quinta-feira, 7 de março de 2013

Síndrome Pré-Menstrual (SPM) ou Tensão Pré-Menstrual (TPM)

     O ciclo menstrual pode ser dividido em fases. Uma divisão simplificada, adotada por Frankovich & Lebrun, considera duas fases: a folicular, compreendendo o período do sangramento até a ovulação (inclusive), e a lútea, que se inicia logo após, estendendo-se até o início do sangramento. A fase folicular caracteriza-se pela presença de hormônio folículo-estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e estrógeno, os quais levam ao crescimento do folículo ovariano e à ovulação. A fase lútea é caracterizada pela presença aumentada de estrógeno e progesterona. O decréscimo destes dois hormônios ocorre com a regressão do corpo lúteo (quando não ocorreu fertilização), gerando a degeneração do endométrio – sangramento.

          A Síndrome Pré-Menstrual (SPM) ou Tensão Pré-Menstrual (TPM) é um dos distúrbios mais comuns a afetar as mulheres.

            A SPM é comumente mais presente na fase lútea do ciclo, acometendo 30-80% das mulheres, principalmente a partir dos 30 anos de idade, levando a considerar que o conjunto de sintomas a ela associada seja fisiológico na menstruação.

            São características da SPM:


  • sensibilidade no seio,
  • intumescimento (aumento, crescimento),
  • constipação ou diarréia,
  • cólicas,
  • retenção hídrica com ganho de peso,
  • fadiga,
  • alterações no humor (irritabilidade, depressão, choro, hipersensibilidade emocional),
  • insônia,
  • suor nas extremidades,
  • dor de cabeça,
  • mudanças no apetite e no comportamento alimentar (compulsão alimentar),
  • dificuldade de concentração e menor rendimento,
  • somatização (visão borrada, dor no peito, sufocação, entorpecimento, formigamento),
  • dor no período de ovulação,
  • acne

            A causa da SPM não é bem compreendida, podendo haver envolvimento de excesso de estrógeno, deficiência de progesterona, retenção hídrica, deficiência de vitamina B6, hiperprolactilemia, alergias hormonais ou anormalidades de prostaglandinas, todos esses fatores ainda a serem comprovados.

Comportamento Alimentar

            Uma das causas da variação de peso durante o ciclo menstrual pode ser o aumento da ingestão energética devido à elevação do apetite provocada pela oscilação hormonal.

            Para algumas mulheres, na fase lútea ocorre a maior ingestão energética, enquanto outros citam especificamente o período imediatamente anterior ao sangramento como o de pico de ingestão. Também encontramos um aumento de consumo alimentar da fase folicular para a fase lútea, relacionando tal alteração a mudanças nas concentrações séricas de estrógeno e progesterona ao longo do ciclo.

        Alterações do paladar podem ocorrer na fase folicular e lútea, influenciando a escolha dos alimentos. Com o estradiol elevado, a sensibilidade aos doces é maior e, quando a progesterona se eleva, aumenta a sensibilidade ao amargo.

            Alguns estudos observaram maior consumo de alimentos como, doces, açúcares, óleos e gorduras na fase lútea do ciclo menstrual. Outros estudos mostram que algumas mulheres que apresentam SPM aumentam a ingestão de alimentos açucarados e gordurosos na fase pré-menstrual e que uma, entre três mulheres, apresenta aumento da fome e o desejo por alguns alimentos durante as duas semanas que antecedem o seu período menstrual, o que pode levar a um aumento na ingestão de calorias de até 87% nesse período.

     Após a ingestão de alimentos ricos em carboidratos, provenientes de alimentos açucarados e doces, a mulher apresenta alívio de sintomas como a depressão, tensão, confusão, tristeza e fadiga, sentindo-se mais calmas e alertas. Parece que esse aumento no consumo de carboidratos relaciona-se a uma tentativa de elevar os níveis de serotonina de modo a diminuir os efeitos negativos do humor.

        Entre 40-50% das mulheres que referem compulsão por chocolates e doces a possuem no período perimenstrual (próximo ao sangramento). Alguns autores investigaram associação de tal comportamento a uma queda perimenstrual de progesterona ou à tensão pré-menstrual, mas não conseguiram comprová-la.

          Quanto à retenção hídrica, estudos mostram que a alteração do nível de progesterona associada à fase lútea pode levar à retenção de líquidos e de sódio, ocasionando aumento do volume plasmático logo após a ovulação, alcançando valor máximo dois dias antes do sangramento. Sintomas como ganho de peso, dor articular e cefaléia estão vinculados à retenção de líquidos, o que pode levar ao ganho temporário de peso.

            Uma das possibilidades para o tratamento da sintomatologia relacionada à SPM é a prática de atividade física. A mulher deve ser encorajada a fazer exercícios aeróbicos pelo menos três vezes por semana, principalmente na fase lútea, com o intuito de amenizar os sintomas.

Dicas alimentares:

- Evite o consumo de embutidos como presunto, salame, salaminho, salsicha, alimentos em conserva e salgadinhos industrializados, pois eles contêm elevada quantidade de sal que propicia a reabsorção de água, causando inchaços;

- Beba bastante água, sucos de frutas naturais, água de coco, pois eles contribuem para a redução da retenção hídrica;

- Consuma leite e derivados, tofu, vegetais folhosos verde escuros (brócolis, couve), pois são ricos em cálcio e aliviam os sintomas das cólicas, dor nas costas, melhora do humor e retenção de líquidos;


- Salmão, fígado, aveia, nozes, banana possuem vitamina B6 que atua como co-fator das enzimas envolvidas no metabolismo de neurotransmissores tais como a serotonina, aliviando a enxaqueca, diminuindo a depressão e a irritabilidade. Auxilia na redução das tonturas, acnes, enjoos, taquicardia;

- Cereais integrais, soja, gema de ovo, gérmen de trigo contêm vitamina E. Esta regula a produção de prostaglandinas e, portanto, reduz as dores de cabeça e das mamas;

- Óleo de girassol e óleos de peixes, atum, salmão são boas fontes de ácido graxo ômega-6, que possui efeitos positivos na diminuição da sensibilidade dos seios e das dores nas costas, além de auxiliar no controle da retenção de líquidos.


As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referências Bibliográficas:

Badawi, C. Convivendo bem com a TPM. Disponível em: www.nutrociência.com.br Acessado em: 22/02/2013.

Sampaio, HA de C. Aspectos nutricionais relacionados ao ciclo menstrual. Rev Nutr, 2002, v.15, n.3, p.309-317.

Santos, LAS dos; Soares, C et al. Estado nutricional e consumo alimentar de mulheres jovens na fase lútea e folicular do ciclo menstrual. Rev Nutr, 2011, v. 24, n.2, p.323-331.

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