O leite materno é o único alimento
que garante qualidade e quantidade ideal de nutrientes para o bebê,
apresentando concentrações ideais de proteínas, açúcares, gorduras, sais
minerais e vitaminas.
O leite secretado até três dias após
o parto é denominado colostro. O colostro é um líquido amarelado e espesso com
alta concentração proteica. Possui um menor teor de gordura e lactose. Sua
composição caracteriza-se por menor teor energético, que é de 67kcal/dL, em
comparação com o leite maduro, de 71kcal/dL. As concentrações de sódio,
potássio, cloro e zinco são maiores nos primeiros dias de lactação. As
vitaminas lipossolúveis A, E e carotenóides (responsáveis pela cor amarelada do
colostro) estão presentes em altas concentrações.
Os fatores mais conhecidos do
colostro são as imunoglobulinas IgA, IgAs, IgG, IgM, IgD e IgE, as quais
protegem a criança contra infecções que penetram na circulação através do trato
gastrointestinal, inclusive contra a poliomelite, o vírus Coxsakie do gênero dos Enterovírus, a E. coli patogênica, as Salmonellas
e as Sighellas.
As concentrações de imunoglobulinas
são altíssimas, especialmente a IgAs, e sofrem queda acentuada do primeiro ao
terceiro dia de lactação. Mas a quantidade total fornecida mantém-se alta,
devido ao aumento do volume de leite produzido. Por esse motivo é importante
que a criança receba colostro nas primeiras 48h, nem que seja em pequenas
quantidades.
A composição do colostro,
principalmente graças à presença do fator bífido, é responsável pelo
crescimento da flora bacteriana específica caracterizada pela presença do
Lactobacillus bifidus. O colostro também facilita a eliminação do mecônio
(primeiras fezes do bebê). Atribui-se também a esse leite a propriedade
antiinflamatória, uma vez que ele interfere nas atividades enzimáticas dos
leucócitos polimorfonucleares.
Aos fatores de defesa soma-se ainda
a ação da lactoferrina, uma enzima quelante de ferro e que apresenta, portanto,
ação bacteriostática, principalmente sobre a E. coli. A lactoferrina
encontra-se em concentração elevada no colostro (600mg/dL) e mais baixa no
leite maduro (180mg/dL). A lisozima é uma enzima que apresenta ação bactericida
sobre a maioria das bactérias Gram-positivas. Atinge sua maior concentração no
leite maduro (14 a 30mg/dL).
Leite maduro
É o leite propriamente dito.
Apresenta composição mais estável a partir do 15º dia após o parto.
►
Proteínas: Só leite materno contém todos os aminoácidos essenciais em
proporções adequadas para garantir o perfeito desenvolvimento do cérebro. O
nível de proteína do leite materno não é afetado pelo consumo alimentar da mãe;
assim, mesmo mães malnutridas apresentam o teor satisfatório de proteínas no
seu leite. A quantidade de proteína
varia de 1,2 a 1,5g/dL. É representada por 60% de proteínas do soro
(alfa-lactoalbumina, imunoglobulinas, enzimas) e 40% de caseína.
►
Carboidratos: O leite materno é rico em lactose (o açúcar próprio do leite –
7,0g/dL) e, por isso, é bem mais adocicado que o leite de vaca. Além da
lactose, o leite humano apresenta 0,8% de oligossacarídeos que, na presença de
peptídeos, vai formar o fator bífido. Este, em um meio rico em lactose, vai
produzir ácido láctico e succínio, diminuindo o pH intestinal e tornando o meio
desfavorável à proliferação de enterobactérias. Além disso, a lactose favorece
a absorção de cálcio e fósforo e essa ação pode ser considerada fator
anti-raquitismo, mesmo quando o leite apresenta baixa concentração de cálcio e
vitamina D.
►
Lipídios: A gordura do leite materno é
rica em ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa essenciais para a
perfeita formação da pele e do sistema nervoso central. A quantidade total de
lipídios é de 3,5g/dL, sendo constituído por 97% de triglicerídios e
quantidades pequenas de fosfolipídios, colesterol e ácidos graxos livres. A
quantidade total de gordura do leite humano não sofre influência da dieta e da
condição nutricional da mãe. Entretanto, os ácidos graxos são altamente
influenciados pela origem genética e pelo tipo de gordura que a mãe ingere, e
em geral o leite materno apresenta quantidades significativas de ácidos graxos
essenciais para o bom desenvolvimento da criança.
►
Minerais: A criança necessita de pelo menos 12 minerais em quantidade adequada
para a formação de novos tecidos, mas 6 deles têm ação mais direta: cálcio,
fósforo e magnésio, pela contribuição importante e fundamental na
formação de tecido ósseo, influenciando na altura do indivíduo; potássio,
por ser elemento intracelular e indispensável na formação protoplasmática; ferro
é o principal elemento da hemoglobina e sua falta acarreta anemia, com
repercussões para o crescimento e desenvolvimento adequado da criança. Tanto o
leite materno quanto o leite de vaca são pobres em ferro, porém 50% do ferro
presente no leite materno são absorvidos graças à sua alta biodisponibilidade,
e, dessa forma, os bebês não apresentam anemia. O iodo participa de um
dos hormônios mais diretamente ligados ao crescimento, o hormônio tireoidiano.
►
Vitaminas: Todas as vitaminas estão
presentes em quantidades suficientes para atender as necessidades do lactente,
com exceção da vitamina D, que deverá ser obtida pela exposição regular da
criança à luz solar.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Batocchio, APR; Santos, AG; Coelho, CAR.
Leite materno: considerações sobre nutrientes específicos e seus benefícios.
Rev Bras Nutri Clin 2003; v.18, n.3: p. 36-41.
Lopes, PRA. As vantagens da Amamentação. Por
que amamentar? Aleitamento Materno: um guia para pais e familiares. 1 ed. São
Paulo: Atheneu, 2002; p. 5-21.
Vitolo, MR.. Fisiologia da Lactação e
Composição do Leite Materno. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. 1 ed. Rio
de Janeiro: Rubio, 2008, p. 125-133.
Vitolo, MR. Aleitamento Materno e Alimentação
da Nutriz. Nutrição: da Gestação a
Adolescência. Rio de Janeiro: Reichmann
& Affonso Editores, 2003; p. 63-73.
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