As queimaduras são lesões cutâneas
causadas pela ação direta ou indireta do calor e as principais causas são a
chama direta, o contato com água fervente ou líquidos quentes, chamado de
escaldamento; o contato com superfície aquecida; gordura quente; ferro quente;
vapor; através do fogo; a corrente elétrica; raio e também por agentes químicos
(solvente, soda cáustica, alvejantes ou qualquer ácido ou álcalis).
Estas lesões podem comprometer
diferentes estruturas orgânicas e são avaliadas em graus, conforme a
profundidade do trauma nos tecidos. Quanto à profundidade:
●
Queimadura de 1º grau: o comprometimento
está restrito à epiderme (camada superficial da pele). O local da lesão
apresenta eritema, calor, e dor; a evolução é rápida com descamação e a repercussão
sistêmica é mínima.
●
Queimadura de 2º grau: o comprometimento envolve não somente toda a epiderme
como também parte da derme (segunda camada da pele). O local da lesão apresenta
dor, eritema (vermelhidão), edema, flictenas (bolhas), erosão e ulceração; a
cicatrização é mais lenta e podem ocorrer seqüelas como a discromia (alteração
na pigmentação da pele) ou a cicatriz.
●
Queimadura de 3º grau: há destruição da epiderme e derme podendo atingir o
tecido subcutâneo, tendões, ligamentos, músculos e ossos; a lesão apresenta-se
esbranquiçada ou negra, seca, dura e inelástica; não há dor devido a destruição
das terminações nervosas (responsáveis pela condução da sensação de dor); não
há retorno capilar e os vasos sanguíneos estão comprometidos por coagulação;
não há regeneração espontânea sendo indicada enxertia e quando há cicatrização
esta apresenta retração de bordas.
Outro aspecto importante a ser
avaliado refere-se à extensão da superfície corporal queimada (SCQ), a qual
deve ser avaliada o mais precisamente possível por ser um dos fatores que mais
influencia na repercussão sistêmica e na sobrevida do paciente.
A extensão de uma queimadura é
representada em porcentagem da área corporal queimada.
●
Leves (ou “pequeno queimado”): atingem menos de 10% da superfície corporal.
●
Médias (ou “médio queimado”): atingem de 10% a 20% da superfície corporal.
●
Graves (ou “grande queimado”): atingem mais de 20% da área corporal.
Duas regras podem ser utilizadas para
'medir' a extensão da queimadura:
Regra dos nove: é atribuído, a cada segmento corporal, o valor nove (ou
múltiplo dele):
o cabeça - 9%
o tronco frente - 18%
o tronco costas - 18%
o membros superiores - 9%
o membros inferiores - 18%
o genitais - 1%
Fonte:
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Regra da palma da mão: geralmente a palma da mão de um
indivíduo representa 1% de sua superfície corporal. Assim pode ser estimada a extensão
de uma queimadura, calculando-se o “número de palmas”.
A localização das lesões também é um
indicativo importante a ser considerado no cuidado prestado ao paciente, pois
as queimaduras de face, pescoço e mãos devem receber maior atenção para reduzir
o prejuízo estético e funcional.
Muitas vezes, as vítimas de
queimaduras podem apresentar lesões de vias aéreas causadas pela inalação de
fumaça, a qual é apontada como uma das principais causas de mortalidade, tanto
pela ação térmica direta quanto pela inalação de substâncias tóxicas e presença
de toxinas locais.
Sabe-se que a queimadura rompe a
integridade da pele comprometendo suas funções e a resposta local é o
surgimento de necrose de coagulação decorrente da trombose dos vasos que
conseqüentemente acarreta repercussão sistêmica variando de intensidade.
Uma das complicações mais expressivas
nos pacientes queimados é a sepse que, em muitos casos, pode evoluir para
óbito.
Outras complicações, também comuns
nestes pacientes, são as cardiovasculares e o comprometimento da função renal,
diretamente associadas a hipovolemia (redução do volume sanguíneo). Entre as
cardiovasculares tem-se a hipotensão (redução da pressão arterial), aumento da
freqüência cardíaca e o choque.
Alimentação e
nutrição
Os pacientes com queimaduras ocupando mais de 25%
da superfície corporal (SC) e as crianças com superfície corporal queimada
(SCQ) acima de 15% merecem maior atenção no aspecto nutricional, uma vez que
raramente são capazes de ingerir quantidade suficiente de nutrientes para
manter uma nutrição adequada. Porém, são nas lesões graves (segundo e terceiro
graus), que comprometem mais de 30% da SC dos adultos e 20% da SC das crianças,
que se indica a terapia nutricional por sonda, após a estabilidade
hemodinâmica.
Em casos de área queimada inferior a 20%, a terapia
nutricional pode ser instituída quando:
• Há história prévia de desnutrição;
• Perda de peso importante no decorrer da internação;
• Em lesões de cavidade oral que limitem a ingestão diária;
• Em situações de doenças associadas, como fraturas ou trauma de crânio.
A dieta via oral inicia-se nas primeiras 6 horas
pós-injúria, com consistência e volume adaptados de acordo com a tolerância de
cada paciente, mesmo em queimaduras mais graves, que cursam com maior instabilidade,
ou nas lesões de face, onde a dieta líquida é melhor tolerada.
