segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Leite Materno



           O leite materno é o único alimento que garante qualidade e quantidade ideal de nutrientes para o bebê, apresentando concentrações ideais de proteínas, açúcares, gorduras, sais minerais e vitaminas.

            O leite secretado até três dias após o parto é denominado colostro. O colostro é um líquido amarelado e espesso com alta concentração proteica. Possui um menor teor de gordura e lactose. Sua composição caracteriza-se por menor teor energético, que é de 67kcal/dL, em comparação com o leite maduro, de 71kcal/dL. As concentrações de sódio, potássio, cloro e zinco são maiores nos primeiros dias de lactação. As vitaminas lipossolúveis A, E e carotenóides (responsáveis pela cor amarelada do colostro) estão presentes em altas concentrações.

            Os fatores mais conhecidos do colostro são as imunoglobulinas IgA, IgAs, IgG, IgM, IgD e IgE, as quais protegem a criança contra infecções que penetram na circulação através do trato gastrointestinal, inclusive contra a poliomelite, o vírus Coxsakie do gênero dos Enterovírus, a E. coli patogênica, as Salmonellas e as Sighellas.

             As concentrações de imunoglobulinas são altíssimas, especialmente a IgAs, e sofrem queda acentuada do primeiro ao terceiro dia de lactação. Mas a quantidade total fornecida mantém-se alta, devido ao aumento do volume de leite produzido. Por esse motivo é importante que a criança receba colostro nas primeiras 48h, nem que seja em pequenas quantidades.

              A composição do colostro, principalmente graças à presença do fator bífido, é responsável pelo crescimento da flora bacteriana específica caracterizada pela presença do Lactobacillus bifidus. O colostro também facilita a eliminação do mecônio (primeiras fezes do bebê). Atribui-se também a esse leite a propriedade antiinflamatória, uma vez que ele interfere nas atividades enzimáticas dos leucócitos polimorfonucleares.

               Aos fatores de defesa soma-se ainda a ação da lactoferrina, uma enzima quelante de ferro e que apresenta, portanto, ação bacteriostática, principalmente sobre a E. coli. A lactoferrina encontra-se em concentração elevada no colostro (600mg/dL) e mais baixa no leite maduro (180mg/dL). A lisozima é uma enzima que apresenta ação bactericida sobre a maioria das bactérias Gram-positivas. Atinge sua maior concentração no leite maduro (14 a 30mg/dL).

Leite maduro

          É o leite propriamente dito. Apresenta composição mais estável a partir do 15º dia após o parto.

► Proteínas: Só leite materno contém todos os aminoácidos essenciais em proporções adequadas para garantir o perfeito desenvolvimento do cérebro. O nível de proteína do leite materno não é afetado pelo consumo alimentar da mãe; assim, mesmo mães malnutridas apresentam o teor satisfatório de proteínas no seu leite.  A quantidade de proteína varia de 1,2 a 1,5g/dL. É representada por 60% de proteínas do soro (alfa-lactoalbumina, imunoglobulinas, enzimas) e 40% de caseína.

► Carboidratos: O leite materno é rico em lactose (o açúcar próprio do leite – 7,0g/dL) e, por isso, é bem mais adocicado que o leite de vaca. Além da lactose, o leite humano apresenta 0,8% de oligossacarídeos que, na presença de peptídeos, vai formar o fator bífido. Este, em um meio rico em lactose, vai produzir ácido láctico e succínio, diminuindo o pH intestinal e tornando o meio desfavorável à proliferação de enterobactérias. Além disso, a lactose favorece a absorção de cálcio e fósforo e essa ação pode ser considerada fator anti-raquitismo, mesmo quando o leite apresenta baixa concentração de cálcio e vitamina D.

► Lipídios:  A gordura do leite materno é rica em ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa essenciais para a perfeita formação da pele e do sistema nervoso central. A quantidade total de lipídios é de 3,5g/dL, sendo constituído por 97% de triglicerídios e quantidades pequenas de fosfolipídios, colesterol e ácidos graxos livres. A quantidade total de gordura do leite humano não sofre influência da dieta e da condição nutricional da mãe. Entretanto, os ácidos graxos são altamente influenciados pela origem genética e pelo tipo de gordura que a mãe ingere, e em geral o leite materno apresenta quantidades significativas de ácidos graxos essenciais para o bom desenvolvimento da criança.

► Minerais: A criança necessita de pelo menos 12 minerais em quantidade adequada para a formação de novos tecidos, mas 6 deles têm ação mais direta: cálcio, fósforo e magnésio, pela contribuição importante e fundamental na formação de tecido ósseo, influenciando na altura do indivíduo; potássio, por ser elemento intracelular e indispensável na formação protoplasmática; ferro é o principal elemento da hemoglobina e sua falta acarreta anemia, com repercussões para o crescimento e desenvolvimento adequado da criança. Tanto o leite materno quanto o leite de vaca são pobres em ferro, porém 50% do ferro presente no leite materno são absorvidos graças à sua alta biodisponibilidade, e, dessa forma, os bebês não apresentam anemia. O iodo participa de um dos hormônios mais diretamente ligados ao crescimento, o hormônio tireoidiano.

► Vitaminas:  Todas as vitaminas estão presentes em quantidades suficientes para atender as necessidades do lactente, com exceção da vitamina D, que deverá ser obtida pela exposição regular da criança à luz solar.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Batocchio, APR; Santos, AG; Coelho, CAR. Leite materno: considerações sobre nutrientes específicos e seus benefícios. Rev Bras Nutri Clin 2003; v.18, n.3: p. 36-41.

Lopes, PRA. As vantagens da Amamentação. Por que amamentar? Aleitamento Materno: um guia para pais e familiares. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 2002; p. 5-21.

Vitolo, MR.. Fisiologia da Lactação e Composição do Leite Materno. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. 1 ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2008, p. 125-133.


Vitolo, MR. Aleitamento Materno e Alimentação da Nutriz.  Nutrição: da Gestação a Adolescência.  Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2003; p. 63-73.

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