segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Relação entre Obesidade e a Flora Intestinal


Definida como uma doença crônica a obesidade é ocasionada por diversos fatores no qual se caracteriza principalmente pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo. O quadro dessa doença vem crescendo de maneira desordenada nas últimas décadas. Dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano de 2012 mostraram que a obesidade acomete 12% da população mundial e é a causa de morte de 2,8 milhões de pessoas por ano.

Essa doença é um agravante a saúde pública, pois é uma síndrome plurimetabólica, ou seja, a obesidade esta associada ao aumento do aparecimento de diversas outras doenças tais como: doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes do tipo 2 e até certos tipos de cânceres como de mama, cólon, útero e próstata. A incidência dessas doenças é 35% maior em pessoas acima do peso quando comparadas a pessoas com o peso normal.

Vários fatores são responsáveis para o desenvolvimento da obesidade, dentre eles podemos citar a alta ingestão calórica, redução da prática de atividades físicas, fatores genéticos, idade e até mesmo condições emocionais. Mas o que pouco se sabe é que a as bactérias presentes no nosso intestino estão intimamente ligadas ao ganho de peso.

Estudos publicados em uma revista de elevada importância ao panorama científico, Nature, mostraram que o desnível das bactérias presentes em nossa flora intestinal pode ocasionar processos inflamatórios, que são estágios precedentes a obesidade.

O desequilíbrio dos microrganismos presentes no trato gastrointestinal causa a inibição de proteínas responsáveis pela proteção das paredes intestinais permitindo que as bactérias que habitam essa região atravessem a parede intestinal e caiam na corrente sanguínea e estimulem a produção de substâncias inflamatórias que inibem a assimilação da insulina pelo organismo. Isso gera um bloqueio desse hormônio responsável pelo transporte da glicose para as células, principalmente as células localizadas na região abdominal, diminuindo o metabolismo da área e contribuindo para o aumento de peso corporal e acúmulo de gordura. 



Um novo trabalho relacionado à área publicado recentemente, também mostrou que a composição da flora intestinal pode ser decisiva no desenvolvimento da obesidade. O estudo relaciona a Enterobacter cloacae B29 como a responsável pelo aumento de peso. Essa espécie de bactéria libera uma endotoxina causadora de degradações metabólicas, como a resistência insulínica.

Esse desequilíbrio pode ser a causa de muitas pessoas não perderem peso, mesmo consumindo quantidades normais ou fazendo diversas dietas. É possível que várias das doenças que aflige o mundo contemporâneo podem ser na verdade ser um desequilíbrio do mundo microbiano que vive em nosso intestino.

Alimentos que regulam a flora intestinal

Alguns alimentos podem ajudar na regulação dos microrganismos presentes no nosso sistema gastrointestinal. Esses alimentos são conhecidos por conter probióticos.

Os probióticos são microrganismos vivos que conferem um benefício para a saúde do consumidor contribuindo para o equilíbrio da microbiota intestinal.

Essas bactérias benéficas podem ser encontradas geralmente em produtos lácteos como leites fermentados e iogurtes ou até mesmo na forma de cápsulas. Mas dê preferência aos alimentos, pois além do benefício proposto pelo microrganismo probiótico você ainda desfruta de todos os outros nutrientes presentes, por exemplo, nos iogurtes como as proteínas e o cálcio.

Lembrando, para que um alimento seja considerado probiótico e exercer esse efeito regulador, o produto deve apresentar uma quantidade mínima viável desses microrganismos na faixa de 108 e 109 Unidades Formadoras de Colônia (UFC), esse valor deve ser especificado pelo fabricante e estar expresso de forma clara no rótulo do produto, por isso basta observar.

O segredo para uma vida saudável está no equilíbrio. Sabendo aliar uma alimentação saudável a exercícios físicos, as atividades metabólicas de seu organismo estarão equilibradas garantindo qualidade de vida.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referência Bibliográfica:

Santana, ATMC. Relação entre a obesidade e a flora intestinal. Grupo de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.alimentosfuncionais.blogspot.com.br Acessado em: 29/09/2019.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Ômegas


Essenciais para a saúde, eles equilibram o colesterol, evitam inflamações no organismo e até ajudam a combater o câncer.

