sexta-feira, 29 de junho de 2018

Gordura Trans e Agressividade


A gordura trans é formada durante um processo de hidrogenação industrial que transforma óleos vegetais líquidos em gordura sólida à temperatura ambiente. Porém esse processo oferece risco à saúde, como o aumento da ocorrência de câncer, da resistência à insulina podendo progredir ao diabetes, da fração LDL colesterol e dos triglicérides no sangue e diminuição do HDL colesterol, sendo estes fatores considerados desencadeantes de doenças cardiovasculares.

Um estudo publicado recentemente avaliou a alimentação e parâmetros relacionados com a agressividade de cerca de 1000 indivíduos (que não tomavam medicação para colesterol, sem valores elevados de colesterol LDL, sem diabetes, HIV, câncer ou doença cardíaca). Os autores observaram que o maior consumo de gorduras trans está relacionado com maior agressividade. Apesar de ser apenas um estudo observacional todos os indicadores apontam para a relação do consumo de gorduras trans e comportamentos mais agressivos e irritabilidade. Um mecanismo proposto para explicar esse fenômeno seria pelas interações competitivas que a gordura trans exibe com o ômega-3, diminuindo os seus efeitos benéficos, principalmente aqueles relacionados ao sistema nervoso.

A gordura trans é utilizada para melhorar a consistência dos alimentos e também aumentar a vida de prateleira de alguns produtos, podem ser encontradas em biscoitos, salgadinhos industrializados, margarinas, sorvetes cremosos, chocolate diet, pipoca de micro-ondas, sopas enlatadas, alimentos fritos, molhos prontos para saladas e em alguns produtos de panificação.

A leitura dos rótulos dos alimentos permite verificar quais são ricos em gorduras trans.

A partir disso, é possível fazer escolhas mais saudáveis, dando preferência àqueles que não as contenham. Sempre que puder, evite alimentos que no rótulo tragam a informação “gordura hidrogenada” ou “gordura vegetal” ou “gordura parcialmente hidrogenada”. Porém, no rótulo pode aparecer “0% gordura trans ou não contém gordura trans”, quando a quantidade for menor ou igual a 0,2 g na porção e se a pessoa consumir uma porção maior, ela pode extrapolar o máximo recomendado. Além disso, as indústrias alimentícias para seguir a legislação podem minimizar a quantidade de gordura trans adicionada no produto, mas para manter a palatabilidade e consistência do alimento, aumentam as gorduras saturadas que também estão relacionadas com o colesterol elevado, dentre outros malefícios.  



Texto elaborado por: Patrícia Bertolucci

Nutricionista pela Universidade Federal de Goiás – UFG.

Assessoria a Clubes e Empresas ligadas ao esporte ou com interesse em qualidade de vida.

Responsável pela empresa Patrícia Bertolucci Consultoria em Nutrição.

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Alimentação e Performance de Atletas


Horas de treinamentos táticos e físicos, talento, foco, sorte ... O que define uma vitória ou uma derrota no esporte de alto rendimento?  O quanto a alimentação pode determinar o fracasso ou a glória de um atleta? A alimentação é importante para manter a saúde e maximizar os resultados.

A baixa disponibilidade de energia, ou seja, uma alimentação que não forneça tudo o que o atleta precisa, pode resultar em perda indesejada de massa muscular, disfunção menstrual e distúrbios hormonais, além de aumentar o risco de fadiga, lesão e doença. A recuperação também é afetada. 

A alimentação correta do jogador de futebol, por exemplo, é importante para evitar diversos fatores durante o jogo, entre eles: desidratação, desequilíbrio eletrolítico, depleção de glicogênio, hipoglicemia e desconforto gastrointestinal. Alimentos ou suplementos consumidos antes, durante e/ou após os jogos podem reduzir ou retardar o aparecimentos desses fatores.

Cardápio de Alta Performance

Independente de amador ou profissional, um atleta precisa seguir uma regra básica na dieta: uma alimentação saudável e equilibrada. A quantidade e os horários, porém, devem ser calculados de maneira personalizada de acordo com o treinamento (do atleta). É necessário, para isso, considerar preferências alimentares e avaliar a necessidade de suplementação. 

O planejamento nutricional de um atleta precisa ser personalizado levando em conta o tipo de esporte praticado, a especificidade do evento esportivo, as metas de desempenho e composição corporal, as preferências alimentares do atleta e as respostas individuais às várias estratégias.

o planejamento nutricional deve ser periodizado (de acordo com o programa de treinamento) levando em conta as necessidades das sessões diárias de treinos (que pode ser de alta ou baixa intensidade). 

Nutrientes e Resultados 

Quais os grupos de nutrientes essenciais para quem pratica esporte?

Carboidratos: devem ser feitas recomendações individualizadas considerando o programa de treinamento e a importância de realizá-lo com alto ou baixo carboidrato de acordo com a prioridade de promover o desempenho no exercício versus melhorar o estímulo de treinamento /adaptação;

Proteínas: levar em consideração a quantidade diária total consumida, horários (“timing”) e fontes proteicas;

Gorduras boas: fontes de ômega 3 e vitaminas lipossolúveis;

Vitaminas e minerais, especialmente ferro, cálcio, vitamina D e antioxidantes (advindos dos alimentos e não de suplementos): os atletas devem ser educados de que a ingestão de suplementos vitamínicos e minerais não melhora o desempenho, a menos que se reverta uma deficiência pré-existente.
  
E o que evitar consumir antes da atividade física?

