O diabetes melito (DM) é um conjunto
de doenças metabólicas caracterizada por hiperglicemia (concentrações elevadas
de glicose no sangue) e associadas às complicações, disfunções e insuficiência
de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos
sanguíneos. A hiperglicemia é resultado de defeitos na ação e/ou secreção de
insulina.
No ano de 2003, estimava-se que
havia, aproximadamente, 150 milhões de diabéticos no mundo, sendo previsto que
em 2025, este número seja de 366milhões de diabéticos no mundo. No Brasil,
estima-se que 11% da população, quase 5 milhões e meio de pessoas sejam diabéticas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS)
e a Associação Americana de Diabetes (ADA) classificam o diabetes em quatro
grupos: diabetes melito tipo 1, diabetes melito tipo 2, outros tipos
específicos de diabetes e diabetes melito gestacional.
Diabetes Melito Tipo 1
O diabetes melito tipo 1, também
conhecido como diabetes insulinodependente, é caracterizado pela destruição das
células beta pancreáticas pelo próprio organismo, através da produção de
auto-anticorpos. Atinge cerca de 5 a 10% da população, podendo ocorrer em
qualquer idade, mas é mais comum em crianças e adolescentes. Pode estar associado
a outras doenças auto-imunes como a tireoidite de Hashimoto (doença auto-imune,
cuja característica é a inflamação da tireóide, causada por um erro do sistema
imunológico), doença de Addison (insuficiência adrenal primária que ocorre
quando o córtex da glândula adrenal deixa de produzir os hormônios cortisol e
aldosterona) e a miastenia gravis (É uma doença crônica caracterizada por
fraqueza muscular e fadiga rápida quando o músculo é exigido). Deve-se
estabelecer um plano alimentar baseado na ingestão habitual de alimentos,
integrando-se a terapia com insulina com a alimentação usual e padrão de
exercício físico. Os indivíduos precisam monitorar os níveis de glicemia e
ajustar as doses de insulina à quantidade de alimentos ingerida. Recomenda-se
aos indivíduos que utilizam insulina fazer suas refeições diárias em horários
definidos, mantendo consistência e sincronia com o tempo de ação da insulina.
Diabetes Melito Tipo 2
O diabetes melito tipo 2, conhecido
como não insulinodependente, corresponde a 90% dos casos de diabetes. Ocorre
geralmente em pessoas com excesso de peso e obesas com mais de 40 anos de idade
embora na atualidade se vê com maior freqüência em jovens, em virtude de maus
hábitos alimentares, sedentarismo e stress da vida urbana. Caracteriza-se pela
resistência à ação da insulina (significa uma diminuição na capacidade da
insulina em estimular a utilização de glicose, seja com deficiência no receptor
de insulina ou com defeito em algum mecanismo pós-receptor pelos principais
tecidos como fígado, músculo e tecido adiposo) e redução da secreção de
insulina levando a deficiência desta. Alguns objetivos do tratamento deste tipo
de diabetes são: atingir e manter normais a glicemia, os lipídeos séricos e a
pressão arterial; dietas com baixas calorias e a perda de peso normalmente
melhoram o controle metabólico a longo prazo; fracionamento da dieta; prática
de exercícios físico regulares e o aprendizado sobre novas atitudes e
comportamentos podem auxiliar nas mudanças do estilo de vida e conseqüente
controle metabólico.
Outros tipos específicos de diabetes
Este tipo de diabetes resulta de
síndromes genéticas específicas, cirurgia, drogas, desnutrição, infecções e
outras doenças. Como exemplo, podemos citar pessoas que apresentam defeitos
genéticos na função das células beta; anormalidades na ação da insulina ou da
conexão receptor e hormônio; doenças endócrinas ou pancreáticas; outras
síndromes genéticas (síndromes de Turner, Prader-Willi e Down).
