No Brasil, estima-se que o câncer de
colo de útero seja a terceira neoplasia maligna mais comum nas mulheres, sendo
superado pelos cânceres de pele e de mama, e que seja a quarta causa de morte
por câncer em mulheres.
Os principais fatores de risco para
o desenvolvimento do câncer do colo de útero são: início precoce das atividades
sexuais, multiparidade, tabagismo, multiplicidade de parceiros sexuais,
parceiros sexuais masculinos com múltiplas parceiras, lesão genital provocada por
infecção pelo vírus papilomavírus humano (HPV) do tipo oncogênico, baixas
condições socioeconômicas, infecções genitais de repetição, alimentação pobre
em alguns micronutrientes, principalmente vitamina C, betacaroteno e folato, e
o uso prolongado de anticoncepcionais.
O HPV é o principal fator
etiológico do câncer do colo uterino, porém estudos afirmam que a infecção por
esse vírus é apenas uma etapa inicial, ele por si só pode ser insuficiente para
causar o câncer. Pesquisas indicam que alguns nutrientes antioxidantes, como as
vitaminas A, E e C, podem inibir a formação de radicais livres e a evolução de
lesões malignas no epitélio do colo uterino, atuando como moduladores da
resposta imune frente à presença e/ou à persistência da infecção por HPV,
impedindo a progressão da NIC (neoplasia intraepitelial cervical) e
consequentemente o desenvolvimento do câncer cervical.
Diagnóstico
Lesões pré-cancerosas (ou mesmo o câncer de colo de útero em seus estágios
iniciais) geralmente não apresentam sintomas. Estes só aparecem nos casos mais
avançados. E o aparecimento de qualquer dos sintomas a seguir deve ser
comunicado ao médico:
- Aparecimento de secreção,
corrimento ou sangramento vaginal incomum;
- Sangramento leve, fora do período
menstrual;
- Sangramento ou dor após a relação
sexual, ducha íntima ou exame ginecológico.
Esses
sintomas não significam que a mulher tem câncer. Podem indicar vários outros
problemas, mas revelam que é preciso consultar um médico.
Se
suspeitar de lesão pré-cancerosa ou de câncer, o médico poderá pedir novos
exames, entre eles:
Colposcopia
Esse
exame permite examinar o colo do útero através de um aparelho chamado
colposcópio, que se assemelha a um par de binóculos. Ele produz uma imagem
ampliada entre 10 a 40 vezes, permitindo que o médico identifique lesões
imperceptíveis a olho nu.
Biópsia
Remoção
de uma amostra de tecido, que será analisada ao microscópio para ver se há
células cancerosas.
Exame de Papanicolaou
Ele
pode detectar as lesões pré-cancerosas causadas pelo HPV que, tratadas, detêm o
problema antes que ela assuma a forma invasiva. Geralmente este exame é feito
durante o exame ginecológico e consiste na análise microscópica de células do
colo de útero obtidas através de uma leve raspagem.
- Todas as mulheres devem fazer o
Papanicolaou anual a partir dos 21 anos ou a partir do terceiro ano após o
início de sua vida sexual;
- A partir dos 30 anos, mulheres
que tiveram três Papanicolaous normais seguidos podem fazer o teste a cada
2 ou 3 anos ou fazer o Papanicolaou a cada 3 anos junto com o teste de DNA
de HPV se negativo;
- Mulheres expostas a certos
fatores de risco (portadoras do HIV ou com problemas de sistema
imunológico) devem fazer o exame anualmente;
- Mulheres com 70 anos ou mais que
tiveram 3 ou mais testes normais em seqüência (e nenhum resultado anormal
em 10 anos) podem parar de fazer exames;
- Mulheres submetidas a
histerectomia total (retirada do útero e colo do útero) por motivo outro
que não o câncer ou lesão pré-cancerosa também podem parar de fazer o exame;
- As submetidas à histerectomia parcial devem continuar com os exames de rotina.
Vitaminas
Antioxidantes
Estudos epidemiológicos
encontraram associação entre as ações de nutrientes e o risco para câncer
cervical, com base na ingestão de vitaminas antioxidantes e no pool circulante desses nutrientes, que
refletem padrões dietéticos. Estudos de revisão com carotenoides (betacaroteno
encontrado na cenoura, folhas verde escuras, vegetais de cor amarela e laranja;
e o licopeno encontrado no tomate, melancia, mamão e goiaba), vitamina C
(encontrada nas frutas cítricas principalmente) e a vitamina E (tocoferois
encontrados nos óleos vegetais) demonstraram que esses podem ser agentes de
proteção principalmente nos estágios iniciais da carcinogênese cervical, protegendo
contra a persistência e a progressão subsequente de infecções por HPV, porém
alguns achados em outros estudos foram imprecisos.
