domingo, 28 de dezembro de 2014

Síndrome Nefrótica



Síndrome caracterizada por proteinúria (perda de proteína pela urina) superior a 3,5g/1,73m² de superfície corpórea nas 24 horas em adultos, ou maior do que 50mg/kg/dia em crianças, hipoalbuminemia e edema. É uma dificuldade dos rins em filtrar as proteínas.


É uma doença crônica e muitas vezes acontece na infância. Pode ocorrer em qualquer criança, mas é mais comum nos meninos entre as idades de 1,5 a 4 anos.

Uma das maneiras de perceber é o inchaço abdominal e também nas pálpebras pela manhã e nos tornozelos depois que a criança anda. Mas, para ter certeza, só com diagnóstico médico que além dos sintomas clínicos solicita exames ambulatoriais.


Manifestações Clínicas

● Redução das proteínas séricas (albumina < 2,5g/dl), levando o paciente a um quadro de anasarca (edema generalizado) e hipovolemia (redução do volume sanguíneo);

● Pressão arterial – geralmente encontra-se dentro dos limites de normalidade;

● Diurese – diminuída devido à maior retenção de água e sódio, como mecanismo de compensação da hipovolemia;

● O lipidograma revela aumento de colesterol e triglicerídeos, o que parece ter uma relação direta com a hipoalbuminemia, já que, na tentativa de repor as perdas proteicas, o hepatócito (células do fígado) também produz lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL) e albumina, pois ambas têm a mesma via de síntese na referida célula.

Tratamento Dietético

● Líquidos: é recomendável fazer balanço hídrico. A restrição hídrica somente estará indicada se houver comprometimento nefrítico, caracterizado pelo aumento da pressão arterial;

● Lipídios: a restrição de gordura está indicada se houver persistência de níveis elevados de colesterol e triglicerídeos, já que na fase aguda da doença espera-se uma elevação destes em decorrência da hipoalbuminemia. Após a fase aguda, se os níveis ultrapassarem o dobro dos valores esperados para a idade, passam a representar maior risco para a formação de ateromas, o que justifica a restrição dietética;

● Proteína: quando a síndrome nefrótica está instalada há muito tempo, pode ocorrer desnutrição proteica. Não há indicação de dieta hiperproteica, já que as perdas de proteína pela urina são inevitáveis enquanto houver uma permeabilidade glomerular aumentada. Além disso, a oferta excessiva de proteínas pode representar maior risco de lesão glomerular. A ingestão de proteínas deve atender às recomendações para a idade e sexo;

● Carboidratos: oferta normal para a idade, representam cerca de 50-60% do valor energético total da dieta;

● Vitaminas e minerais: oferta de acordo com as recomendações para a idade e sexo, ou conforme carências nutricionais específicas observadas clínica ou bioquimicamente;

● Sal: a restrição de sal é feita para o controle do edema, inchaço, e em situações mais graves, também as quantidades de água. Já o potássio, deve estar presente na dieta, acima de 6 gramas por dia , o que se aproxima de duas bananas. Porém, se houver insuficiência renal aguda, diminuição na produção de urina, o potássio também deve ser restrito (1,5 - 2,0 gramas / dia).

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Texto elaborado por: Sheila Basso e Nicole Trevisan
Nutricionista CRN3 33698
Educadora em Diabetes pela SBD/IDF
Mestranda em ciências pela Faculdade de Medicina da USP
Nutricionista na ADJ Diabetes Brasil em atendimento e curso de contagem de carboidratos
  
Referências Bibliográficas:


Costa, VM. Síndrome Nefrótica. In: Práticas de nutrição pediátrica. 1 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2002.

Kirsztajn, GM; Pereira, AB. Nefroses e Nefrites. In: Guia de medicina ambulatorial e hospitalar de nefrologia. 2 ed. Barueri, SP: Manole, 2005.

Ribeiro, RLR; Rocha, SMM. Enfermagem e família de crianças com síndrome nefrótica: novos elementos e horizontes para o cuidado. Texto Contexto Enferm, 2007; v.16, n.1: p.112-119.

Síndrome Nefrótica. Disponível em: www.rgnutri.com.br Acessado em: 12/12/2014.
 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Vitamina E



       Vitamina E é o termo genérico empregado para designar 8 compostos lipossolúveis naturais que apresentam, em diferentes graus, a mesma atividade biológica do α-tocoferol.

         Ela pertence ao grupo das vitaminas lipossolúveis, ou seja, solúveis em gordura, e tem como principal função agir de forma antioxidante, protegendo a vitamina A da oxidação, constituindo um dos principais mecanismos de defesa interna do organismo.

