quinta-feira, 30 de julho de 2015

Alimentos e Gordura Abdominal



Nem toda a gordura do corpo é igual: onde ela está armazenada é que determina como vai afetar a sua saúde. A gordura visceral é uma gordura branca que fica alojada em torno dos órgãos ou dentro deles, ou seja, na barriga. Um excesso de gordura nessa área pode produzir inflamação celular, resistência à insulina e alteração metabólica. 

Gordura marrom

Existe uma gordura menos conhecida, a gordura marrom, muito diferente da sua prima branca. O tecido adiposo marrom é bem vascularizado e possui um número extraordinário de mitocôndrias (o que torna a gordura escura, com um tom marrom-avermelhado) enquanto o tecido adiposo branco possui somente um vaso sanguíneo para cada célula e um número escasso de mitocôndrias (e por isso a gordura é branca). A mitocôndria é uma pequena estrutura celular que funciona como uma fornalha produtora de energia, e contribui para um metabolismo eficiente.

Termogênicos

A gordura marrom é especial porque a sua única finalidade é gerar calor, um fenômeno conhecido como termogênese. No processo de produção de calor há um gasto de calorias, e estas calorias vêm da gordura branca armazenada no corpo.  Diversas plantas e ervas têm efeito termogênico, ou seja, aumentam a temperatura corporal e estimulam a produção de gordura marrom, a qual acelera o metabolismo e reduz a gordura branca acumulada na barriga.  Podemos citar a pimenta vermelha, cúrcuma, gengibre, guaraná, mate, chá verde, café, vinagre de maçã, óleo de coco.

Cálcio

As pesquisas mostram uma conexão entre a perda de peso e uma dieta com alimentos ricos em cálcio. Pessoas com dietas pobres no mineral tendem a ser mais obesas e ter um maior percentual de gordura corporal.  Segundo pesquisas realizadas na Universidade do Tennessee, quem consome laticínios (queijo e iogurte) tem uma probabilidade menor de ser obeso. Em estudos feitos em laboratório quando há um bom teor do mineral no sangue, as células adiposas recebem uma mensagem para deixar de armazenar gordura e começar a queimá-la. Quando os níveis de cálcio estão baixos, as células acumulam gordura. Boas fontes de cálcio incluem leite, queijo, iogurte, amêndoas, folhas verde-escuras (couve, brócolis, agrião, rúcula e bertalha), repolho, quiabo, algas, semente de gergelim, sardinha em lata e melado de cana.

Vitamina C

Os estudos mostram que o status de vitamina C está inversamente relacionado à massa gorda corporal, ou seja, quanto menos vitamina C mais facilidade de engordar. Indivíduos com níveis adequados de vitamina C oxidam 30% mais gorduras durante a prática de atividade física do que os que estão com níveis baixos. A vitamina C ajuda a reduzir a resistência à leptina e a modular a resistência insulínica, dois fatores críticos na redução do percentual de gordura corporal. Os alimentos fontes são frutas cítricas, vegetais folhosos de cor verde escura, pimenta vermelha, pimentão, goiaba, acerola, açaí, goji berry, morango e kiwi.

Óleo de coco

Algumas gorduras (acredite!) ajudam a perder peso. A gordura alimentar tem uma ação importante no processo de saciedade, retardando o esvaziamento gástrico, o que nos deixa satisfeitos por mais tempo.  Existe um conceito errôneo de que qualquer gordura vai prejudicar a nossa saúde, mas nada poderia estar mais longe da verdade. O óleo de coco é fonte de gordura saturada, e por este motivo foi condenado por muitos anos, porém pesquisas atuais têm mostrado que o fruto tropical é um alimento extremamente saudável e contribui para manter a boa forma.  Ele é rico em ácido láurico, com uma importante ação estimulante da tireoide, o que acelera o metabolismo e eleva a temperatura corporal, e isto contribui para o emagrecimento.  O óleo de coco favorece ainda a absorção de ômega 3, que tem ação anti-inflamatória a nível celular, o que também contribui reduzir a gordura abdominal. A dose indicada é de 2 colheres de sopa por dia: acrescente em sucos e vitaminas, e use para cozinhar.

