Os alimentos fontes de carboidratos
contêm vitaminas e minerais, além de outros componentes como fitoquímicos e
antioxidantes. O consumo de uma ampla variedade de alimentos fontes de
carboidratos é recomendado para garantir uma alimentação nutricionalmente
adequada.
Os carboidratos são digeridos e
absorvidos ao longo do intestino delgado em diferentes velocidades, dependendo
de inúmeros fatores relacionados aos próprios alimentos. Estes fatores podem
interferir na sua utilização, resultando em diferentes respostas glicêmicas.
Para auxiliar a seleção de
alimentos, foi criado o índice glicêmico (IG). O índice glicêmico foi
desenvolvido por Jekins et al. em 1981, a partir da comparação dos efeitos
fisiológicos de alimentos contendo carboidratos em relação à sua composição
química.
O índice glicêmico indica
quanto um alimento aumenta a concentração de glicose sanguínea em relação à
glicose pura, que tem um índice glicêmico de 100. O índice glicêmico de um
alimento depende de fatores como a forma na qual o alimento é ingerido (líquido
x sólido), seu conteúdo de fibra, proteína, gordura e o método de processamento
e preparação do alimento.
Sugere-se que as respostas hormonais
associadas às dietas com elevado índice glicêmico, como a hiperinsulinemia,
promovem ganho de peso excessivo, provavelmente, por diminuir os níveis
circulantes de combustíveis metabólicos, por estimular a fome e por favorecer a
estocagem de gordura.
Os carboidratos com cadeias maiores
como os polissacarídeos (carboidratos complexos, vide post sobre carboidratos)
ainda apresentam um índice glicêmico menor, liberando energia de forma mais
equilibrada e constante para os tecidos.
Índice Glicêmico dos
Alimentos
O conceito de índice glicêmico foi
proposto devido ao reconhecimento que diferentes alimentos contendo a mesma
quantidade de carboidrato possuem diferentes efeitos fisiológicos. Alimentos
com baixo índice glicêmico promovem menor elevação da glicemia pós-prandial
(após a refeição), devido à sua lenta taxa de digestão e absorção. Por outro
lado, os alimentos com alto índice glicêmico proporcionam um maior aumento da
glicemia por serem digeridos e absorvidos mais rapidamente.
A seguir está indicada a fórmula
utilizada para expressar o índice glicêmico:
IG = aumento da área
abaixo da curva glicêmica do alimento testado x 100
área correspondente após
porção equicarbonada* do padrão
* que contenham o mesmo
teor de carboidratos.
Gráficos 1 e 2 – Efeito da glicose pura (50g) e do pão branco (50g) sobre os níveis de glicose no sangue.
São classificados como de baixo índice glicêmico quando for < 55, índice glicêmico intermediário
quando fica entre 56-69 e alto índice
glicêmico quando for maior que 70. Deve-se ter em mente que o IG dos
alimentos pode ser influenciado por uma série de fatores. Os fatores que afetam
a motilidade intestinal e a secreção de insulina apresentam um efeito direto
sobre este parâmetro. A proporção entre os tipos de carboidratos (amilose ou
amilopectina) ingeridos, o teor de fibras e de macronutrientes que compõem os
alimentos da refeição o grau de processamento do grânulo de amido, o método e o
tempo de cocção são alguns dos fatores passíveis de exercer influências sobre o
IG.
Também podemos considerar que os alimentos
com alto índice glicêmico são
aqueles que, após digeridos e absorvidos, provocam um aumento na taxa da
glicose sanguínea acima de 90mg/dL; alimentos com índice glicêmico intermediário, aqueles que o aumento da
glicose fica entre 70 e 90mg/dL; e baixo
índice glicêmico os alimentos que elevam pouco a glicose, em taxas
inferiores a 70mg/dL.
Alguns autores constataram que as
dietas de alto IG apresentam menor poder de saciedade, resultando em excessiva
ingestão alimentar, favorecendo o aumento de peso corporal. A ingestão de
alimentos ricos em fibras e de baixa densidade energética têm sido uma das
estratégias recomendadas para o controle do apetite.
