domingo, 15 de dezembro de 2013

Zinco


   
             O zinco é um micronutriente essencial para a biologia humana. Sua ampla distribuição pelos tecidos reflete sua grande atividade metabólica, estando também envolvido em funções fisiológicas específicas, tais como, função visual; crescimento e replicação celular; maturação sexual; fertilidade e reprodução; funções imunitárias; cicatrização de ferimentos; paladar e apetite.

            O corpo humano contém entre 1,5g a 2,0g de zinco que se encontram distribuídos em vários tecidos, incluindo pâncreas, fígado, pulmões, músculos, ossos, olhos, além das secreções da próstata e esperma.

            O zinco pode estar presente na dieta associado a moléculas orgânicas (proteínas, fitatos e carboidratos) ou na forma de sais inorgânicos (como em suplementos ou em alimentos fortificados). A absorção de zinco ocorre principalmente no intestino delgado, embora os resultados sejam conflitantes em relação ao segmento do intestino delgado com maior capacidade de absorção desse elemento. A presença da glicose no lúmen intestinal auxilia a captação.

            Ao ser absorvido é transportado ao fígado pela albumina e daí para outros tecidos. A quantidade ligada aos aminoácidos (3%) constitui a parte filtrada nos glomérulos e pode ser perdida na urina. A principal forma de eliminação de zinco corporal é pelas fezes; mesmo após longo período de dieta sem este elemento, as perdas endógenas intestinais podem variar de 0,5 a 5mg/dia. Aproximadamente 0,7mg de zinco/dia é perdido na urina de indivíduos saudáveis. A inanição e o catabolismo muscular aumentam as perdas de zinco na urina e nas fezes.

Quadro 1. Recomendação de ingestão diária de zinco.

Estágio de vida
EAR (mg/dia)
AI*/RDA (mg/dia)
UL (mg/dia)
Recém-nascido e criança



0-6 meses
-
  2,0*
4,0
7-12 meses
2,2
3,0
5,0
1-3 anos
2,2
3,0
7,0
4-8 anos
4,0
5,0
12,0
9-13 anos
7,0
8,0
23,0
Homens



14-18 anos
8,5
11,0
34,0
19-30 anos
9,4
11,0
40,0
31-50 anos
9,4
11,0
40,0
51-70 anos
9,4
11,0
40,0
> 70 anos
9,4
11,0
40,0
Mulheres



14-18 anos
7,3
9,0
34,0
19-30 anos
6,8
8,0
40,0
31-50 anos
6,8
8,0
40,0
51-70 anos
6,8
8,0
40,0
> 70 anos
6,8
8,0
40,0
Fonte: IOM (2001)/Cozzolino (2005).

Quadro 2. Recomendação de zinco para indivíduos em estados fisiológicos especiais.

Estágio de vida
EAR (mg/dia)
RDA (mg/dia)
UL (mg/dia)
Gravidez



≤ 18 anos
10,5
13,0
34,0
19-30 anos
9,5
11,0
40,0
31-50 anos
9,5
11,0
40,0
Lactação



≤ 18 anos
11,6
14,0
34,0
19-30 anos
10,4
12,0
40,0
31-50 anos
10,4
12,0
40,0
Fonte: Cozzolino (2005).

           A primeira manifestação da deficiência de zinco, clinicamente identificada, foi a acrodermatite enteropática, uma desordem congênita que surge na infância e é caracterizada pela alopecia (perda parcial ou total dos cabelos ou pelos), diarreia, lesões de pele e imunodeficiência celular.

            A deficiência de zinco ocasiona primeiro uma mobilização das reservas funcionais e, com a deficiência prolongada, podem ocorrer, anorexia, pelo aumento dos níveis de norepinefrina e alterações no hipotálamo; retardo no crescimento e defeito no crescimento fetal; cicatrização lenta; intolerância à glicose pela diminuição de produção de insulina; hipogonadismo, impotência sexual e atrofia testicular; atraso na maturação sexual e esquelética; disfunções imunológicas, ocorrendo infecções intercorrentes; hipogeusia (o zinco é componente da gustina, uma proteína envolvida com o paladar); desordens de comportamento, aprendizado e memória; diarreia, dermatite e alopecia.

            A deficiência de zinco moderada, além da grave, tem sido cada vez mais detectada, principalmente nos países em desenvolvimento, onde estudos bem delineados têm mostrado a importância clínica deste estado de deficiência, onde se observa: retardo no crescimento, diarreia, pneumonia, malária e prejudicado desenvolvimento cerebral.

            Os fatores que podem levar à deficiência de zinco são: consumo inadequado de zinco; deficiência de zinco pela nutrição parenteral total, consumo de fitatos e fibras que diminuem a biodisponibilidade de zinco; desnutrição energético-proteica (DEP); má-absorção; insuficiência renal crônica e outras doenças.


          Vários fatores dietéticos influenciam na biodisponibilidade deste oligoelemento. Cereais, legumes e tubérculos, embora contenham teores significativos de zinco, também possuem fitatos, fibra e lignina que formam complexos insolúveis com esse micromineral, limitando sua absorção. Por sua vez, o leite por conter alta concentração de cálcio e caseína, e os produtos de soja por conterem fitato, podem igualmente reduzir sua biodisponibilidade.

            As principais fontes alimentares de zinco são carnes bovina, de frango e de peixe, ostras, camarão, fígado, grãos integrais, gérmen de trigo, cereais, castanhas, legumes e tubérculos. Frutas, hortaliças e outros vegetais em geral são fontes pobres em zinco.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Cabral, PC; Diniz, AS. Alterações metabólicas e funcionais do zinco em pacientes com insuficiência renal crônica. Rev Bras Nutr Clin 2003; v.18, n.1: p.31-36.

Mafra, D; Cozzolino, SMF. Importância do zinco na nutrição humana. Rev Nutr 2004; v.17,n.1: p.79-87.


Yuyama, LKO; Yonekura, L; Aguiar, JPL; Rodrigues, MLCFR; Cozzolino, SMF. Zinco. Biodisponibilidade de Nutrientes. 1 ed. São Paulo: Manole, 2005, p. 513-538.

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