O zinco é um micronutriente essencial para a biologia humana. Sua ampla distribuição pelos tecidos reflete sua grande atividade metabólica, estando também envolvido em funções fisiológicas específicas, tais como, função visual; crescimento e replicação celular; maturação sexual; fertilidade e reprodução; funções imunitárias; cicatrização de ferimentos; paladar e apetite.
O corpo humano contém entre 1,5g a
2,0g de zinco que se encontram distribuídos em vários tecidos, incluindo
pâncreas, fígado, pulmões, músculos, ossos, olhos, além das secreções da
próstata e esperma.
O zinco pode estar presente na dieta
associado a moléculas orgânicas (proteínas, fitatos e carboidratos) ou na forma
de sais inorgânicos (como em suplementos ou em alimentos fortificados). A
absorção de zinco ocorre principalmente no intestino delgado, embora os
resultados sejam conflitantes em relação ao segmento do intestino delgado com
maior capacidade de absorção desse elemento. A presença da glicose no lúmen
intestinal auxilia a captação.
Ao ser absorvido é transportado ao
fígado pela albumina e daí para outros tecidos. A quantidade ligada aos aminoácidos (3%)
constitui a parte filtrada nos glomérulos e pode ser perdida na urina. A
principal forma de eliminação de zinco corporal é pelas fezes; mesmo após longo
período de dieta sem este elemento, as perdas endógenas intestinais podem variar
de 0,5 a 5mg/dia. Aproximadamente 0,7mg de zinco/dia é perdido na urina de
indivíduos saudáveis. A inanição e o catabolismo muscular aumentam as perdas de
zinco na urina e nas fezes.
Quadro 1. Recomendação de ingestão diária de
zinco.
Estágio
de vida
|
EAR
(mg/dia)
|
AI*/RDA
(mg/dia)
|
UL
(mg/dia)
|
Recém-nascido e
criança
|
|||
0-6
meses
|
-
|
2,0*
|
4,0
|
7-12
meses
|
2,2
|
3,0
|
5,0
|
1-3
anos
|
2,2
|
3,0
|
7,0
|
4-8
anos
|
4,0
|
5,0
|
12,0
|
9-13
anos
|
7,0
|
8,0
|
23,0
|
Homens
|
|||
14-18
anos
|
8,5
|
11,0
|
34,0
|
19-30
anos
|
9,4
|
11,0
|
40,0
|
31-50
anos
|
9,4
|
11,0
|
40,0
|
51-70
anos
|
9,4
|
11,0
|
40,0
|
>
70 anos
|
9,4
|
11,0
|
40,0
|
Mulheres
|
|||
14-18
anos
|
7,3
|
9,0
|
34,0
|
19-30
anos
|
6,8
|
8,0
|
40,0
|
31-50
anos
|
6,8
|
8,0
|
40,0
|
51-70
anos
|
6,8
|
8,0
|
40,0
|
>
70 anos
|
6,8
|
8,0
|
40,0
|
Fonte: IOM (2001)/Cozzolino
(2005).
Quadro 2. Recomendação de zinco para indivíduos
em estados fisiológicos especiais.
Estágio
de vida
|
EAR
(mg/dia)
|
RDA
(mg/dia)
|
UL
(mg/dia)
|
Gravidez
|
|||
≤
18 anos
|
10,5
|
13,0
|
34,0
|
19-30
anos
|
9,5
|
11,0
|
40,0
|
31-50
anos
|
9,5
|
11,0
|
40,0
|
Lactação
|
|||
≤
18 anos
|
11,6
|
14,0
|
34,0
|
19-30
anos
|
10,4
|
12,0
|
40,0
|
31-50
anos
|
10,4
|
12,0
|
40,0
|
Fonte: Cozzolino (2005).
A primeira manifestação da
deficiência de zinco, clinicamente identificada, foi a acrodermatite
enteropática, uma desordem congênita que surge na infância e é caracterizada pela
alopecia (perda parcial ou total dos cabelos ou pelos), diarreia, lesões de
pele e imunodeficiência celular.
A deficiência de zinco ocasiona
primeiro uma mobilização das reservas funcionais e, com a deficiência
prolongada, podem ocorrer, anorexia, pelo aumento dos níveis de norepinefrina e
alterações no hipotálamo; retardo no crescimento e defeito no crescimento
fetal; cicatrização lenta; intolerância à glicose pela diminuição de produção
de insulina; hipogonadismo, impotência sexual e atrofia testicular; atraso na
maturação sexual e esquelética; disfunções imunológicas, ocorrendo infecções
intercorrentes; hipogeusia (o zinco é componente da gustina, uma proteína
envolvida com o paladar); desordens de comportamento, aprendizado e memória;
diarreia, dermatite e alopecia.
A deficiência de zinco moderada,
além da grave, tem sido cada vez mais detectada, principalmente nos países em
desenvolvimento, onde estudos bem delineados têm mostrado a importância clínica
deste estado de deficiência, onde se observa: retardo no crescimento, diarreia,
pneumonia, malária e prejudicado desenvolvimento cerebral.
Os fatores que podem levar à
deficiência de zinco são: consumo inadequado de zinco; deficiência de zinco
pela nutrição parenteral total, consumo de fitatos e fibras que diminuem a
biodisponibilidade de zinco; desnutrição energético-proteica (DEP);
má-absorção; insuficiência renal crônica e outras doenças.
Vários fatores dietéticos
influenciam na biodisponibilidade deste oligoelemento. Cereais, legumes e
tubérculos, embora contenham teores significativos de zinco, também possuem
fitatos, fibra e lignina que formam complexos insolúveis com esse micromineral,
limitando sua absorção. Por sua vez, o leite por conter alta concentração de
cálcio e caseína, e os produtos de soja por conterem fitato, podem igualmente
reduzir sua biodisponibilidade.
As principais fontes alimentares de
zinco são carnes bovina, de frango e de peixe,
ostras, camarão, fígado, grãos integrais, gérmen de trigo, cereais, castanhas,
legumes e tubérculos. Frutas, hortaliças e outros vegetais em geral são
fontes pobres em zinco.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores
físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Cabral, PC; Diniz, AS. Alterações metabólicas
e funcionais do zinco em pacientes com insuficiência renal crônica. Rev Bras
Nutr Clin 2003; v.18, n.1: p.31-36.
Mafra, D; Cozzolino, SMF. Importância do
zinco na nutrição humana. Rev Nutr 2004; v.17,n.1: p.79-87.
Yuyama, LKO; Yonekura, L; Aguiar, JPL;
Rodrigues, MLCFR; Cozzolino, SMF. Zinco. Biodisponibilidade de Nutrientes. 1
ed. São Paulo: Manole, 2005, p. 513-538.
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