Ovo

A antiga preocupação com o colesterol fez limitar o consumo de ovos - isto caiu por terra, e a Food Standards Agency, órgão ligado à segurança alimentar nos Estados Unidos, diz que eles podem ser consumidos (com a gema!), diariamente e sem limite, em uma dieta balanceada e saudável. Um estudo mostrou que comer ovos no café da manhã ajuda a reduzir a ingestão calórica durante o resto do dia (cerca de 400 calorias a menos!). Ovos são nutricionalmente densos e contêm muita proteína, vitaminas, minerais e antioxidantes, e somente 85 calorias por unidade. Coma dois ovos diariamente e prefira a versão caipira, com a gema bem amarela, quase laranja, mais rica em nutrientes.

Maçã 


A maçã é rica em polifenóis antioxidantes que varrem os radicais livres. Um estudo feito na Nippon Sport Science University mostrou que houve uma substancial perda de gordura corporal nas cobaias de laboratório alimentadas com maçãs, provavelmente pela ação dos polifenóis, que possuem ação lipolítica (quebram as gorduras). Seu alto teor de pectina, uma fibra solúvel, ajuda a acelerar o transito intestinal e reduz a absorção de açúcar, o que diminui a quantidade de gordura que o corpo consegue estocar. Uma maçã ingerida 15 a 20 minutos antes de uma refeição ajuda no controle da fome. O ideal é consumi-la ao natural, com a casca, pois assim se aproveita mais as vitaminas e sais minerais.

Chá verde

O chá verde é uma bebida emagrecedora e indiscutivelmente saudável por possuir ação antioxidante e anticancerígena comprovada. Isto se deve ao seu alto teor de polifenóis (eles de novo!) e substâncias estimulantes do sistema nervoso central (cafeína e teína). A cafeína tem efeito termogênico no organismo, acelera o metabolismo e eleva a temperatura corporal, além de aumentar a mobilização de gorduras estocadas.  O conjunto cafeína/polifenóis aumenta o gasto energético de 24 horas e a oxidação de gorduras. Para secar a barriga deve-se tomar 2 a 3 xícaras de chá verde por dia. Chá preto e chá branco também têm ação termogênica e podem ser usados como opção.

Cúrcuma

A cúrcuma (ou açafrão da terra) tem estado em evidência por suas propriedades anticancerígena, anti-inflamatória e antioxidante. Um estudo mostrou a sua ação na inibição da lipogênese (produção de gordura pelo corpo). Além disso, ela contribui para reduzir o colesterol e o nível de gordura acumulada nos órgãos, a chamada gordura visceral, principalmente no fígado. A dose indicada é de 5 gramas por dia  (1 colher de chá rasa). O curry é feito com cúrcuma. Use o tempero no preparo de sopas, pães, biscoitos, e também de aves, carnes e cozidos, legumes, arroz e feijão. Acrescente no suco ou shake e coloque uma pitada de pimenta do reino para aumentar a sua biodisponibilidade (absorção).



Gengibre

O poder do gengibre vem de compostos fenólicos presentes no óleo essencial. Ele reduz a resistência insulínica, estimula a função tireoidiana e aumenta a temperatura corporal (ação termogênica). O gengibre melhora a digestão e estimula a motilidade gastrointestinal. A combinação destes dois efeitos permite que nutrientes essenciais sejam absorvidos rapidamente, enquanto as toxinas que causam inchaço e prisão de ventre são excretadas, mais um fator que contribui para a perda de peso. O gengibre deve ser usado com parcimônia, em pequenas quantidades, para que o seu forte sabor não predomine sobre o prato que foi preparado com ele. Pode ser utilizado fresco, apenas ralado, em conserva, seco (em pó) ou em pedacinhos para mastigar. Acrescente 1 rodela ou 1 colher de cafezinho do pó em sucos e vitaminas. Também pode ser colocado em chás, em sopas, no molho da salada, ou usado no preparo de carnes, aves, pescados e legumes, e o que mais a sua imaginação sugerir.     

