Câncer
é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o
crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e
órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.
Dividindo-se
rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis,
determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias
malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente
uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se
assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.
Os principais fatores de risco para o câncer de
cavidade oral, faringe e laringe são o tabagismo e o consumo de álcool que têm
um efeito sinérgico, enquanto que o consumo de frutas e vegetais frescos é considerado
um dos mais importantes fatores de proteção.
Os doentes com câncer de cabeça e
pescoço em radioterapia podem desenvolver mucosite (inflamação da mucosa da
boca), odinofagia (dor na passagem do alimento pelo esôfago), xerostomia
(boa seca), alteração do paladar. Em geral, esses sintomas conduzem a uma
diminuição da ingestão oral. Tais efeitos colaterais costumam aparecer na
primeira semana de radioterapia. As superfícies mucosas da cabeça e do pescoço
são áreas respondem rapidamente aos efeitos da radiação. A odinofagia leva a
uma insuficiente ingestão energética e conseqüente perda de peso corpóreo. A
irradiação das glândulas salivares resulta em salivação diminuída com queda no
volume da saliva, assim como uma mudança para uma mistura viscosa e ácida. A alteração
do paladar conduz a uma perda da sensação do paladar, ocorrendo daí uma
diminuição da percepção ao sabor dos alimentos doces e uma sensibilidade
aumentada ao amargo, graças aos danos nos microvilos das células gustativas ou
de suas superfícies. Anorexia, ou perda do apetite, é um dos problemas mais
freqüentes nesses doentes. Mudanças na função do hipotálamo, alterações na
percepção do paladar, aversão à comida, saciedade precoce, estresse psicológico
do diagnóstico do câncer têm sido sugeridos como causas da anorexia.
Avaliação Nutricional
A avaliação do estado nutricional do
paciente com câncer deve ser individualizada e basear-se em 3 indicadores:
dietéticos, antropométricos e laboratoriais.
A perda de peso em doentes oncológicos
é um sinal preocupante, provocando aumento das complicações e diminuição do
tempo de sobrevida. Destaca-se que uma perda de peso maior que 10% está
presente em pelo menos 45% dos doentes adultos oncológicos hospitalizados.
A síntese de albumina encontra-se
diminuída por cirurgia, trauma, infecção, radiação, desnutrição e etc.
A contagem de linfócitos apresenta
algumas limitações sendo que seus níveis aumentam na presença de infecções e
leucemia e diminuem na presença de câncer, estresse metabólico, durante terapia
com esteroides e no pós-operatório. A radioterapia pode levar a um decréscimo
de até 30% no número de linfócitos persistente até 5 anos após o término do
tratamento.
Tratamento
Nutricional
Quadro 1. Recomendações nutricionais para
doentes com câncer.
Manutenção de Peso
|
Ganho de Peso
|
Hipermetabólicos
Estresse ou Má Absorção.
|
|
Energia
|
25 a 30 kcal/kg/dia
|
30 a 35 kcal/kg/dia
|
> 35 kcal/kg/dia
|
Proteínas
|
0,8 a 1,0 g/kg/dia
|
1,0 a 1,2 g/kg/dia
|
1,5 a 2,5 g/kg/dia
|
Fonte: Cuppari, 2002.
Durante a quimioterapia e/ou
radioterapia, a dieta de cada paciente deve ser individualizada e adaptada de
acordo com a aceitação alimentar. Alterações de consistência podem ser
necessárias na dieta, como por exemplo, consistências branda, pastosa ou
liquidificada para facilitar a mastigação e deglutição. Aumentar a oferta de
líquidos em pacientes com secura na mucosa oral e/ou vômitos é indicado.
Excluir alimentos ácidos e temperos picantes ajuda a aumentar a aceitação da
dieta em pacientes com estomatite oral.
A prevenção e o tratamento nutricional da mucosite
oral ainda não estão totalmente estabelecidos. Algumas diretrizes incluem
alguns nutrientes importantes que podem contribuir para a prevenção e
tratamento, como os suplementos vitamínicos (vitamina C, B, E e betacaroteno) e
a glutamina. A glutamina oral demonstra ser uma opção eficaz para o tratamento
profilático da mucosite de início recente. Alguns estudos demonstraram efeitos
benéficos do uso de probióticos, pois contribuem para a modulação da microbiota
oral e inibição de citocinas pró-inflamatórias. Outra abordagem é o uso de
camomila (Chamomilla recutita), por apresentar propriedades anti-inflamatórias,
bacteriostáticas e antissépticas. Apesar do seu efeito não comprovado, a
utilização de bochechos com o chá de camomila parece conferir importante
redução no grau e no alívio dos sintomas da mucosite.
● Dieta enteral
Esta dieta pode ser utilizada em
posição pré ou pós-pilórica quando o doente apresentar trato gastrintestinal
funcionante e um ou mais dos seguintes critério:
-
IMC < 18,5kg/m²;
-
Perda de peso ≥ 10% nos últimos seis meses;
-
Aceitação alimentar da dieta via oral não atingiu 2/3 das recomendações
nutricionais;
-
Obstrução pelo tumor da cavidade oral;
-
Disfagia (dificuldade da deglutição);
-
Anorexia.
A posição da sonda nasoenteral, em
nível gástrico, é uma das vias de acesso mais utilizadas devido ao baixo custo
e à facilidade de colocação, sendo uma das vias preferenciais em doentes
submetidos à radioterapia.
Em doentes com câncer de cabeça e
pescoço, a sonda nasoenteral em posição gástrica é uma excelente escolha se a
nutrição enteral for administrada em um período menor que 4 semanas. Para um
período maior, deve-se optar preferencialmente por gastrostomia endoscópica.
A dieta indicada pode ser de
formulação-padrão, visando atingir as necessidades nutricionais dos doentes de
forma a manter e/ou recuperar seu estado nutricional.
● Nutrição parenteral
Deve ser bem avaliada sua indicação
e somente utilizada quando o trato gastrintestinal não estiver funcionando ou
se a terapia nutricional enteral adequada não puder ser oferecida (náuseas,
vômitos, obstrução ou má absorção), com impossibilidade de manutenção do estado
nutricional. Observe-se que sua eficiência como adjuvante da terapia
antineoplásica permanece controversa e portanto precisa ser limitada a
situações específicas nas quais o acesso enteral não é possível. Está indicada
em casos de trombocitopenia severa (contagem de plaquetas < 50.000 a 70.000)
que não pode ser corrigida.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Castro, RCB. Mucosite oral.
Disponível em: www.nutritotal.com.br
Acessado em: 17/08/2014.
Cuppari, L. Nutrição clínica no
adulto. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar. 1 ed. São Paulo: Manole, 2002; p.223-234.
DZK C. Toxicidade da Quimioterapia.
In: Forornes NM, Filho RJC, Tadokoro H, Freire CAR. Guias de Medicina
Ambulatorial e Hospitalar: Oncologia. Barueri: Editora Manole; 2005. p 423-433.
INCA-Instituto Nacional de
Câncer. Disponível em : www.inca.gov.br.
Acessado em 17/08/2014.
Pinho, NB. Efeito da orientação nutricional e
da terapia nutricional oral e enteral no período pré-operatório em indivíduos
com tumor de cabeça e pescoço submetidos ao tratamento cirúrgico. [Dissertação
de Mestrado]. Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, 2007.
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