As
proteínas
são indispensáveis ao corpo humano, pois, além de contribuírem como fonte
calórica, são fornecedoras dos aminoácidos, que servem de material construtor e
renovador, isto é, são responsáveis pelo crescimento e pela manutenção do
organismo.
Suas fontes mais ricas são as carnes
de todos os tipos, os ovos, o leite e o queijo, enquanto as leguminosas são as
melhores fontes de proteína vegetal. Outras fontes vegetais incluem as
castanhas e nozes. As fontes de proteína de origem animal são de alto valor
biológico, ou seja, apresentam melhor composição de aminoácidos em relação às
fontes proteicas vegetais. Para melhorar essa composição de aminoácidos de
origem vegetal é essencial ter uma alimentação variada e combinar os alimentos
numa mesma refeição, como é o caso do arroz com feijão (complementação da
proteína de um cereal com a proteína de uma leguminosa).
As necessidades proteicas têm
recebido atenção especial nas últimas décadas por fazerem parte essencial no
reparo de pequenas lesões musculares decorrentes da prática esportiva. Essas
necessidades aumentam com o tipo de exercício praticado, sua intensidade,
duração e frequência e não há uma definição em relação a diferenças quanto ao
sexo.
A quantidade de proteína a ser consumida diariamente por atletas e praticantes de atividade física deve ser preconizada e orientada por profissionais capacitados.
Os exercícios de força exigem maior consumo de proteínas quando comparadas com as demandas exigidas pelos trabalhos de resistência. Para aqueles que têm por objetivo aumento de massa muscular, sugere-se a ingestão de 1,6 a 1,8 gramas por quilo de peso, por dia. Para os esportes em que o predomínio é a resistência, as proteínas têm um papel auxiliar no fornecimento de energia para a atividade, calculando-se ser de 1,2 a 1,6g/kg de peso a necessidade de seu consumo diário.
Suplementos
Alimentares
A ingestão proteica deve ser obtida
por uma dieta normal e variada, sendo a suplementação uma forma prática e segura
de adequar sua ingestão de boa qualidade e a biodisponibilidade de aminoácidos,
para as demandas aumentadas de um atleta em treinamento e competição. O horário
e seu tipo é parte de um programa de treinamento e tem por objetivo principal
melhorar a recuperação muscular.
Para estabelecer o valor adequado
para a ingestão de proteína, é necessário, antes de tudo, determinar, além das
características individuais (sexo, idade, perfil antropométrico, estado de
saúde, etc), parâmetros básicos a respeito da atividade física praticada, tais
como intensidade, duração e frequência.
Para indivíduos sedentários,
recomenda-se a ingestão de 0,8g de proteína por kg/dia. Já indivíduos ativos,
com a ingestão de 1,2 a 1,4g/kg/dia, teriam sua demanda atendida. Visando à hipertrofia
muscular, atletas ou não teriam suas necessidades atendidas com o consumo
máximo de 1,8g/kg/dia contempladas perfeitamente em uma alimentação
equilibrada.
Estudos recomendam que o uso dos
suplementos proteicos, como a proteína do soro do leite ou a albumina da clara
do ovo, deve estar de acordo com a ingestão proteica total. O consumo adicional
desses suplementos acima das necessidades diárias (1,8g/kg/dia) não determina
ganho de massa muscular adicional, nem promove aumento do desempenho.
Ingestão proteica, após o exercício
físico de hipertrofia, favorece o aumento de massa muscular, quando combinado
com a ingestão de carboidratos, reduzindo a degradação proteica. A dose
recomendada é de 10g de proteínas e 20g de carboidratos. Esse consumo deve
estar de acordo com a ingestão proteica e calórica total. O aumento da massa
muscular ocorre como consequência do treinamento, assim como a demanda
protéica, não sendo o inverso verdadeiro.
Proteínas do Soro do
Leite (Whey Protein)
As proteínas do soro são extraídas da
porção aquosa do leite, gerada durante o processo de fabricação do queijo.
