segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Vitamina D




Um número significativo de pesquisadores têm sugerido que a vitamina D (calciferol) não deveria ser considerada uma vitamina, mas sim um pró-hormônio. A vitamina D é sintetizada na pele por via não-enzimática por ação dos raios UV – radiação B, porém, se a exposição do indivíduo à luz não for adequada, é essencial que a vitamina seja fornecida pela fonte alimentar.

As formas da vitamina D disponíveis na natureza são a vitamina D2 (ergosterol, de origem vegetal, presente nos fungos comestíveis) e a vitamina D3 (colecalciferol, de origem animal, presente nos peixes gordurosos de água fria e profunda como atum e salmão). Entretanto, quando não se especifica a fonte para a vitamina D, se entende que esta possa representar uma mistura das duas.

A principal função biológica da vitamina D em humanos é a manutenção das concentrações de cálcio e fósforo no soro em uma variação normal. Essa regulação se dá pela maior eficiência de absorção desses minerais no intestino delgado e pela regulação das atividades osteoblástica (síntese de matriz óssea, com impregnação de íons cálcio e fosfato na mesma) e osteoclástica (responsável pela reabsorção e remodelação óssea) do osso. Portanto, o calcitriol age aumentando a absorção intestinal de cálcio, reduzindo a excreção de cálcio pelo aumento da reabsorção nos túbulos distais do rim, e mobilizando o mineral do osso.

Porém, evidências recentes sugerem o envolvimento dessa vitamina em diversos processos celulares vitais, como: diferenciação e proliferação celular, secreção hormonal (por exemplo: insulina), assim como no sistema imune e em diversas doenças crônicas não transmissíveis.

Fontes Alimentares de Vitamina D

Podemos encontrar a vitamina D em grande quantidade no óleo de peixe e em menor teor nas carnes e alimentos derivados da carne. Também podemos encontrá-la em alimentos fortificados (leite, derivados do leite, margarinas e cereais matinais) e suplementos alimentares.

A vitamina D está pouco presente na alimentação da população mundial. As melhores fontes dietéticas de vitamina D3 são peixes de água salgada (especialmente salmão, sardinha, arenque, atum e cavala), fígado e gema do ovo. Leite e manteiga são rotineiramente enriquecidos com vitamina D2.

Ambas, vitamina D3 (colecalciferol) ou vitamina D2 (ergocalciferol) são transportadas pela linfa como constituinte de quilomícrons (vide post lipídios), os quais são metabolizados em partículas remanescentes que, por sua vez, transportam a vitamina D para o fígado. No fígado, a vitamina D é convertida em 25(OH)D e em seguida à sua forma ativa, [1,25(OH)2D].

Há evidências de que o consumo de alimentos fortificados e suplementos alimentares de vitamina D aumentam as concentrações de 25(OH)D. Contudo, esta resposta depende das concentrações basais de 25(OH)D no organismo. A relação entre a ingestão de vitamina D e a concentração de 25(OH)D é de difícil interpretação, pois a avaliação do consumo de vitamina D é limitada e há variação da produção endógena de 25(OH)D.

Recomendações de ingestão de vitamina D

As recomendações de vitamina D podem ser expressas em microgramas (µg) ou em Unidade Internacional (IU). As Ingestões Dietéticas de Referência –IDRs (Dietary Reference Intakes – DRIs) incluem quatro conceitos (sendo três destes apresentados no quadro abaixo) de referência para consumo de nutrientes : EAR (Necessidade Média Estimada); RDA (Quota Diária Recomendada) e UL (Nível de Ingestão Máxima Tolerável).

Quadro 1: Recomendações dietéticas de vitamina D.

