quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Alimentos Termogênicos na Obesidade


 
A obesidade é caracterizada como um distúrbio do equilíbrio energético que resulta do desequilíbrio entre a ingestão e o gasto energético e influenciado por fatores biológicos e ambientais.

Devido aos problemas que ela traz à saúde, a perda de peso é necessária. Essa terapia envolve diversos fatores tais como: aumento de atividade física e diminuição da ingestão energética através de plano e reeducação alimentar, assim, ocorre um balanço energético negativo; intervenção psicológica (quando necessário), cirurgia (em casos graves).

Entretanto, há agentes que ajudam a estimular o gasto energético e estes são os alimentos termogênicos. São compostos à base de plantas, tais como chás. Esses ingredientes não possuem calorias, o que têm atraído interesse da população.

Os alimentos termogênicos possuem um certo nível de dificuldade em serem digeridos, fazendo com que o organismo consuma mais energia para realizar a digestão e, também, aumentam a temperatura corporal, assim, facilitando a queima de gordura. Entretanto, não devem ser consumidos em excesso. Recomenda-se aliar uma alimentação adequada e exercícios físicos.

A termogênese leva ao aumento no gasto energético relacionado à digestão, absorção e metabolismo do alimento. É responsável por cerca de 10% do gasto energético total (GET) e pode ser classificada por dois subcomponentes: termogênese obrigatória, é o que fornece energia para digerir, absorver e metabolizar nutrientes; e termogênese facultativa, que corresponde ao gasto energético em excesso, e pode ocorrer devido à falha metabólica do sistema nervoso simpático.

Esses ingredientes funcionais possuem o potencial de produzir efeitos eficazes para o metabolismo, saciedade, termogênese e oxidação de gorduras. Embora esses alimentos possuam efeitos positivos, devemos considerar que devem ser consumidos moderadamente, já que possuem efeito estimulante.

Há diversos exemplos desses alimentos, porém os mais citados são: pimenta-vermelha, pimenta-preta; em relação às ervas são: chá verde, chá preto.

Chá verde (Camelia sinensis): O chá verde é derivado de folhas da Camellia sinensis e, por não ser fermentado durante seu processamento, mantém a cor original de suas folhas. Possui componentes polifenólicos, tais como flavanois, flavandiois, flavonoides e ácidos fenólicos, mas a maioria de seus polifenois é composta de flavonois, que possui as catequinas como componente predominante.

Há diversos efeitos benéficos do chá verde, mas o que tem mais destaque é o efeito na redução da gordura corporal. As doses indicadas para reduzir o apetite e aumentar o catabolismo de gorduras não são precisas, mas usualmente ficam em torno de 3 copos por dia, que corresponde, aproximadamente, 240 a 320mg de polifenóis.

Segundo a American Dietetic Association (ADA Reports, 2004) o consumo de chá verde ao dia é de 4 a 6 xícaras, para haver os efeitos benéficos do chá verde à saúde. Sua forma de preparo é algo relevante para redução de sua oxidação, esquentar a água até pouco antes de ferver e despejá-la nas folhas de chá bem devagar e do alto. Deve ficar infusão durante 2 a 3 minutos. Armazená-lo por um longo período não é recomendado, o que faz com que haja perda dos compostos fenólicos. A recomendação para preparação é a seguinte: para cada litro de água, quatro colheres de sopa de erva fresca ou duas colheres de sopa de erva seca. E deve ser consumido entre as principais refeições a fim de não interferir na biodisponibilidade de nutrientes provenientes das grandes refeições.


Capsaicina: A capsaicina é o princípio ativo picante das pimentas, suas espécies contendo capsaicina são utilizadas em diversos produtos alimentícios e também em especiarias. O consumo desse aditivo das pimentas leva a um aumento da salivação, estimulação da secreção gástrica e também da mobilidade gastrintestinal. Nos últimos dez anos, a capsaicina é estudada por seus efeitos termogênico e saciante.

       Esta substância tem sido descrita no aumento da termogênese por ter um efeito potencializador na secreção de catecolaminas da medula adrenal nos ratos, isso, principalmente, devido à ativação do sistema nervoso central.

      A pimenta vermelha levou a uma redução na vontade excessiva de ingestão de alimentos e a um aumento da oxidação de lipídeos em estudos com seres humanos.

A capsaicina é apresentada como sendo eficaz, mas quando é clinicamente utilizada exige uma forte observação para uma determinada dosagem, e isso não foi mostrado ser possível ainda.

Texto elaborado por: Dra. Juliana Gonçalves


Nutricionista. Mestre e Doutora em Ciências da Saúde pelo Instituto de Cardiologia, RS.
 Especialista em Nutrição Clínica pela ASBRAN.
Especialização em Fitoterapia pela Universidade de Léon (Espanha).
Especialização em Nutrição Clínica pela Faculdade CBES.
Autora do Manual de Atendimento em Nutrição Estética, 2ª edição, editora IPGS (2011).
Coautora do livro Atendimento Nutricional em Cirurgia Plástica - Uma Abordagem Multidisciplinar, editora Rúbio (2013).

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas

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