Durante décadas, essa parte do leite era dispensada pela indústria de
alimentos. Atletas, praticantes de atividades físicas, pessoas fisicamente
ativas e até mesmo portadores de doenças, vêm procurando benefícios nessa fonte proteica. Evidências recentes sustentam a teoria de que as proteínas do leite,
incluindo as proteínas do soro, além de seu alto valor biológico, possuem
peptídeos bioativos, que atuam como agentes antimicrobianos,
anti-hipertensivos, reguladores da função imune, assim como fatores de
crescimento.
→
Componentes
e Frações
As proteínas do soro do leite
apresentam uma estrutura globular contendo algumas pontes de dissulfeto, que
conferem um certo grau de estabilidade estrutural. As frações, ou peptídeos do
soro, são constituídas de: beta-lactoglobulina (BLG), alfa-lactoalbumina (ALA),
albumina do soro bovino (BSA), imunoglobulinas (Ig's) e glico-macropeptídeos
(GMP). Essas frações podem variar em tamanho, peso molecular e função,
fornecendo às proteínas do soro características especiais. Presentes
em todos os tipos de leite, a proteína do leite bovino contém cerca de 80% de
caseína e 20% de proteínas do soro, percentual que pode variar em função da
raça do gado, da ração fornecida e do país de origem.
Beta-lactoglobulina
(BLG): é o maior
peptídeo do soro (45,0%-57,0%), representando, no leite bovino, cerca de 3,2g/L.
Apresenta médio peso molecular (18,4-36,8kDa), o que lhe confere resistência à
ação de ácidos e enzimas proteolíticas presentes no estômago, sendo, portanto,
absorvida no intestino delgado. É o peptídeo que apresenta maior teor de
aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), com cerca de 25,1%. Importante
carreadora de retinol (pró vitamina A) materno para o filhote, em animais, em
humanos essa função biológica é desprezada, uma vez que a BLG não está presente
no leite humano.
Alfa-lactoalbumina
(ALA): é o
segundo peptídeo do soro (15%-25%) do leite bovino e o principal do leite
humano. Com peso molecular de 14,2kDa, caracteriza-se por ser de fácil e rápida
digestão. Contém o maior teor de triptofano (6%) entre todas as fontes proteicas alimentares, sendo, também, rica em lisina, leucina, treonina e
cistina. A ALA é precursora da biossíntese de lactose no tecido mamário e
possui a capacidade de se ligar a certos minerais, como cálcio e zinco, o que
pode afetar positivamente sua absorção. Além disso, a fração ALA apresenta
atividade antimicrobiana contra bactérias patogênicas, como, por exemplo, Escherichia
coli, Staphylococcus aureus e Klebsiella pneumoniae.
Albumina do soro
bovino (BSA):
corresponde a cerca de 10% das proteínas do soro do leite. É um peptídeo de
alto peso molecular (66kD), rico em cistina (aproximadamente 6%), e relevante
precursor da síntese de glutationa. Possui afinidade por ácidos graxos livres e
outros lipídeos, favorecendo seu transporte na corrente sanguínea.
Imunoglobulinas
(Ig's): são
proteínas de alto peso molecular (150-1000kDa). Quatro das cinco classes das
Ig's estão presentes no leite bovino (IgG, IgA, IgM e IgE), sendo a IgG a
principal, constituindo cerca de 80% do total. No leite humano, a IgA constitui
a principal imunoglobulina (>90%). Suas principais ações biológicas residem
na imunidade passiva e atividade antioxidante.
Glico-macropeptídeos
(GMP): peso
molecular de 6,7kDa, é um peptídeo resistente ao calor, à digestão assim como a
mudanças de pH. Curiosamente, muitos autores não descrevem o GMP como um
peptídeo do soro. Na verdade, o GMP é um peptídeo derivado da digestão da
caseína-kapa, pela ação da quimosina durante a coagulação do queijo. Essa
fração está presente em um tipo de proteína do soro, conhecida como whey
rennet. Apresenta alta carga negativa, que favorece a absorção de minerais
pelo epitélio intestinal, e, assim como a fração BLG, possui alto teor de
aminoácidos essenciais (47%).