Abacate

Difícil acreditar que um alimento calórico como o abacate pode emagrecer, porém a bioquímica e os estudos científicos explicam: ele detona quilinhos justamente pela sua alta concentração de gorduras benéficas que promovem a saciedade por mais tempo. Apesar do abacate concentrar calorias, elas provêm de gordura monoinsaturada, que ajuda a reduzir o pico de insulina. A insulina é responsável por armazenar toda caloria extra em forma de gordura localizada (na barriga!) e faz a fome voltar mais depressa. O ômega-9 ativa um outro hormônio, a adiponectina, que comanda o corpo a produzir a energia que precisa a partir dos depósitos de gordura. O abacate pode ser consumido até diariamente, uma média de 50 gramas por dia (1/4 de um abacate grande), o que equivale a somente 90 calorias.  Ele vai bem na vitamina, no shake e na salada.

Vinagre de maçã

O vinagre feito a partir da fermentação das maçãs possui uma ação emagrecedora – ele reduz a resistência insulínica (que atrapalha a perda de peso), diminui a glicose sanguínea e tem efeito termogênico, acelerando o metabolismo. Em um estudo que durou quatro semanas, publicado no European Journal of Clinical Nutrition em 2005, surgiu um efeito colateral muito bem-vindo. Os participantes perderam peso neste período, provavelmente por não terem feito picos de insulina, que acabam por estimular o apetite mais rápido após uma refeição com carboidratos. O vinagre de maçã ajuda na digestão, tem ação diurética e acelera a eliminação de toxinas. Tome de forma diluída, uma a duas colheres de chá em um copo de água, antes das refeições. Também pode ser usado para temperar saladas à vontade.

Resumo da ópera

Nenhum alimento sozinho pode operar o milagre do emagrecimento. Para perder peso e se manter esbelto é necessário gastar mais calorias do que consumir, praticar atividades físicas e escolher com atenção os ingredientes de seu cardápio diário.   

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki.

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

*Why Visceral Fat is Bad: Mechanisms of the Metabolic Syndrome. Obesity 2006.

*The relationship between high-fat dairy consumption and obesity, cardiovascular, and metabolic disease. European Journal of Nutrition 2013. 

*The role of dairy foods in weight management. Journal of the American College of Nutrition 2005.

*Strategies for healthy weight loss: from vitamin C to the glycemic response. Journal of the American College of Nutrition 2005.

*Vitamin C inhibits leptin secretion and some glucose/lipid metabolic pathways in primary rat adipocytes. Journal of Molecular Endocrinology 2010.

*Egg breakfast enhances weight loss. International Journal of Obesity 2008.

*Curcumin Inhibits Adipogenesis and Obesity in Mice. Journal of Nutrition 2009.

domingo, 26 de julho de 2015

Carotenoides



    Os carotenoides são compostos lipossolúveis amplamente distribuídos na natureza e sintetizados por vegetais. São pigmento que, de modo geral, apresentam cor intensa que varia do amarelo ao vermelho. Eles podem ser divididos em duas classes: carotenoides provitamina A, ou seja, que podem ser convertidos em retinol e correspondem ao alfa-caroteno, beta-caroteno e beta-criptoxantina; e em carotenoides que não tem atividade de vitamina A, como a luteína, licopeno, zeaxantina.

        O organismo humano não é capaz de sintetizar carotenoides; assim, frutas e hortaliças constituem suas principais fontes. Alfa e beta-caroteno, beta-criptoxantina, luteína, zeaxantina e licopeno consistem nos principais carotenoides presentes na alimentação.

         Os efeitos benéficos dos carotenoides estão relacionados com a atividade biológica como antioxidante, regulação do crescimento celular, modulação da expressão de genes e resposta imunológica. Além disso, os carotenoides modulam o metabolismo de substâncias carcinogênicas, inibem a proliferação descontrolada de células e contribuem para a diferenciação celular, tornando as células mais especializadas para determinada função.

As evidências epidemiológicas sugerem os efeitos positivos na redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas, como câncer, doenças cardiovasculares, catarata e degeneração macular (que resulta em perda de visão) relacionada à idade.

