Originária
de países banhados pelo mar mediterrâneo e baseada em práticas, hábitos e
costumes de um povo, a dieta mediterrânea, bastante rica e complexa, tem
conquistado adeptos no mundo todo, quer seja pelo atraente colorido e aroma de
seus pratos, quer seja pela leveza de sabor ou ainda por inúmeras pesquisas as
quais comprovam sua ligação direta com a boa saúde e longevidade.
A
definição de dieta mediterrânea é polêmica. Há autores, sobretudo os da área da
saúde, que a transformaram em um elenco de alimentos ou grupo de alimentos,
todavia, se esta for entendida também por sua estrutura culinária, a qual
envolve combinações de alimentos, modos de preparação, temperos, entre outros,
sua definição passa a ter outra complexidade.
A dieta
mediterrânea, segundo especialistas em nutrição, caracteriza-se por uma
abundante quantidade de alimentos de origem vegetal (frutas, vegetais, pães e
outros cereais, batata, feijão, nozes e sementes); alimentos pouco processados
e de produção local; frutas frescas como sobremesa típica e doces concentrados
em açúcar ou mel são consumidos poucas vezes na semana; o azeite de oliva é a
principal fonte de gordura; o peixe, o frango e a carne são consumidos em
quantidades pequenas e moderadas; os laticínios, principalmente queijo e
iogurte também são consumidos em quantidades reduzidas; o consumo de ovos é de
até quatro vezes na semana e o vinho é consumido moderadamente nas refeições. O
vinho é um dos componentes da dieta mediterrânea considerado importante por
reduzir o risco de doença cardiovascular. Vários são os mecanismos que parecem
participar do efeito protetor do vinho na coronariopatia, motivo pelo qual é
indicado seu consumo (dois copos por dia).
É uma dieta rica em carboidratos
integrais, vegetais pouco processados e frutas, contendo alto teor de fibras,
vitaminas e minerais, promovendo diversos efeitos benéficos na saúde e
prevenindo o risco de doenças crônicas, alguns tipos de câncer, entre outras.
As vitaminas e os minerais têm propriedades
antioxidantes no organismo, retardando o envelhecimento. Já as fibras auxiliam,
entre outras funções, no bom funcionamento intestinal e na redução do
LDL-colesterol (mau colesterol).
O óleo de oliva é a principal fonte de
gordura da dieta mediterrânea e contém principalmente o ácido oléico, um ácido
monoinsaturado, que comparado com a gordura saturada (origem animal), promove
redução do LDL-colesterol e aumenta a concentração de HDL-colesterol (bom
colesterol).
O baixo consumo de carnes vermelhas e
produtos lácteos, fontes de gordura saturada auxiliam na redução do risco de
doenças crônicas. Além disso, o consumo moderado de vinho também contribui para
a redução do risco de doenças cardiovasculares, além de ter o papel
antioxidante.
Pirâmide Alimentar
Mediterrânea
Em 1993, a Oldways Preservation
& Exchange Trust e a World Health Organization (WHO) / Food and Agriculture
Organization (FAO) com a colaboração do Centro de Epidemiologia Nutricional da
Escola de Saúde Pública de Harvard, promoveu uma conferência para desenvolver
uma série de guias alimentares em forma de pirâmides que historicamente estavam
associadas com boa saúde. O resultado desta conferência foi a organização da
pirâmide alimentar da dieta mediterrânea, a qual estava baseada nos padrões
dietéticos típicos da Ilha de Creta, na Grécia, existentes na década de 60;
onde a expectativa de vida estava entre as maiores do mundo e os dados de
doenças crônicas não-transmissíveis entre os menores.
Figura 1. Pirâmide Alimentar Mediterrânea.
A partir destes
dados estabeleceu-se a formação da pirâmide da dieta mediterrânea que em sua
base é composta por alimentos tais como cereais integrais, macarrão, pão,
amido, batata (feitos de carboidratos complexos), podendo ser consumidos
diariamente com moderação. A seguir têm-se os grupos alimentares representados
pelas oleaginosas, leguminosas, frutas e hortaliças. Caminhando em direção ao
vértice da pirâmide, têm-se o azeite de oliva e o leite e seus derivados.
Deveriam ser consumidos algumas vezes na semana peixes, aves e ovos, enquanto
que as carnes vermelhas, no alto da pirâmide, não deveriam ser consumidas mais
de uma vez por mês. Torna-se necessário ressaltar que estas populações têm como
hábito a prática regular de exercícios físicos, além do consumo de vinho tinto
durante as refeições e em doses moderadas.
Dieta
Mediterrânea Adaptada
O Hospital do
Coração (HCor), em parceria com o Ministério da Saúde, desenvolveu um projeto
de dieta mediterrânea à brasileira, no qual substitui atum, castanhas e azeite
extravirgem por alimentos baratos e acessíveis no país, como sardinha, milho,
sopa de feijão e tapioca.
A ideia é lançar no país uma dieta com
alimentos de baixo custo e presentes na rotina dos brasileiros para a prevenção
de doenças cardiovasculares em pessoas que já tiveram infarto ou derrame ou que
correm maior risco de sofrê-los por causa de hipertensão e colesterol alto.
Da primeira fase do projeto, que
avaliou a efetividade da dieta, participaram 120 pessoas cardíacas do Rio de
Janeiro e de seis cidades de São Paulo (incluindo a capital), durante oito
semanas. Metade recebeu as orientações de praxe que são dadas após um evento
cardiovascular, como diminuir a quantidade de gorduras saturadas (presentes na
carne vermelha, por exemplo). A outra metade seguiu o material educativo e o
cardápio do projeto, os quais classificam os alimentos com as cores da bandeira
nacional: verde, amarelo e azul.
A escolha não é à toa: os
participantes foram instruídos a montar os pratos de acordo com a predominância
dessas cores na bandeira.
Ou seja, a dieta recomenda ter maior
quantidade de alimentos verdes (ricos em vitaminas, minerais e fibras), menor
proporção de alimentos amarelos (com quantidade considerável de gordura
saturada) e uma quantidade menor ainda de alimentos azuis, que contêm mais
gordura, sal e açúcar.
"Usamos um aspecto lúdico e
critérios factíveis para facilitar a adesão à dieta. Independentemente do grau
de instrução, a pessoa vai identificar o que é bom e qual a quantidade
indicada", diz Bernardete Weber, coordenadora da pesquisa do HCor.
Ela afirma que, se os alimentos
recomendados forem muito diferentes do que a pessoa come normalmente, é difícil
aderir às mudanças.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Camargo, LR. Dieta Mediterrânea. Disponível
em: www.nutrociencia.com.br
Acessado em: 09/06/2013.
Dieta mediterrânea “abrasileirada” ajuda
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Rezende, ABMA. “Dieta Mediterrânea –
Características e Aspectos Gastronômicos”. [Trabalho de conclusão de curso]
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