O índice glicêmico pode variar com o
tipo de carboidrato, a forma de preparo, o conteúdo de fibras alimentares,
gorduras e proteínas, e a presença de antinutrientes, como a lecitina,
saponina, taninos, fitatos e inibidores de amilase.
►
Índice
Glicêmico Baixo: maçã, laranja, pêssego, pêra, ameixa, massas em
geral, feijão, lentilha, soja, ervilha, amendoim, leite e iogurte.
|
►
Índice
Glicêmico Intermediário: biscoitos, arroz, trigo, banana, manga,
mamão papaia e suco de laranja.
|
►
Índice
Glicêmico Alto: pães em geral, cereais matinais, batata cozida,
cenoura, beterraba, abóbora, uva passa.
|
Fonte: Isosaki & Cardoso, 2004.
Os
pães têm amido totalmente gelatinizado (o processo de transformação do amido granular em
pasta viscoelástica. Durante o aquecimento de dispersões de amido em presença
de excesso de água, inicialmente ocorre o inchamento de seus grânulos até
temperaturas nas quais ocorre o rompimento dos grânulos, com destruição da
ordem molecular e mudanças irreversíveis nas suas propriedades.), portanto, um alto índice glicêmico,
em decorrência da alta temperatura de cocção e da mistura excessiva a que são
submetidos durante o processamento.
Os produtos lácteos colaboram com a
redução de efeitos hiperglicêmicos da dieta. O leite integral, especificamente,
possui como açúcar natural a lactose, um dissacarídeo que deve ser digerido em
seus açúcares componentes antes da absorção. Os dois açúcares resultantes,
glicose e galactose, competem entre si pela absorção. Assim, além da proteína e
a gordura do leite reduzirem o IG desse alimento, a competição entre esses
monossacarídeos retarda a absorção e também diminui o índice glicêmico.
O arroz é um alimento com baixo teor
de amilose e com muita amilopectina, sendo seu amido altamente gelatinizado
durante o cozimento e, portanto, facilmente decomposto por enzimas digestivas,
daí seu IG moderado.
Para alguns autores, a maioria das
frutas tem baixo IG e confere o referido efeito redutor no índice glicêmico das
refeições devido ao seu alto teor de fibras, embora isso não possa ser
generalizado para todos os componentes desse grupo de alimentos.
Carga Glicêmica (CG)
A carga glicêmica da dieta seria o
resultado do efeito glicêmico da dieta como um todo, sendo uma medida de
avaliação da quantidade e qualidade de carboidratos, considerando o efeito na
glicemia do consumo de uma porção usual de um alimento. Sendo assim, a CG representa a quantidade de carboidrato contida
na comida, o que quer dizer que alimentos com CG alta, tem uma proporção maior
de carboidratos do que aqueles com CG baixa (que devem possuir maiores
proporções de proteínas e/ou gordura).
A CG é calculada pelo produto do IG do
alimento e a quantidade de carboidrato disponível presente na porção consumida,
divididos por 100. Assim, o valor de CG seria mais indicado para ser utilizado,
pois nem todo alimento de alto IG apresenta também alta CG. A CG de uma dieta
mista é calculada pela somatória da CG dos alimentos que a compõem e a
classificação da CG do alimento e da dieta, utilizando a glicose como alimento
referência.
CG do alimento = IG x
Carboidrato disponível na porção
100
Quadro 1: Classificação
da CG do alimento e da dieta utilizando a glicose como alimento referência.
Classificação
|
CG do alimento
|
CG da dieta
|
Baixa
|
Menor ou
igual a 10
|
Menor ou
igual a 80
|
Alta
|
Maior ou
igual a 20
|
Maior ou
igual a 120.
|
Fonte: Sociedade
Brasileira de Diabetes.
A CG fornece uma noção mais real do
efeito glicêmico de diferentes porções alimentares, mas precisa ser avaliada
com cuidado porque os valores referentes ao tamanho das porções podem variar
para cada país e para cada pessoa, podendo haver, conseqüentemente, alteração
na quantidade de carboidrato e nos valores da CG.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
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Bibliográficas:
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