terça-feira, 23 de maio de 2023

Alumínio: Um Metal Perigoso, Presente no Meio Ambiente, Indústria, Alimentos e Medicamentos

 

Alumínio é o terceiro elemento mais encontrado na crosta terrestre, no entanto, apesar de sua prevalência ele não possui qualquer função em organismos humanos ou animais, e também não é essencial para plantas. O alumínio é onipresente no meio ambiente. Como consequência, água e alimentos são a principal fonte de ingestão do metal. Ele também é um componente de centenas de itens usados diariamente, incluindo produtos de higiene pessoal e medicamentos. São muitos os caminhos que levam à bioacumulação de alumínio.  

 

Muitos usos

Alumínio é usado em diversos setores da indústria, na produção de espelhos, telescópios, tecnologia aeroespacial, linhas de transmissão elétrica, fogos de artifício, explosivos, embalagens diversas, latas, papel alumínio, panelas e utensílios de cozinha. Compostos de alumínio são empregados em produtos farmacêuticos, como conservante de vacinas, fluido de diálise renal, antiácidos, aspirina, antidiarreicos; em cosméticos, pasta de dentes, desodorantes e antitranspirantes; em aditivos alimentares como corantes, antiaglomerantes e conservantes.

 

Fontes principais

As principais fontes de alumínio no corpo humano são a água e os alimentos. Alumínio está presente de forma ‘natural’ em quase todos os alimentos não processados, incluindo folhas, legumes, frutas, carnes, leite e queijos, café, cacau e chá, especiarias, e é adicionado a produtos processados e ultraprocessados. A presença generalizada de alumínio, tanto no meio ambiente como nos gêneros alimentícios, torna praticamente impossível evitar a exposição a este íon metálico.

 


Nível seguro

Um comitê de peritos em aditivos alimentares (FAO/OMS) emitiu recentemente um parecer científico sobre o nível seguro de alumínio ingerido, entre 60-120 mg por semana em uma pessoa com 60 kg. Levando em conta a exposição geral ao alumínio, proveniente de alimentos, água, cosméticos, produtos farmacêuticos, panelas e embalagens de alumínio não revestido que entram em contato com os alimentos, pode haver um excesso significativo na população adulta, e em especial, em crianças e adolescentes, cuja ingestão alimentar é relativamente mais elevada do que em adultos. 

 

Alimentos

A presença de alumínio nos alimentos é comum, não há como evitar. Sua concentração é extremamente variável, dependendo do conteúdo original e da interação dos alimentos com o material usado no armazenamento e no preparo. Para minimizar a exposição prefira panelas de inox, recipientes de vidro, e evite embalar com papel alumínio. Por exemplo, o teor do metal de uma bebida contida em lata de alumínio é 5 a 7 vezes maior em comparação com o mesmo tipo de bebida em garrafa de vidro.

 

Vegetais

A maioria dos alimentos vegetais tem baixo teor de alumínio (< 25 μg/g de peso seco).  Nos extremos, estão os tomates, com níveis ínfimos (0,2 a 1,1 μg/g), e manjerona e tomilho, com concentrações elevadas (500 a 1000 μg/g). A contaminação dos alimentos durante o processamento, cozimento e armazenamento pode resultar em maior ingestão de alumínio pelos consumidores. Isto é mais preocupante quando alimentos ácidos como o tomate, e em diferentes graus outros vegetais, são cozidos em panelas de alumínio, nas quais a acidez estimula a liberação de quantidades relevantes do metal.

 

Medicamentos

Medicamentos representam uma fonte relevante de ingestão de alumínio, com destaque para os antiácidos contendo alumínio, alguns antidiarreicos e aspirinas tamponadas. O hidróxido de alumínio, presente em numerosos antiácidos, é geralmente considerado a causa mais comum de toxicidade medicamentosa por alumínio. Um tratamento com antiácidos pode conter alumínio em uma dosagem centenas de vezes superior à quantidade ingerida nos alimentos. Medicamentos tingidos de azul, vermelho ou amarelo podem conter corantes à base de laca alumínio.

