sexta-feira, 21 de maio de 2021

Magnésio

 


A deficiência de magnésio é o desequilíbrio eletrolítico mais subestimado na saúde. Esta carência é frequente em pacientes obesos, diabéticos e com síndrome metabólica, tanto na idade adulta quanto na infância. Um padrão alimentar adequado e a suplementação de Mg atuam na síndrome metabólica, reduzindo os parâmetros que a caracterizam, como hipertensão arterial e nível sanguíneo alto de glicose e triglicerídeos. Isso ocorre através da modulação de enzimas que atuam na expressão de genes, bem como pela influência positiva sobre a composição da microbiota intestinal (flora), e também sobre o metabolismo das vitaminas B1 e D. A dose diária recomendada é de 420 mg para homens e 320 mg para mulheres.

 

Magnésio intracelular

O magnésio é um mineral basicamente intracelular. Quase todo o Mg do corpo é encontrado nos ossos (cerca de 60%) e tecidos moles como músculos e órgãos (cerca de 40%), enquanto menos de 1% circula livremente no sangue. Magnésio desempenha um importante papel como cofator de centenas de reações enzimáticas. Um exemplo de sua bioatividade é o conjunto de reações envolvendo o complexo Mg-ATP, que atua no metabolismo de carboidratos e na produção de energia. Além disso, ele age na contração e relaxamento muscular, função neurológica e liberação de neurotransmissores.

 

Magnésio e inflamação

Obesidade, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica são condições relacionadas que compartilham uma série de mecanismos biológicos ligados à inflamação sistêmica de baixo grau (ou inflamação subclínica). O déficit de Mg é frequente em indivíduos obesos e é uma condição altamente prevalente em pacientes com diabetes e síndrome metabólica. Níveis baixos de Mg aumentam o risco de desenvolver diabetes e a sua carência pode promover inflamação crônica, tanto de forma direta quanto indireta, modificando a microbiota intestinal.

 

Fontes alimentares

O magnésio é obtido através da alimentação, da água mineral e de suplementos. O consumo de Mg dietético, presente em alimentos integrais, como feijões, oleaginosas, folhas verdes, cacau, abacate, gema de ovo e peixes, diminuiu nas últimas décadas devido à agricultura industrializada (solo pobre no mineral) e mudanças nos hábitos alimentares (embalados, congelados, fast food).

 

Qual é o melhor magnésio? 

Magnésio é um mineral essencial com benefícios indiscutíveis, absolutamente necessário para a função normal do corpo, amplamente pesquisado, e seguro quando tomado nas doses recomendadas (exceto na doença renal avançada). Há diversos tipos de Mg disponíveis, o que acaba criando alguma confusão na hora de decidir qual deles tomar. Alguns são excelentes, outros nem tanto, e a escolha também depende do objetivo final. O nível de absorção de suplementos de Mg varia de 4% a 50%.

 

Sais, complexos ácidos e quelatos

*Sais de magnésio são encontrados na natureza, como o cloreto de magnésio (um componente da água do mar), carbonato, óxido, hidróxido, fosfato, sulfato.

*Complexos ácidos de magnésio são produzidos em laboratório e formados por ácidos ligados ao mesmo, como ascorbato, aspartato, citrato, fumarato, gluconato, glutamato, lactato, malato (ou dimalato), pidolato.

*Quelatos de magnésio são obtidos ligando um aminoácido ao mineral, formando um ácido biológico, como glicinato, lisinato, orotato, taurato, treonato.

 

Biodisponibilidade

De modo geral, os complexos ácidos e quelatos são mais facilmente absorvidos pelo organismo, pois utilizam caminhos metabólicos proteicos para assegurar a biodisponibilidade. Dentre os sais, o cloreto de magnésio tem solubilidade extremamente alta, segundo as análises, se igualando na absorção com as formas mais complexas de magnésio. A biodisponibilidade de Mg pode variar dependendo da dose usada, frequência de tomada e de fatores dietéticos, como ingestão de outros minerais, fibras fermentáveis, fitatos, proteínas, carboidratos, etc.

 

Detox e digestão

Cloreto de magnésio tem excelente absorção e é a melhor forma de magnésio para desintoxicar células e tecidos corporais. Além disso, o íon cloreto (não confundir com o cloro, um gás tóxico) auxilia na função renal, função hepática e em alterações metabólicas. O cloreto se combina com hidrogênio no estômago formando o ácido clorídrico, uma poderosa enzima digestiva, responsável pela digestão de proteínas, pela absorção de minerais (zinco, ferro, cálcio, magnésio) e pela ativação do fator intrínseco (necessário para a absorção de vitamina B12).

 


Energia e dor 

Malato (ou dimalato) de magnésio é a escolha certa para pessoas que sofrem de fadiga, pois o ácido málico é um componente essencial de enzimas que desempenham um papel fundamental na produção de energia e síntese de ATP. Há evidências de que o malato de magnésio pode reduzir a dor muscular e pontos dolorosos em portadores de fibromialgia.

 

Intestino

Citrato de magnésio é facilmente absorvido e tem ação laxante suave, sendo indicado para quem tem tendência à constipação. Para tratar uma constipação mais séria pode se usar o hidróxido de magnésio (Leite de Magnesia), com baixíssima absorção, não servindo como um repositor do mineral.

 

Coração e cérebro

Taurato de magnésio e orotato de magnésio são indicados em problemas cardiovasculares, pois ajudam a prevenir arritmias e protegem o coração de danos causados por ataques cardíacos. Já o treonato de magnésio tem passe livre pela barreira hematoencefálica, concentra-se mais eficientemente no cérebro, reconstrói sinapses danificadas e restaura as conexões neuronais degradadas, que são observadas no Alzheimer e em outras alterações cognitivas. 

 

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

*Nutrients 2021. Magnesium in obesity, metabolic syndrome & type 2 diabetes.

*Journal of Inflammation Research 2018. Magnesium deficiency & increased inflammation. 

*Nutrients 2019. Predicting & Testing Bioavailability of Magnesium Supplements.

*Current Nutrition & Food Science 2017. Intestinal Absorption & Factors Influencing Bioavailability of Magnesium - An Update.

*Nutrients 2021. Magnesium in Aging, Health & Diseases.

*Current Medicinal Chemistry 2020. Potential Clinical Properties of Magnesium.

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