Faixa etária
EAR (IU/dia)
RDA (IU/dia)
ULI (IU/dia)
Bebê de 0 a 6 meses
**
**
1.000
Bebê de 6 a 12 meses
**
**
1.500
1-3 anos
400
600
2.500
4-8 anos
400
600
3.000
9-13 anos
400
600
4.000
14-18 anos
400
600
4.000
19-30 anos
400
600
4.000
31-50 anos
400
600
4.000
51- 70 anos para homens
400
600
4.000
51-70 anos para mulheres
400
600
4.000
> 70 anos
400
800
4.000
14-18 anos para grávidas e lactantes
400
600
4.000
19-50 anos para grávidas e lactantes
400
600
4.000
** Para bebês, a ingestão adequada é de 400 IU/dia, durante 0 a 6 meses de idade e 400 IU/dia, durante 6 a 12 meses de idade.
Fonte: IOM,2011.

Além das fontes alimentares, a vitamina D também pode ser obtida por meio da síntese endógena de vitamina D3 (colecalciferol), que ocorre na pele na presença de luz solar. Contudo, poucas evidências sugerem que a exposição à luz solar aumenta as concentrações de 25(OH)D. É importante ressaltar que a exposição à radiação ultravioleta A (UVA) e B (UVB) aumenta o risco de câncer de pele.

A produção endógena de vitamina D depende apenas dos raios UVB. A intensidade dos raios UVB varia conforme latitude, altitude, período do dia e do ano, entre outros, em contraste com a intensidade dos raios UVA, que é predominante e relativamente constante. Cabe lembrar que a mesma radiação UVB que induz à produção endógena de vitamina D na pele também é responsável pelo aparecimento do câncer.

Vários fatores podem influenciar o risco-benefício da exposição solar. Por exemplo, a melanina presente na epiderme de negros, que os protege de danos no DNA, limita a síntese de vitamina D. Em contrapartida, indivíduos de pele mais clara, com menos melanina, sintetizam a vitamina D mais efetivamente, porém apresentam maior risco de desenvolver câncer de pele. Idosos são menos capazes de sintetizar vitamina D por terem epiderme mais fina e menor concentração de 7-dehidrocolesterol, constituinte de membrana celular que a UVB converte em pré-vitamina D.

A recomendação de uma quantidade de exposição solar pode ser impraticável considerando os numerosos fatores que influenciam a formação de vitamina através da radiação ultravioleta. É difícil definir uma dose que represente um risco mínimo de câncer de pele. Portanto, a obtenção de vitamina D por meio de alimentos como substitutos da exposição solar pode ser uma forma de abster o risco de câncer de pele.

Deficiência em vitamina D


A deficiência em vitamina D pode ser observada em indivíduos que tenham pouca exposição ao sol, como já discutido anteriormente, e naqueles que tenham problemas no metabolismo lipídico. A deficiência grave em adultos leva à osteomalacia, condição caracterizada pela falha na mineralização da matriz orgânica do osso, resultando em ossos fracos, sensíveis à pressão, fraqueza nos músculos proximais e freqüência de fraturas aumentadas. Em idosos, o baixo estado nutricional em relação à vitamina D pode ser responsável pela menor absorção de cálcio e, portanto, tem efeitos importantes no desenvolvimento da osteoporose na pós-menopausa. Em crianças, a deficiência em vitamina D pode resultar no raquitismo, com anormalidades ósseas; entretanto, isso é raro nos dias atuais, devido sobretudo à fortificação de alimentos.


As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.



Referências Bibliográficas:

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Brannon PM, Yetley EA, Bailey RL, Picciano MF. Summary of roundtable discussion on vitamin D research needs. Am J Clin Nutr. 2008;88(2): p.587S-592S.

Castro, LCG de. O sistema endocrinológico vitamina D. Arq Brasil Endocrinol Metab 2011, v.55, n.8, p. 566-575.

Cozzolino, SMF. Biodisponibilidade dos nutrientes. 1ed. Manole: São Paulo, 2005. p. 258-271.

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Hollis BW. Measuring 25-hydroxyvitamin D in a clinical environment: challenges and needs. Am J Clin Nutr. 2008;88(2): p.507S-510S.

Schuch, NJ; Garcia, VC; Martini, LA. Vitamina D e doenças endocrinometabólicas. Arq Bras Endocrinol Metabol 2009, v.53, n.5, p. 625-633.

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