No
Brasil existiam 15 milhões de pessoas no ano de 2000 (8,6% da população) com
idade acima de 60 anos e a estimativa para 2025 é que este número alcance 32
milhões (13% da população). Este envelhecimento populacional acelerado também
terá reflexos no aumento do número de idosos institucionalizados, os quais, por
alterações metabólicas, fisiológicas, anatômicas e psicossociais inerentes à
idade, são considerados vulneráveis do ponto de vista nutricional.
O desequilíbrio nutricional no idoso
está reconhecidamente relacionado ao aumento da mortalidade, à susceptibilidade
a infecções e à redução da qualidade de vida. Na senescência é comum a coexistência
de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, pulmonares,
o diabetes melito, além do uso prolongado de medicamentos que interferem
no apetite, no consumo e na absorção de nutrientes.
Os idosos têm elevada prevalência de
riscos nutricionais, que incluem baixa renda, isolamento social, deficiência
visual, ausência de dentição, depressão, demência, luto, alcoolismo,
dificuldades de mobilidade, necessidade de assistência para a compra de
alimentos, para o preparo dos alimentos e para se alimentar.
A promoção de um estado nutricional
adequado na população idosa é questão central para a abordagem dos problemas
levantados anteriormente. O estado nutricional também é relacionado com o
melhor desempenho em atividades instrumentais da vida diária, que é um
importante determinante da qualidade de vida do idoso.
Metabolismo
energético
A taxa metabólica dos indivíduos
idosos é reduzida em relação aos adultos jovens e de meia-idade. Essa redução
na taxa metabólica de aproximadamente 10% por década é um fator a ser
considerado na determinação do gasto energético.
O metabolismo é diminuído pelo
decréscimo do consumo de oxigênio, decorrente da perda da atividade metabólica
dos tecidos. A menor atividade física acarreta declínio da massa magra e
decréscimo das necessidades calóricas diárias, a que se deve ficar atento para
não criar um desbalanço entre consumo e gasto de energia, ocasionando
obesidade.
Pelas RDA (ingestão diária
recomendada), o valor de energia recomendado para homens de mais de 51 anos é
2.300kcal e, para mulheres, 1900kcal. Não foram estabelecidas recomendações de
energia para diferentes faixas acima dos 51 anos. É importante que os idosos
passem por uma avaliação nutricional para que se possam estabelecer,
adequadamente, as suas necessidades energéticas.
A maioria dos estudos mostra uma
redução da taxa metabólica basal (TMB) com o envelhecimento, pelo menos
parcialmente relacionada à alteração da composição corporal (redução da massa
magra e aumento do tecido adiposo).
Metabolismo
dos carboidratos
A capacidade para a metabolização da
glicose deteriora-se com a idade. Nos adultos jovens, uma tolerância à glicose
anormal associa-se ao desenvolvimento e manifestação do diabetes melito. Já nos
adultos com idade avançada, é mais difícil diferenciar as alterações no
metabolismo da glicose relacionadas à idade da seqüela patológica da
enfermidade.
Os carboidratos dietéticos devem
corresponder aproximadamente 55 a 60% do valor energético total ingerido pelo
idoso. Devem-se priorizar os carboidratos complexos (arroz, pães, macarrão e cereais
integrais, leguminosas, batata), como forma de minimizar os picos
hiperglicêmicos observados no quadro de intolerância à glicose, presente com a
evolução da idade. Os carboidratos complexos são veículos de importantes
vitaminas e fibras dietéticas. Estas últimas beneficiam o trânsito intestinal,
amenizando o quadro de constipação apresentado por um número relativamente
grande de indivíduos nesta faixa etária.
Uma alimentação com baixo teor de
carboidratos pode desencadear perda de peso corporal, ao mesmo tempo em que
facilita o desvio da fração protéica orgânica. Esta alteração funcional
prejudica a manutenção do balanço nitrogenado e compromete a integridade da
massa muscular, a concentração das proteínas plasmáticas e a função
imunológica.
Metabolismo
protéico
A diminuição da massa muscular com a
idade contribui grandemente para a debilidade dos idosos causada pela perda de
força e declínio da reserva funcional, os quais frequentemente levam à redução
da mobilidade, instabilidade postural e quedas.
A redução da massa protéica com o
avançar da idade pode ser resultado de inúmeros fatores, como:
-
redução da taxa de síntese protéica,
-
aumento da degradação de proteínas,
-
diminuição da ingestão de proteínas e/ou energia,
-
redução das atividades contráteis voluntárias
O idoso possui diminuição importante
no fluxo sanguíneo renal, da liberação de creatinina e da taxa de filtração
glomerular, porém não é necessária a restrição de proteínas, exceto em casos de
deficiência da função renal. Nestes casos, a dieta prescrita deve ser
apropriada para a doença, seguindo as mesmas diretrizes referentes ao adulto,
com dieta hipoprotéica de até 0,6g de proteína por quilo de peso.
São recomendados 0,8 a 1,0g de
proteína por quilo de peso em idosos saudáveis sem doenças renais. A RDA de
proteína é de 56g para homens e 46g para mulheres. Fontes de proteína de alto
valor biológico:
Metabolismo
lipídico
A digestão de gorduras no idoso é
equivalente a de adultos normais quando consumidas em quantidades moderadas. No
entanto, a restrição de lipídios na dieta é relacionada com a redução na
ingestão calórica total.
Os lipídios devem contribuir com
cerca de 25 a 30% do VET (valor energético total), gorduras poli e
monoinsaturadas devem ser priorizadas, uma vez que é considerável a relação
idade, consumo dietético de gorduras e doenças cardiovasculares.
Alimentos ricos em ácidos graxos
mono e poliinsaturados podem ser prescritos na dieta, como peixes, óleos e
castanhas. Em geral, esses são alimentos caros, com exceção da sardinha e do
atum. A gordura poliinsaturada ômega-3, quando ingerida em grande quantidade,
pode ser benéfica na redução da produção de citocinas pró-inflamatórias como a
interleucina IL-1 e o fator de necrose tumoral, bem como na produção de
eicosanóides (mediadores inflamatórios, que modulam a resposta inflamatória) e
prostaglandinas (substâncias pertencentes à família dos eicosanóides).
Os monoinsaturados têm papel
protetor, diminuindo a sensibilidade das membranas à peroxidação lipídica, que
é um processo de dano celular mutagênico e carcinogênico. Esse tipo de gordura
está associado, em alguns estudos limitados, à proteção da cognição,
principalmente na doença de Alzheimer, e as gorduras saturadas e trans podem
aumentar o risco.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
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