A Síndrome Metabólica (SM) é um
transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco
cardiovascular usualmente relacionados à deposição central de gordura e a
resistência à insulina. É importante destacar a associação da SM com a doença cardiovascular,
aumentando a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em
cerca de 2,5 vezes.
A Síndrome Metabólica caracteriza-se
pela associação, num mesmo indivíduo, de dislipidemia, diabetes melito tipo 2,
ou intolerância à glicose, hipertensão arterial e excesso de peso ou obesidade.
Interligando estas alterações metabólicas está a resistência à insulina
(hiperinsulinemia), daí também ser conhecida como síndrome de resistência à
insulina.
Segundo National
Cholesterol Education Program (NCEP)-ATP III, a SM representa a combinação de
pelo menos três componentes dos apresentados no quadro 1.
Quadro
1. Componentes da síndrome metabólica segundo o NCEP-ATP III.
|
Componentes
Níveis
|
Obesidade
abdominal por meio de circunferência abdominal
Homens >
102cm
Mulheres > 88cm
Triglicerídeos
≥ 150mg/dL
HDL-colesterol
Homens
< 40mg/dL
Mulheres <
50mg/dL
Pressão
arterial ≥
130mmHg ou ≥ 85mmHg
Glicemia
de jejum
≥ 110mg/dL
|
A
presença de Diabetes Mellitus não
exclui o diagnóstico de SM.
|
Fonte: I Diretriz
Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (I-DBSM).
Apesar de não fazerem parte dos
critérios diagnósticos da síndrome metabólica, várias condições clínicas e
fisiopatológicas estão frequentemente a ela associadas, tais como: síndrome de
ovários policísticos, acanthosis
nigricans (condição dermatológica caracterizada por espessamento, hiperpigmentação
e acentuação das linhas da pele, gerando aspecto grosseiro e aveludado no local
afetado), doença hepática gordurosa não alcoólica (vide post sobre esteatose
hepática), microalbuminúria (um aumento da excreção urinária de albumina acima
de 20 µg/min e menor do que 200 µg/min), estados pró-trombóticos, estados
pró-inflamatórios e de disfunção endotelial e hiperuricemia (excesso de ácido
úrico no sangue).
Evidências indicam que, na
maioria dos países, entre 20 e 30%, a população adulta apresenta a SM. Nos
Estados Unidos, a prevalência de SM, em crianças e adolescentes com sobrepeso,
é de 6,8%; e, com obesidade, é de 28,7%. Não foram encontrados estudos sobre a
prevalência da síndrome metabólica com dados representativos da população
brasileira. No entanto, estudos em diferentes populações, como a mexicana, a
norte-americana e a asiática, revelam prevalências elevadas da SM, dependendo
do critério utilizado e das características da população estudada, variando as taxas
de 12,4% a 28,5% em homens e de 10,7% a 40,5% em mulheres.
Os
idosos são o grupo da população com maior prevalência de eventos
cardiovasculares, logo, identificar a prevalência de SM entre eles adquire
grande importância para medidas de controle de risco. Além disso, existe um
maior risco para déficits cognitivos entre os portadores da síndrome, em
especial quando a glicemia é um dos componentes da SM. Também ocorre um risco
duas vezes maior para a depressão entre mulheres com SM, conforme o critério do
NCEP revisado. Há escassez de dados relativos à nossa população quanto à
prevalência da SM, em especial entre os idosos.
Prevenção Primária
De acordo com a Organização Mundial
de Saúde, os fatores de risco mais importantes para a morbimortalidade relacionada
às doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) são: hipertensão arterial
sistêmica, hipercolesterolemia (aumento do colesterol total circulante no
sangue), ingestão insuficiente de frutas, hortaliças e leguminosas, sobrepeso
ou obesidade, inatividade física e tabagismo.
A predisposição genética, a
alimentação inadequada e a inatividade física estão entre os principais fatores
que contribuem para o surgimento da SM, cuja prevenção primária é um desafio
mundial contemporâneo, com importante repercussão para a saúde. Destaca-se o
aumento da prevalência da obesidade em todo o Brasil e uma tendência
especialmente preocupante do problema em crianças em idade escolar, em
adolescentes e nos estratos de mais baixa renda. A adoção precoce por toda a
população de estilos de vida relacionados à manutenção da saúde, como
alimentação adequada e prática regular de atividade física, preferencialmente
desde a infância, é componente básico da prevenção da SM.
A alimentação adequada deve:
●
permitir a manutenção do balanço energético e do peso saudável;
●
reduzir a ingestão de calorias sob a forma de gorduras, mudar o consumo de
gorduras saturadas para gorduras insaturadas (vide post lipídios), reduzir o
consumo de gorduras trans (hidrogenada);
●
aumentar a ingestão de frutas, hortaliças, leguminosas e cereais integrais;
●
reduzir a ingestão de açúcar; reduzir a ingestão de sal (sódio) sob todas as
formas.
A atividade física é determinante do
gasto de calorias e fundamental para o balanço energético e controle do peso. A
atividade física regular ou exercício físico diminuem o risco relacionado a
cada componente da SM e trazem benefícios substanciais também para outras
doenças (câncer de cólon e câncer de mama).
Baixo condicionamento
cardiorrespiratório, pouca força muscular e sedentarismo aumentam a prevalência
da SM em três a quatro vezes. O exercício físico reduz a pressão arterial,
eleva o HDL-colesterol (bom colesterol) e melhora o controle glicêmico. Com
duração mínima de 30 minutos, preferencialmente diário, incluindo exercícios
aeróbicos e de fortalecimento muscular, o exercício físico previne a SM em uma
relação dose-efeito apropriada para o grupo etário.
O tabagismo deve ser agressivamente
combatido e eliminado, pois eleva o risco cardiovascular.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e
Tratamento da Síndrome Metabólica. Arq Bras Cardiol, 2005, v.84, Suplemento I:
p. 1-28.
Gross, JL. Microalbuminúria e a síndrome
metabólica. Arq Bras Endocrinol Metab,
2003,v. 47, n. 2:p.109-110.
Matos, AFG; Moreira, RO; Guedes, EP. Aspectos
neuroendócrinos da síndrome metabólica. Arq Bras Endocrinol Metab, 2003, v.47,
n.4: p.410-421.
Penalva, DQF. Síndrome metabólica:
diagnóstico e tratamento. Rev Med: São Paulo, 2008, v.87, n.4: p. 245-250.
Rigo, JC; Vieira, JL; Dalacorte, RR;
Reichert, CL. Prevalência da síndrome metabólica em idosos de uma comunidade:
comparação entre três métodos diagnóstico. Arq. Bras Cardiol, 2009, v.93, n.2:
p. 85-91.
Santos, CRB; Portella, ES; Avila, SS; Soares,
EA. Fatores dietéticos na prevenção e tratamento de comorbidades associadas à
síndrome metabólica. Rev Nutr, 2006, v.19, n.3: p.389-401.
Silva, CB da. Prevalência e tratamento dos
fatores de risco da obesidade e síndrome metabólica. [Dissertação de Metrado]
Presidente Prudente, 2010. Universidade Estadual Paulista – UNESP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário