quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Açúcares Adicionados

 


A preferência pelo sabor doce começa cedo e permanece durante a infância e a adolescência, e tende a diminuir nos adultos, o que nem sempre acontece. Crianças têm alto risco de consumo excessivo de açúcar. Nova pesquisa mostra que crianças e adolescentes estão comendo mais alimentos ultraprocessados do que há 20 anos, sendo que esses alimentos agora constituem cerca de dois terços de suas dietas.

 

Açúcar natural e adicionado

Açúcares na dieta podem ser naturais ou adicionados. Açúcares de ocorrência natural estão em alimentos não processados, como frutas, vegetais, leite, mel. Açúcares adicionados são colocados em alimentos durante a preparação ou processamento. As principais fontes são açúcar de mesa, refrigerantes, sucos prontos, doces, bolos, pães, biscoitos, batatas chip, produtos lácteos (sorvete, iogurte adoçado, leite achocolatado), e muitos outros, mesmo quando o sabor é salgado.

 

Calorias vazias e frutose

As calorias vazias e a frutose no açúcar adicionado (açúcar comum, composto por glicose e frutose, e xarope de milho com alto teor de frutose) dificultam o desenvolvimento infantil e produzem modificações precoces na saúde metabólica. O exagero de açúcar está associado ao aumento do risco de cáries, obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, síndrome metabólica, gordura no fígado, distúrbios respiratórios do sono pelo aumento do peso e da adiposidade corporal, diminuição da sensibilidade à insulina, hiperglicemia, e outros fatores de risco, como inflamação subclínica e redução da capacidade imunológica.

 

Déficit de atenção e hiperatividade

Os casos de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) durante a infância têm aumentado, e os pesquisadores apontam para a ligação entre excesso de açúcar e TDAH. A American Heart Association, a Academia Americana de Pediatria e a Organização Mundial da Saúde recomendam limitar a ingestão de açúcar adicionado a menos de 10% do consumo total de energia para adultos e crianças, ou seja, 50 gramas de açúcar em uma dieta de 2000 calorias, equivalente a 5 colheres de sopa. Uma única lata de refrigerante de 350 ml pode conter até 40 g de açúcar, o que quase estoura a meta.

 

Quase 70% das calorias vêm de alimentos ultraprocessados

Uma pesquisa recém-publicada revela que crianças e jovens estão comendo mais comida ultraprocessada do que há duas décadas, e esses alimentos perfazem dois terços de suas dietas. Esta análise dos hábitos alimentares de crianças americanas de 2 a 19 anos mostrou que 67% do que comem não é comida de verdade, comida caseira, mas sim produtos ultraprocessados, embalados, aromatizados, açucarados, salgados, plenos de carboidratos simples e óleos vegetais pró-inflamatórios.

 


Números que assustam

Em 20 anos houve considerável aumento na ingestão de alimentos ultraprocessados, como os prontos para comer e congelados, que saltou de 2,2% para 11,2% do consumo total de calorias. Outro salto foi em lanches e sobremesas embalados. As calorias de comida mais saudável, minimamente processada, caíram de 28,8% para 23,5% da dieta total, ou seja, menos de um quarto. A boa notícia é que o consumo de bebidas adoçadas caiu pela metade, de 10,8% para 5,3% das calorias totais.

 

Alimentos ultraprocessados

Alimentos ultraprocessados contêm uma porcentagem substancialmente maior de calorias de carboidratos e açúcares adicionados, e níveis mais altos de sódio, além de menos fibras e menor teor de proteínas. Produtos ultraprocessados são pesadamente alterados, com inúmeros ingredientes incorporados, como óleos vegetais, amidos, açúcares, corantes, conservantes, realçadores de sabor e estabilizadores. Os componentes adicionados podem fazer com que estes alimentos tenham um sabor irresistível ou ampliam sua vida útil em comparação com alimentos minimamente processados. Um alto consumo de ultraprocessados está ligado à obesidade, doenças metabólicas e mortalidade. Prefira sempre alimentos frescos e integrais. Evite todos os alimentos ultraprocessados. Frutas são excelentes opções para satisfazer o paladar doce, deixe as guloseimas para os dias de festa.

 

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referências Bibliográficas:

*JAMA 2021. Trends in Consumption of Ultraprocessed Foods Among US Youths Aged 2-19 Years, 1999-2018.

*European Journal of Paediatric Dentistry 2019. Sweet danger of added sugars.

*British Journal of Nutrition 2021. Consumption of ultra-processed foods & health status: a systematic review & meta-analysis.

*Nutrients 2020. Ultra-Processed Foods & Health Outcomes: A Narrative Review.

 

 

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