sexta-feira, 28 de maio de 2021

Maio Roxo: A Importância de Conhecer as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII)

 


Conhecimento é o melhor remédio para combater o subdiagnóstico e o preconceito. Sob esse princípio nasceu o Maio Roxo, campanha dedicada à conscientização e melhoria da qualidade de vida de pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais (DII).

No mundo, já são cerca de 10 milhões pessoas vivendo com uma DII e esse número disparou na última década aqui no Brasil, como conta o médico Gastroenterologista e Hepatologista e membro da Associação Nacional dos Portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais, Guilherme Grossi.

Grossi destacou um ponto importante: as ações de acolhimento e inclusão de pessoas com DII no trabalho. “É necessária compreensão por parte das empresas para que o paciente possa seguir um cronograma adequado de consultas médicas, tenha sempre acesso facilitado aos sanitários e muitas vezes flexibilidade de horários e para agendamento de compromissos”, aconselha.

– O que são as DIIs e qual a importância de chamar atenção para esse tema?

As DIIs, representadas principalmente pela retocolite ulcerativa e doença de Crohn, são doenças inflamatórias crônicas do intestino, de origem ainda desconhecida, mas que parecem resultar de alterações na interação da microbiota intestinal, resposta imune e fatores ambientais em indivíduos geneticamente predispostos. Os sintomas incluem diarreia, dor abdominal, perda de peso, presença de sangue nas fezes, fraqueza e urgência evacuatória. São ainda frequentes manifestações extra intestinais, como artralgia, lesões de pele e oculares.

A incidência e a prevalência das DIIs vêm aumentando drasticamente no Brasil na última década. Os recentes avanços terapêuticos tornam cada vez mais importante o diagnóstico correto e precoce da doença. Infelizmente, as DIIs ainda são subdiagnosticadas em nosso país e muitos pacientes não são tratados corretamente.

– Um dos pontos levantados na campanha do Maio Roxo é o impacto que essas doenças podem ter na vida profissional dos pacientes. Quais são os fatores que costumam contribuir para isso e qual o caminho para que pacientes e empresas os superem?

A DII em atividade é associada à redução da qualidade de vida e produtividade no trabalho. Isso está ligado a diversos fatores, como diarreia crônica, dor abdominal, presença de fístulas perianais e retovaginais, manifestações extra intestinais, efeitos adversos de medicamentos e cirurgias. O tratamento adequado pode minimizar os afastamentos do trabalho e aumentar a produtividade do paciente, que quando atinge remissão (controle da doença) pode levar uma vida normal. É necessária compreensão por parte das empresas para que o paciente possa seguir um cronograma adequado de consultas médicas, tenha sempre acesso facilitado aos sanitários e muitas vezes flexibilidade de horários para agendamento de compromissos.

– Quais são as principais dificuldades relatadas por pacientes com DII e como nós, enquanto indivíduos e sociedade, podemos contribuir?

Os pacientes com DII apresentam uma série de dificuldades: atraso no diagnóstico da doença; dificuldade no acesso a medicamentos de alto custo e especialistas; necessidade de adaptação de rotina alimentar; dificuldade de acesso a sanitários; dificuldade de adaptação física e emocional em pacientes ostomizados.

O percurso do paciente com DII até o controle da doença é repleto de curvas e obstáculos. A trajetória se inicia com os primeiros sintomas, seguido de vários meses de visitas a diversos especialistas e salas de emergência, exames invasivos e por imagem. Após o diagnóstico, muitos vivenciam um período de negação e vergonha, ignorando ou menosprezando sintomas. Segue-se então o período de adaptação ao tratamento. É importante destacar que o início do tratamento não significa necessariamente uma melhora imediata, já que essa pode demorar meses – e pode incluir cirurgias, troca de medicações e complicações.

A divulgação da informação na sociedade surge como uma ferramenta para atenuar a árdua jornada do paciente com DII, uma vez que aumenta o conhecimento sobre a doença e contribui para o diagnóstico precoce. Prover conteúdo de qualidade e diminuir a desinformação é vital para que o paciente se sinta seguro sobre sua doença. As associações de pacientes, como a DII Brasil, são também fundamentais, uma vez que geram um sentimento de pertencimento, onde os pacientes se sentem acolhidos e podem trocar experiências e informações. Além disso, promovem uma incessante luta para dar aos pacientes o direito de serem tratados com todos os recursos disponíveis no mundo e melhorar sua qualidade de vida.

– A pandemia afetou os pacientes de DII? Como?

A pandemia de Covid-19 afetou todo o planeta. Os pacientes com DII, devido ao uso frequente de imunossupressores e biológicos, foram especialmente afetados, uma vez que havia um temor de maior risco para infecção grave pelo SARS-CoV-2. Com isso, muitas pessoas deixaram de procurar atendimento médico periódico e realizar seus exames, prejudicando o controle da doença intestinal.

É importante salientar, que mesmo diante da pandemia de Covid-19, os pacientes com DII devem manter acompanhamento regular junto ao médico especialista, uma vez que essas doenças se caracterizam por períodos de remissão e crises. Além disso, medicamentos de alto custo garantidos por meio de políticas públicas, tais como os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas do Ministério da Saúde, têm sofrido constantes irregularidades no abastecimento da rede SUS.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referência Bibliográfica:

Grossi, G. Maio Roxo: A Importância de Conhecer as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) ProDiet Nutrição Clínica. Disponível em: www.prodiet.com.br Acessado em: 28/05/2021.

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