quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Dieta e Pressão Alta



A hipertensão arterial é o principal fator de risco de mortalidade por doenças cardiovasculares, estando relacionado ao aumento de sua incidência. Representa maior influência sob o risco de doenças cardiovasculares do que tabagismo, hipercolesterolemia, hiperglicemia e obesidade.

De acordo com dados populacionais, a prevalência de hipertensão arterial no Brasil varia de 25,2% a 41,1%, sendo mais alta em mulheres, especialmente após a menopausa. A pesquisa mais recente de Indicadores de Dados Básicos (IBD) revela que a prevalência de hipertensão arterial na população brasileira é de 23,9% nos adultos, e quando considerada por gênero, 21% do total de homens e 26,3% das mulheres apresentam a doença.

Classificação da pressão arterial (> 18 anos) (Ver post hipertensão arterial)

      Dentre os fatores de risco associados mais importantes, alguns são considerados não modificáveis, como idade, gênero, etnia, fatores socioeconômicos e genética. E os modificáveis, o estilo de vida inadequado está relacionado a maior prevalência de hipertensão e menor a proteção contra a doença. Portanto, um componente fundamental para prevenção e tratamento da hipertensão arterial é a mudança de estilo de vida, como adoção de uma alimentação menos calórica, redução do peso, prática de atividade física, redução da ingestão de álcool e/ou sal.

      Os efeitos benéficos de uma dieta saudável (rica em frutas e vegetais; pobre em gorduras) sobre o comportamento dos níveis de pressão arterial são conhecidos. Os fatores nutricionais que se associam ao aumento da prevalência de hipertensão arterial são o elevado consumo de álcool, sódio e excesso de peso. Recentemente, vêm sendo, também, associados o consumo de potássio, cálcio e magnésio, os quais atenuariam o progressivo aumento dos níveis pressóricos com a idade.

Sódio

      O excesso de sódio eleva a pressão arterial por aumento da volemia (quantidade de sangue circulante no organismo) e consequente aumento do débito cardíaco. Posteriormente, por mecanismos de autorregulação, há aumento da resistência vascular periférica, mantendo elevados os níveis de pressão arterial.
 
      O consumo médio de sal da população é em torno de 10 a 12g. Esse consumo refere-se ao sódio intrínseco e extrínseco, sendo importante salientar a enorme variedade de alimentos processados que apresentam adição de sódio. O consumo total de sódio pode ser considerado proveniente de três fontes: 75% de alimentos processados, 10% de sódio intrínseco e 15% de sal de adição.

       Preconiza-se a não-ingestão de produtos processados como enlatados, embutidos, conservas, molhos prontos, caldos de carne, temperos prontos, defumados, bebidas isotônicas, além de preparar as refeições com pouco sal e não utilizar o saleiro à mesa.

        A utilização de sais dietéticos, usados como substitutos do sal de cozinha, deve ser feita com cuidado, uma vez que estes sais são definidos como produto elaborado a partir da mistura de cloreto de sódio com outros sais, de modo que a mistura final mantenha poder salgante semelhante ao do sal de mesa, fornecendo, no máximo, 50% do teor de sódio contido na mesma quantidade de cloreto de sódio. Para melhor palatabilidade e aceitação, recomenda-se molhos à base de frutas, ervas aromáticas e vinagrete no preparo dos alimentos.

Potássio

       O potássio é responsável pela redução do sódio intracelular através da bomba de sódio e potássio e induz a queda da pressão arterial por meio do aumento da natriurese (eliminação de sódio pela urina), diminuição da renina e norepinefrina e aumento de secreção de prostaglandinas. Além do efeito anti-hipertensivo, o potássio exerce ação protetora contra danos cardiovasculares e como medida auxiliar em pacientes submetidos à terapia com diuréticos.

       A recomendação de potássio é de 2 a 4g por dia não sendo necessária a suplementação deste eletrólito na dieta. Esta recomendação deve ser alcançada mediante maior consumo de alimentos ricos em potássio como frutas (abacate, amora, banana, melão, maracujá), leguminosas (feijão, grão-de-bico, ervilha fresca e seca) e vegetais (beterraba, cenoura, mandioca, rabanete, batata, chicória, espinafre, almeirão, couve-de-Bruxelas, couve-manteiga).