► Vitamina A
Vitamina A é um termo
genérico utilizado para descrever qualquer composto que possua atividade biológica
de retinol: retinol (álcool), retinol (ácido) e os carotenoides. O termo
pró-vitamina A é também genérico, e utilizado para descrever os carotenoides
que exercem função de vitamina A, os mais comuns e presentes na dieta são
alfacaroteno, betacaroteno, licopeno, luteína, zeaxantina e betacriptoxantina.
O betacaroteno é o carotenoide encontrado na
natureza com maior poder de formação de vitamina A e é capaz de conferir
proteção contra diversos tipos de tumores em animais. Os retinoides estão
envolvidos em numerosos processos fisiológicos, incluindo a diferenciação
celular e a apoptose, que é a morte celular programada. Eles inibem o crescimento
de células malignas no epitélio escamoso, atuando no crescimento e no controle
da diferenciação celular.
O ácido retinoico é o mais fisiologicamente ativo.
O retinol circula em um complexo com proteína plasmática ligadora de retinol e
pré-albumina, essa proteína entrega o retinol aos sítios intracelulares, onde são
convertidos a ácido retinoico. A ação de prevenção do câncer cervical se daria
pelo poder que o ácido retinoico tem de alterar a expressão genética especificamente
em tecidos-alvo como o do colo do útero, a maior limitação é decifrar como o
ácido retinóico cumpre essa tarefa. Além disso, os ácidos retinoicos são
moduladores potentes do crescimento e da diferenciação epitelial, o que inibe
desenvolvimento do HPV, evitando assim o câncer cervical. Entre as funções dos
carotenoides, está a capacidade de inibir a oxidação de compostos pelos
peróxidos, sendo também moduladores potentes do crescimento e da diferenciação
celular. Eles inibem o crescimento de células malignas no epitélio escamoso do
colo uterino e induzem a inibição do desenvolvimento do HPV e conseqüentemente
a evolução das lesões displásicas.
► Vitamina C
O ácido ascórbico é uma
vitamina hidrossolúvel e antioxidante que reage diretamente com o oxigênio simples,
radical hidroxila e radical superóxido, além de regenerar a vitamina E. Além
disso, essa vitamina poupa a glutationa peroxidase, que é um importante antioxidante
intracelular e cofator enzimático. A vitamina C tem papel importante na
manutenção do tecido normal epitelial e na regeneração da epiderme, além de ter
a função de evitar a formação de carcinógenos a partir de compostos
precursores, podendo inibir a carcinogênese pelos seguintes mecanismos:
alteração da estrutura do carcinógeno, inibição competitiva, prevenção de acesso
do carcinógeno ao tecido-alvo por estabilidade crescente da membrana.
Análises laboratoriais indicam que níveis mais
baixos de vitamina C do soro eram mais comuns em pacientes com câncer cervical
que os controles. Verificou através de pesquisa observacional que a progressão
do HPV à NIC está associada à baixa ingestão de vitamina C; porém outro estudo
observacional obteve resultado inconsistente quanto à prevenção do câncer do
colo uterino com vitamina C.
► Vitamina E
A vitamina E é outro antioxidante dietético de
grande importância, e sua forma mais ativa biologicamente é o alfatocoferol.
Sua função como antioxidante é proteger os tecidos adiposos do ataque de
radicais livres, como por exemplo, a formação de radicais peróxidos a partir de
ácidos graxos poliinsaturados nas membranas fosfolipídicas. A vitamina E é
capaz de inibir o crescimento das células malignas. Ela impede que as células
tumorais continuem o ciclo celular, interrompendo-o na fase G1 e conduzindo à
apoptose. Em estados de deficiência dessa vitamina, os danos celulares causados
pela produção de radicais livres pelo tumor causam peroxidação lipídica e
destruição celular.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Colo do Útero. A.C. Camargo Cancer Center.
Disponível em: www.accarmargo.org
Acessado em: 03/01/2014.
Falando sobre Câncer do Colo do Útero. Ministério
da Saúde. Disponível em: www.bvsms.saude.gov.br
Acessado em: 03/01/2014.
Sampaio, LC; Almeida, CF. Vitaminas antioxidantes
na prevenção do câncer do colo uterino. Rev Bras Cancerologia 2009; v.55, n.3:
p. 289-296.
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