Diabetes Melito Gestacional
O diabetes melito gestacional (DMG)
é definido pela diminuição da tolerância à glicose, que se inicia ou é
reconhecida pela primeira vez na gestação, podendo ou não persistir após o
parto. O DMG resulta da incapacidade de as mulheres aumentarem a secreção de
insulina, na maioria das vezes determinada por um defeito funcional, não
imunológico nas células pancreáticas, que prejudica a capacidade de compensar a
resistência insulínica da gravidez. Alguns prováveis mecanismos para esta
descompensação são a resistência insulínica associada à idade, à obesidade,
ao sedentarismo, ao estilo de vida, história familiar e o defeito nos
receptores de glicose nos adipócitos. Dentre os fatores de risco que podem
ocasionar o diabetes melito gestacional, encontramos os descritos abaixo:
Os sinais e os sintomas do diabetes
dependem principalmente da hiperglicemia. Diante dos elevados níveis de glicose
no sangue, parte deste açúcar é eliminada na urina (glicosúria), carregando
consigo água em excesso (diurese osmótica). A eliminação de líquidos é
compensada pelo aumento da ingestão de água (polidipsia), mediada por
mecanismos que controlam a sede. A dificuldade em captar e armazenar nutrientes
em tecidos e órgãos e a perda destes pela urina causam redução do peso
corporal, fraqueza e fome excessiva (polifagia). A visão turva pode ser sinal
da hiperglicemia. Muitos desses sintomas não são percebidos pelo doente e a
doença costuma ter progressão lenta, sendo assim assintomática por vários anos,
até que seja identificada clinicamente.
A confirmação do diagnóstico clínico
é feita através de alguns exames laboratoriais adicionais, como sugerido no
Quadro 1.
Quadro 1. Critérios Diagnóstico de Diabetes Melito.
Categoria
|
Glicemia de jejum* (mg/dl)
|
Glicemia (mg/dl) 2hs após 75g de
glicose oral
|
Glicemia casual** (mg/dl)
|
Normal
|
<
100
|
<
140
|
-
|
Tolerância
à glicose diminuída
|
>
100 a < 126
|
≥
140 a < 200
|
-
|
Diabetes
melito
|
≥
126
|
≥
200
|
≥
200***
|
* O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8
horas.
** Glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia,
sem observar o intervalo desde a última refeição.
*** Os sintomas clássicos de DM incluem poliúria
(urinar mais que o normal), polidipsia (beber água exageradamente) e perda de
peso não explicada.
|
Fonte: ADA, 2005.
Estratégias Nutricionais
Uma alimentação equilibrada é fundamental para o
tratamento do paciente com DM e o seu principal objetivo é manter os níveis
glicêmicos o mais próximo dos valores normais.
Devemos preconizar uma alimentação
saudável, fornecendo carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, minerais,
fibras e água; promover a perda de peso gradual, manutenção do peso saudável e
prevenção de ganho de peso; enfatizar mudanças no estilo de vida, como redução
de gorduras e ingestão energética; prática de atividade física regular e por
fim, contato regular com profissionais da área de saúde que poderão auxiliá-lo
no tratamento adequado.
No Quadro 2, visualizamos algumas
estratégias nutricionais para melhor tratamento do paciente diabético.
Quadro 2. Estratégias
Nutricionais no Tratamento do Diabetes.
ESTRATÉGIAS
NUTRICIONAIS
|
ORIENTAÇÃO
|
Pirâmide
Alimentar
|
Orienta
a pessoa com DM 1 e 2 na substituição dos alimentos que compõem a pirâmide,
enfatizando número e tamanho das porções dos alimentos. Considerada boa
estratégia na elaboração do plano alimentar de pessoas com DM.
|
Contagem
De Carboidratos
|
Orienta-se
a pessoa com DM a contabilizar os carboidratos das refeições e lanches,
promovendo maior flexibilidade do plano alimentar. Considerada boa estratégia
nutricional para pessoas com DM.
|
Índice /Carga glicêmica (IG)/ (CG):
|
Orienta-se
a substituição de alimentos de alto por baixo IG e CG ao longo do dia. Pode
trazer benefício adicional quando o total de carboidratos das refeições é
contabilizado. Não deve ser utilizado como estratégia primaria no plano
alimentar de pessoas com DM.
|
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2006.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas
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