No Brasil existiam 15 milhões de
pessoas no ano de 2000 (8,6% da população) com
idade acima de 60 anos e a
estimativa para 2025 é que este número alcance 32 milhões (13% da população).
O desequilíbrio nutricional no idoso
está reconhecidamente relacionado ao aumento da mortalidade, à susceptibilidade
a infecções e à redução da qualidade de vida. Na senescência é comum a
co-existência de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares,
pulmonares, o diabetes mellitus, além do uso prolongado de medicamentos
que interferem no apetite, no consumo e na absorção de nutrientes.
Os hábitos alimentares mudam com o
avanço da idade devido às diferentes necessidades de energia e nutrientes e,
também, devido a outros fatores, como as informações de saúde pública que
relacionam dieta e saúde, como mudança nos preços dos itens alimentares e
mudanças no decréscimo da saúde e atividade física dos indivíduos.
Mantendo os idosos em bom estado
nutricional, pode-se ajudá-los a manter sua saúde e independência diminuindo,
com isso, as demandas dos cuidados institucionais – e a melhorar a qualidade de
vida. A importância de um bom estado nutricional na manutenção da
independência, entre os idosos, não pode ser exagerada.
Recomendações
Nutricionais
Energia: Homens (mais de 51 anos) – 2.300kcal.
Mulheres (mais de 51 anos) – 1.900kcal.
Obs: Não foram estabelecidas
recomendações de energia para diferentes faixas etárias acima dos 51 anos.
Carboidratos: Segundo o Institute of Medicine, a necessidade de carboidratos varia de 45 a
65% do total energético. Tanto para homens e mulheres acima de 51 anos, a
quantidade de carboidrato total deve ser de aproximadamente 130g/dia.
Recomenda-se o uso de carboidratos complexos para maior oferta de vitaminas,
minerais e fibras.
Proteínas: As necessidades de proteínas variam
de 10 a 35% do total energético diário, sendo de 0,8 a 1,0g de proteína/kg/dia.
A RDA (ingestão dietética recomendada) de proteína para homens é de 56g e 46g
para mulheres. Devemos priorizar fontes protéicas de alto valor biológico, como
carnes, miúdos, ovos, leite e seus derivados. Proteínas de origem vegetal como
feijão e soja são complementares. Em caso de alteração da função renal, dieta
hipoprotéica de até 0,6g de proteína/kg.
Lipídios: Devem corresponder de 20-35% do
consumo energético. A gordura saturada não deve exceder 8% da gordura total.
São encontradas em carnes, ovos, leite e derivados. A ingestão de ômega-3 deve ser de 0,6 a
1,2g/dia, encontrado em óleos de canola, linhaça, salmão, arenque, sardinha e
algas; e a de ômega-6, de 5 a 10g/dia, sendo encontrado em nozes, castanhas,
sementes e óleo de soja, girassol e milho. O consumo de colesterol não deve ser
superior a 300mg/dia.
Minerais: Cálcio → Homens (51-70 anos) – 1.200mg
Mulheres (51-70
anos) – 1.200mg.
Obs: As fontes alimentares de cálcio são
iogurte, leite, queijo, amêndoas, espinafre, tofu, avelã, couve e etc.
Ferro
→ Homens (51-70 anos) – 8mg.
Mulheres (51-70
anos) – 8mg.
Obs: A deficiência de ferro pode ser
identificada pelos níveis de ferritina sérica, transferrina e dosagem de ferro
sérico. O nível de ferritina pode ter sua interpretação dificultada pela presença
de doenças inflamatórias e, portanto, em qualquer inflamação pode estar
elevada. O consumo de uma porção de carne (150g), diariamente, atinge
praticamente metade dessa recomendação.
Zinco → Homens (51-70 anos)
– 11mg.
Mulheres (51-70
anos) – 8mg.
Obs: As fontes de zinco são carnes
vermelhas e brancas, fígado, castanhas, leguminosas e frutas.
Magnésio → Homens (51-70 anos) – 420mg.
Mulheres (51-70 anos) –
320mg.
Obs: Os vegetais folhosos são as melhores
fontes, seguidos por legumes, produtos marinhos, nozes, cereais e derivados do
leite. A água também contém magnésio, em concentração que pode variar de 1 a
16µ/g.
Fósforo → Homens (51-70 anos) – 700mg.
Mulheres
(51-70 anos) – 700mg.
Obs: As fontes de fósforo são semente de
abóbora seca, soja assada, amêndoa, Castanha-do-Brasil, semente de girassol,
sardinha, amendoim e etc.
Selênio → Homens (51-70 anos) - 55µg.