Certamente, você já ouviu falar nos ômegas 3 e 6 — ainda existem os menos conhecidos, mas igualmente importantes, 7 e 9. Também já deve saber que eles são substâncias "do bem" e que devem ser consumidos como parte de uma dieta saudável. Mas já se perguntou o que são, exatamente, os tais ômegas? São gorduras do tipo insaturada, formadas por ácidos graxos, e popularmente conhecidas como "gorduras boas". Os números 3,6,7 e 9 têm a ver com a composição química desses ácidos graxos. O que difere uma gordura da outra são as ligações de carbono em cadeia. No ômega 6, por exemplo, a primeira ligação dupla de carbono deve ocorrer no sexto carbono. No ômega 3, no terceiro. Quando presentes na dieta de forma equilibrada, todos os ômegas têm papel fundamental para a saúde de forma geral, pois estimulam o crescimento celular, preservam a saúde cerebral ocular e o sistema nervoso. Também são utilizados como fonte de energia para o funcionamento do corpo. Por isso, é importante que alimentos que os contenham, como peixes de água fria e azeite de oliva, façam parte da dieta de maneira regular.

ÔMEGA 3

Existem vários tipos de gorduras classificadas como ômega 3. Elas diferem quimicamente, de acordo com sua forma e tamanho. As mais importantes são: ácido eicosapentaenoico (EPA), ácido docosahexaenoico (DHA) e ácido alfa-linolênico (ALA). A principal função do EPA é produzir substâncias químicas chamadas eicosanoides, que ajudam a reduzir a inflamação no organismo. Dessa forma, combatem diversos males que têm esse fator como desencadeante, como a obesidade, a artrite reumatoide e até algumas doenças cardiovasculares. Além disso, equilibra os níveis de colesterol e de triglicérides no sangue, e também ajuda a reduzir os sintomas da depressão. Já o DHA representa cerca de 8% do peso do cérebro e é extremamente importante para o desenvolvimento e função normal deste órgão. Estudos recentes relacionam o seu uso à melhora dos sintomas de depressão, Alzheimer e distúrbios de comportamento, como hiperatividade e déficit de atenção. Por fim, o ALA pode ser convertido em EPA e DHA, e é usado pelo corpo principalmente como energia. Os ômegas 3 ainda têm papel importante na saúde dos olhos. Estudos demonstram que essa gordura é capaz de proteger a retina contra inflamações e preservar o funcionamento dos vasos sanguíneos nesta região. Também existem evidências de que a substância atue no combate ao câncer, inibindo a carcinogênese (processo de formação da doença) e o crescimento de tumores e aumentando a eficácia de drogas quimioterápicas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão de pelo menos duas porções por semana de peixes ricos em ácidos graxos, como o salmão selvagem, a cavala, a sardinha, a anchova ou o atum. Mas o ômega 3 pode ser encontrado também nas sementes de chia e de linhaça e nas nozes. Ainda existem ovos e leites enriquecidos com a gordura. 

A SUPLEMENTAÇÃO DE ÔMEGA 3 É NECESSÁRIA?

O ômega 3 não é produzido naturalmente pelo organismo e a alimentação do brasileiro nem sempre supre essa necessidade. No entanto, antes de partir para as cápsulas, é bom saber que a suplementação só deve acontecer sob orientação médica. O melhor mesmo é obterá gordura por meio da alimentação. A necessidade ou não de suplementação é algo muito pessoal, que depende de vários fatores. Recomendo o acompanhamento de um profissional para saber exatamente o que cada um precisa. Até porque estudos recentes concluíram que a suplementação não protege de eventos cardiovasculares maiores, como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e morte por doenças cardiovasculares. Por isso, cautela, informação e avaliação de um médico ou nutricionista são importantes