Alimentos ricos em gorduras e fibras que podem causar desconfortos gastrointestinais.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referência Bibliográfica:

Del Favero, S. Alimentação pode interferir na performance do atleta. Hospital Israelita Albert Einstein. Disponível em: www.einstein.br Acessado em: 25/06/2018.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Candidíase


Só quem já teve sabe que chato que é, e após tratamento, ainda pode voltar com tudo (chamado de candidíase recorrente) se não cuidar. E sim, a dieta tem papel fundamental nisso tudo.

Trilhões de bactérias vivem em nosso intestino formando a chamada microbiota intestinal. O fungo é natural ao nosso organismo e junto com as bactérias benéficas mantêm a ecologia do nosso organismo em equilíbrio. Quando ocorre uma multiplicação destes fungos em detrimento das bactérias benéficas uma série de sinais e sintomas são desencadeados e um deles é a candidíase vaginal.

A Cândida é um tipo de fungo, presente em nossas mucosas, intestinal, vaginal e até pele. Seu crescimento é limitado pelo sistema imunológico e pela nossa microbiota intestinal. Quando há um enfraquecimento deste sistema imunológico ou o equilíbrio entre bactérias benéficas e fungos é desestabilizado e ocorre o que chamamos de candidíase intestinal, este desequilíbrio pode causar as infecções vaginais. Além disto, esta multiplicação fúngica no intestino, faz com que haja uma liberação de subprodutos que passam pela parede intestinal causando uma variedade de sintomas como fadiga, gases, diarreia, infecções repetitivas, irregularidades menstruais, alergias, sensibilidade a medicamentos e ate mesmo depressão.

O que favorece o aumento de fungos no organismo?

- Uso contínuo de antibióticos e anticoncepcionais;
- Consumo elevado de doces;
- Uso de álcool;
- Diabetes;
- Sistema imunológico debilitado

Como a nutrição pode tratar os quadros de candidíase?

O tratamento da candidíase é abrangente e devemos pensar e todos os sistemas que envolvem a sua multiplicação. Para isso devemos:

- Inicialmente equilibrar a microbiota intestinal, favorecendo o aumento de bactérias benéficas;

- Formatar um plano alimentar com restrição do consumo de açúcares simples;

- O alimentos predileto da Cândida é o açúcar, além disto, o consumo de doce modifica o pH intestinal, deixando o meio favorável para sua multiplicação;

- Restringir o consumo de álcool;

- Exercícios e terapias comportamentais são importantes para redução do estresse.

Protocolo para o tratamento de candidíase de repetição

Frutas

Excluir: Banana, abacaxi, papaia, frutas secas e sucos.
Incluir: Frutas Frescas e congeladas de baixo índice glicêmico.
Consumo: 1 a 2/dia

Ovos, leite e laticínios

Excluir: Leite e derivados do leite com ou sem açúcar ou adoçante.
Incluir: Leites vegetais, alguns queijos como mussarela, cottage e ricota e queijo de cabra e ovos. 



Farinhas e grãos

Excluir: Farinhas refinadas adoçadas ou não
Incluir: Farinhas e grãos 100% integrais.

Carnes, Peixes e Frango

Excluir: Embutidos e carnes processadas
Incluir: Peixes fresco, frango, peru e carnes magras (preferência orgânicas)

Leguminosas

Excluir: Nenhuma
Incluir: Tofu (com moderação) e tempeh, lentilha, grão de bico, feijões, edamame, ervilha (e caso paciente não ter sensibilidade às leguminosas, claro)

Oleaginosas e Sementes

Excluir: Amendoim e pistache
Moderação: Nozes, avelã, amêndoa.

Vegetais

Excluir: Cogumelos, batata e milho
Incluir: Todos os vegetais

Gorduras

Excluir: Margarina, molhos à base de maionese e todas as gorduras trans
Incluir: Abacate, manteiga, azeite, óleos processados a frio, óleo de linhaça, óleo de gergelim, óleo de semente de abóbora, óleo de coco

Alimentos ácidos e fermentativos

Excluir: Todos os vinagres e produtos conservados em vinagre
Incluir: Limão*

Açúcares e adoçantes

Excluir: Açúcar branco, açúcar mascavo, frutose, glucose de milho
Incluir (se necessário): Stévia

Bebidas

Excluir: Refrigerantes, bebidas alcoólicas, café
Incluir: Água e chá

Por que consumir limão se ele é um alimento ácido?

Sim, o limão é uma fruta ácida mas uma vez ingerido ele estimula a produção de carbonatos e bicarbonatos orgânicos no nosso organismo, além disto o ácido cítrico se oxida, atuando como uma base. Essas substâncias, aliadas a outros componentes do limão (felandrina, terpenos, limonina, bioflavonoides, vitamina C, entre outras) auxiliam no tratamento da candidíase. Essas mesmas substâncias auxiliam na regeneração de tecidos inflamados, por este motivo ele também é indicado para a gastrite, por exemplo.

Saiba 10 sinais que você pode estar com crescimento acelerado de fungos:

1.    Micose na unha e na pele;
2.    Cansaço crônico, sempre sentindo-se cansado, mesmo dormindo;
3.    Apresenta tireoidite de Hashimoto e outras doenças autoimunes;
4.    Problemas digestivos como gases, constipação e diarreia;
5.    Dificuldade de concentração, déficit de memória e foco;
6.    Irritabilidade, transtornos de humor, ansiedade e depressão;
7.    Infecções vaginais;
8.    Severas alergias de pele de acordo com o clima, e presença de eczema e psoríase;
9.    Vontade absurda de carboidratos refinados;
10. Língua com saburra branca.

Texto elaborado por: Ana Paula Martins

Especialista em Nutrição Clínica e Esportiva Funcional e em Fitoterapia. Com mais de 14 anos de experiência em nutrição e atendimento clínico. Membro da Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional.

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