A
hipertensão arterial é o principal fator de risco de mortalidade por doenças
cardiovasculares, estando relacionado ao aumento de sua incidência. Representa
maior influência sob o risco de doenças cardiovasculares do que tabagismo,
hipercolesterolemia, hiperglicemia e obesidade.
De acordo com dados populacionais, a
prevalência de hipertensão arterial no Brasil varia de 25,2% a 41,1%, sendo
mais alta em mulheres, especialmente após a menopausa. A pesquisa mais
recente de Indicadores de Dados Básicos (IBD) revela que a prevalência de
hipertensão arterial na população brasileira é de 23,9% nos adultos, e quando
considerada por gênero, 21% do total de homens e 26,3% das mulheres apresentam
a doença.
Classificação da pressão
arterial (> 18
anos) (Ver post hipertensão
arterial)
Dentre os fatores de risco
associados mais importantes, alguns são considerados não modificáveis, como
idade, gênero, etnia, fatores socioeconômicos e genética. E os
modificáveis, o estilo de vida inadequado está relacionado a maior prevalência
de hipertensão e menor a proteção contra a doença. Portanto, um componente
fundamental para prevenção e tratamento da hipertensão arterial é a mudança de
estilo de vida, como adoção de uma alimentação menos calórica, redução do peso,
prática de atividade física, redução da ingestão de álcool e/ou sal.
Os efeitos benéficos de uma dieta
saudável (rica em frutas e vegetais; pobre em gorduras) sobre o comportamento dos
níveis de pressão arterial são conhecidos. Os fatores nutricionais que
se associam ao aumento da prevalência de hipertensão arterial são o elevado
consumo de álcool, sódio e excesso de peso. Recentemente, vêm sendo, também,
associados o consumo de potássio, cálcio e magnésio, os quais atenuariam o
progressivo aumento dos níveis pressóricos com a idade.
Sódio
O excesso de sódio eleva a pressão
arterial por aumento da volemia (quantidade de sangue circulante no organismo)
e consequente aumento do débito cardíaco. Posteriormente, por mecanismos de autorregulação, há aumento da resistência vascular periférica, mantendo
elevados os níveis de pressão arterial.
O consumo médio de sal da população
é em torno de 10 a 12g. Esse consumo refere-se ao sódio intrínseco e
extrínseco, sendo importante salientar a enorme variedade de alimentos
processados que apresentam adição de sódio. O consumo total de sódio pode ser
considerado proveniente de três fontes: 75% de alimentos processados, 10% de
sódio intrínseco e 15% de sal de adição.
Preconiza-se a não-ingestão de
produtos processados como enlatados, embutidos, conservas, molhos prontos,
caldos de carne, temperos prontos, defumados, bebidas isotônicas, além de
preparar as refeições com pouco sal e não utilizar o saleiro à mesa.
A utilização de sais dietéticos, usados como substitutos do sal de cozinha, deve ser feita com cuidado, uma vez que estes sais são definidos como produto elaborado a partir da mistura de cloreto de sódio com outros sais, de modo que a mistura final mantenha poder salgante semelhante ao do sal de mesa, fornecendo, no máximo, 50% do teor de sódio contido na mesma quantidade de cloreto de sódio. Para melhor palatabilidade e aceitação, recomenda-se molhos à base de frutas, ervas aromáticas e vinagrete no preparo dos alimentos.
Potássio
O potássio é responsável pela
redução do sódio intracelular através da bomba de sódio e potássio e induz a
queda da pressão arterial por meio do aumento da natriurese (eliminação de
sódio pela urina), diminuição da renina e norepinefrina e aumento de secreção
de prostaglandinas. Além do efeito anti-hipertensivo, o potássio exerce ação
protetora contra danos cardiovasculares e como medida auxiliar em pacientes
submetidos à terapia com diuréticos.
A recomendação de
potássio é de 2 a 4g por dia não sendo necessária a suplementação deste
eletrólito na dieta. Esta recomendação deve ser alcançada mediante maior
consumo de alimentos ricos em potássio como frutas (abacate, amora, banana,
melão, maracujá), leguminosas (feijão, grão-de-bico, ervilha fresca e seca) e
vegetais (beterraba, cenoura, mandioca, rabanete, batata, chicória, espinafre,
almeirão, couve-de-Bruxelas, couve-manteiga).
