segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Queimadura


 As queimaduras são lesões cutâneas causadas pela ação direta ou indireta do calor e as principais causas são a chama direta, o contato com água fervente ou líquidos quentes, chamado de escaldamento; o contato com superfície aquecida; gordura quente; ferro quente; vapor; através do fogo; a corrente elétrica; raio e também por agentes químicos (solvente, soda cáustica, alvejantes ou qualquer ácido ou álcalis).

Estas lesões podem comprometer diferentes estruturas orgânicas e são avaliadas em graus, conforme a profundidade do trauma nos tecidos. Quanto à profundidade:

● Queimadura de 1º grau:  o comprometimento está restrito à epiderme (camada superficial da pele). O local da lesão apresenta eritema, calor, e dor; a evolução é rápida com descamação e a repercussão sistêmica é mínima.

● Queimadura de 2º grau: o comprometimento envolve não somente toda a epiderme como também parte da derme (segunda camada da pele). O local da lesão apresenta dor, eritema (vermelhidão), edema, flictenas (bolhas), erosão e ulceração; a cicatrização é mais lenta e podem ocorrer seqüelas como a discromia (alteração na pigmentação da pele) ou a cicatriz.

● Queimadura de 3º grau: há destruição da epiderme e derme podendo atingir o tecido subcutâneo, tendões, ligamentos, músculos e ossos; a lesão apresenta-se esbranquiçada ou negra, seca, dura e inelástica; não há dor devido a destruição das terminações nervosas (responsáveis pela condução da sensação de dor); não há retorno capilar e os vasos sanguíneos estão comprometidos por coagulação; não há regeneração espontânea sendo indicada enxertia e quando há cicatrização esta apresenta retração de bordas.

Outro aspecto importante a ser avaliado refere-se à extensão da superfície corporal queimada (SCQ), a qual deve ser avaliada o mais precisamente possível por ser um dos fatores que mais influencia na repercussão sistêmica e na sobrevida do paciente.

            A extensão de uma queimadura é representada em porcentagem da área corporal queimada.

● Leves (ou “pequeno queimado”): atingem menos de 10% da superfície corporal.
● Médias (ou “médio queimado”): atingem de 10% a 20% da superfície corporal.
● Graves (ou “grande queimado”): atingem mais de 20% da área corporal.

Duas regras podem ser utilizadas para 'medir' a extensão da queimadura:

Regra dos nove: é atribuído, a cada segmento corporal, o valor nove (ou múltiplo dele):
o    cabeça - 9%
o    tronco frente - 18%
o    tronco costas - 18%
o    membros superiores - 9%
o    membros inferiores - 18%
o    genitais - 1%

Fonte: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Regra da palma da mão: geralmente a palma da mão de um indivíduo representa 1% de sua superfície corporal. Assim pode ser estimada a extensão de uma queimadura, calculando-se o “número de palmas”.

A localização das lesões também é um indicativo importante a ser considerado no cuidado prestado ao paciente, pois as queimaduras de face, pescoço e mãos devem receber maior atenção para reduzir o prejuízo estético e funcional.


Muitas vezes, as vítimas de queimaduras podem apresentar lesões de vias aéreas causadas pela inalação de fumaça, a qual é apontada como uma das principais causas de mortalidade, tanto pela ação térmica direta quanto pela inalação de substâncias tóxicas e presença de toxinas locais.

Sabe-se que a queimadura rompe a integridade da pele comprometendo suas funções e a resposta local é o surgimento de necrose de coagulação decorrente da trombose dos vasos que conseqüentemente acarreta repercussão sistêmica variando de intensidade.

Uma das complicações mais expressivas nos pacientes queimados é a sepse que, em muitos casos, pode evoluir para óbito.

Outras complicações, também comuns nestes pacientes, são as cardiovasculares e o comprometimento da função renal, diretamente associadas a hipovolemia (redução do volume sanguíneo). Entre as cardiovasculares tem-se a hipotensão (redução da pressão arterial), aumento da freqüência cardíaca e o choque.

Alimentação e nutrição

Os pacientes com queimaduras ocupando mais de 25% da superfície corporal (SC) e as crianças com superfície corporal queimada (SCQ) acima de 15% merecem maior atenção no aspecto nutricional, uma vez que raramente são capazes de ingerir quantidade suficiente de nutrientes para manter uma nutrição adequada. Porém, são nas lesões graves (segundo e terceiro graus), que comprometem mais de 30% da SC dos adultos e 20% da SC das crianças, que se indica a terapia nutricional por sonda, após a estabilidade hemodinâmica.

Em casos de área queimada inferior a 20%, a terapia nutricional pode ser instituída quando:

• Há história prévia de desnutrição;
• Perda de peso importante no decorrer da internação;
• Em lesões de cavidade oral que limitem a ingestão diária;
• Em situações de doenças associadas, como fraturas ou trauma de crânio.

