A chia (Salvia hispanica L) é uma oleaginosa muito nutritiva nativa do sul do México e do norte da Guatemala. A semente de chia contém boas
quantidades de gordura, de proteína, de carboidrato, de fibra dietética,
vitaminas e minerais, bem como uma quantidade alta de antioxidantes. Os
nutrientes que mais chamam a atenção por sua quantidade elevada são os ácidos
graxos poli-insaturados (ácido linolênico) e a fibra alimentar (fibra solúvel)
(Mohd Ali e cols., 2012). É importante
destacar que a dieta do brasileiro é rica em alimentos ricos em ácidos graxos
poli-insaturados n-6, como por exemplo, os óleos de milho, girassol e soja,
enquanto que o consumo de alimentos ricos em ácidos graxos poli-insaturados n-3
ainda é baixo. É sabido que a ingestão adequada dessas gorduras tem um papel
importante na prevenção e melhora de doenças crônicas não transmissíveis, como
a aterosclerose, o diabetes melitus e a obesidade (Andrade
& Carmo, 2006; IBGE, 2011).
Poucos estudos foram
conduzidos avaliando o benefício da chia. Um estudo conduzido por Nieman e
cols., (2009) avaliou o efeito da semente de chia sobre os fatores de risco
associados à obesidade e a perda de peso em adultos com sobrepeso/obesidade. Os
autores verificaram que a ingestão de 50 gramas por dia da semente chia por 12
semanas não influenciou a massa corporal
ou composição, não acarretando efeitos, também, sobre várias
medidas de fatores de risco da obesidade.
Por outro lado, em estudo conduzido por Chicco e cols. (2009) sobre
dislipidemia e resistência à insulina induzida pela ingestão de uma dieta rica
em sacarose, o qual investigou os benefícios da ingestão da semente chia por
ratos durante 16 semanas, pôde-se verificar que a semente de chia preveniu o
aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis, uma vez que, em longo
prazo, a semente na dieta reduziu a adiposidade visceral e normalizou os quadros
de dislipidemia e a resistência à insulina. No entanto, se tentarmos reproduzir
este estudo em humanos, ficaremos impossibilitados de obter estes efeitos
benéficos, visto que a quantidade oferecida aos animais é impossível de ser
obtida via alimentação. Por outro lado, a suplementação poderia ser uma
alternativa mais viável e interessante para se conseguir tais benefícios em
humanos.
O mercado oferece diversas
formas de consumo de chia, como por meio da própria semente, do óleo e da
farinha, além de cápsulas. Em 2000, as Diretrizes Alimentares dos EUA
recomendaram o consumo de até 48 g /dia de semente de chia. Isto representaria a
quantidade aproximada de 3 colheres de sopa de semente ou de farinha de chia
por dia. No entanto, é importante que as pessoas procurem um nutricionista para
avaliar a sua utilização.
O uso histórico de Salvia hispânica L. sugere que este
alimento é seguro para consumo por indivíduos não alérgicos (Ulbricht e cols.,
2009). No entanto, futuros estudos ainda precisam ser realizados a fim de se
comprovar os promissores benefícios à saúde que este alimento pode trazer. Não
devemos esperar que um único alimento seja a salvação para todos os problemas
de saúde. Uma alimentação balanceada ainda é a chave para se prevenir, curar
e/ou controlar doenças.
As
informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento
presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas,
psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente,
para seu conhecimento.
Escrito por:
Mini-currículo- June Carnier
Docente
da Universidade de Mogi das Cruzes. Doutora em Ciências pelo Programa de
Pós-graduação em Nutrição da Universidade Federal de São Paulo (04/2012).
Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Nutrição da Universidade
Federal de São Paulo (2008). Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário São
Camilo (2006). Experiência na área de obesidade, transtornos alimentares e
equipe interdisciplinar.
Referências Bibliográficas
- Andrade PMM, do Carmo MGT. Ácidos
graxos n-3: um link entre eicosanóides, inflamação e imunidade. Mn –
metabólica. 2006;8(3).
- Chicco
AG, D'Alessandro ME, Hein GJ, Oliva ME, Lombardo YB. Dietary chia seed (Salvia hispanica L.) rich in
alpha-linolenic acid improves adiposity and normalises
hypertriacylglycerolaemia and insulin resistance in dyslipaemic rats. Br J
Nutr. 2009;101(1):41-50.
- Pesquisa
de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no
Brasil / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. - Rio de Janeiro: IBGE,
2011.
- Mohd Ali N, Yeap SK, Ho WY, Beh BK, Tan SW, Tan SG. The
promising future of chia, Salvia hispanica L. J Biomed Biotechnol.
2012;2012:171956.
- Nieman DC, Cayea EJ, Austin MD, Henson DA, McAnulty
SR, Jin F. Chia seed does not promote weight loss or alter disease risk factors
in overweight adults. Nutr Res. 2009;29(6):414-8.
- Ulbricht C, Chao W, Nummy K, Rusie E,
Tanguay-Colucci S, Iannuzzi CM, Plammoottil JB, Varghese M, Weissner W. Chia
(Salvia hispanica): a systematic review by the natural standard research
collaboration.). Rev Recent Clin Trials. 2009;4(3):168-74.
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