 

Fórmulas infantis e cremes dentais

Fórmulas infantis à base de soja são uma fonte de alumínio potencialmente elevada - o teor de alumínio nas fórmulas para lactentes varia de 100 a 900 μg/l, em contraste com o teor de alumínio no leite humano, que varia de 4 a 65 μg/l. Outra fonte de ingestão diária de alumínio é representada por cremes dentais, que contribuem de forma mais intensa que a água potável na sobrecarga de alumínio em seres humanos. A alumina calcinada, um produto da cadeia do alumínio, é utilizada em dentifrícios - por sua alta capacidade de polimento, promove a limpeza dos dentes gerando o efeito branqueador do produto. O problema é que você engole uma parte disso.

 

Água

Alumínio está presente na água municipal, pois vários sais de alumínio são amplamente utilizados no seu tratamento. Este processo consiste na adição de um sal de alumínio para obter a floculação, sedimentação e filtração da água.  O alumínio gelatinoso envolve as partículas sólidas presentes, como poeira e bactérias, purifica e clarifica a água, só que esta água se torna uma solução saturada de hidróxido de alumínio.

 


Bioacumulação - sinais e sintomas

Após a absorção de alumínio, por ingestão, inalação ou contato, ele se liga irreversivelmente aos componentes do núcleo celular, e aos poucos vai bioacumulando no corpo. Os principais sintomas de toxicidade do alumínio são: diminuição da função intelectual, esquecimento, incapacidade de concentração, inquietação, comprometimento da fala e da linguagem, alterações de personalidade e humor, depressão, demências (Alzheimer, Parkinson), alucinações visuais e auditivas, osteomalácia e fraturas ósseas, danos no sistema nervoso central, distúrbios motores, tremores, crises epilépticas, fraqueza, fadiga, anemia microcítica, leucocitose, disfunção renal e hepática, colite, dano pulmonar e fibrose.

 

Como detectar

Alumínio pode ser dosado em urina de 24 h, fezes e sangue. O nível sanguíneo aceitável de alumínio é inferior a 10 µg/L. Pacientes em diálise renal crônica podem apresentar níveis de até 50 µg/L. Níveis acima de 100 µg/L são potencialmente tóxicos, e acima de 200 µg/L geralmente estão associados a sinais e sintomas de toxicidade aguda.

 

Clorofila e antioxidantes

Vegetais folhosos são fontes de clorofila e poderosos alimentos de ‘limpeza’ de metais pesados, toxinas ambientais e pesticidas. A clorofila ajuda o fígado a desintoxicar e aumenta os níveis de oxigênio no sangue. Chlorella, também rica em clorofila, é uma alga conhecida por seu efeito desintoxicante e quelante de metais. A desintoxicação de alumínio exige um grande número de antioxidantes, e adicionar uma boa porção de folhas e sucos verdes à dieta ajuda no processo. Bons exemplos são brócolis, couve, espinafre, aipo, rúcula, coentro.

 

Polifenois e fibras

Ácido clorogênico, um importante composto polifenólico presente em muitas plantas, principalmente no café e chá, tem propriedades antioxidantes e neuroprotetoras contra a toxicidade induzida pelo alumínio. Fibras insolúveis, presentes em farelos de grãos e frutas, atuam como uma alternativa ou adjuvante à terapia de quelação. Outros ativos quelantes de alumínio são EDTA, DMSA, monometilsilanetriol (SilanoX®), curcumina, NAC (precursor de glutationa). De modo geral, eles funcionam interagindo com o alumínio, formando compostos insolúveis, tornando impossível a sua absorção pelo organismo e favorecendo a excreção.

 

 

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referências Bibliográficas:

*Environmental Science & Pollution Research 2021. Aluminum environmental pollution: the silent killer.

*Archives in Toxicology 2019. Aggregated aluminium exposure: risk assessment for the general population.

*Environmental Sciences Europe 2017. Migration of aluminum from contact materials to food—a health risk for consumers?

*Heliyon 2020. Heavy metal pollution in the environment and their toxicological effects on humans.

*Int Journal of Molecular Science 2023. Aluminium in the Human Brain: Routes of Penetration, Toxicity & Resulting Complications.

*Clinical Toxicology 2022. Dose-response relationships in aluminium toxicity in humans.

*Emergency Medicine Intl 2022. Aluminum Poisoning with Emphasis on Its Mechanism & Treatment of Intoxication.

 

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