A importância nutricional em pacientes com Anemia Falciforme (AF) tem sido o foco no tratamento, pois uma alimentação adequada pode ajudar no crescimento saudável e adequado de crianças, e reduz riscos de complicações em doentes de qualquer idade.
Tradicionalmente as orientações alimentares disponíveis abordam associações com deficiências de micro e macro nutrientes, assim como minerais (zinco, magnésio, ferro, cobre cromo, manganês) e terapia antioxidante. A AF é uma das doenças nas quais o estresse oxidativo desempenha um papel significativo, afetando os glóbulos vermelhos e levando à inflamação e à dor. Entre os vários antioxidantes, os flavonoides (laranja, limão, tangerina, lima, repolho roxo, alface roxa, alho, batata de casca avermelhada e batata doce roxa) são muito importantes, além das vitaminas A (gema de ovo, cenoura, espinafre, manga, mamão) C (laranja, limão, tangerina e lima), e E (salmão, ovo cozido, fígado de galinha, fígado de boi, abóbora, brócolis, espinafre, acelga, azeitona, amêndoas, amendoim, semente de girassol, avelã e nozes).
Mecanismos pelos quais as deficiências nutricionais podem ocorrer incluem diminuição da ingestão, má absorção intestinal, e aumento do catabolismo devido a um estado de inflamação crônica. Além disso, acredita-se que constantes problemas de saúde, hospitalizações frequentes, medo, dor, alterações no paladar e do odor, supressão do apetite devido ao bloqueio do neuro peptídeo Y (NYP) e outros estressores psicológicos, estejam associados a variados graus de anorexia e redução da alimentação.
Estudos mostram que crianças com AF utilizam 19% de calorias, cerca de 58% de proteína e 47% de glutamina a mais que crianças saudáveis da mesma idade. Grandes déficits energéticos devido a taxa metabólica basal aumentada, são considerados um dos possíveis fatores que contribuem para o déficit de crescimento nestas crianças.
Por isso a terapia tradicional é fundamental.
Ácidos graxos ômega-3
Os ácidos graxos ômega-3, especificamente o ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosaexaenoico (DHA), são dois constituintes estruturais e funcionais importantes dos glóbulos vermelhos que demonstraram inibir a hemólise. Além disso, foi observado que quanto maior a quantidade de EPA e DHA no sangue, menor o risco de desenvolver complicações da AF, menor o grau de anemia e redução de crises dolorosa.
Fontes: salmão, sardinha e algas.
Zinco
Há ampla evidência ligando níveis mais baixos de zinco com aumento da crise dolorosa. O aumento da necessidade diária de zinco não é atendido pela ingestão usual, e é uma consequência causada pelo aumento da hemólise, sendo necessária a suplementação. Evidências sugerem que a suplementação de zinco não apenas melhora o crescimento e o peso das crianças, mas também aumenta a imunidade, oferecendo proteção viral e antibacteriana.
Fontes: carnes vermelha e de aves, feijão, lentilhas, amêndoas, amendoins, grãos integrais, leite e derivados.
Magnésio
O magnésio protege contra perdas de água e potássio.
Fontes: linhaça, gergelim, castanhas e amendoim.
Cobre
A deficiência de cobre está ligada à anemia, sendo um ingrediente chave para o metabolismo do ferro. A ceruloplasmina ajuda a mobilizar o ferro armazenado no fígado e a torná-lo mais disponível para a síntese de hemoglobina. É importante ressaltar que, na anemia por deficiência de cobre, a taxa de síntese de hemoglobina é reduzida, apesar do aumento dos níveis de ferro no fígado.
Fontes: fígado de boi cozido, mexilhões, ostras, cereais integrais, caju, amendoim, amêndoa, nozes.
Cromo
O cromo atua não apenas como cofator nos receptores da membrana celular sensível à insulina, mas também desempenha importante função no metabolismo de carboidratos, que é a fonte de energia indispensável para estes indivíduos.
Fontes: carnes, frango, frutos do mar, ovos, leite e
derivados, aveia, linhaça, chia, arroz, uva, maçã, laranja, espinafre,
brócolis, alho, tomate, feijão, soja e milho.
Manganês
O manganês ajuda na síntese de glicoproteínas e na formação óssea. Também atua como cofator da piruvato carboxilase, que participa da reação em cadeia respiratória necessária para a produção de energia necessária para os pacientes com AF.
Fontes: grãos integrais, leguminosas e nozes.
Papel das vitaminas
A deficiência de várias vitaminas e minerais são observadas nestes pacientes. Essas carências causam uma redução significativa nas concentrações dos níveis de antioxidantes. A diminuição da concentração das vitaminas antioxidantes A, C e E, é responsável pelo aumento da hemólise e suscetibilidade a infecções bacterianas. Reduções da pressão arterial de células falciformes foram observadas com uma suplementação destas vitaminas, além de um aumento na concentração de hemoglobina. Por isso, uma alimentação rica em vitaminas A, E, C e minerais, magnésio e zinco, mostrou resultados benéfico no crescimento e desenvolvimento destas crianças assim como redução de crises aguda de dor.
Como a deficiência nutricional desempenha papel significativo na complicação da AF, deve-se enfatizar a educação dos pacientes sobre necessidades específicas de nutrientes e calorias.
Cuidados adequados devem ser fornecidos sobre a ingestão alimentar, formas de fornecer refeições nutritivas (particularmente entre o grupo de baixa renda) e meios para aumentar o consumo de proteínas e calorias.
Os pacientes com AF são propensos a fraturas ósseas e geralmente o nível de vitamina D é muito baixo, colocando-os em grande risco. Além do banho de sol em horários adequados, a suplementação de rotina ajudar a manter os níveis adequados nesses pacientes.
Os benefícios da alimentação adequada associado a suplementos (feito com acompanhamento médico ou nutricional) estão sendo cada vez mais exploradas para a intervenção nutricional, com o objetivo de melhorar o estado imunológico e para prevenir sintomas relacionados à doença e redução da morbimortalidade destes pacientes.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referência Bibliográfica:
Stavro, A. O papel da nutrição na doença falciforme. Nutrição em Pauta. Disponível em: www.nutricaoempauta.com.br Acessado em: 06/09/2020.
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