ÔMEGA 6

A gordura ômega 6 mais comum é o ácido linoleico (AL) que, depois de ingerido, é convertido em ácido araquidônico (AA). Quanto às funções, o ômega 6 ajuda no crescimento celular. Por isso, é muito importante para o desenvolvimento do cérebro, dos músculos e da pele. Em proporções apropriadas, preserva os neurônios e permite uma transmissão nervosa adequada. Por isso, estudos apontam seus efeitos na prevenção do Alzheimer, uma doença neurodegenerativa. É bom saber que, se consumido em excesso, o ômega 6 intensifica processos inflamatórios — que podem se manifestar, por exemplo, na forma de hipertensão, aumento da dor nos casos de artrite e até doenças inflamatórias intestinais. O consumo exagerado desse tipo de ácido graxo também tende a estimular a produção de cortisol, hormônio relacionado ao enfraquecimento do sistema imunológico, ao diabetes, elevação do colesterol LDL (o "ruim") e redução do HDL (o "bom"). Por isso, de maneira geral, ele não precisa ser suplementado. A ingestão de alimentos ricos em ômega 3, por sua vez, balanceia o ômega 6. Vale lembrar que sempre deve existir o equilíbrio. Se a ingestão dos ômegas for equilibrada, contemplando uma maior quantidade de ômega 3 do que do 6, só há benefícios. Por isso é interessante que haja o acompanhamento de um nutricionista, que vai balancear a alimentação da maneira correta. A gordura pode ser encontrada nos seguintes alimentos: azeite de oliva, óleos de soja e de milho, maionese, nozes, sementes de girassol, amêndoas, amendoim e castanha de caju. 



ÔMEGA 7

Ao contrário dos ômegas 3 e 6, este ácido graxo não é considerado essencial, o que significa que ele é produzido pelo organismo. Também conhecido como ácido palmitoleico, foi o último dos ômegas a ser descoberto. Por isso, as pesquisas sobre seus benefícios ainda estão no início. No entanto, existem evidências de que ele possivelmente combate os fatores que causam a síndrome metabólica, atua na regulação do metabolismo, equilibra o colesterol e pode diminuir o risco de desenvolver diabetes tipo 2. É encontrado no óleo de macadâmia e, em menor quantidade, no abacate. 

Ômega 9

Assim como o ômega 7, este tipo também é produzido pelo organismo. Por isso, não recebe a denominação de essencial. No entanto, só pode ser aproveitado pelo organismo com a ajuda dos ômegas 3 e 6. Por isso, a regra de ouro no consumo dos ácidos graxos é, mais uma vez, o equilíbrio. Ele atua na produção de hormônios sexuais e ajuda o organismo a absorver vitaminas com mais eficiência. Pode ser encontrado em alimentos como azeite de oliva, óleos de castanha de caju, de amêndoa, de abacate e de amendoim, além das castanhas e nozes. 



ALTERNATIVA VIÁVEL AO SALMÃO

O salmão é o primeiro peixe que vem à mente quando se pensa em ômegas. De fato, sua carne rosada e saborosa é uma excelente fonte do nutriente. No entanto, há quem diga que o animal criado em cativeiro tem menos ômega 3 do que o salmão selvagem. Mas será que é verdade? Assim como nós, o salmão também não produz o ômega 3 — ele o obtém a partir do consumo de peixes menores e outras criaturas que consomem plânctons e algas. Conforme ele se alimenta, esse ômega 3 vai para a sua carne e é assim que também chega até nós. O salmão de cativeiro, no entanto, é alimentado por ração. Por isso, há a crença de que ele não é uma boa fonte de ômega 3, diferentemente do pescado selvagem. Na verdade, alguns estudos já mostraram que isso não é real. A ração que alimenta o salmão é feita à base de farinhas e óleo de peixe e ambos são fonte do ácido graxo. Portanto, sua carne possui, sim o nutriente. Se, no entanto, o que impede de ter salmão mais vezes à mesa é o custo elevado, há um outro peixe que o substitui — e com louvor. Estamos falando da sardinha. Ela tem até mais ômega 3 do que o salmão — em torno de 3.5 gramas contra 1.5 g, em 100 g. Versátil, pode ser assada, empanada, grelhada, servir como recheio de tortas, e até em forma de patê.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Harfenist, L; Zilli, R. Ômegas, as gorduras do bem. Hospital Sírio Libanês. Disponível em: www.hospitalsiriolibanes.org.br Acessado em: 26/09/2016.