A dieta via oral inicia-se nas primeiras 6 horas pós-injúria, com consistência e volume adaptados de acordo com a tolerância de cada paciente, mesmo em queimaduras mais graves, que cursam com maior instabilidade, ou nas lesões de face, onde a dieta líquida é melhor tolerada.

As complicações mais freqüentes podem estar associadas a quadro de náuseas, vômitos e distensão abdominal, principalmente na fase inicial, sendo minimizado com uso regular de antieméticos (medicamentos utilizados para o alívio de sintomas como enjôo, náuseas e vômitos).

Normalmente pacientes com SCQ igual ou inferior 20% conseguem obter adequado aporte protéico-calórico somente pela via oral, podendo ser indicada em alguns casos à utilização de suplementos.

A nutrição enteral (NE) por sonda, associada à dieta oral, está indicada em pacientes com SCQ superior a 30% ou em casos de comprometimento do estado nutricional prévio ou no decorrer da internação. Foi demonstrado que o início da alimentação enteral logo após o trauma atenua marcadamente a resposta hipermetabólica (acelerada).

Embora existam controvérsias com relação à composição ideal da nutrição a ser oferecida, fica claro que estes pacientes requerem quantidades aumentadas de calorias e proteínas. A desnutrição protéico-calórica no queimado é evidenciada por grande perda de peso e balanço nitrogenado acentuadamente negativo, consequências comuns da resposta metabólica à queimadura.

A oferta de carboidratos é fundamental, já que a área queimada e os componentes celulares do sistema imune são consumidores de glicose. Além disso, a administração de carboidratos minimiza o catabolismo protéico.
 
O metabolismo protéico é profundamente alterado. Os aminoácidos constituem a principal fonte energética na fase aguda da lesão. A alanina e a glutamina são maciçamente mobilizadas para gliconeogênese (é o processo através do qual precursores como lactato, piruvato, glicerol e aminoácidos são convertidos em glicose. Ocorre principalmente no fígado e em menor extensão nos rins). A reposição de proteínas é importante para melhora na sobrevida e no processo cicatricial.

A oferta de lipídeos complementa com a glicose o preenchimento das necessidades energéticas, fornece ácidos graxos essenciais e propicia um melhor balanço nitrogenado. Os lipídeos tornaram-se reconhecidos como moduladores do metabolismo, com importantes funções nutricional, estrutural e reguladora. A provisão de 25% a 30% das calorias não protéicas minimiza os problemas gerados com a administração excessiva de glicose.

Estados graves inflamatórios, como queimaduras, geram enormes quantidades de radicais livres, cujas ações deletérias não encontram defesa suficiente nos agentes antioxidantes disponíveis.

Dentre os nutrientes com ação antioxidante salientam-se, principalmente, as vitaminas A, C e E, minerais, como zinco, selênio, e também a cisteína.

DICAS:

- Não use nunca: pasta de dente, pomadas, clara de ovo, manteiga, óleo de cozinha ou qualquer outro ingrediente sobre a área queimada.

- Não remova tecidos grudados: corte cuidadosamente e retire o que estiver solto.

- Não estoure bolhas.

- Queimaduras Térmicas: Esfrie a queimadura com água fria. Não use gelo. Cubra a queimadura com uma faixa esterilizada ou pano limpo.
Remova anéis, cintos, sapatos e roupas antes do corpo ficar inchado. Caso a roupa grude na pele, não remova. Corte – a cuidadosamente e retire a parte que não grudou. Procure ajudar médica.

- Queimaduras elétricas: Não toque na vítima antes de desligar a corrente elétrica. Todos os traumas elétricos, independentemente do tamanho, necessitam de atendimento médico.

- Queimaduras químicas: Enxágüe a pele por pelo menos 20 minutos com água corrente. Remova a roupa contaminada e evite que o produto químico se espalhe por outras áreas. Se os olhos forem afetados, enxágüe em água corrente até que chegue ajuda médica. Caso use lentes de contato, remova – as imediatamente. Não use nenhuma substância neutralizadora.

Atenção!
Queimaduras no rosto, nas mãos e nos pés devem sempre ser consideradas sérias e receber atenção médica imediata.
Se suas roupas pegarem fogo, pare, deite e role no chão até o fogo apagar, ou se embrulhe num cobertor ou pano grosso para abafar o fogo. Não Corra!


As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Instituto Pró-Queimados. Disponível em: www.proqueimados.com.br Acessado em: 01/02/2013.

Montes, SF; Barbosa, MH; Sousa Neto, ML de. Aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes queimados internados em um hospital de ensino. Rev. Esc. Enferm USP, 2011; v.45, n.2; p.369-373.

Queimados. Disponível em: www.einstein.br Acessado em: 31/01/2013.

Queimaduras. Disponível em: www.ufrrj.br Acessado em: 31/01/2013.

Serra, MCVF et al. Terapia nutricional no paciente queimado. Rev. Bras Queimaduras, 2011; v.10, n.3; p.93-95.

Um comentário:

Anônimo disse...

Informações úteis!
Parabéns!