terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Endometriose e Nutrição


 


A endometriose é uma condição na qual um tecido semelhante ao revestimento do útero (endométrio) cresce em outras áreas do corpo, como trompas, ovários, intestino, ureteres e bexiga. De modo geral, a progressão dos sintomas é lenta, se desenvolvendo ao longo dos anos. Aderências podem se formar e grudar um órgão a outro, ou até fazer com que as tubas uterinas se fechem, o que leva à infertilidade. A formação de endometriomas (cistos sanguinolentos nos ovários) também afeta a fertilidade. Na endometriose pode haver sangramento anormal, intenso e com coágulos.

 

Ciclo menstrual

Durante o ciclo menstrual, os ovários produzem hormônios que estimulam o crescimento do endométrio em preparação para receber um óvulo fertilizado. Se não houver fecundação ocorre a menstruação, o sangramento mensal com derramamento do endométrio. Na endometriose este tecido que cresce fora do útero também responde aos hormônios, espessando e sangrando a cada ciclo menstrual. Nesta condição o fluxo sanguíneo extrauterino fica dentro do corpo, causando inflamação e muita dor. Cerca de 40% a 60% das mulheres com períodos muito dolorosos, e 20% a 30% das mulheres que não conseguem engravidar, podem ter endometriose.

 

Causas da endometriose

Endometriose é uma doença enigmática. Sua patogênese (causa ou origem, e circunstâncias que têm influência no seu desenvolvimento) é apoiada por diferentes teorias. Pesquisas relacionam a endometriose a uma desordem multigênica - múltiplos genes (mais de 830!) estão envolvidos na sua ocorrência. Ainda não há cura para a endometriose, porém há tratamentos para aliviar os sintomas e, se o caso for grave, procedimentos cirúrgicos podem ser necessários. Há também opções alternativas, que podem ser tentadas antes de se recorrer a tratamentos hormonais ou cirurgias invasivas.

 

Sinais e sintomas variados

A endometriose é uma condição crônica e debilitante que afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva. Acredita-se que metade delas pode apresentar uma endometriose ‘silenciosa’, assintomática ou com sintomas sutis. Os sintomas de endometriose são variados e se espalham por todo o corpo: períodos menstruais dolorosos com cólica intensa, sangramento excessivo, menstruação irregular, escapes no meio do ciclo menstrual, dor na relação sexual, sensação dolorosa ao evacuar e ao urinar, constipação, digestão dolorosa, náusea, dor lombar constante, dor pélvica, dor abdominal, infertilidade, dor de origem nervosa, fadiga crônica, inchaço.

 

Inflamação

Cada mulher experimenta uma variedade diferente de sintomas, o que pode dificultar o diagnóstico. À medida que a dor se torna mais severa, ela pode irradiar através da barriga, costas e pernas, sendo frequentemente descrita como um tipo de cãibra. Neste processo estão incluídos os papéis da inflamação local, inflamação neurogênica, sensibilização de nervos periféricos e sensibilização central. Como as pacientes com endometriose costumam ter comorbidades, como síndrome do intestino irritável e síndrome da bexiga hiperativa, as vias nervosas comuns que inervam o cólon, a bexiga e o trato reprodutivo feminino podem contribuir para a sensibilização cruzada entre os órgãos.

 

Alimentação

A ciência mostra que fatores alimentares atuam no desenvolvimento da endometriose, e mudanças dietéticas podem ser eficazes na prevenção. Um grande número de estudos sobre nutrição e endometriose sugere que a dieta pode influenciar no curso da doença. A ingestão frequente de frutas e vegetais, peixes ricos em ômega-3, laticínios ricos em cálcio (especialmente iogurte e kefir, fontes de probióticos) está ligada a um menor risco de desenvolver endometriose. Os fatores que atuam negativamente na endometriose incluem o consumo de alimentos ultraprocessados e pró-inflamatórios, gorduras trans, óleos vegetais poli-insaturados (soja, canola, girassol), açúcar e carboidratos simples, glúten, soja, excesso de cafeína, além de tabagismo e álcool. 

 


Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referências Bibliográficas:

*F1000 Research 2019. Endometriosis: advances and controversies in classification, pathogenesis, diagnosis and treatment.

*Nature Reviews Endocrinology 2019. Rethinking mechanisms, diagnosis and management of endometriosis.

*Frontiers in Cellular Neuroscience 2020. Pain in Endometriosis.

*Journal of Obstetrics & Gynecology & Reproductive Biology 2018. Is endometriosis associated with irritable bowel syndrome? A cross-sectional study.

*Reproductive Biomedicine Online 2020. Effects of nutrients on symptoms in women with endometriosis: a systematic review.

*American Journal of Obstetrics & Gynecology 2020. Dairy consumption during adolescence and endometriosis risk.

 

 

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