Mulheres
(51-70 anos) - 55µg.
Obs: A Castanha-do-Brasil é o alimento
mais rico em selênio.
Vitaminas:
Vitamina
D → A ingestão inadequada de vitamina D pode aumentar a perda
óssea e o risco de osteoporose. A redução dos níveis de 25-hidroxi vitamina D
em idosos, resultado da diminuição da ingestão e da falta de exposição à luz
solar, pode promover a menor eficiência da síntese de vitamina D na pele. A
recomendação tanto para homens quanto mulheres (50-70 anos) é de 10µg e homens
e mulheres (acima dos 70 anos) é de 15µg. Fontes alimentares: Leite e
derivados, ovos, margarinas, peixes.
Vitamina A → As
recomendações de vitamina A são de 900µg para homens e 700µg para mulheres de
51 a 70 anos e acima de 70 anos. Fontes alimentares: fígado, leite e derivados,
ovos, cenoura, batata doce, manga, espinafre, folhas de brócolis e etc.
Obs: O consumo de um bife de fígado (120g)
uma vez por semana ou uma porção pequena de alimentos amarelos ou verde-escuros
três vezes por semana, garantem reservas adequadas.
Vitamina C → A RDA de
vitamina C são de 90mg para homens e 75mg para mulheres acima de 50 anos. O
consumo diário de 2 frutas e 1 porção de verduras que sejam fontes de vitamina
C é suficiente para se alcançar a RDA do idoso, como por exemplo, um copo de
suco de laranja (94mg) ou 2 unidades de tomate (60mg), 1 copo de suco de
morango (70mg), 1 unidade de kiwi (75mg), 1 fatia média de mamão (78mg).
Vitamina B12 → Atrofia gástrica, medicamentos e anemia perniciosa
podem causar deficiência de vitamina B12
em idosos e, em alguns estudos, esta se associa a redução da cognição e à
doença de Alzheimer. A recomendação de vitamina B12
é de 2,4µg para homens e mulheres de 51 a 70 anos e acima de 70 anos.
Obs: Alimentos de origem animal são as
únicas fontes naturais de vitamina B12, como produtos lácteos, carne, fígado,
peixes, ovos.
Fibras: A constipação em idosos é muito comum
devido ao fato de estes indivíduos apresentarem dificuldades físicas para
evacuação. A alimentação pobre em fibras e a reduzida ingestão de água são os
principais causadores da alteração do hábito intestinal. Algumas das causas são
a salivação diminuída e a dificuldade na mastigação que levam a um aumento da
ingestão de alimentos refinados e pobres em fibras e baixa ingestão de água. A
falta de atividade física também contribui para o agravamento do problema. A
recomendação para homens de 50-70 anos e mais de 70 anos é de 30g/dia; para
mulheres de 50-70 anos e mais de 70 anos é de 21g/dia.
Água: A água deve merecer atenção especial,
principalmente nesta faixa etária, na qual a desidratação é o distúrbio
hidroeletrolítico mais comum. O sistema renal diminui sua capacidade com a
idade, assim como os idosos sentem menos sede que os mais jovens, gerando uma
privação de água. Esta pode ocorrer por um distúrbio cognitivo, pela diminuição
da sede ou por debilidade física. Contudo, a água deve ser controlada, assim
como a dieta e os medicamentos, principalmente, para idosos que requerem um
maior cuidado. A recomendação para homens de 50-70 anos e mais de 70 anos é de
3,7L/dia; para mulheres de 50-70 anos e mais de 70 anos é de 2,7L/dia.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Cozzolino, SMF. Biodisponibilidade de
Nutrientes. 1 ed. São Paulo: Manole, 2005.
Félix, LN; Souza, EMT. Avaliação nutricional
de idosos de uma instituição por diferentes instrumentos. Rev Nutr 2009; v.22,
n.4: p. 571-580.
Gonsales, SCR; Alvarez, TS; Oliveira, PA;
Cukier, C; Magnoni, D. Recomendações e Necessidades Diárias. Nutrição na
Terceira Idade. 1 ed. São Paulo: Sarvier, 2005, p. 37-42.
Institute of Medicine (IOM). Dietary
Reference Intakes. Washington: National Academy Press, 2000. Disponível em: www.nap.edu Acessado em: 16/01/2014.
Passero, V; Moreira, EAM. Estado nutricional
de idosos e sua relação com a qualidade de vida. Rev Bras Nutr Clin 2003; v.18,
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Pfrimer, K; Ferriolli. Recomendações
nutricionais para idosos. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. 1 ed. Rio de
Janeiro: Rubio, 2008, p. 451-457.
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