domingo, 31 de janeiro de 2016

Alimentação no Diabetes Gestacional



Quando é realizado um diagnóstico de Diabetes Gestacional, a primeira pergunta é: Como se alimentar de maneira saudável e que não falte nenhum nutriente para a mãe e para o bebê?

O Diabetes Mellitus Gestacional é caracterizado pela intolerância a carboidratos, que é reconhecida e diagnosticada pela primeira vez durante a gestação. Pode ser no exame de glicemia de jejum logo no início, ou na curva glicêmica realizada entre a 24 e 28 semanas de gestação.

Os fatores de risco para o seu desenvolvimento são idade materna igual ou superior a 35 anos, antecedente familiar de primeiro grau de Diabetes Mellitus, intolerância à glicose anterior à gravidez, macrossomia fetal anterior (quando o bebê nasce acima de 4kg), sobrepeso materno e/ou ganho excessivo de peso durante a gestação.

Depois de diagnosticado, o DMG precisa ser tratado, pois o descontrole glicêmico está associado a complicações maternas e perinatais, tais como, macrossomia, prematuridade, distocia de ombro (emergência médica que ocorre quando a cabeça do feto passa e os ombros, não. Isso ocorre devido ao tamanho e pode até levar o feto ao óbito), traumas no nascimento, morbidade relacionada à cesárea e hipoglicemia neonatal no pós-parto.

Por outro lado, o risco de complicações pode ser minimizado com acompanhamento nutricional, atividade física (quando permitida pelo obstetra) e medicação (uso de insulina, quando necessário).



O ideal é que assim que feito o diagnóstico, a gestante seja acompanhada por nutricionista, que deve planejar um cardápio em que não aconteçam hiperglicemias e que contemple os nutrientes necessários para a mãe e a formação do bebê.

Para elaborar o plano alimentar dessas gestantes, devem ser seguidas as diretrizes de recomendações nutricionais para todas as gestantes, no que diz respeito aos micronutrientes.

È importante que a dieta seja fracionada, para que a mãe alimente-se 6 vezes ao dia, a cada 3 horas.

É importante que os carboidratos sejam calculados individualmente e que prevaleça no cardápio os carboidratos complexos ao invés dos simples, para evitar picos de glicemias.

A utilização de fibras é essencial em todas as refeições. E as frutas devem ser quantificadas, e não fazer uso de sucos, mesmo naturais, pois concentram a frutose e por serem líquidos vão direto para a corrente sanguínea podendo causar hiperglicemia.

A monitoração da glicemia também deve ser feita periodicamente para que seja feito o ajuste do plano alimentar, por exemplo, algumas gestantes apresentam maiores glicemias no período da manhã em função dos hormônios da gestação e eventualmente não podem consumir alguns alimentos que quando consumidos à tarde não elevam a glicemia. Por isso o acompanhamento deve ser individualizado.

Adoçantes moderadamente são permitidos nesses casos, mas claro que alimentos naturais e sem adoçar devem ser a preferência.

Deve-se observar o ganho de peso gestacional e conduzir a alimentação de acordo com esse ganho. Sem restringir, muito menos eliminar grupos alimentares, como por exemplo, os carboidratos, fundamentais para compor a dieta.

A gestante também deve saber como corrigir um eventual episódio de hipoglicemia, utilizando os mesmos procedimentos de diabéticos em geral, ingerir 15g de CHO de absorção rápida, como um copo de suco, de refrigerante, de água com 1 colher de sopa de açúcar ou 3 balas mastigáveis.
 

Com acompanhamento adequado, a gestação seguirá tranquila e saudável gerando um bebê sem problemas.


As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
                                                                                            
Texto elaborado por: Nicole Trevisan

Nutricionista e Pedagoga

Coach em Saúde e Bem-Estar

Educadora em Diabetes pela SBD/IDF (International Diabetes Federation)

Mestre pela Faculdade de Medicina da USP

Atua em consultório e na ADJ Diabetes Brasil

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Alimentação Saudável: dos Frutos aos Nuggets



          Comida congelada, suco de caixinha, pipoca de micro-ondas, sopa instantânea, nuggets, enlatados. Produtos alimentícios como esses ícones da vida moderna e que enchem nossos carrinhos de supermercados, não fazem jus ao caminho percorrido por nossos antepassados ao longo da história para manter a barriga cheia, o corpo nutrido e a saúde em dia.

            No início era a coleta. Há cerca de 200 mil anos, nossos ancestrais, que eram nômades, se alimentavam de frutos e raízes, consumiam carne de caça, peixe e possivelmente moluscos in natura. Como num drive-thru paleolítico, eles aproveitavam as ofertas alimentícias que encontravam pelo caminho. Ainda nesta época, nossos parentes hominídeos inventaram de assar e cozinhar os alimentos. E foram levando a vida assim, durante alguns milhares de anos. Eles andavam, caçavam, pescavam e comiam. Se não se mexessem, ou se a oferta era escassa, passavam fome.