Quadro 1. As principais funções biológicas dos carotenoides e benefícios para a saúde.

Carotenoide
Funções e benefícios para a saúde
Licopeno
● Inibe a progressão de hiperplasia prostática e prevenção de câncer de próstata;
● Prevenção da aterosclerose e síndromes coronárias.
β-caroteno
● Função provitamina A;
● Prevenção de câncer colorretal;
● Prevenção de síndromes coronárias;
● Fotoproteção da pele contra a luz UV.
Astaxantina
● Inibe a progressão de hiperplasia prostática e prevenção de câncer de próstata e fígado;
● Propriedades anti-inflamatórias.
Zeaxantina
● Prevenção de síndromes coronárias;
● Prevenção de câncer hepático;
● Ajuda na manutenção da função visual normal;
● Prevenção de catarata;
● Prevenção de degeneração macular associada à idade.
Luteína
● Prevenção de síndromes coronárias e acidente vascular cerebral;
● Ajuda na manutenção da função visual normal;
● Prevenção de catarata;
● Prevenção de degeneração macular associada à idade;
● Prevenção de retinite;
● Evita a infecção gástrica por H. Pylori.
Fonte: Vílchez et al., 2011.

Biodisponibilidade

Carotenoides não estão livres nos alimentos, mas associados a proteínas e a uma variedade de estruturas celulares, como fibras e polissacarídeos; para que ocorra a absorção, é necessária sua liberação do alimento de origem. Esse processo ocorre de forma incompleta durante a cocção, mastigação, deglutição e também no estômago, o que resulta em 11 a 50% de biodisponibilidade.

Grande parte dos carotenoides é proveniente de alimentos de origem vegetal (frutas, verduras e legumes), embora também possam ser encontrados em alimentos de origem animal, como ovos, leite, queijos, vísceras e alimentos processados (adicionados com o objetivo de dar cor aos alimentos). São estáveis na célula vegetal, mas, se isolados, são sensíveis à luz, ao calor e aos ácidos. Vários fatores podem afetar a biodisponibilidade dos carotenoides dos alimentos, tais como a cocção e a frequência em que são consumidos. Em geral, a cocção facilita a liberação dos carotenoides, principalmente nas verduras, em que estão juntos os cloroplastos. Porém, o excesso de aquecimento pode causar perdas importantes, principalmente com o uso de forno micro-ondas. Com relação à frequência, é recomendável o fracionamento dos alimentos-fonte para a manutenção da concentração sérica. Outro fator importante de biodisponibilidade de carotenoides é a combinação de substâncias alimentares. A presença de lipídios e proteínas na dieta pode contribuir com a absorção intestinal e alguns tipos de fibras podem ocasionar redução.

Fontes Alimentares

            As principais fontes de carotenoides são os legumes e as frutas vermelhas e amarelas, e a s verduras verdes. As melhores fontes de betacaroteno são abóboras e cenouras e as verduras como brócolis, almeirão e couve-manteiga. Os animais não produzem a vitamina A ou seus precursores, mas as obtêm dos vegetais (na forma de seus precursores) ou de outros animais e armazenam essa vitamina em seus depósitos de gordura e no fígado. Alimentos de origem animal são, em especial, fontes de vitamina A e os de origem vegetal, fontes de carotenoides. Fígado, óleo de fígado de peixes, ovos, leite integral, manteiga e queijo são considerados boas fontes de retinol. Por serem pigmentos, os carotenoides têm sido utilizados como corantes naturais pela indústria de alimentos, em produtos como margarina, sucos, queijo e produtos de panificação. 



Recomendações Nutricionais

            Segundo o preconizado pelo Institute of Medicine, os níveis prudentes de ingestão diária são de 3.000 a 6.000µg para o beta-caroteno; de 5.200 a 6.000µg para carotenoides pró-vitamínicos A e 9.000 a 18.000µg para os carotenoides totais. Para o licopeno o intervalo seguro de ingestão considerado é de 5.000 a 10.000µg.

