábitos da família. A recomendação da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde é que a amamentação continue até os dois anos de vida ou mais. Quanto mais tempo o bebê mamar no peito, melhor para ele e para toda a família.

Quantas vezes e por quanto tempo a criança deve ser amamentada?

Recomenda-se que a criança seja amamentada na hora e quando quiser. É o que se chama de amamentação em livre demanda. Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com frequência e sem horários regulares. Em geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo, mama de oito a 12 vezes ao dia. Com o tempo, a tendência é que a criança estabeleça os horários regulares das mamadas.

Quais são os benefícios da amamentação para a mãe?

A amamentação reduz o peso mais rapidamente após o parto. Ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, diminuindo o risco de hemorragia e de anemia após o parto. Reduz o risco de diabetes e de desenvolvimento de câncer de mama e de ovário.

Como posso estimular a produção do leite?

Para manter uma boa quantidade de leite, é importante que a mãe amamente com frequência. A sucção é o maior estímulo à produção do leite: quanto mais o bebê suga, mais leite a mãe produz.

Em caso de dificuldade, onde posso buscar ajuda?

Caso a mãe tenha dificuldade para amamentar, ela poderá buscar ajuda de profissionais das equipes da estratégia Saúde da Família, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), nos Bancos de Leite Humano, nos hospitais Amigos da Criança e nos grupos comunitários de apoio à amamentação.

A amamentação é uma forma de prevenção de doenças e, após os seis meses de vida, o leite materno adicionado a uma alimentação variada, com alimentos de qualidade e preparados de forma correta para o consumo, contribui para a saúde e crescimento adequado do bebê.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Amamentação. Ministério da Saúde. Disponível em: www.blog.saude.gov.br Acessado em: 12/05/2016.

Amamente! O leite materno é essencial e protege a criança. Ministério da Saúde. Disponível em: www.blog.saude.gov.br Acessado em: 17/05/2016.

Lopes, PRA. As vantagens da amamentação. Por que amamentar? In: Rego, JD. Aleitamento Materno: um guia para pais e familiares. 1 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2002.

terça-feira, 24 de maio de 2016

O Papel da Nutrição no Transplante Cardíaco



DEFINIÇÃO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica ocasionada por uma anormalidade da função do coração em bombear e/ou em acomodar o retorno sanguíneo, não atendendo às necessidades de oxigênio dos tecidos. A IC é um problema grave e crescente de saúde pública em todo o mundo, sendo a via final comum da maioria das cardiopatias. A classificação da insuficiência cardíaca auxilia na compreensão da evolução da doença e direção do tratamento

Quadro 1. Classificação da insuficiência cardíaca baseada na progressão da doença


Estágio A
Inclui pacientes sob risco de desenvolver insuficiência cardíaca, mas ainda sem doença estrutural perceptível e sem sintomas atribuíveis à insuficiência cardíaca.




Pacientes com indicação
de intervenções predominantemente preventivas

Estágio B
Pacientes que adquiriram lesão estrutural cardíaca, mas ainda sem sintomas atribuíveis à insuficiência cardíaca.

Estágio C
Pacientes com lesão estrutural cardíaca e sintomas atuais ou pregressos de insuficiência cardíaca

Paciente com indicação terapêutica
Estágio D
Pacientes com sintomas refratários ao tratamento
Pacientes para procedimentos especializados e cuidados paliativos


Classificação da insuficiência cardíaca baseada em sintomas segundo a New York Heart Association (NYHA):


● Classe I: Ausência de dispneia durante atividades cotidianas. A limitação para esforços é semelhante à esperada em indivíduos normais

Classe II: Sintomas desencadeados por atividades cotidianas.

Classe III: Sintomas desencadeados em atividades menos intensas que as cotidianas ou pequenos esforços.

Classe IV: Sintomas em repouso.


COMPROMETIMENTO DO ESTADO NUTRICIONAL

São frequentes os pacientes com IC avançada desenvolver quadros variáveis de desnutrição, que pode esta associado à ingestão alimentar inadequada e ao aumento do metabolismo, evoluindo frequentemente para caquexia cardíaca, o edema das alças intestinais pode ser responsável pela presença de náuseas, má absorção de lipídios, sensação de plenitude gástrica e de perdas proteicas.


A prevalência da caquexia em pacientes com insuficiência cardíaca crônica é de 16%, sendo definida como a perda de peso não intencional mais de 7,5% em 6 meses ou mais, e cerca de 14% quando o IMC  inferior a 20 kg / m2.

A abordagem não farmacológica e não cirúrgica no tratamento de pacientes com IC tem se mostrado bastante útil para auxiliar o gerenciamento dos sintomas, reduzir o número de reinternações e melhorar a qualidade de vida.