          Muito tempo depois, há aproximadamente 10 mil anos, veio a mudança que influenciaria a alimentação, a cultura e as sociedades humanas até hoje: a agricultura. Cansados de vagar, e com a experiência de milênios acumulada, nossos ancestrais resolveram fixar residência. Passaram a viver às margens de rios e lagos, cultivando trigo, cevada, milho, arroz e cereais – estes que são a base da alimentação tradicional de diferentes povos por todo o planeta até hoje. Ao mesmo tempo, dava-se início a criação de bovinos, ovinos, caprinos e suínos. Também começaram a produzir bebidas e alimentos líquidos usando cereais, caule, grãos, vagens, brotos; além de cozidos, ensopados e condimentos.

         Na antiguidade, comida também era remédio. Nos tempos antigos, o que chegava à mesa, pelo menos das elites, já era bastante variado. As tumbas do Antigo Egito (a partir do quarto milênio a.C) mostram os alimentos consumidos pelos faraós: massas, carnes, peixes, laticínios, frutas, legumes, cereais, condimentos, especiarias e mel. Os egípcios eram também grandes conhecedores dos segredos da farmacopeia e das propriedades das ervas medicinais.

            Na Antiguidade Clássica, o longo período em que se destacaram as civilizações grega e romana, também eram conhecidos os efeitos preventivos e terapêuticos da alimentação. Os escritos de Hipócrates, grego conhecido como pai da medicina, mostravam alguns produtos alimentícios consumidos na Grécia Antiga e já faziam uma associação entre alimentos e o combate a doenças.

Mundo Novo

            Outra grande virada nesta história ocorreu por volta de 500 anos atrás, com as Grandes Navegações (séculos XV e XVI). Começava ali a primeira onda de globalização, quando os europeus saíram desbravando mares, conquistando novas terras e povos e, obviamente, diversificando o prato deles de cada dia. O que seria do molho das massas italianas, se não fosse o tomate, fruto nativo da América Central, que começou a ser cultivado pela Civilização Inca? Isso sem falar nas asiáticas laranja, banana e manga, que cruzaram mares e vieram fazer sucesso nas lavouras e mesas da América. Daqui do Brasil, o mundo hoje conhece o caju, a mandioca, a goiaba....



           O modo de produção de alimentos permaneceu praticamente o mesmo por muito tempo: o cultivo de vegetais e a criação de animais eram feitos em propriedades familiares e as farinhas eram produzidas de forma artesanal, preservando suas fibras e benefícios naturais. Mas, ainda na Idade Moderna (séculos XV ao XVIII), a agricultura, que antes era de subsistência, passou a ter fins comerciais.

            Em meados do século XIX, a história da humanidade passou por um momento de “fermentação”, com a chegada da Revolução Industrial, que ‘desandou’ com a ordem estabelecida e o que era feito de forma artesanal, passou a ser produzido com a ajuda de máquinas para acelerar a produção e abastecer uma população que não parava de crescer. O movimento atingiu todos os setores, em especial a produção de alimentos. É dessa época a criação dos alimentos enlatados (França-1810), criados para atender a necessidade militar, mas que em pouco tempo invadiu prateleiras e casas de todo o mundo.

               A partir daí, em uma velocidade sem precedentes na história da alimentação humana e com a necessidade de se produzir em grande escala para suprir populações imensas, a comida passou a ser objeto de uma verdadeira alquimia, nem sempre saudável. Hoje, uma inocente receita pode conter corantes, conservantes, antioxidantes, estabilizadores, emulsionantes, espessantes e até gelificantes. Quem quiser realmente saber o que está comendo terá que decifrar ‘ingredientes’ como E162 (corante vermelho de beterraba), E202 (conservante sorbato de potássio) ou ainda um ‘apetitoso’ E469 (emulsionante Carboximeticelulose hidrolisada enzimaticamente). Inclui-se aí também muito sal, muito açúcar, muita gordura.

            Diabetes, obesidade, hipertensão, câncer. Doenças da modernidade, que viraram epidemia em países industrializados, são hoje creditadas ao estilo de vida contemporâneo, e olha aí a alimentação de novo. Não precisamos mais plantar, caçar, pescar. O alimento está ao alcance de qualquer um que possa pagar por ele. Muita oferta de comida, pouco esforço para obtê-la. Apesar disso, há uns comensais que, em busca de uma vida mais saudável, estão se voltando para um cardápio mais natural, mais próximo ao que nossos antepassados comiam. Isso porque, em virtude de uma alimentação inadequada, carente de nutrientes e vitaminas, repleta de aditivos e conservantes; e altamente calórica, os problemas de saúde passaram a ser relacionados ao que comemos.