Cálcio e Magnésio


       O cálcio auxilia na regulação dos batimentos cardíacos e reduz os níveis de sódio quando em altas concentrações e o magnésio inibe a contração de musculatura lisa vascular podendo desempenhar um papel na regulação da pressão arterial como vasodilatador.

    Podemos citar como fonte de cálcio: leite e derivados, vegetais folhosos, sardinha e salmão e como fontes de magnésio: cereais integrais, leguminosas e vegetais folhosos verde-escuros.

Açúcar

     O consumo inadequado desse tipo de alimento está associado à maior produção de insulina, podendo exercer efeito direto no aumento da reabsorção renal de sódio e, consequentemente, elevar a pressão arterial. Além disso, a resistência a insulina e a hiperinsulinemia podem ter papel na gênese da hipertensão arterial associada à obesidade, devido ao aumento de marcadores inflamatórios. A hiperinsulinemia provoca aumento da atividade do sistema nervoso simpático e da reabsorção tubular de sódio, ações que contribuem para o aumento da pressão arterial.

Álcool

     Em geral, bebidas alcoólicas devem ser desaconselhadas aos indivíduos hipertensos. Nos casos dos que fazem seu uso, é recomendável que o consumo não ultrapasse 30ml de etanol/dia. Isso corresponde a 60ml de bebidas destiladas (uma dose), 240ml de vinho (uma taça) ou 720ml de cerveja (uma garrafa). É importante ressaltar que para as mulheres ingestão não deve ser superior a 15ml de etanol/dia.

      A Sociedade Brasileira de Hipertensão Arterial, nas suas diretrizes, passou a recomendar a adoção da dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) no tratamento não farmacológico da hipertensão arterial. A dieta DASH enfatiza o aumento do consumo de frutas, vegetais e produtos lácteos desnatados; inclusão de cereais integrais, aves, peixes e castanhas; e consumo reduzido em gorduras, carne vermelha, doces e refrigerantes. Em estudo realizado em indivíduos com hipertensão arterial foi observado que a dieta DASH reduziu substancialmente a pressão sanguínea (sistólica: 5,5mmHg) no período de dois meses e, quando combinada com a redução de sódio, houve queda adicional da pressão arterial (sistólica: 8,9mmHg).
 
Dieta ao estilo DASH







* Escolha alimentos que possuam pouca gordura saturada, colesterol e gordura total. Por exemplo, carne magra, aves e peixes, utilizando-os em pequena quantidade;

* Coma muitas frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por dia (uma porção é igual a uma concha média);

* Inclua duas ou três porções de laticínios desnatados ou semi desnatados por dia;

* Prefira os alimentos integrais, como pão, cereais e massas integrais ou de trigo integral;

* Coma oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de quatro a cinco porções por semana (uma porção é igual a 1/3 de xícara ou 40g de castanhas, duas colheres de sopa ou 14g de sementes, ou ½ xícara de feijões ou ervilhas cozidas e secas);

* Reduza a adição de gordura. Utilize margarina light e óleos vegetais insaturados (como azeite, soja, milho, canola);

* Evite a adição de sal aos alimentos. Evite também molhos e caldos prontos, além de produtos industrializados;

* Diminua ou evite o consumo de doces e bebidas com açúcar.
Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2010.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:
Cuppari, L. Nutrição Clínica no Adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar –Unifesp. 1 ed. Barueri, SP: Manole, 2002: p. 275-280.
Isosaki, M; Cardoso, E. Manual de Dietoterapia e Avaliação Nutricional do serviço de nutrição e dietética do Instituto do Coração – HCFMUSP. 1 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2004: p.19-23.
Ministério da Saúde. Hipertensão Arterial Sistêmica. Cadernos de Atenção Básica 2006; 15: p.25.
Oliveira, EP; Camargo, KF; Castanho, GKF; Nicola, M; Portero-McLellan, KC; Burini, RC. A variedade da dieta é fator protetor para a pressão arterial sistólica elevada. Arq Bras Cardiol 2012; v.98, n.4: p.338-343.
Sociedade Brasileira de Cardiologia/ Sociedade Brasileira de Hipertensão/ Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol 2010; 95 (1 supl.1.): 1-51.
Sociedade Brasileira de Hipertensão. Disponível em: www.sbh.org.br Acessado em: 31/08/2013.

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