O
metabolismo de carboidratos tem papel crucial no suprimento de energia para
atividade física e para o exercício físico. No exercício de alta intensidade a
maioria da demanda energética é suprida pela energia da degradação dos
carboidratos. Tornam-se disponíveis para o organismo através da dieta, são
armazenados em forma de glicogênio (um complexo de cadeias formadas a partir da
ligação de milhares de glicoses), muscular (o estoque do glicogênio muscular é
destinado ao fornecimento de energia para a própria célula muscular) e hepático
(é a única célula capaz de quebrar o glicogênio e lançar glicose na circulação)
e sua falta leva a fadiga.
A fadiga que ocorre em
exercícios físicos prolongados e de alta intensidade está associada, em boa
parte, com baixos estoques e depleção de glicogênio, hipoglicemia e
desidratação. Como os estoques de carboidratos são limitados no organismo, a
manipulação da dieta com alimentação rica em carboidratos é fundamental para a
reposição muscular e hepática, bem como para a resposta imune. Entretanto,
vários fatores como o estado nutricional e de treinamento; o tipo, a
quantidade, o horário e a frequência de ingestão de carboidratos afetam a
restauração de glicogênio.
A depleção de glicogênio
muscular pode ocorrer gradualmente depois de repetidos dias de treinamento
intenso quando a quebra de glicogênio excede a sua reposição. Quando uma
quantidade adequada de carboidrato não é consumida diariamente entre as sessões
de treinamento, o conteúdo de glicogênio muscular antes do início do exercício
apresenta-se diminuído e é depletado gradualmente, prejudicando o desempenho
nos treinos e nas competições.
Atletas que treinam
exaustivamente, dia após dia, devem consumir uma quantidade adequada tanto de
carboidrato quanto de energia para minimizar o risco de fadiga crônica
associada à depleção crônica de glicogênio muscular.
Os atletas devem
consumir mais carboidratos do que o recomendado para pessoas menos ativas, o
que corresponde a 60 a 70% do valor calórico total. É recomendada uma ingestão
entre 5 a 10 g/kg/dia de carboidratos dependendo do tipo e duração do exercício
físico escolhido e das características específicas do indivíduo; como a
hereditariedade, o gênero, a idade, o peso e a composição corporal, o
condicionamento físico e a fase de treinamento. As necessidades de ingestão
calórica recomendada são entre 37 a 41 kcal/kg de peso por dia, e dependendo
dos objetivos, variando entre 30 a 50 kcal/kg/ de peso por dia.
Carboidratos
Carboidratos são
importantes substratos energéticos para a contração muscular durante o
exercício prolongado realizado sob intensidade moderada e em exercícios de alta
intensidade e curta duração. A utilização de estratégias nutricionais
envolvendo a ingestão de uma alimentação rica em carboidratos antes da prática
de exercícios físicos aumentam as reservas de glicogênio, tanto muscular quanto
hepático. Já a ingestão de carboidratos durante o esforço ajuda a manutenção da
glicemia sanguínea e a oxidação destes substratos. Após o esforço a ingestão de
carboidratos visa repor os estoques depletados e garantir padrão anabólico.
Para manter, ou até mesmo aumentar, os estoques de
glicogênio muscular durante períodos de treinamento, é necessário uma dieta com
elevada quantidade de carboidratos.
Nos exercícios de
força, o treinamento físico associado ao uso de dietas ricas em carboidratos
pode proporcionar um aumento nas reservas de glicogênio muscular, acentuando o
processo de ganho de massa muscular (hipertrofia).
Tipos de
Carboidratos
As vantagens dos
carboidratos complexos (polissacarídeos) em relação aos simples (mono e
dissacarídeos) é que eles possuem uma maior densidade nutricional, fornecem
vitaminas do complexo B, que são necessárias para o metabolismo energético e
fibras. Essa maior quantidade de nutrientes em relação aos carboidratos simples
favorece a obtenção de uma dieta balanceada e, consequentemente, o suprimento
das necessidades nutricionais do organismo. Os carboidratos com cadeias maiores
como os polissacarídeos ainda apresentam um índice glicêmico (vide post sobre
índice glicêmico e carga glicêmica) menor, liberando energia de forma mais
equilibrada e constante para os tecidos.
Quadro 1. Índice
glicêmico de alguns alimentos ricos em carboidratos.