→ Efeitos
sobre o anabolismo (síntese) muscular
A diminuição da massa muscular
esquelética está associada à idade e à inatividade física. Já está
suficientemente comprovado que a manutenção ou o ganho de massa muscular
esquelética, principalmente em pessoas idosas, contribui para uma melhor
qualidade e prolongamento da vida. Exercícios físicos, principalmente os
resistidos com pesos, são de extrema importância para impedir a atrofia e
favorecer o processo de hipertrofia muscular, melhorando a qualidade de vida
dos indivíduos. Pessoas fisicamente ativas e atletas necessitam de maior
quantidade proteica que as estabelecidas para indivíduos sedentários.
A ingestão de proteína ou aminoácidos,
após exercícios físicos, favorece a recuperação e a síntese proteica muscular.
Além disso, quanto menor o intervalo entre o término do exercício e a ingestão proteica, melhor será a resposta anabólica ao exercício.
Existem diferentes vias pelas quais as
proteínas do soro favorecem a hipertrofia muscular e o ganho de força,
otimizando, dessa forma, o treinamento e o desempenho físico. A quantidade e o
tipo de proteína ou de aminoácido, fornecidos após o exercício, influenciam a
síntese proteica. Estudos têm mostrado que somente os aminoácidos essenciais,
especialmente a leucina, são necessários para estimular a síntese proteica.
Alguns autores demonstraram que a ingestão de uma solução contendo proteínas do
soro e carboidratos aumentou significantemente as concentrações plasmáticas de
7 aminoácidos essenciais, incluindo os BCAA, em comparação à caseína. Enquanto
outros sugerem que a leucina participe no processo de iniciação da ativação da
síntese proteica.
O perfil de aminoácidos das proteínas
do soro, principalmente ricas em leucina, pode, desta forma, favorecer o
anabolismo muscular. Além disso, Ha & Zamel, destacam que o perfil de
aminoácidos das proteínas do soro é muito similar ao das proteínas do músculo
esquelético, fornecendo quase todos os aminoácidos em proporção similar às do
mesmo, classificando-as como um efetivo suplemento anabólico. Em outro estudo,
Burke et al. observaram, igualmente, significante ganho de massa muscular em
adultos jovens suplementados com as proteínas do soro e submetidos a um
programa de exercícios com pesos, quando comparado a um grupo não suplementado,
corroborando a teoria do efeito das proteínas do soro sobre o ganho de massa
muscular.
O conceito de proteínas com diferentes
velocidades de absorção tem sido, recentemente, utilizado por profissionais e
cientistas que trabalham com desempenho físico. Estudos demonstram que as
proteínas do soro são absorvidas mais rapidamente que outras, como a caseína,
por exemplo. Essa rápida absorção faz com que as concentrações plasmáticas de
muitos aminoácidos, inclusive a leucina, atinjam altos valores logo após a sua
ingestão. Pode-se, dessa forma, hipotetizar que, se essa ingestão fosse
realizada após uma sessão de exercícios, as proteínas do soro seriam mais
eficientes no desencadeamento do processo de síntese proteica. Além de aumentar
as concentrações plasmáticas de aminoácidos, a ingestão de soluções contendo as
proteínas do soro aumenta, significativamente, a concentração de insulina
plasmática, o que favorece a captação de aminoácidos para o interior da célula
muscular, otimizando a síntese e reduzindo o catabolismo proteico.
Resumindo, seus benefícios sobre o
ganho de massa muscular estão relacionados ao perfil de aminoácidos,
principalmente da leucina (um importante desencadeador da síntese proteica), à
rápida absorção intestinal de seus aminoácidos e peptídeos e à sua ação sobre a
liberação de hormônios anabólicos, como, por exemplo, a insulina.
Os
atletas devem ser conscientizados de que o aumento do consumo proteico na dieta
além dos níveis recomendados não leva aumento adicional da massa magra. Há um
limite para o acúmulo de proteínas nos diversos tecidos.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
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