Toxicidade

            A principal manifestação visível ao consumo elevado de carotenoides (acima de 30mg/dia) é a carotenodermia. Caracteriza-se por coloração amarelada da pele, não associada a qualquer condição deletéria à saúde. A carotenodermia é facilmente revertida com redução da ingestão de carotenoides.

            Doses elevadas de β-caroteno não são tidas como causa de toxicidade de vitamina A. Uma explicação seria que, por ocasião de estoques adequados dessa vitamina, ocorreria redução da conversão de carotenoides com função pró-vitamínica A. Assim, doses farmacológicas (acima de 180mg/dia) de β-caroteno estão indicadas para o tratamento da protoporfiria eritropoietica com ausência de efeitos tóxicos.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Amancio, RD; Silva, MV. Consumo de carotenoides no Brasil: a contribuição da alimentação fora do domicílio. Segurança Alimentar e Nutricional 2012; v.19, n.2, p: 130-141.

Castro, RCB. Quais são os principais benefícios da ingestão de carotenoides? Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em: 21/07/2015.

Horst, MA; Moreno, FS. Carotenoides. International Life Sciences Institute – ILSI, 2009.

Institute of Medicine. Dietary reference intakes for vitamin C, vitamin E, selenium, and carotenoids. Food and Nutrititon Board Washington: National Academy Press, 2000.

Philippi, ST; Jaime, PC; Ferreira, CM. Grupo das Frutas e dos Legumes e Verduras. In: Philippi, ST. Pirâmide dos Alimentos: fundamentos básicos da nutrição. 1. ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2008.

Vílchez C, Forján E, Cuaresma M, Bédmar F, Garbayo I, Vega JM. Marine carotenoids: biological functions and commercial applications. Mar Drugs. 2011; v.9, n.3, p. 319-333.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Como Preparar os Alimentos Sem Perder os Nutrientes?



O modo de preparo merece atenção uma vez que parte da qualidade nutricional da comida vai embora antes de chegar ao prato, isso ocorre até mesmo antes de cozinhar os alimentos e principalmente no momento da cocção, pois a perda de componentes hidrossolúveis, uma das mais importantes no valor nutritivo, pode ocorrer nesta etapa. Dessa forma, a retenção desses nutrientes no alimento esta diretamente ligada à quantidade de água utilizada, bem como ao tempo de duração desse processo. A destruição de vitaminas como a tiamina e o ácido ascórbico também pode acontecer pelo uso do calor. 

No pré preparo dos alimentos ao demolhar, se manter de molho por mais de meia hora pode originar perda do ácido ascórbico e de outras vitaminas hidrossolúveis, sobre tudo nos alimentos cortados, então prepare as verduras, batatas e frutas com a menor antecedência possível.

 Ao descascar, evite tirar uma casca muito grossa, pois debaixo da pele há mais vitaminas do que no centro. Quando se eliminam as folhas exteriores de algumas hortaliças de folhas verde, como a alface e a couve ocorrem o mesmo. Evite cortar os alimentos com muita antecedência, pois alteram-se tanto mais quanto maior a superfície exposta.

Ao triturar, a perda de vitaminas aumenta bastante, visto que este método culinário faz com que uma grande quantidade de oxigênio seja introduzida no alimento, fazendo com que ocorram reações químicas que alteram a estrutura das vitaminas. Portanto, se for preparar purês ou batidos de frutas, consuma a seguir para garantir o aporte vitamínico.

Existem alguns processos básicos de cocção que são importantes termos o conhecimento para sabermos quais alteram ou não o valor nutritivo.

O calor úmido pode acontecer por meio de líquido quente ou vapor. 

Fervura em fogo lento: Aonde cozinha os alimentos em água de forma lenta, com líquido suficiente para cobrir o alimento e a temperatura não deve ultrapassar 95 °C, ideal para carnes rijas, ou doces e molhos.

Fervura em ebulição: Consiste em cozinhar o alimento em água abundante com temperatura superior a 100°C, ex: caldos, batatas, leguminosas secas, massas, legumes.

