A preferência pelo sabor doce começa cedo e permanece durante a infância e a adolescência, e tende a diminuir nos adultos, o que nem sempre acontece. Crianças têm alto risco de consumo excessivo de açúcar. Nova pesquisa mostra que crianças e adolescentes estão comendo mais alimentos ultraprocessados do que há 20 anos, sendo que esses alimentos agora constituem cerca de dois terços de suas dietas.
Açúcar natural e adicionado
Açúcares na dieta podem ser naturais ou adicionados. Açúcares de ocorrência natural estão em alimentos não processados, como frutas, vegetais, leite, mel. Açúcares adicionados são colocados em alimentos durante a preparação ou processamento. As principais fontes são açúcar de mesa, refrigerantes, sucos prontos, doces, bolos, pães, biscoitos, batatas chip, produtos lácteos (sorvete, iogurte adoçado, leite achocolatado), e muitos outros, mesmo quando o sabor é salgado.
Calorias vazias e frutose
As calorias vazias e a frutose no açúcar adicionado (açúcar comum, composto por glicose e frutose, e xarope de milho com alto teor de frutose) dificultam o desenvolvimento infantil e produzem modificações precoces na saúde metabólica. O exagero de açúcar está associado ao aumento do risco de cáries, obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, síndrome metabólica, gordura no fígado, distúrbios respiratórios do sono pelo aumento do peso e da adiposidade corporal, diminuição da sensibilidade à insulina, hiperglicemia, e outros fatores de risco, como inflamação subclínica e redução da capacidade imunológica.
Déficit de atenção e hiperatividade
Os casos de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) durante a infância têm aumentado, e os pesquisadores apontam para a ligação entre excesso de açúcar e TDAH. A American Heart Association, a Academia Americana de Pediatria e a Organização Mundial da Saúde recomendam limitar a ingestão de açúcar adicionado a menos de 10% do consumo total de energia para adultos e crianças, ou seja, 50 gramas de açúcar em uma dieta de 2000 calorias, equivalente a 5 colheres de sopa. Uma única lata de refrigerante de 350 ml pode conter até 40 g de açúcar, o que quase estoura a meta.
Quase 70% das calorias vêm de alimentos ultraprocessados
Uma pesquisa recém-publicada revela que crianças e jovens estão comendo mais comida ultraprocessada do que há duas décadas, e esses alimentos perfazem dois terços de suas dietas. Esta análise dos hábitos alimentares de crianças americanas de 2 a 19 anos mostrou que 67% do que comem não é comida de verdade, comida caseira, mas sim produtos ultraprocessados, embalados, aromatizados, açucarados, salgados, plenos de carboidratos simples e óleos vegetais pró-inflamatórios.
Números que assustam
Em 20 anos houve considerável aumento na ingestão de alimentos ultraprocessados, como os prontos para comer e congelados, que saltou de 2,2% para 11,2% do consumo total de calorias. Outro salto foi em lanches e sobremesas embalados. As calorias de comida mais saudável, minimamente processada, caíram de 28,8% para 23,5% da dieta total, ou seja, menos de um quarto. A boa notícia é que o consumo de bebidas adoçadas caiu pela metade, de 10,8% para 5,3% das calorias totais.
Alimentos ultraprocessados
Alimentos ultraprocessados contêm uma porcentagem substancialmente maior de calorias de carboidratos e açúcares adicionados, e níveis mais altos de sódio, além de menos fibras e menor teor de proteínas. Produtos ultraprocessados são pesadamente alterados, com inúmeros ingredientes incorporados, como óleos vegetais, amidos, açúcares, corantes, conservantes, realçadores de sabor e estabilizadores. Os componentes adicionados podem fazer com que estes alimentos tenham um sabor irresistível ou ampliam sua vida útil em comparação com alimentos minimamente processados. Um alto consumo de ultraprocessados está ligado à obesidade, doenças metabólicas e mortalidade. Prefira sempre alimentos frescos e integrais. Evite todos os alimentos ultraprocessados. Frutas são excelentes opções para satisfazer o paladar doce, deixe as guloseimas para os dias de festa.
Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki.
Título de Especialista em Nutrologia – Associação Brasileira de Nutrologia;
Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;
Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;
Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.
Referências Bibliográficas:
*JAMA 2021. Trends in Consumption of Ultraprocessed Foods Among US Youths Aged 2-19 Years, 1999-2018.
*European Journal of Paediatric Dentistry 2019. Sweet danger of added sugars.
*British Journal of Nutrition 2021. Consumption of ultra-processed foods & health status: a systematic review & meta-analysis.
*Nutrients 2020. Ultra-Processed Foods & Health Outcomes: A Narrative Review.
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