As complicações mais freqüentes podem estar
associadas a quadro de náuseas, vômitos e distensão abdominal, principalmente
na fase inicial, sendo minimizado com uso regular de antieméticos (medicamentos
utilizados para o alívio de sintomas como enjôo, náuseas e vômitos).
Normalmente pacientes com SCQ igual ou inferior 20%
conseguem obter adequado aporte protéico-calórico somente pela via oral,
podendo ser indicada em alguns casos à utilização de suplementos.
A nutrição enteral (NE) por sonda, associada à
dieta oral, está indicada em pacientes com SCQ superior a 30% ou em casos de
comprometimento do estado nutricional prévio ou no decorrer da internação. Foi
demonstrado que o início da alimentação enteral logo após o trauma atenua
marcadamente a resposta hipermetabólica (acelerada).
Embora existam controvérsias com relação à
composição ideal da nutrição a ser oferecida, fica claro que estes pacientes
requerem quantidades aumentadas de calorias e proteínas. A desnutrição
protéico-calórica no queimado é evidenciada por grande perda de peso e balanço
nitrogenado acentuadamente negativo, consequências comuns da resposta
metabólica à queimadura.
A oferta de carboidratos é fundamental, já que a
área queimada e os componentes celulares do sistema imune são consumidores de
glicose. Além disso, a administração de carboidratos minimiza o catabolismo
protéico.
O metabolismo protéico é profundamente alterado. Os
aminoácidos constituem a principal fonte energética na fase aguda da lesão. A
alanina e a glutamina são maciçamente mobilizadas para gliconeogênese (é o
processo através do qual precursores como lactato, piruvato, glicerol e
aminoácidos são convertidos em glicose. Ocorre principalmente no fígado e em
menor extensão nos rins). A reposição de proteínas é importante para melhora na
sobrevida e no processo cicatricial.
A oferta de lipídeos complementa com a glicose o
preenchimento das necessidades energéticas, fornece ácidos graxos essenciais e
propicia um melhor balanço nitrogenado. Os lipídeos tornaram-se reconhecidos
como moduladores do metabolismo, com importantes funções nutricional,
estrutural e reguladora. A provisão de 25% a 30% das calorias não protéicas
minimiza os problemas gerados com a administração excessiva de glicose.
Estados graves inflamatórios, como queimaduras,
geram enormes quantidades de radicais livres, cujas ações deletérias não
encontram defesa suficiente nos agentes antioxidantes disponíveis.
Dentre os nutrientes com ação antioxidante
salientam-se, principalmente, as vitaminas A, C e E, minerais, como zinco,
selênio, e também a cisteína.
DICAS:
-
Não use nunca:
pasta de dente, pomadas, clara de ovo, manteiga, óleo de cozinha ou qualquer
outro ingrediente sobre a área queimada.
-
Não remova tecidos
grudados: corte cuidadosamente e retire o que estiver solto.
-
Não estoure bolhas.
- Queimaduras Térmicas: Esfrie a queimadura com água fria. Não
use gelo. Cubra a queimadura com uma faixa esterilizada ou pano limpo.
Remova anéis, cintos, sapatos e roupas antes do corpo ficar inchado. Caso a roupa grude na pele, não remova. Corte – a cuidadosamente e retire a parte que não grudou. Procure ajudar médica.
Remova anéis, cintos, sapatos e roupas antes do corpo ficar inchado. Caso a roupa grude na pele, não remova. Corte – a cuidadosamente e retire a parte que não grudou. Procure ajudar médica.
-
Queimaduras elétricas:
Não toque na vítima antes de desligar a corrente elétrica. Todos os traumas
elétricos, independentemente do tamanho, necessitam de atendimento médico.
-
Queimaduras químicas: Enxágüe
a pele por pelo menos 20 minutos com água corrente. Remova a roupa contaminada
e evite que o produto químico se espalhe por outras áreas. Se os olhos forem
afetados, enxágüe em água corrente até que chegue ajuda médica. Caso use lentes
de contato, remova – as imediatamente. Não use nenhuma substância
neutralizadora.
Atenção!
Queimaduras
no rosto, nas mãos e nos pés devem sempre ser consideradas sérias e receber
atenção médica imediata.
Se
suas roupas pegarem fogo, pare, deite e role no chão até o fogo apagar, ou se
embrulhe num cobertor ou pano grosso para abafar o fogo. Não Corra!
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Instituto Pró-Queimados. Disponível em: www.proqueimados.com.br Acessado em:
01/02/2013.
Montes, SF; Barbosa, MH; Sousa Neto, ML de.
Aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes queimados internados em um
hospital de ensino. Rev. Esc. Enferm USP, 2011; v.45, n.2; p.369-373.
Queimados. Disponível em: www.einstein.br Acessado em: 31/01/2013.
Queimaduras. Disponível em: www.ufrrj.br Acessado em: 31/01/2013.
Serra, MCVF et al. Terapia nutricional no
paciente queimado. Rev. Bras Queimaduras, 2011; v.10, n.3; p.93-95.
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