quinta-feira, 10 de maio de 2018

Fibromialgia


Conhecida como a doença que “tudo irrita”, caracteriza-se por dores tipo migratória (que “andam” pelo corpo) que não comprometem as articulações, e sim, as fibras musculares. Podendo estar associada ou não a outros sintomas.

É denominada uma mitocrondriopatia e seu predomínio é no sexo feminino. A característica básica das mitocrondriopatias é determinada pelo predomínio de DNA mitocondrial, de propriedade exclusivamente feminina, uma vez que o DNA mitocondrial é embutido no colo do espermatozóide e este é desprezado no momento da Fecundação. Encontra-se uma história familiar em 30% dos casos, o que sugere um componente genético.

O início dos sintomas pode ser abrupto ou gradual e vários fatores podem antecede-lo e geralmente muitas pacientes correlacionam com fatores emocionais (alterações profundas na vida, principalmente com episódios de perdas, separações ou situações que geram um grande estresse emocional). Percebo na prática clínica que cada paciente abre o quadro com uma sintomatologia. Na maioria das vezes começa com um ponto de dor localizado que vai se generalizando, junto ao evento desencadeador. A dor varia de intensidade de acordo com o paciente e geralmente é descrita com uma ardência, queimação, picada e latejamento, pontada muscular profunda, pior de manhã, podendo ou não ser associada a uma rigidez, porém sem comprometimento inflamatório. A paciente deve apresentar dor difusa e localizada em 11 a 18 pontos, associado ás dores a paciente pode apresentar:

● Alterações emocionais (ansiedade, depressão, irritabilidade, preocupação constante, perfeccionismo e exigência excessiva, incapacidade de dizer não, tendência ao isolamento e perda de libido)

● Alterações cognitivas: Dificuldade de concentração e falhas de memória;

● Alterações de sono: insônia, sono não-reparador;

● Fadiga Crônica;

● Rigidez nas articulações ao acordar mas sem alteração, espasmos musculares, palpitações, dormência em regiões da face;

● Alterações do trato digestivo: diarreia, constipação, síndrome de intestino irritável (SII);

● Tensão pré menstrual (TPM);

● Frio ou calor excessivo;

● Enxaqueca, etc.

Cada paciente é único e, portanto, a abordagem nutrição será individualizada. Muitas pacientes apresentam o quadro clássico de fibromialgia, mas alguns negam sintomas ligados ao sono e alterações emocionais. Na prática clínica, vejo uma associação do hipotireoidismo com a fibromialgia também.

O fator mais importante, definido até o momento, está vinculado na diminuição da produção de energia (ATP) dentro do músculo, em decorrência de mudanças químicas, morfologias e neurofisiológicas. A suplementação de creatina e a prática de musculação traz uma melhora muito interessante para o paciente.

Quais os fatores que podem levar a uma mitocondriopatia?

Intoxicação por alumínio: o alumínio diminui as concentrações de magnésio, um mineral importante para produção de ATP, além disto ele inibe a via metabólica que produz ATP (energia) e inibe a fosforilação oxidativa. A contaminação por alumínio pode ocorrer com o uso de panelas e utensílios de cozinha de alumínio, utilização de medicações antiácidas, cremes para pele com alumínio, farinha branca de trigo, fermento em pó, água gaseificadas, tubos para pasta de dente que contém alumínio e desodorante antitranspirante.

Deficiência de manganês: este oligoelemento participa da formação de uma enzima mitocondrial com importante ação antioxidante SOD, superóxido desmutase, que tem como função proteger nossas células do envelhecimento e morte celular resultado da exposição ao oxigênio.

Deficiência de tiamina e riboflavina: estas vitaminas estão associadas na produção de energia. A aveia é uma fonte riquíssima em tiamina, assim como cereais integrais e levedura de cerveja. A Riboflavina ou vitamina B2 é encontrada tanto em alimentos de origem animal como vegetal, leite e derivados, carnes, ovos, cereais, folhas verdes são suas principais fontes.

Deficiência de Coq10, NADH, L-carnitina, ácido alfa lipoico e vitamina K: todas essas substâncias são essenciais para cadeia respiratória mitocondrial.

Tratamento

Quase que em sua totalidade pacientes com fibromialgia apresentam quadro de disbiose intestinal, portanto tratar o intestino é a base inicial de qualquer tratamento. O equilíbrio da flora intestinal e a introdução de probióticos e prebióticos (leia mais neste post) na alimentação é o primeiro passo.

A retirada de alimentos alergênicos é crucial ao tratamento e os mesmos serão avaliados de acordo com cada paciente, porém os mais relacionados a fibromialgia são leites e derivados, alimentos refinados e glúten. Tentar sempre que possível consumir alimentos orgânicos, aumentar a ingestão hídrica e de fibras alimentares. Suplementação a fim de “ressuscitar as mitocôndrias” baseado nos nutrientes como coenzima Q10, L-carnitina, ácido alfa lipoico, magnésio, vitamina D, riboflavina, tiamina, ácido málico e creatina são alguns dos nutrientes que devem ser analisados.

Modulação hormonal, principalmente serotonina e nutrientes que melhorem a qualidade do sono.

Prática de musculação supervisionada.

Introdução de atividades que controlem estresse, como meditação, leitura, dança, etc.

Texto elaborado por: Priscila Di Ciero

Nutricionista formada em 2001, sou pós-graduada em Nutrição Esportiva Funcional e estou em formação para obtenção da certificação do Functional Medicine Institute (USA). Sou self e professional Coach formada pelo IBC e certificada pelo Internacional Society of Sports Nutrition (USA). Atualmente curso pós-graduação em Fitoterapia e atendo em consultório particular na zona sul de São Paulo (SP).

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

HAMMERLY, Milton. Fibromialgia: uma abordagem integrativa. São Paulo, Gaya. 2006

Can coenzyme q10 improve clinical and molecular parameters in fibromyalgia?

Cordero MD1, Alcocer-Gómez E, de Miguel M, Culic O, Carrión AM, Alvarez-Suarez JM, Bullón P, Battino M, Fernández-Rodríguez A, Sánchez-Alcazar JA.

Effects of physical exercise on serum levels of serotonin and its metabolite infibromyalgia: a randomized pilot studyV Valim, J Natour, Y Xiao, AFA Pereira… - Revista brasileira de …, 2013 - SciELO Brasil

Creatine Supplementation in Fibromyalgia: A Randomized, Double?Blind, Placebo?Controlled Trial CRR Alves, BM Santiago, FR Lima… - Arthritis care & …, 2013 - Wiley Online Library

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