quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Romã


Típica das festividades de final de ano, o consumo de romã, é uma das muitas simpatias para aqueles que buscam mais prosperidade no ano que se inicia. A veracidade desta superstição, infelizmente ainda não foi comprovada, porém, estudos tem evidenciado que esta fruta é uma poderosa aliada à saúde.

O consumo deste fruto de casca avermelhada preenchido por milhares de pequenas sementes é milenar e simbólico. Para os gregos o fruto representava o amor e a fecundidade. Em cerimônias e cultos romanos a romã era utilizada para simbolizar a ordem, novamente a fecundidade e a riqueza, enquanto na Idade Média foi representada em diversos contos e fábulas como ícone sanguíneo e da boa educação. 

Apesar das diversas simbologias foi o povo judeu o primeiro a associar este fruto à prosperidade. Segundo relatos da Bíblia a romã e outros frutos foram trazidos pelos 12 espias como comprovação da fertilidade da terra de Jeová. 

O fruto da romãzeira, não é somente simbólico, os primeiros povos árabes já salientavam seus poderes medicinais. A romã (Punica granatum), bem como seus sucos e extratos, estão sendo amplamente promovidos, com ou sem apoio científico, para os consumidores como um dos superalimentos novos, capazes de enfrentar variedade de doenças. A seguir destaco algumas das propriedades benéficas do consumo deste fruto. 

Saúde bucal: A romã apresenta benefícios à saúde bucal, por ter ação bactericida (mata as bactérias) e bacteriostática (impede o crescimentos) sobre bactérias Gram-positivas e Gram-negativas constituintes do biofilme dental. Os Streptococcus mutans, S. mitis, S. sanguis têm apresentado grande sensibilidade ao extrato da romã no que se refere ao crescimento e à capacidade de aderência sobre a superfície dental. Como a aderência bacteriana é um dos primeiros mecanismos envolvidos na iniciação do desenvolvimento do biofilme dental, a inibição desse processo, poderá conduzir a um controle do desenvolvimento do mesmo. O extrato da romã também é empregado para tratamentos das inflamações nos ligamentos e ossos que dão suporte aos dentes (periodontite) e em estomatites. 



Atividade antioxidante: A romã é mundialmente conhecida pelo seu elevado potencial antioxidante devido à presença de compostos fenólicos, os quais são responsáveis pela prevenção de doenças crônicas relacionadas ao estresse oxidativo como: diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. Em vários estudos, as frutas e o suco de romã demonstraram propriedades antioxidantes superiores a alimentos considerados de alta atividade antioxidante com valores três vezes superiores aos obtidos para o vinho tinto e o chá verde.

O subproduto da romã é chamado de bagaço e contém 78% de casca e 22% de sementes. Em trabalho desenvolvido por meu grupo de pesquisa verificamos que casca de romã se destaca quanto a atividade antioxidante e a quantidade de compostos fenólicos em relação a polpa do fruto, demonstrando seu potencial a ser explorado como ingrediente funcional. Isto explica porque sucos comerciais fabricados por meio de um processo em que frutas inteiras são pressionadas contêm níveis abundantes de compostos bioativos, ao passo que sucos preparados somente com a polpa possuem concentrações inferiores.

Doenças neurodegenerativas: Como vimos as romãs contêm níveis muito elevados de substâncias antioxidantes, em comparação com outras frutas e vegetais. Os polifenóis têm sido apontados como neuroprotetores em diferentes modelos experimentais. Neste contexto, embora não existam maneiras comprovadas de retardar o início ou proporcionar uma progressão lenta da doença de Alzheimer, estudos sugerem que o consumo deste fruto e/ou casca podem ser aliados no combate desta doença e outras relacionados ao sistema nervoso. 


Anti-inflamatórios: Os aumentos tanto da inflamação sistêmica quanto do estresse oxidativo estão estabelecidos como elementos chaves não tradicionais na deposição de gorduras nos vasos sanguíneos (aterosclerose). No intuito de verificar o potencial do suco de romã sobre o estresse oxidativo e processo inflamatórios pesquisadores investigaram a suplementação de suco de romã 3 vezes por semana durante o período de um ano em pacientes em hemodiálise. Os resultados da pesquisa indicaram redução significativa da oxidação de proteínas, oxidação lipídica e dos níveis de biomarcadores de inflamação. Adicionalmente, a ingestão de suco de romã resultou em uma incidência significativamente menor de internação devido a infecções. Além disso, 25% dos pacientes no grupo de suco de romã tiveram melhora e apenas 5% progressão no processo aterosclerótico, enquanto que mais de 50% dos pacientes no grupo que recebia placebo mostraram progressão e nenhum apresentou qualquer melhoria. 

Outros benefícios: Além das propriedades discutidas neste artigo, a romã tem demonstrado exercer atividades antimicrobianas, hipoglicemiantes (redução dos níveis de açúcar no sangue), atividade imunomoduladoras, além de agente quimioprotetor e adjuvante no tratamento do câncer de próstata e mama.

Que tal uma dica de receita de chá de romã! É muito simples e rápida. Basta adicionar 6 g de casca de romã em uma xícara de água pré-fervente. Para torna-lo mais saboroso adicione suco de 1/2 limão e adoce com mel. 

O chá da casca também é popularmente utilizado contra infecções de garganta, já que os compostos fenólicos encontrados principalmente nas cascas e sementes da fruta têm propriedades anti-inflamatórias capazes de aderir à mucosa, protegendo-a e aliviando as dores. Outro composto presente na romã que atua na prevenção dessas infecções são os taninos que por apresentarem forte ação adstringente diminui a secreção da mucosa. Por estes mesmos motivos, a fruta também é empregada no combate a diarreias e disenterias.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referência Bibliográfica:

Biazotto, FO. Romã é saúde. Grupo de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.alimentosfuncionais.blogspot.com.br Acessado em: 06/12/2017.

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