O diagnóstico é feito pelo clínico
e/ou endoscopista, prescindindo da microscopia.
A gastrite é classificada como aguda
ou crônica de acordo com as células inflamatórias que infiltram o tecido. A
gastrite aguda é a infiltração da mucosa por polimorfonucleares causada por
hábito alimentar desregrado, álcool, medicamentos e estresse. Causa dor na
parte superior do abdômen, náuseas, vômitos, mal-estar, anorexia. A gastrite
crônica é a inflamação da mucosa do estômago, que tem como principal fator
etiológico o Helicobacter pylori. A
dor pode ser contínua, ocorrendo perda de apetite e hemorragia.
Azia
(queimação), estufamento, dificuldade de digestão, flatulência são sintomas
constantes.
Além do H. pylori, há diversos fatores etiológicos que podem estar
envolvidos no desenvolvimento da gastrite crônica. O uso crônico de bebidas
alcoólicas, por exemplo, pode causar eritema e erosões, sendo que as lesões que
são produzidas pela ingestão do álcool resultam no rompimento da barreira da
mucosa gástrica e, como consequência, a retrodifusão dos íons H+.
Ao todo, os fatores etiológicos da
gastrite crônica se resumem à dieta inapropriada, tabagismo, alcoolismo,
medicamentos e ingestão de substâncias corrosivas, estresse, procedimentos
cirúrgicos, insuficiência hepática, infecções sistêmicas e também o H. pylori.
Avaliação Nutricional
É fundamental a investigação sobre a
existência de deficiências nutricionais, com a finalidade de planejar a sua
recuperação no preparo do plano dietético. As deficiências mais comuns são de
energia, proteínas e ferro (que pode ocorrer devido a hemorragias constantes).
Na gastrite crônica é comum a deficiência de vitaminas B12.
Quadro 1. Indicadores para avaliação
nutricional.
Antropométricos
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Clínicos
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Bioquímicos
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Peso
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Avaliação nutricional subjetiva
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Albumina sérica
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Altura
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Exame físico
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Pré-albumina sérica
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Prega cutânea do tríceps
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Anamnese alimentar
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Hemograma
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Circunferência muscular do braço
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Balanço nitrogenado
|
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Transferrina sérica
|
Fonte: Cuppari, 2002.
Recomendações
Nutricionais
Embora os tipos de lesões nas
gastrites e úlceras sejam distintos do ponto de vista morfológico, no que diz
respeito ao tratamento dietético podem ser estabelecidas as mesmas diretrizes.
Os alimentos interferem de forma
fundamental na produção de substâncias e alterações da motilidade gástrica. Os
muito quentes acarretam congestão da mucosa gástrica que eleva a secreção ácida
e diminui o tempo de evacuação.
O leite não é um alimento indicado
para aliviar a dor ou queimação, sintoma comum nesses pacientes. Embora possa
levar ao alívio instantâneo quando ingerido, o leite por ser rico em cálcio e
proteínas, resulta em rebote ácido, isto é, estimula a produção ácida gástrica
e acaba intensificando a dor. Ele deve ser consumido como parte integrante da
alimentação, na quantidade recomendada nos guias alimentares (duas a três
porções ao dia), e não em quantidades abusivas com o objetivo de aliviar a dor.
Com relação as frutas ácidas,
deve-se respeitar a tolerância do paciente. O pH do estômago (por volta de 2) é
mais ácido que qualquer fruta (por exemplo, o pH do suco de laranja é em torno
de 3), e por isso não seria necessário evitá-las, no entanto alguns pacientes
relatam dispepsia (dificuldade na digestão dos alimentos) com cítricos.
Quadro 2.
Recomendações dietéticas para gastrite.
Característica
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Recomendação
|
Valor
energético total
|
Suficiente
para manter ou recuperar o estado nutricional
|
Distribuição
calórica
|
Normal
(carboidratos: 50-60%, proteínas: 10-15%, lipídios: 25-20%)
|
Consistência
|
Geral
ou adaptada às condições da cavidade oral.
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Fracionamento
|
4
a 5 refeições/dia (evitar longos períodos em jejum).
|
Alimentos
com efeito positivo
|
Ricos em fibras
alimentares (vegetais em geral):
a fibra apresenta efeitos benéficos, agindo como tampão, reduzindo a
concentração de ácidos biliares no estômago e reduzindo o tempo de trânsito
intestinal, levando a menor distensão.
|
Alimentos
a serem evitados
|
Bebidas alcoólicas: o álcool é um potente irritante da
mucosa intestinal.
Café: mesmo que seja do tipo
descafeinado, leva ao aumento da produção ácida gástrica, resultando em
irritação da mucosa.
Refrigerantes: à base de cola são relacionados ao
aumento da produção ácida. Além disso, por serem gasosos, provocam distensão
gástrica e podem relacionar-se a dispepsia.
Pimenta vermelha: possui capsaicina –substância irritante
gastrintestinal. A preta também
é irritante, porém a substância ainda não foi identificada.
Mostarda em grão, chilli: são irritantes.
|
Frutas
ácidas
|
Respeitar
a tolerância do paciente. O pH do estômago (por volta de 2) é mais ácido do
que qualquer fruta (por exemplo, o pH do suco de laranja é em torno de 3),
por isso não seria necessário evitá-las. No entanto, alguns pacientes relatam
dispepsia com cítricos.
|
Ambiente
durante a alimentação
|
Procurar
fazer as refeições em ambiente tranqüilo, comendo devagar e mastigando bem os
alimentos.
|
Fonte: Cuppari, 2002.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Badawi, C. Gastrite – Aspectos Nutricionais.
Disponível em: www.nutrociencia.com.br
Acessado em: 13/09/2013.
Caruso, L. Distúrbios do Trato Digestório.
In: Cuppari L. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar UNIFESP/ Escola
Paulista de Medicina -nutrição clínica no adulto. 1a ed. São Paulo: Manole.
2002. p. 201-222.
Caruso, L; Simony, RF; Silva, ALND. Dietas
Hospitalares: uma abordagem na prática clínica. 1 ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2004, p.33-34.
Chehter, L et al. Gastrites. In: Miszputen SJ. Guias de medicina
ambulatorial e hospitalar UNIFESP/ Escola Paulista de Medicina -
Gastroenterologia. 2a ed. São Paulo: Manole. 2007. p. 31-38.
Ddine, LC et al. Fatores associados com a
gastrite crônica em pacientes com presença ou ausência do Helicobacter pylori. ABCD Arq Bras Cir Dig 2012; v.25, n.2:
p.96-100.
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