RECOMENDAÇÃO NUTRICIONAL

Calorias:

·         28 kcal/kg de peso para pacientes com estado nutricional adequado e 32 kcal/kg de peso para pacientes nutricionalmente depletados (considera-se o peso do paciente sem edemas).

Carboidratos:

·         De 50 a 55% da ingestão energética, priorizando os carboidratos integrais com baixa carga glicêmica, evitando os refinados (açúcar), por agravar a resistência à insulina.

Lipídeos:

·         De 30 a 35%, com ênfase às gorduras mono e poli-insaturadas, em especial aos ácidos graxos da série ômega-3, e níveis reduzidos de gorduras saturadas e trans.

Proteínas:

·         De 15 a 20% do valor calórico total da dieta, priorizando as proteínas de alto valor biológico.

Sódio:

·         De 2 a 3g/dia nos estágios mais avançados da doença.

Líquido:

·         A restrição deve ser de acordo com a condição clínica do paciente.

Suplemento Nutricional:

·         Indicado nos pacientes com baixa ingestão alimentar, má absorção de nutrientes e em estado de hipercatabolismo. Nos casos de anorexia, ofertar refeições pequenas com alta densidade calórica e proteica. Se a ingestão oral estiver abaixo de 60%, a introdução de fórmula via enteral é indicado.

Fracionamento da dieta:

·         Para evitar sobrecarga prandial e uma melhor absorção dos nutrientes é importante oferecer uma dieta com volume reduzido e fracionamento aumentado (6 a 8 refeições/dia).

Consistência da dieta:

·         Em caso de dispneia, disfagia, odinafagia e dificuldade mastigatória a consistência necessita de modificação.

TRANSPLANTE CARDIACO

O transplante cardíaco (Tx C) representa um dos mais revolucionários avanços da medicina. Constitui modalidade de tratamento de escolha para os pacientes portadores de insuficiência cardíaca (IC) refrataria, classes III ou IV (NYHA), com sintomas incapacitantes, ou alto risco de morte dentro de um ano, sem possibilidade de alternativa de tratamento clínico ou cirúrgico.

No dia 26 de maio de 1968, Zerbini e Decourt realizaram o 1o transplante cardíaco da América Latina e o 17º no mundo em um paciente portador de miocardiopatia dilatada. Dois outros pacientes foram operados, um deles com sobrevida superior a um ano.

O desconhecimento técnico sobre a rejeição e a ausência de medicações eficazes para seu controle, associada a complicações infecciosas levaram a crescente descrédito do procedimento em virtude de resultados desfavoráveis.

Os anos que se seguiram foram marcados pela redução do número de transplantes e dos centros que mantinham seus programas ativos. A década de 70 destacou-se no desenvolvimento de medicamentos capazes de controlar os processos de rejeição. Com a introdução da ciclosporina na década de 80 pôde-se constatar melhora na sobrevida dos pacientes para 80,7% no primeiro ano e 59,7% no quinto ano após a operação.

TERAPIA NUTRICIONAL PRÉ TRANPLANTE

·         Seguir as recomendações nutricionais para insuficiência cardíaca;

·     Manter ou melhorar o estado nutricional através da interrupção ou redução do hipercatabolismo;

·      Em pacientes obesos é indicado perda de peso gradativa, de forma a prevenir a desnutrição e/ou sarcopenia. 

TERAPIA NUTRICIONAL PÓS TRANSPLANTE IMEDIATO

Nesta fase o hipercatabolismo é maior sendo necessário o aumento da oferta calórica e proteica, para isso deve-se considerar o uso de suplemento nutricionais completos e/ou modulares em caso de baixa ingestão alimentar ou até a terapia nutricional enteral ou parenteral, fornecendo substrato suficiente para o organismo realizar a cicatrização e melhorar a resposta imunológica para prevenir possíveis processos infecciosos.

Nas primeiras semanas a imunossupressão é intensa exigindo medidas rígidas de controle de qualidade na produção alimentar nas cozinhas que produzem grande volume de alimento e, como medida profilática é indicada a restrição do consumo de hortaliças, legumes e frutas cruas, suco fresco, queijo fresco.

TERAPIA NUTRICIONAL PÓS TRANPLANTE TARDIO

Após a realização do transplante cardíaco é necessário iniciar a terapia imunossupressora para evitar a rejeição no enxerto (coração), no entanto, ao mesmo tempo em que essas medicações trazem benefícios, podem também causar efeitos colaterais. A prevalência em cinco anos pós-transplante foi de 94% para hipertensão arterial sistêmica (HAS), 85% para dislipidemia (DLP) e 33% para diabetes (DM).

