A obesidade infantil vem aumentando de forma significativa ao longo dos anos, tornando-se uma espécie de epidemia em vários países. Tal fato é motivo de preocupação, tendo em vista haver um consenso por parte de pesquisadores e profissionais da área de saúde de que a obesidade é um importante determinante para o surgimento de várias complicações e agravos à saúde ainda na infância e também na vida adulta. Ela não afeta apenas as características físicas externas, mas influencia fatores fisiológicos, estando associada também ao desenvolvimento de diversos problemas de saúde, como diabetes tipo 2, doenças coronarianas, aumento da incidência de certas formas de câncer, complicações respiratórias e problemas osteomioarticulares.
Os fatores que poderiam explicar
essa tendência de aumento da obesidade parecem estar mais relacionados às
mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares. Atualmente é possível
observar algumas mudanças no perfil nutricional da população, decorrentes de
modificações na estrutura da dieta, o que tem sido denominado de “transição
nutricional”. Pode-se observar que as mudanças convergem para uma dieta rica em
gorduras (principalmente de origem animal), açúcar e alimentos refinados e
reduzida em carboidratos complexos e fibras; além de declínio progressivo da
atividade física.
A Pesquisa de Orçamentos Familiares
(POF 2008-2009) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, apresentou um aumento importante
no número de crianças acima do peso no país, principalmente na faixa etária
entre 5 e 9 anos de idade. O número de meninos acima do peso mais que dobrou
entre 1989 e 2009, passando de 15% para 34,8%, respectivamente. Já o número de
obesos teve um aumento de mais de 300% nesse mesmo grupo etário, indo de 4,1%
em 1989 para 16,6% em 2008-2009. Entre as meninas esta variação foi ainda
maior.
O papel do ambiente familiar aparece
de forma bastante marcante no contexto do excesso de peso. Alerta-se que um dos
maiores riscos para a obesidade infantil é a obesidade dos pais,
considerando-se tanto o estilo de vida quanto a carga genética. Estudos
apontam que quando pai e mãe apresentam obesidade a chance da criança ser obesa
é de 80%. Em contrapartida, quando nenhum dos pais é obeso a chance é reduzida
a 7%.
A alimentação a partir dos primeiros
anos de vida assume caráter decisivo quanto ao possível desenvolvimento de
doenças que poderão comprometer a saúde do indivíduo quando adulto, principalmente
por saber-se que o processo aterosclerótico começa a desenvolver-se na
infância, período em que as estrias gordurosas, precursoras das placas
ateroscleróticas, começam a aparecer na camada íntima da aorta, por volta dos 3
anos de idade, podendo progredir significativamente na terceira e quarta
décadas de vida.
Alguns autores citam que o risco de
uma criança obesa permanecer nesta condição na vida adulta é de 25%, aumentando
para 80% quando o excesso de peso se instala durante a adolescência. Desta forma,
pode-se inferir que medidas de educação nutricional se tornam cada vez mais
decisivas diante dos números alarmantes de sobrepeso e obesidade verificados
atualmente, especialmente entre crianças e adolescentes. Cabe ressaltar que o
comportamento alimentar tem suas bases fixadas na infância, diretamente
influenciado pela família, portanto, a freqüência com que os pais demonstram
hábitos alimentares saudáveis influencia o comportamento alimentar dos filhos
de maneira positiva e duradoura.
Diagnóstico
O Índice de Massa Corpórea (IMC) é
utilizado para classificação da obesidade no adulto, mas o seu uso em crianças
e adolescentes é inadequado. A Coordenação Geral da Política de Alimentação e
Nutrição do Ministério da Saúde do Brasil adota as curvas desenvolvidas pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2007, que incluem curvas de IMC desde o
lactente até os 19 anos de idade e utilizam pontos de corte para sobrepeso e
obesidade. Curvas em escore Z para o IMC também estão disponíveis. Tais curvas
são fundamentais tanto para o diagnóstico quanto para a avaliação da evolução
do paciente durante o tratamento.
A avaliação de adiposidade através
das medidas de pregas cutâneas é pouco reprodutível e sua utilidade na prática
clínica é limitada. Outros exames para avaliação de gordura corporal, como
bioimpedância, ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância
magnética e densitometria também não são utilizados rotineiramente.
Prevenção e Educação
Nutricional
Uma das maneiras de prevenir doenças
crônicas, apontadas como a principal causa de morte na idade adulta, são os
programas de educação nutricional. A modificação de determinados comportamentos
na infância promove a redução dos riscos de doenças que se manifestam na
maturidade.
O ambiente familiar influencia o
desenvolvimento da obesidade na criança. Hábitos de ingerir “fast-food”,
modificações da composição dos alimentos com ingestão de alimentos densos,
ricos em gorduras, refrigerantes, porções de alimentos ricos em açúcar com
altos índices glicêmicos e aumento da porção das refeições são hábitos da
família que podem levar à obesidade infantil. A atividade física dos pais
influencia a freqüência de exercícios dos seus filhos.
A tentativa de mudanças nos hábitos
de vida das crianças obesas torna-se essencial, promovendo o estímulo para a
prática de exercício físico, assim como estimulando a criança a realizar
refeições mais saudáveis e bem equilibradas.
O tratamento da criança obesa não pode
ser isolado da família. Programas de tratamento de crianças obesas que incluem
múltiplos membros da família têm mais sucesso a longo prazo que programas que
incluem somente a restrição alimentar da criança obesa.
Quanto à orientação dietética, é
fundamental que ela determine perda de peso controlada ou a manutenção do
mesmo, crescimento e desenvolvimento normais, ingestão de macro e
micronutrientes em quantidades adequadas para idade e sexo, redução do apetite
ou da voracidade, manutenção da massa muscular, ausência de consequências
psicológicas negativas e manutenção dos hábitos alimentares corretos e
modificação dos inadequados. Crianças menores devem manter o peso ou ganhar
pouco peso, mais do que perder, para que não comprometam seu desenvolvimento.
Devemos utilizar fundamentos
concretos, introduzindo cardápios e sugestões criativas e nutritivas. As
mudanças devem ser estimuladas, sem imposições. Proibir a ingestão e lanches,
geralmente substitutos do jantar, pode ser uma atitude infrutífera. As
propostas de educação nutricional, quando incluem atividades práticas, permite
que as crianças e adolescentes estabeleçam contato com o alimento e se tornem
responsáveis pelos seus hábitos. Inicialmente, o aconselhamento nutricional
pode visar minimizar erros alimentares, apresentando opções mais saudáveis para
cardápios e lanches.
Deve-se incluir na pratica diária
das crianças e adolescentes obesos movimentos espontâneos como brincar, correr,
saltar, ir andando para a escola, etc. Iniciar uma alimentação mais saudável e
equilibrada e, se possível, adotar prática regular de atividades físicas
programadas.
De acordo com o Guia Alimentar para a
População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde, a prática regular de
atividade física é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um
fator tão importante quanto a alimentação saudável na proteção à saúde.
Estima-se que 70% da população brasileira faça pouca ou quase nenhuma atividade
física. Em relação as crianças, o guia relata que as crianças fisicamente
ativas apresentam um melhor desempenho escolar, melhor relacionamento com os
pais e colegas e terão, provavelmente, menor tendência a fumar ou utilizar
drogas.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
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Obesidade infantil e bullying: a ótica dos professoras. Rev Educação e Pesquisa
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Melo, MA. Diagnóstico da obesidade infantil.
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica
–ABESO. Disponível em: www.abeso.org.br
Acessado em: 30/04/2013.
Mello, ED; Luft,
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