Neste método de cocção úmida pode haver perda de componentes hidrossolúveis, alterando-se desta forma o valor nutritivo do alimento.

DICA: reduzir quantidades de água e menor tempo de cocção do alimento para minimizar as perdas nutricionais.

Já a cocção a Vapor apresenta vantagem, além de realçar a aparência dos alimentos, reduz as perdas por dissolução, ou seja, preserva o valor nutritivo. A cocção a vapor consiste em cozinhar por meio do vapor que envolve o alimento, este pode ser:

Sem Pressão: utiliza-se um recipiente com orifícios no fundo, aonde os alimentos são dispostos, aonde serão cozidos pelo vapor da água que entrará em ebulição abaixo, pois este recipiente será colocado sobre um líquido que entrará em ebulição.

Sob Pressão: Cocção em panelas especiais, vedadas com uma tampa, aonde formará uma pressão dentro deste utensílio. Quanto maior a pressão. Mais rápido o cozimento. Este método pode ser empregado para a cocção de leguminosas ou carnes mais rijas.
Já a cocção no micro-ondas ocorre por meio de ondas eletromagnéticas, o aquecimento causa fricção entre as moléculas de água e consequentemente produz calor, os fornos de micro-ondas são utilizados para preparar, aquecer ou descongelar alimentos. O micro-ondas permite uma melhor preservação do valor nutritivo dos alimentos, quando da cocção de vegetais sem a presença de água. Os alimentos são aquecidos em todo o seu volume, a rapidez é a maior vantagem, o que depende do teor em umidade, textura e conteúdo em sais minerais. As radiações atuam melhor sobre moléculas de água, gorduras e hidratos de carbonos.  Aquecer pratos cozinhados e descongelar os alimentos é a sua função habitual. A rapidez não prejudica o valor nutricional do alimento e não se produzem efeitos nocivos, comparado ao processo convencional o tempo que o alimento é submetido ao calor é bem menor no caso do micro-ondas o que limita seu efeito destrutivo, porem se ultrapassar a temperatura de ebulição, o calor acaba degradando as vitaminas principalmente a vitamina B12, na carne e no leite para a forma inativa. Por outro lado, como é usada menos água no cozimento com o micro-ondas, os nutrientes hidrossolúveis (como ácido fólico e Vitamina B e C não se perdem tanto quanto no cozimento convencional).

Então, o cozimento no vapor é o que acarreta a menor perda das propriedades nutricionais, enquanto na água as perdas são muito maiores. Para esses casos, recomenda-se a reutilização da água em que as verduras cozinharam para o preparo de outros alimentos, pois as vitaminas hidrossolúveis que são aquelas dissolvidas na água durante o cozimento, serão utilizadas para enriquecer a refeição.

Texto elaborado por: Dra. Paula da Costa Fittipaldi Stempniewski CRN3: 28.748

Nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo

Especialista em Nutrição Humana pelo Instituto de Metabolismo e Nutrição (IMEN) 

Nutricionista Responsável pela Contours- Academia de Mulheres da Unidade Brooklin em São Paulo.

Nutricionista Responsável Pela Divisão de Saúde Suplementar do Hospital São Paulo

Nutricionista integrante do Grupo de Estudo do Diabetes pela UNIFESP.

Personal Diet., Atendimentos em domicilio.

Pratitioner em Programação Neurolinguistica.

Nutricionista do Espaço Luciana Garcia, em São Caetano do Sul.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

BENDER, A. E. Dicionário de nutrição e tecnologia de alimentos. 4ª Ed. São Paulo, Roca, 1993.

CRAWFORD, A. M.D. alimento, seleção e preparo. 2ª Ed. Rio de Janeiro. Record, 1985

MAHAN, L.K. & ARLIN, M.T. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. São Paulo, Roca, 1998.

ORNELLAS, L.H. Técnica Dietética: seleção e preparo de alimentos. 6ª Ed. São Paulo, Atheneu, 1995.

PHILIPPI, S.T. Nutrição e Técnica Dietética. 2ª Ed. São Paulo, Manole, 2003.



www.idec.com.br