quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Contagem de carboidratos: Por quê? Pra quem? Como se faz?

A terapia nutricional em diabetes tem como alvo manter ou melhorar o estado nutricional, a saúde fisiológica e a qualidade de vida do indivíduo, assim como tratar e/ou prevenir as comorbidades associadas. (SBD/2011)

A contagem de carboidratos foi criada na Europa em 1935, mas a ADA (American Diabetes Association) só começou a divulgá-la em 1994. No Brasil ela começou a ser usada a partir de 1997 e hoje é uma ferramenta imprescindível na vida do diabético.

Assim, como toda conduta nutricional, ela deve ser totalmente individualizada e respeitar faixa etária, nível sócio econômico, hábitos regionais, estado nutricional.

Por que o diabético se beneficia ao usá-la?

Porque lhe permite uma maior liberdade para se alimentar, ao mesmo tempo que deve seguir uma alimentação equilibrada como todas as pessoas, antes da contagem haviam muitas restrições aos diabéticos. Quando realizada adequadamente, o paciente pode comer de tudo em horários e quantidades pré estabelecidas, a contagem não leva em conta a qualidade dos carboidratos e não o tipo e sim a quantidade dele, ou seja se o carboidrato é frutose, lactose, glicose não importa, e sim a quantidade, o que possibilita a ingestão de alguns alimentos nunca antes imaginados por eles, inclusive frutas e açucares.

Por que conta-se só os carboidratos?

Porque os carboidratos são os primeiros a serem convertidos em glicose e são os que mais rapidamente elevam a glicemia. Ele é convertido em 100% no prazo de 15 minutos a 2 horas a partir da ingestão, enquanto as proteínas duram de 3 a 4 horas para serem convertidas (60%) e nas gorduras 10% apenas é convertido entre 5 a 6 horas.

A contagem deve ser feita em parceria da nutricionista especializada em Diabetes e do médico, para que seja feito o ajuste da correção da glicemia e a contagem de carboidratos com a insulina, o paciente usa uma insulina basal e outra rápida ou ultrarrápida para corrigir a hiperglicemia e para a alimentação que será feita.

Qualquer diabético pode fazer uso da terapia de contagem, mesmo os que não usam insulina (do tipo II). Ao invés do paciente receber uma lista de substituição de alimentos por grupos, ele será treinado pela nutricionista a fazer as substituições adequadas para não ultrapassar a quantidade diária e por refeições de carboidratos estabelecidas. Utilizando os manuais de contagem de carboidratos, aonde encontram-se as quantidades exatas por medidas caseiras e principalmente aprender a ler nos rótulos, ser capaz de fazer as contas para a ingestão proporcional da embalagem.

O quanto ele vai aplicar de insulina é calculado e orientado em parceria da nutricionista com o médico, para que se chegue ao Fator de Sensibilidade (usado para correção da glicemia) e o Bolus de Alimentação (quanto de carboidrato para cada unidade de insulina), para crianças por exemplo é um valor, para adolescentes outro e para adultos varia conforme o peso. Por isso, é bom deixar claro que não é sempre 1 unidade para cada 15g de carboidrato como às vezes é visto em alguns locais, mais uma vez enfatizo a necessidade da individualização.

Os alimentos por sua vez, contém uma quantidade de carboidratos por porção, que podem ser consultadas em tabelas, mas esta torna-se quase que flexível dependendo da hora do dia, da combinação do prato (por exemplo, pela quantidade de fibras na refeição) se o paciente irá ou não praticar alguma atividade física na sequência, por isso os ajustes são constantes.

A quantidade de insulina deve ser calculada com o objetivo de evitar que o paciente entre em hipoglicemia (glicemia < 70mg/dL), ou mesmo não conseguir controlar a hiperglicemia e esta manter-se muito elevada, podendo até ocasionar uma cetoacidose.

Sendo feita da maneira adequada, a contagem de carboidrato é mais um instrumento para que o diabético tenha uma vida normal e que a criança diabética seja inserida no contexto social da maneira mais natural possível.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Texto elaborado por: Nicole Trevisan
Nutricionista CRN3 33698
Educadora em Diabetes pela SBD/IDF
Mestranda em ciências pela Faculdade de Medicina da USP
Nutricionista na ADJ Diabetes Brasil em atendimento e curso de contagem de carboidratos

Referências Bibliográficas:

Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2013-2014).

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