Os
lipídios,
termo que engloba tanto óleos como gorduras, têm função energética no
organismo, servindo também como transportadores de vitaminas lipossolúveis (A, D,
E, K), e são fontes de ácidos graxos essenciais ao funcionamento do organismo.
A maior parte dos lipídios é formada
por uma molécula de glicerol, contendo de uma a três cadeias de ácidos graxos,
formando monoglicerídeos, diglicerídeos e triglicerídeos ou triglicérides. Os
ácidos graxos podem conter de quatro até 20 carbonos conectados por ligações
simples ou duplas, saturadas e insaturadas, respectivamente.
Os ácidos graxos podem ser encontrados
mais abundantemente em óleos vegetais de diferentes origens (milho, girassol,
canola, oliva, algodão, gergelim, soja etc.), que variam quanto ao conteúdo de
saturados e insaturados, ou sob a forma hidrogenada (solidificada) nas
margarinas. No processo de hidrogenação, como o próprio nome diz, é adicionado
hidrogênio em óleos vegetais e este começa a se solidificar, dando origem ao
que chamamos de margarina. Teoricamente este seria um alimento mais “saudável”
que a manteiga, por vir de origem vegetal, não contendo colesterol e ainda
possuindo menor teor de gordura saturada; contudo, no processo de hidrogenação
ocorre uma alteração estrutural dos ácidos graxos.
Os ácidos graxos são denominados
trans, quando hidrogênios ligados aos carbonos de uma insaturação, ou seja, de
uma dupla ligação, encontram-se em lados opostos. Na natureza, os ácidos graxos
geralmente são encontrados na configuração cis. Nesta configuração, os
hidrogênios ligados aos carbonos da dupla ligação se encontram do mesmo lado.
A hidrogenação é utilizada com dois
objetivos comerciais. Ela possibilita a conversão de todos os tipos de óleos
vegetais e de origem animal em um único produto uniforme e esse tipo de gordura
demora mais tempo para estragar e ficar rançosa. Aumenta, portanto, o tempo de
conservação dos produtos, principalmente nos climas tropicais, como o do
Brasil. Observe a lista de ingredientes dos alimentos processados. Você verá a
palavra “hidrogenada” em muitos produtos e que esses produtos têm prazos de
validade bem longos, alguns maiores que um ano.
Os biscoitos recheados ou não, bolos
e pães industrializados em geram, outros tipos de massas, margarinas e gorduras
vegetais, shortenings (gorduras industriais presentes em sorvetes, chocolates,
produtos de padaria, salgadinhos tipo chips, molhos para saladas, maionese,
cremes para sobremesas e óleos para fritura industrial), alimentos produzidos
em redes de “fast-foods”, e, em menor quantidade, produtos lácteos e carnes
bovinas e caprinas utilizam a gordura trans (hidrogenada) como ingrediente.
Quanto menos alimentos com esse tipo
de ingrediente você consumir, melhor para a sua saúde. O corpo humano não
evoluiu com a capacidade de consumir grandes quantidades de gordura saturada de
origem animal e de gorduras elaboradas por processo de hidrogenação sem sofrer
sérias consequências metabólicas.
O consumo excessivo de alimentos ricos
em gordura trans pode causar: aumento do colesterol total e ainda do colesterol
ruim (LDL - colesterol); redução dos níveis de colesterol bom (HDL –
colesterol); aumento da obesidade abdominal e o processo inflamatório no
organismo, além do risco maior de desenvolvimento de diabetes. Isso tudo pode
predispor a um risco muito grande de aterosclerose, que é a formação de placas
de gordura, causadoras do entupimento das artérias do coração e do cérebro.
A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) lançou uma portaria obrigando as indústrias alimentícias a
declararem o teor específico de gordura trans no rótulo dos alimentos.
Quantidades inferiores a 0,2g de gorduras trans por porção do alimento poderão
ser desconsideradas ou declaradas como insignificantes.
Fique atento à rotulagem dos produtos
e evite alimentos cujos rótulos mencionam “gordura hidrogenada”, “gordura
trans”, “óleo hidrogenado” ou “gordura vegetal” na sua lista de ingredientes.
Uma boa opção para substituir esses
alimentos é a escolha de alimentos mais naturais e preparações caseiras. Desde
que não sejam elaboradas com ingredientes que contenham a gordura trans (como
algumas margarinas) ou gordura hidrogenada.
Ao
preparar alguma fritura, prefira sempre os óleos de soja, milho ou canola,
muito mais saudáveis. E tome cuidado ao substituir margarina por manteiga. A manteiga, ao contrário da margarina, é pobre em ácido
graxo trans, porém rica em ácidos graxos
saturados, que são lipídios de origem animal. Consuma moderadamente e procure
por margarinas livres de gorduras trans.
Uma
alternativa para se consumir os produtos que sejam fontes vegetais de gordura
sem prejudicar o perfil lipídico é substituir a manteiga por “margarinas light”,
com quantidades reduzidas de ácidos graxos trans. Porém, margarinas comuns, de
alto teor de ácidos graxos trans, não conferem benefício sobre a manteiga.
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
propôs metas definindo limites considerados seguros para o consumo de gorduras
e colesterol, entre outros componentes da alimentação, com vistas à prevenção e
ao tratamento de doenças coronarianas. A quantidade total de gordura na dieta
deve estar entre 25% a 35% do total calórico por dia, sendo até 7% do tipo
saturada, até 10% poliinsaturada e até 20% monoinsaturada. O consumo de
colesterol não deve ultrapassar 300 mg por dia, a ingestão de gorduras trans
deve ser inferior a 1% das calorias totais ingeridas na dieta, o que equivale
ao consumo diário de aproximadamente 2 gramas.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
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