A hanseníase, também conhecida como
lepra, é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium
leprae (M. leprae) ou bacilo de
Hansen, um microorganismo intracelular que tem predileção pela pele e nervos
periféricos, de evolução lenta.
É uma doença crônica de progressão insidiosa, e poderia
ser considerada inócua se não fosse pelo dano neural resultando em deformidades
físicas que incapacitam suas vítimas na faixa etária mais produtiva de suas
vidas. O potencial incapacitante da doença está relacionado às manifestações
inflamatórias da doença, que ocorrem de forma aguda e são conhecidas por
“reações hansênicas”.
No Brasil, a hanseníase permanece como
um problema de saúde pública devido a sua magnitude, ao seu potencial
incapacitante e por acometer a população na faixa etária ativa. Através dos
esforços concentrados dos governos Federal, Estaduais, Municipais, e de
profissionais de saúde, foram obtidos resultados positivos: a redução do número
de casos novos registrados de 45.874 e o coeficiente de detecção geral de
26,61/100.000 habitantes em 2001 para 38.992 casos novos e 20,56/100.000
habitantes, respectivamente ao final de 2008.
O homem é o reservatório natural da
micobactéria e a transmissão dessa ocorre através das vias aéreas superiores. O
período de incubação pode variar em média de três a cinco anos.
Estima-se que 70 a 90% da população
seja resistente ao M. leprae devido à imunidade inata, que poderia estar
reforçada pela vacinação com BCG ou por reação cruzada em pessoas que têm
contato com o Mycobacterium tuberculosis ou outras micobactérias
atípicas.
É considerado um caso de hanseníase,
pelo Ministério da Saúde, a pessoa que apresenta uma ou mais das
características listadas a seguir, com ou sem história epidemiológica, e que
requer tratamento específico, com a poliquimioterapia:
a) lesões ou áreas da pele, com
alteração de sensibilidade;
b) acometimento neural com
espessamento de nervos, acompanhado ou não de alteração de sensibilidade e/ou
de força muscular; e
c) baciloscopia positiva para o M.
leprae
A tendência da
doença, quando não tratada, é gerar deformidades típicas e o reconhecimento na
maioria das civilizações de que a doença é transmissível de uma pessoa para
outra resultaram, historicamente, num profundo estigma social.
Tipos
de hanseníase
Doença que afeta, prioritariamente, a
pele e os nervos, a hanseníase é pouco contagiosa, não se transmite através do
toque ou de utensílios domésticos usados pelos infectados e pode se apresentar
de quatro formas: a hanseníase tuberculóide, a hanseníase indeterminada
(chamadas de formas paucibacilares), hanseníase dimorfa e hanseníase
virchowiana (formas multibacilares).
As
formas paucibacilares não são contagiantes e podem até atingir a cura
espontaneamente. Somente os portadores da forma multibacilar são transmissores
da doença e, mesmo assim, o contágio só acontece no contato íntimo e prolongado
com o hanseniano através das vias aéreas, como respiração, espirro e tosse.
Além do contato prolongado com o
bacilo, habitações pequenas e estado nutricional precário também são fatores de
risco para o contágio.
Sintomas
O Bacilo de Hansen pode atingir
diversos nervos, comprometendo a sensibilidade da pele e do corpo.
Freqüentemente, os nervos atingidos são nervos que passam pelos braços e pelas
pernas, daí o relato de hansenianos que sentem dormência e formigamento nos
braços, nas pernas, mãos e pés. Em geral, os nervos da pele também são
atingidos e, com isso, a área da pele com manchas fica dormente.
Devemos observar: manchas avermelhadas
ou esbranquiçadas com áreas de insensibilidade; formigamento e cãimbras; enfraquecimento
e dormência nos braços, mãos e pés; rarefação dos pêlos no local; surgimento de
caroços ou nódulos.
Tratamento
O tratamento pode durar de 6 meses a 2 anos e não impede o paciente
de levar uma vida absolutamente normal. O esquema de tratamento, denominado
poliquimioterapia (coquetel de comprimidos), adotado pela OMS, desde 1981,
envolve a utilização simultânea de 3 medicamentos. Como vantagens, este
tratamento destrói o bacilo e impede que ele crie resistência aos medicamentos.
Vale destacar que 2 semanas após o início do tratamento com
os medicamentos que matam o micróbio, o paciente deixa de ser fonte de
infecção. As formas mais benígmas são tratadas durante 6 meses com 2 medicamentos:
rifampicina e dapsona (sulfona). As formas contagiosas são tratadas por 2 anos
com 3 drogas: rifampicina + dapsona (sulfona) + clofasimina (quimioterápico).
Lembre-se: o tratamento leva à cura e está disponível gratuitamente nos
serviços do Sistema Único de Saúde - SUS de todo o Brasil.
Prevenção
A hanseníase é uma doença que pode ser confundida com outros
problemas dermatológicos mais simples como, por exemplo, alergias.
E também pode ficar durante algum tempo no organismo sem se
manifestar, por isso é importante observar sua pele e, ao menor sinal, dos
sintomas já descritos, principalmente da combinação "mancha com área de
insensibilidade" procure um médico dermatologista ou um serviço de saúde,
pois apesar de a hanseníase ser uma doença curável, os infectados estão
sujeitos a reações durante ou após a alta e somente o diagnóstico precoce, com
a aplicação do tratamento adequado, é capaz de resolver esse problema, que
ainda é um caso de saúde pública.
Recomendação
nutricional
Um consumo adequado de alimentos é
fator determinante para a diminuição dos efeitos colaterais provocados pelos
medicamentos. Além da escolha certa dos alimentos, como aqueles ricos em
vitaminas, torna-se necessária uma higiene adequada durante o preparo para
evitar contato com as bactérias, pois os pacientes com hanseníase já têm as
bactérias da doença e têm que evitar adquirir outras para não agravar a enfermidade.
Não há uma alimentação específica para
as pessoas com hanseníase. Deve-se priorizar uma alimentação equilibrada,
reduzindo o consumo de produtos industrializados, frituras, sal e açúcar. Cada
organismo necessita e reage de uma forma, por isso o paciente precisa se
adequar a uma alimentação que impeça ou diminua a indisposição durante o
tratamento da doença, porque há tipos e sintomas diferentes de hanseníase.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
HU orienta pacientes com hanseníase sobre a
importância da alimentação. Disponível em: www.ufjt.br
Acessado em: 10/01/2013.
Montenegro, RMN. Associação entre o estado
nutricional e a reação hansênica – um coorte de portadores de hanseníase em
municípios da grande vitória (ES).[Dissertação de mestrado], Universidade
Federal do Espírito Santo – UFES, 2010.
Montenegro, RMN; Molina, MDC; Moreira, M;
Zandonade, E. Avaliação nutricional e alimentar de pacientes portadores de
hanseníase tratados em unidades de saúde da grande Vitória, Estado do Espírito
Santo. Rev Soc Bras Med Trop, 2010: p. 1-4.
Souza, E de. Hanseníase: uma questão de sensibilidade.
Disponível em: www.centrinho.usp.br
Acessado em: 19/01/2013.
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