A culinária é a arte de cozinhar, ou
seja, confeccionar alimentos, e foi evoluindo ao longo da história dos povos
para tornar-se parte da cultura de cada um. Cada povo tem uma culinária
diferente, um modo de preparar seus alimentos. De acordo com a região, mudam os
ingredientes, as técnicas de preparo e até os utensílios.
A culinária também costuma refletir
a religião de cada povo. Por exemplo, a carne de porco é proibida entre judeus
e mulçumanos e a carne de vaca entre os hindus. Também pode refletir algumas
opiniões sobre o uso da carne na alimentação como é o caso do vegetarianismo,
onde as pessoas não consomem alimentos de origem animal.
Contribuições de
outras culturas
O Brasil possui uma culinária muito
original. Ao longo dos séculos, o brasileiro aprendeu e transformou a culinária
europeia, principalmente a de Portugal, adicionando as especiarias trazidas do
Oriente e os ingredientes da culinária indígena e africana.
A culinária indígena já estava
presente quando o país foi descoberto e isso sem agredir ou colocar em risco o
meio ambiente. Eles contribuíram de várias maneiras como, por exemplo, a forma de obter a caça (arco e flecha, lanças e
machado de pedra); no modo de pescar; na coleta de frutas nativas como caju,
goiaba, cupuaçu, castanha-do-pará e no cultivo da mandioca e do milho. Foi a partir das trocas alimentares em conjunto com a mistura de
raças, culturas, gostos, cores e aromas que surgiu uma culinária rica: a
brasileira.
A cozinha de nossos índios era
composta de carnes, peixes, legumes, ervas, milho, muita mandioca e alguns
grãos. As preparações dependiam dos conhecimentos e dos utensílios que cada
tribo possuía. Algumas tribos não sabiam usar o fogo e comiam peixe cru ou
assado sobre a pedra aquecida pelo sol. Nesta pedra, eles colocavam o alimento
cobrindo com outra pedra e jogando terra por cima. Já os índios que conheciam o
fogo, preparavam peixe assado envolto em folha de bananeira, enterrado e
coberto por brasas e usavam as vasilhas de barro para cozinhar raízes,
tubérculos, castanhas etc.
Assavam carnes e peixes no moquém,
que são espetos paralelos, sobre a brasa, pioneiro dos churrascos de hoje. Como
tempero usavam a pimenta, às vezes pura ou numa mistura com sal, a qual
chamavam ionquet – colocada
diretamente na boca, junto às carnes. Raramente cozinhavam os alimentos na
água. Quando o faziam, eram em vasilhas de cerâmica. Não conheciam fritura –
técnica aprendida bem depois, com os portugueses, que usavam para isso óleos
vegetais (de oliva) e gordura animal.
Como você pode observar, a farinha
de mandioca, os alimentos assados e cozidos em folhas de bananeira, as comidas
feitas com milho, o uso moderado de sal e condimentos, o uso de utensílios de
cerâmica e o consumo de alimentos frescos foram herdados dos índios.
Uma das raízes mais importantes era
a mandioca, considerada a base da alimentação de muitas tribos. Da mandioca,
eles retiravam a farinha, a tapioca, o polvilho e o tucupi. Esses produtos eram
usados com certas carnes de caça assadas, torradas ou trituradas no pilão, a
famosa paçoca, ou serviam para preparar mingaus, beijus e molhos. Desta forma,
a farinha de mandioca, um dos produtos mais consumidos no país, e os outros
produtos derivados da mandioca como a tapioca, foram uma das maiores
contribuições da culinária indígena.
O tucupi é um molho de cor amarela
extraído da raiz da mandioca brava, que é descascada, ralada e espremida.
Depois de extraído, o molho “descansa” para que a goma se separe do líquido.
Inicialmente venenoso devido à presença de um ácido, o líquido é cozido
(processo que elimina o veneno) por horas, podendo, então, ser usado como molho
na culinária. O caldo obtido é acrescido de alfavaca e chicória, ervas que
caracterizam o tucupi.
Várias frutas eram utilizadas na
alimentação e no preparo de bebidas, como, por exemplo, o caju. Os índios
colhiam as frutas, mas não as plantavam. O doce em sua cultura vinha do mel de
abelha, que era consumido puro, como simples gulodice ou misturado a raízes e
frutas, no preparo de bebidas fermentadas.
