O ciclo menstrual pode ser dividido em
fases. Uma divisão simplificada, adotada por Frankovich & Lebrun, considera
duas fases: a folicular, compreendendo o período do sangramento até a ovulação
(inclusive), e a lútea, que se inicia logo após, estendendo-se até o início do
sangramento. A fase folicular caracteriza-se pela presença de hormônio
folículo-estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e estrógeno, os quais
levam ao crescimento do folículo ovariano e à ovulação. A fase lútea é
caracterizada pela presença aumentada de estrógeno e progesterona. O decréscimo
destes dois hormônios ocorre com a regressão do corpo lúteo (quando não ocorreu
fertilização), gerando a degeneração do endométrio – sangramento.
A
Síndrome Pré-Menstrual (SPM) ou Tensão Pré-Menstrual (TPM) é um dos distúrbios
mais comuns a afetar as mulheres.
A
SPM é comumente mais presente na fase lútea do ciclo, acometendo 30-80% das
mulheres, principalmente a partir dos 30 anos de idade, levando a considerar
que o conjunto de sintomas a ela associada seja fisiológico na menstruação.
São
características da SPM:
- sensibilidade no seio,
- intumescimento (aumento, crescimento),
- constipação ou diarréia,
- cólicas,
- retenção hídrica com ganho de peso,
- fadiga,
- alterações no humor (irritabilidade, depressão, choro, hipersensibilidade emocional),
- insônia,
- suor nas extremidades,
- dor de cabeça,
- mudanças no apetite e no comportamento alimentar (compulsão alimentar),
- dificuldade de concentração e menor rendimento,
- somatização (visão borrada, dor no peito, sufocação, entorpecimento, formigamento),
- dor no período de ovulação,
- acne
A
causa da SPM não é bem compreendida, podendo haver envolvimento de excesso de
estrógeno, deficiência de progesterona, retenção hídrica, deficiência de
vitamina B6,
hiperprolactilemia, alergias hormonais ou anormalidades de prostaglandinas,
todos esses fatores ainda a serem comprovados.
Comportamento
Alimentar
Uma
das causas da variação de peso durante o ciclo menstrual pode ser o aumento da
ingestão energética devido à elevação do apetite provocada pela oscilação
hormonal.
Para
algumas mulheres, na fase lútea ocorre a maior ingestão energética, enquanto
outros citam especificamente o período imediatamente anterior ao sangramento
como o de pico de ingestão. Também encontramos um aumento de consumo alimentar
da fase folicular para a fase lútea, relacionando tal alteração a mudanças nas
concentrações séricas de estrógeno e progesterona ao longo do ciclo.
Alterações
do paladar podem ocorrer na fase folicular e lútea, influenciando a escolha dos
alimentos. Com o estradiol elevado, a sensibilidade aos doces é maior e, quando
a progesterona se eleva, aumenta a sensibilidade ao amargo.
Alguns
estudos observaram maior consumo de alimentos como, doces, açúcares, óleos e
gorduras na fase lútea do ciclo menstrual. Outros estudos mostram que algumas
mulheres que apresentam SPM aumentam a ingestão de alimentos açucarados e
gordurosos na fase pré-menstrual e que uma, entre três mulheres, apresenta
aumento da fome e o desejo por alguns alimentos durante as duas semanas que
antecedem o seu período menstrual, o que pode levar a um aumento na ingestão de
calorias de até 87% nesse período.
Após
a ingestão de alimentos ricos em carboidratos, provenientes de alimentos
açucarados e doces, a mulher apresenta alívio de sintomas como a depressão,
tensão, confusão, tristeza e fadiga, sentindo-se mais calmas e alertas. Parece
que esse aumento no consumo de carboidratos relaciona-se a uma tentativa de
elevar os níveis de serotonina de modo a diminuir os efeitos negativos do
humor.
Entre
40-50% das mulheres que referem compulsão por chocolates e doces a possuem no
período perimenstrual (próximo ao sangramento). Alguns autores investigaram associação
de tal comportamento a uma queda perimenstrual de progesterona ou à tensão
pré-menstrual, mas não conseguiram comprová-la.
Quanto
à retenção hídrica, estudos mostram que a alteração do nível de progesterona
associada à fase lútea pode levar à retenção de líquidos e de sódio,
ocasionando aumento do volume plasmático logo após a ovulação, alcançando valor
máximo dois dias antes do sangramento. Sintomas como ganho de peso, dor
articular e cefaléia estão vinculados à retenção de líquidos, o que pode levar
ao ganho temporário de peso.
Uma
das possibilidades para o tratamento da sintomatologia relacionada à SPM é a
prática de atividade física. A mulher deve ser encorajada a fazer exercícios
aeróbicos pelo menos três vezes por semana, principalmente na fase lútea, com o
intuito de amenizar os sintomas.
Dicas alimentares:
- Evite o consumo de embutidos como presunto, salame, salaminho, salsicha, alimentos em conserva e salgadinhos industrializados, pois eles
contêm elevada quantidade de sal que propicia a reabsorção de água, causando
inchaços;
- Beba bastante água, sucos de frutas
naturais, água de coco, pois eles contribuem para a redução da retenção
hídrica;
- Consuma leite e derivados, tofu, vegetais folhosos verde
escuros (brócolis, couve), pois são ricos em cálcio e aliviam os sintomas das
cólicas, dor nas costas, melhora do humor e retenção de líquidos;
- Salmão, fígado, aveia, nozes, banana
possuem vitamina B6
que atua como co-fator das enzimas envolvidas no metabolismo de
neurotransmissores tais como a serotonina, aliviando a enxaqueca, diminuindo a
depressão e a irritabilidade. Auxilia na redução das tonturas, acnes, enjoos,
taquicardia;
- Cereais integrais, soja, gema de
ovo, gérmen de trigo contêm vitamina E. Esta regula a produção de
prostaglandinas e, portanto, reduz as dores de cabeça e das mamas;
- Óleo de girassol e óleos de peixes,
atum, salmão são boas fontes de ácido graxo ômega-6, que possui efeitos
positivos na diminuição da sensibilidade dos seios e das dores nas costas, além
de auxiliar no controle da retenção de líquidos.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Badawi, C. Convivendo bem com a TPM.
Disponível em: www.nutrociência.com.br
Acessado em: 22/02/2013.
Sampaio, HA de C. Aspectos nutricionais
relacionados ao ciclo menstrual. Rev Nutr, 2002, v.15, n.3, p.309-317.
Santos, LAS dos; Soares, C et al. Estado
nutricional e consumo alimentar de mulheres jovens na fase lútea e folicular do
ciclo menstrual. Rev Nutr, 2011, v. 24, n.2, p.323-331.
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