Diferentes Tipos de Alimentos

Alimentos in natura: essencialmente partes de plantas ou de animais. Ex: carnes, verduras, legumes e frutas.

Alimentos minimamente processados: quando submetidos a processos que não envolvam agregação de substâncias ao alimento original, como limpeza, moagem e pasteurização. Ex: arroz, feijão, lentilhas, cogumelos, frutas secas e sucos de frutas sem adição de açúcar ou outras substâncias; castanhas e nozes sem sal ou açúcar; farinhas de mandioca, de milho de tapioca ou de trigo e massas frescas.

Alimentos processados: são fabricados pela indústria com a adição de sal ou açúcar a alimentos para torná-los duráveis e mais palatáveis e atraentes. Ex: conservas em salmoura (cenoura, pepino, ervilhas, palmito); compotas de frutas; carnes salgadas e defumadas; sardinha e atum de latinha, queijos e pães.

Alimentos ultraprocessados: são formulações industriais, em geral, com pouco ou nenhum alimento inteiro. Contém aditivos. Ex: salsichas, biscoitos, geleias, sorvetes, chocolates, molhos, misturas para bolo, “barras energéticas”, sopas, macarrão e temperos “instantâneos”, “chips”, refrigerantes, produtos congelados e prontos para aquecimento como massas, pizzas, hambúrgueres e nuggets.



10 Novos Passos Para Uma Alimentação Saudável

Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação;

Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias;

Limitar o consumo de alimentos processados; 

Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;  

Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia;  

Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados;

Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias; 

Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece;  

Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora;  

Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais. 




As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Alimentação saudável: dos frutos aos nuggets. Ministério da Saúde. Disponível em: www.blog.saude.gov.br Acessado em 06/01/2016.

Guia Alimentar Para a População Brasileira. Ministério da Saúde, 2014.

O excesso no consumo de açúcar é prejudicial à saúde. Ministério da Saúde. Disponível em: www.blog.saude.gov.br Acessado em 06/01/2016.



terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Marmita



A marmita já foi vista com desdém, mas ela voltou de forma triunfal. Antes feiosa e sem graça, a marmita era um amontoado de panelinhas de alumínio. Agora ela recebe a atenção de designers e fabricantes que se esmeram em produzir versões aliando beleza e funcionalidade, muita cor e apetrechos vistosos.

Por que usar marmita?

Além da óbvia economia, você pode escolher os alimentos e ingredientes que vai ingerir na refeição caprichando na qualidade nutricional, e ainda reduz o teor calórico, a ingestão de sódio (sal) e de gorduras trans oxidadas (óleos vegetais que são reutilizados no preparo dos alimentos nos restaurantes). Como na marmita você leva exatamente o que vai comer, não corre o risco de cair em tentação com a variedade oferecida em lanchonetes e comida a quilo (massas, empanados, frituras, doces), o que ajuda a controlar a quantidade de calorias no prato.

Preparando a marmita

O planejamento das refeições é essencial. Deixe tudo lavado, condicionado e separado de véspera. Aproveite as sobras do jantar na sua marmita (arroz, feijão, suflê, carnes diversas). Ovo cozido é uma excelente opção para compor a refeição – alimenta muito com poucas calorias. Capriche na salada e/ou legumes cozidos (50% do volume total), tempere com azeite, vinagre, sal e ervas. Acondicione o molho separadamente e coloque na salada na hora de comer, assim as folhas não ficam murchas. Os legumes cozidos são a parte mais difícil (nem tanto!), o ideal é que sejam cozidos no vapor enquanto você toma o seu café da manhã ou banho. Este processo dura menos de 15 minutos. Aguarde esfriar um pouco e acondicione na marmita. Deixe para temperar na hora de comer, do mesmo jeito que é feito com a salada. Sopas alimentam e têm poucas calorias - elas podem ser colocadas em garrafinhas térmicas, assim se mantêm aquecidas por várias horas.

Sobremesa

As opções de sobremesa e lanche podem ser uma fruta, um pedaço de queijo, um iogurte ou um punhado de sementes oleaginosas. Prefira tomar água em vez de sucos ou refrigerantes. Após a refeição tome um chá ou um cafezinho. Você estará bem alimentada, se sentindo mais saudável e pronta para trabalhar com vontade em dobro.

Cuidados

É muito importante usar sempre alimentos frescos e conservar a refeição de forma correta até a hora de comer: coloque a marmita na geladeira para evitar que os alimentos estraguem devido à proliferação de micro-organismos que podem causar problemas digestivos e infecção intestinal. Evite molhos preparados com maionese, pois ela se deteriora com facilidade.

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

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