ALTO
|
IG
|
MÉDIO
|
IG
|
BAIXO
|
IG
|
Glicose
|
97
|
Cereais tipo musli
|
68
|
Chocolate
|
49
|
Bebidas esportivas
|
95
|
Refrigerantes
|
68
|
Feijão
|
48
|
Arroz
|
88
|
Biscoitos
|
66
|
Pão integral
|
45
|
Batata assada
|
85
|
Sacarose
|
65
|
Laranja
|
43
|
Cereais de milho
|
84
|
Muffins
|
62
|
Cereais de fibras
|
42
|
Purê de batata
|
83
|
Sorvetes
|
61
|
Massa
|
41
|
Geleia
|
80
|
Mingau
|
61
|
Maçã
|
36
|
Mel
|
73
|
Suco de laranja
|
57
|
Iogurte flavorizado
|
33
|
Melancia
|
72
|
Manga
|
55
|
Banana verde
|
30
|
Pão branco
|
70
|
Banana madura
|
52
|
Leite
|
27
|
Lentilha
|
26
|
O índice glicêmico expresso na tabela tem como
referência a glicose = 100.
Fonte: Adaptado de Foster-Powll e Brand Miller (1995).
Durante a prática
regular de atividade física prolongada, o consumo de alimentos de médio índice
glicêmico são bem tolerados. O esvaziamento gástrico ocorre com maior
facilidade neste grupo de alimentos quando comparados aos de alto índice
glicêmico na mesma concentração.
Formas de
Carboidratos
O carboidrato oferecido
tanto na forma líquida quanto na sólida oferece vantagens para o atleta. O que
se deve levar em consideração neste momento é o tipo de carboidrato que o
atleta está mais acostumado a utilizar e o tipo de atividade física que ele
pratica. Em corridas e exercícios aquáticos, por exemplo, que recrutam grandes
grupos musculares, a ingestão de alimentos sólidos é desaconselhável em função
de o trabalho de digestão estar reduzido, uma vez que o fluxo sanguíneo
encontra-se desviado para a musculatura esquelética. Além disso, alimentos com
densidade calórica alta retardam o esvaziamento gástrico, provocando um
desconforto estomacal no atleta. Quando isso ocorre, o alimento que deveria
fornecer energia pode acabar provocando náuseas e vômitos. Se o exercício é o
ciclismo, por exemplo, torna-se mais viável o consumo de alimentos sólidos em
função de o indivíduo encontrar-se sentado e movimentando menos grupos
musculares.
Outro fator importante
é que a suplementação de carboidrato pode ser associada à hidratação. O
carboidrato líquido muito concentrado acaba por prejudicar a hidratação do
atleta, porque provoca um deslocamento de água contrário ao desejado, ou seja,
do meio vascular para o lúmen intestinal seguindo o princípio da osmose que
tenta equilibrar a concentração de água e soluto entre os dois meios deslocando
o líquido do meio menos concentrado para o mais concentrado. Para que isto não
ocorra, é aconselhado a ingestão de água simultaneamente ao consumo de
carboidratos do tipo “gel” e deve-se manter a concentração das soluções de
lipídios entre 6% e 8%. Assim, além de se fornecer o nutriente principal para a
célula muscular, favorecer-se-á a hidratação simultânea do atleta.
Carboidratos
e Exercícios
Os estudos científicos
afirmam que a quantidade e o tipo de carboidrato devem variar diretamente com a
intensidade e o volume de exercício.
Para uma ressíntese
ideal, deve-se observar a taxa ou quantidade, a frequência e o período de
ingestão, como também o tipo de carboidrato ingerido. As variáveis a serem
controladas dependem da duração e da intensidade do esforço físico (magnitude
da depleção do glicogênio) e do período em que ocorrerá outra sessão de
exercício.
O glicogênio muscular é
essencial para o exercício intenso, tanto de forma aeróbica como anaeróbica; e
como, os esportes competitivos necessitam de várias sessões de treinamentos
diários ou competições em dias consecutivos, é fundamental a aplicação de
estratégias de rápida restauração de glicogênio.
Quanto maior a
intensidade dos exercícios maior será a participação dos carboidratos como
fornecedores de energia. Exercício prolongado reduz acentuadamente a
concentração de glicogênio muscular, exigindo constante preocupação com a sua
reposição, porém, apesar de tal constatação, tem sido observado um baixo
consumo de carboidratos pelos praticantes de atividade física. A restrição do
carboidrato na dieta determina cetose e perda de proteínas musculares.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Gomes, MR; Guerra, I; Tirapegui, J. Carboidratos e
Atividade Física. Nutrição, metabolismo e suplementação na atividade física. 1ed.
São Paulo: Atheneu, 2005, p.29-38.
Silva, AL; Miranda, GDF; Liberali, R. A influência dos
carboidratos antes, durante e após-treinos de alta intensidade. Rev Bras Nutr
Esportiva 2008, v.2, n.10, p.211-224.
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