Cálcio e
Magnésio
O cálcio auxilia na
regulação dos batimentos cardíacos e reduz os níveis de sódio quando em altas
concentrações e o magnésio inibe a contração de musculatura lisa vascular
podendo desempenhar um papel na regulação da pressão arterial como
vasodilatador.
Podemos citar como
fonte de cálcio: leite e derivados, vegetais folhosos, sardinha e salmão e como
fontes de magnésio: cereais integrais, leguminosas e vegetais folhosos
verde-escuros.
Açúcar
O consumo inadequado
desse tipo de alimento está associado à maior produção de insulina, podendo
exercer efeito direto no aumento da reabsorção renal de sódio e,
consequentemente, elevar a pressão arterial. Além disso, a resistência a
insulina e a hiperinsulinemia podem ter papel na gênese da hipertensão arterial
associada à obesidade, devido ao aumento de marcadores inflamatórios. A hiperinsulinemia
provoca aumento da atividade do sistema nervoso simpático e da reabsorção
tubular de sódio, ações que contribuem para o aumento da pressão arterial.
Álcool
Em geral, bebidas
alcoólicas devem ser desaconselhadas aos indivíduos hipertensos. Nos casos dos
que fazem seu uso, é recomendável que o consumo não ultrapasse 30ml de
etanol/dia. Isso corresponde a 60ml de bebidas destiladas (uma dose), 240ml de
vinho (uma taça) ou 720ml de cerveja (uma garrafa). É importante ressaltar que
para as mulheres ingestão não deve ser superior a 15ml de etanol/dia.
A Sociedade Brasileira de
Hipertensão Arterial, nas suas diretrizes, passou a recomendar a adoção da
dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) no tratamento não
farmacológico da hipertensão arterial. A dieta DASH enfatiza o aumento do
consumo de frutas, vegetais e produtos lácteos desnatados; inclusão de cereais
integrais, aves, peixes e castanhas; e consumo reduzido em gorduras, carne
vermelha, doces e refrigerantes. Em estudo realizado em indivíduos com
hipertensão arterial foi observado que a dieta DASH reduziu substancialmente a
pressão sanguínea (sistólica: 5,5mmHg) no período de dois meses e, quando
combinada com a redução de sódio, houve queda adicional da pressão arterial
(sistólica: 8,9mmHg).
Dieta ao estilo DASH
*
Escolha alimentos que possuam pouca gordura saturada, colesterol e gordura
total. Por exemplo, carne magra, aves e peixes, utilizando-os em pequena
quantidade;
*
Coma muitas frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por
dia (uma porção é igual a uma concha média);
*
Inclua duas ou três porções de laticínios desnatados ou semi desnatados por
dia;
*
Prefira os alimentos integrais, como pão, cereais e massas integrais ou de
trigo integral;
*
Coma oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de quatro a cinco porções por
semana (uma porção é igual a 1/3 de xícara ou 40g de castanhas, duas colheres
de sopa ou 14g de sementes, ou ½ xícara de feijões ou ervilhas cozidas e
secas);
*
Reduza a adição de gordura. Utilize margarina light e óleos vegetais
insaturados (como azeite, soja, milho, canola);
*
Evite a adição de sal aos alimentos. Evite também molhos e caldos prontos,
além de produtos industrializados;
*
Diminua ou evite o consumo de doces e bebidas com açúcar.
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Fonte: VI Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão, 2010.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Cuppari,
L. Nutrição Clínica no Adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar
–Unifesp. 1 ed. Barueri, SP: Manole, 2002: p. 275-280.
Isosaki,
M; Cardoso, E. Manual de Dietoterapia e Avaliação Nutricional do serviço de
nutrição e dietética do Instituto do Coração – HCFMUSP. 1 ed. São Paulo:
Editora Atheneu, 2004: p.19-23.
Ministério
da Saúde. Hipertensão Arterial Sistêmica. Cadernos de Atenção Básica 2006; 15:
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Oliveira,
EP; Camargo, KF; Castanho, GKF; Nicola, M; Portero-McLellan, KC; Burini, RC. A
variedade da dieta é fator protetor para a pressão arterial sistólica elevada.
Arq Bras Cardiol 2012; v.98, n.4: p.338-343.
Sociedade
Brasileira de Cardiologia/ Sociedade Brasileira de Hipertensão/ Sociedade
Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras
Cardiol 2010; 95 (1 supl.1.): 1-51.
Sociedade
Brasileira de Hipertensão. Disponível em: www.sbh.org.br
Acessado em: 31/08/2013.
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