Quadro 2. Efeitos colaterais decorrente do uso de imunossupressores

MEDICAMENTO
EFEITO COLATERAL

Ciclosporina
hipertensão, hipercalemia, insuficiência renal, necrose tubular renal, insuficiência hepática.
Ciclosporina e
Tracolimus
diabetes, dislipidemia, insuficiência renal, hipertensão.

Altas doses de
corticosteroides
distúrbios eletrolíticos, hipertensão, intolerância à glicose,
osteoporose, obesidade.

O ganho significativo de peso é bastante descrito em pacientes submetidos a transplantes de órgãos, em média, tais pacientes ganham cerca de 10 kg no primeiro ano após o procedimento, aumentando os riscos de desenvolvimento de doenças secundárias como hipertensão, diabetes e dislipidemias.

    No pós-transplante tardio, a dieta deve ser cardioprotetora, a fim de evitar futuros problemas cardiovasculares, onde é recomendado seguir as seguintes orientações:

·         Evitar o aumento excessivo de peso, que pode ocasionar a sobrecarga do enxerto;

·         Prevenir a hipercolesterolemia com ingestão controlada de colesterol e gordura saturada;

·         Aumentar a ingestão de gorduras mono e poli-insaturadas;
·        
Evitar alimentos embutidos;

·         Aumentar a ingestão de alimentos ricos em ômega 3;

·         Restrição do consumo excessivo de sódio e alimentos ricos em sódio;

·         Limitar o consumo de carboidratos a fim de manter níveis adequados de glicemia capilar, já que o tratamento com corticoide está associada com aumento da glicemia, sendo necessário eventualmente tratamento com hipoglicemiante oral ou insulina.

·         Durante os primeiros seis meses após o transplante é considerado o período de maior risco de contaminação, devendo seguir a recomendação de não ingerir alimentos crus.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os cuidados com o paciente no pré-transplante tem como principal objetivo preparar o receptor para o novo órgão, já que a desnutrição no candidato ao transplante é muito comum e está associada com aumento da morbidade e mortalidade, após a realização do transplante deve-se atentar a prevenção e tratamento das complicações metabólicas decorrente do uso continuo dos imunossupressores, portanto o acompanhamento nutricional é importante e deve fazer parte da rotina de consultas do paciente desde o diagnóstico de Insuficiência Cardíaca.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 

1      Rev. Nutr., Campinas, 22(3):399-408, maio/jun., 2009. Tratamento nutricional em pacientes com insuficiência cardíaca.
2      III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. 
3      Pérez FJ., et al. Manejo nutricional del paciente trasplantado de corazónRev Cubana CardiolCirCardiovasc. 2012; 18(2): 86-94.
4      Bocchi EA, Cruz F, Guimarães G, Moreira LFP, Issa VS, Ferreira SMA, et al. A long-term rospective randomized controlled study using repetitive education at six-month intervals and monitoring for adherence in heart failure patients: the REMADHE study. Circulation. 2008.
5      Horwich TB, Fonarow GC, Hamilton MA, MacLellan WR, Woo MA, Tillisch JH. The relationship between obesity and mortality in patients with heart failure. J Am Coll Cardiol. 2001; 38(3):789-95.
6      Guimarães JI, Mesquita ET, Bocchi EA, Vilas-Boas F, Montera MW, Moreira MCV, et al. Revisão das II Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia para o diagnóstico e tratamento da insuficiência cardíaca. Arq Bras Cardiol. 2002; 79 (supl 4): 3-30.
7      II Diretriz Brasileira de Transplante Cardíaco.
8      Fiorelli AI, Coelho HB, Oliveira Junior JL, Oliveira AS. Insuficiência cardíaca e transplante cardíaco.RevMed (São Paulo). 2008 abr.-jun.;87(2):105-20.
9      Grady KL, Costanzo MR, Fisher S, Koch D. Preoperative obesity is associated with decreased survival after heart transplantation. J Heart Lung Transplant. 1996; 15: 863-71.
10    Williams JJ, Lund LH, LaManca J, Kunavarapu C, Cohen DJ, Heshka S, et al. Excessive weight gain in cardiac transplant recipients. J Heart Lung Transplant. 2001; 25: 36-41.
11     Johnson DW, Isbel NM, Brown AM, Kay TD, Franzen K, Hawley CM, et al. The effect of obesity on renal transplant outcomes. Transplantation. 2002; 74: 60-1.

Texto elaborado por: 

Nutricionista Camila R. L. Campos – Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - puccazinha@hotmail.com

Nutricionista Lenita Borba – Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – lenitagb@yahoo.com.br

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.