Nossa cozinha teve origem também nos
hábitos dos escravos negros, trazidos principalmente de Guiné e Angola, para
preencher a escassez de mão-de-obra nos trabalhos agrícolas durante a
colonização. Inicialmente, a cozinha dos escravos eram ignorados,
pois era considerada uma culinária de senzala. Com o tempo, a população negra
foi aumentando e sua cultura começou a influenciar a população brasileira,
principalmente em relação à culinária, com alguma técnicas de cocção e
conservação de alimentos.
Uma das contribuições mais
importantes da cozinha africana é o azeite de dendê, o coco-da-bahia, o quiabo
(ingrediente indispensável na culinária africana), a cebola, o alho e a pimenta
malagueta. A palmeira de onde o dendê é extraído veio da África para o Brasil
nas primeiras décadas do século XVI. Todos os pratos trazidos da África foram
recriados pelos brasileiros, que passaram a usar o azeite de dendê e outros
alimentos locais.
O uso do leite também foi
introduzido pelos negros, pois estes já estavam habituados com a criação de
cabras, vacas e carneiros. Na Bahia, onde um grande número de escravos negros
se instalou, pode se observar uma forte influência africana na culinária.
Alguns exemplos de pratos são o acarajé, o abará, o vatapá e o caruru.
A escrava negra também apresentou um
papel de destaque na culinária brasileira, como cozinheira do “senhor branco”,
onde demonstrou ser uma ótima quituteira. Foi ela, certamente, quem preparou a
primeira feijoada, um prato realmente brasileiro, que nasceu na senzala e era
feito com as partes menos nobres do porco, que sobravam da mesa dos senhores.
Resumindo, a feijoada é o resultado das condições de pobreza em que os negros
viviam e, foi a partir de restos de carnes, que eles criaram um dos pratos
típicos mais apreciados em todo o Brasil.
O feijão era apreciado tanto por africanos
como por portugueses, o que o levou a ser um prato de destaque na mesa do
brasileiro, tornando-se prato nacional, consumido pelos ricos e muitas vezes
sendo o único alimento do pobre.
O caruru é outro prato típico da
culinária africana, feito com inhame, que manteve o nome indígena, mas com
outros ingredientes como galinha, peixe, carne de boi ou crustáceo. Outras
receitas foram surgindo com o tempo, como a rapadura e as comidas de milho e
coco, como canjicas, munguzás, angus e pamonhas.
Os negros também não conheciam a
fritura, e as bebidas, só as fermentadas feitas a partir de palmeira (dendê),
sorgo (cereal como o trigo, o arroz e o milho. Ele é usado na produção de
farinha para panificação, amido industrial, álcool e como forragem de solo) e mel
de abelha.
Os europeus, principalmente os
portugueses, contribuíram com diversos tipos de
alimento para a formação da
culinária brasileira. Eles tentaram reproduzir, por aqui, as características de
sua terra distante. Por isso, eles trouxeram o curral, o quintal e a horta. No
curral, eles criavam o boi, o porco domesticado, o bode, o carneiro e a
galinha, e assim veio uma grande novidade: o ovo. Além disso, a partir desses
animais, eles começaram a fabricar queijo, requeijão, embutidos e defumados. No
quintal, plantavam limão, laranja, melão, melancia, maçã e figo, e, na horta,
acelga, alface, berinjela, cenoura, coentro, cebolinha e couve.
Outra contribuição marcante foi na
fabricação de bebidas como o licor, fabricação de doces e conservas, dentre outros
produtos. Exemplos de doces: pudim de iaiá, arrufos de sinhá, bolo de noiva,
pudim de veludo.
Alguns ingredientes importantes
foram introduzidos na culinária brasileira como o coco, o sal, a canela em pó
misturada com açúcar e algumas receitas como sarapatel, o sarrabulho, a
panelada, a buchada e o cozido.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Formação da cozinha brasileira. In:
Alimentação e nutrição no Brasil, 2007. Disponível em: portal.mec.gov.br Acessado em:
16/07/2013.
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