         A atividade antioxidante da vitamina E é a sua função mais divulgada. Diversos estudos em sistemas biológicos já demonstraram os efeitos nocivos dos radicais livres, frequentemente associados ao desenvolvimento de doenças degenerativas como câncer, doença de Alzheimer, artrite e catarata, já que são compostos altamente reativos e produzidos em diferentes processos no organismo. Além disso, um indivíduo exposto à radiação, poluentes, herbicidas, pesticidas etc., está sujeito à ação de uma quantidade adicional destes radicais. A vitamina E age inibindo a ação desses radicais livres.

        O mecanismo de absorção da vitamina E ainda não está totalmente claro. Aparentemente, todas as formas de vitamina E podem ser absorvidas pelas células intestinais, sem discriminação pela forma química; entretanto, estudos mais recentes têm mostrado que pode haver alguma seletividade. A eficiência da absorção é baixa. O principal local de absorção é o intestino delgado e é dependente de uma função pancreática adequada, da secreção de bile e da formação de micelas; condições semelhantes às necessárias para a absorção de gorduras. Assim, qualquer dificuldade para tal atividade também terá influência na absorção da vitamina.


      Nos alimentos fontes de gordura, como óleos vegetais, a absorção e, consequentemente, a biodisponibilidade da vitamina é maior. Para uso terapêutico e/ou profilático, as formas solúveis em gordura são preferíveis às formas hidrossolúveis, isto considerando indivíduos adultos saudáveis e pacientes com absorção normal de gorduras.

     A absorção é aumentada por triacilglicerois de cadeia média e inibida por ácidos graxos poliinsaturados. Este último efeito pode ser resultado de interações químicas entre tocoferois e ácidos graxos poliinsaturados, ou seus produtos de peroxidação no lúmen intestinal, ou pode ser devido ao fato de os ácidos graxos poliinsaturados ocuparem relativamente mais espaço nas lipoproteínas e, desta forma, deslocarem o tocoferol ou inibirem sua ligação.

         Há 2 mecanismos para a absorção de vitamina E pelos tecidos: por meio da lipase lipoprotéica, que libera a vitamina, hidrolisando os triacilglicerois dos quilomícrons e VLDL; ou ainda pode ser absorvida ligada à LDL por meio dos receptores de LDL. A quantidade que será retida nos tecidos pode depender das proteínas ligadoras, o que parece determinar as diferenças na atividade biológica. Parece que a função da proteína ligadora de tocoferol é transportar a vitamina para dentro da membrana, uma vez que a maior parte da vitamina E nos tecidos está associada com a membrana lipídica.

Fontes

          A vitamina E pode ser encontrada no germe de trigo, óleos vegetais, hortaliças de folhas verdes, gordura do leite, gema de ovo e nozes.


Recomendação

Fases da Vida
AI (mg/dia α-tocoferol)
EAR (mg/dia α-tocoferol)
RDA (mg/dia α-tocoferol)
UL (mg/dia α-tocoferol)*
0-6 meses
4
-
-
-
7-12 meses
5
-
-
-
1-3 anos
-
5
6
200
4-8 anos
-
6
7
300
9-13 anos
-
9
11
600
14-18 anos
-
12
15
800
19- >70 anos
-
12
15
1.000
Gestação
-
12
15
800
Lactação
-
16
19
800
* Qualquer forma de α-tocoferol como suplemento.
EAR: necessidade média estimada. / RDA: ingestão dietética recomendada. / AI: ingestão adequada. / UL: limite superior tolerável de ingestão.
Fonte: Cozzolino, 2005.

Deficiência

Em dietas equilibradas, a deficiência de vitamina E é rara, devido à abundância de tocoferóis nos alimentos, especialmente nos óleos e gorduras. No entanto, a deficiência pode ocorrer em fumantes e, também quando há problemas de saúde em relação a absorção de gordura, como na fibrose cística e na síndrome do intestino curto.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Cozzolino, SMF. Vitamina E (Tocoferol). Biodisponibilidade de Nutrientes. 1 ed. São Paulo: Manole, 2005, p. 272-288.

Martins, BT; Basílio, MC; Silva, MA. Nutrição Aplicada e Alimentação Saudável. 1. ed. São Paulo: Editora Senac, 2014.

Penteado, MVC. Vitaminas: aspectos nutricionais, bioquímicos, clínicos e analíticos. 1. ed. São Paulo: Manole, 2003, p. 123-164.

Vitamina E. Ministério da Saúde. Disponível em: www.saude.gov.br Acessado em: 22/12/2014.