A AIDS é causada pelo vírus HIV, que
insere seu material genético no DNA de células
-alvo hospedeiras, principalmente
linfócitos CD4, células de defesa do sistema imunológico humano, destruindo-as
após ampla replicação em seu interior. Esta replicação do vírus provoca a morte
das células-alvo, causando imunodeficiência e predispondo os indivíduos com HIV
a inúmeras infecções causadas pelos mais diferentes tipos de patógenos (vírus,
fungos, bactérias e protozoários) e afetam diversos sistemas orgânicos.
O estado nutricional e a ingestão
alimentar inadequados desempenham importantes papeis no desenvolvimento da
AIDS. Embora a área muscular do braço e o peso corporal apresentem correlação
positiva com a contagem de CD4, tem-se que o estado nutricional influencia a
sobrevida independentemente desta contagem. Além disso, sabe-se que a
alimentação não só afeta a saúde como um todo, mas também a qualidade de vida e
a resposta ao tratamento.
As mudanças nas formas do corpo e metabólicas
consistem em:
●
aumento no tamanho da cintura e afinamento nas extremidades;
●
mudanças na face: traços da pele acentuados, perda de gordura lateral e dobra
nasolabial;
●
aumento da gordura dorsocervical;
●
nas mulheres aumento das mamas e diminuição das coxas;
●
aumento do colesterol LDL e VLDL e triglicerídeos;
●
alteração no metabolismo glicídico, resistência à insulina, diabetes.
Praticamente todos os pacientes com
AIDS são acometidos pela perda de peso. A síndrome consumptiva pode ser
definida como a redução involuntária de 10% ou mais do peso corporal habitual,
acompanhada de diarreia e/ou febre e/ou fraqueza crônica. Os pacientes sofrem
grande redução de massa magra, diminuição de todos os compartimentos corporais.
Quando a massa magra atinge 54% do seu valor habitual, a morte do paciente é
inevitável.
Características da
dieta
Para a estimativa da necessidade
energética, recomenda-se o uso da equação de Harris-Benedict ou calorimetria
indireta, acrescentando-se o fator de injúria (1,3 a 1,7) e o fator térmico, de
acordo com a temperatura do paciente.
Quadro 1. Recomendações de energia e proteínas.
HIV/AIDS
Assintomáticos
|
AIDS
Sintomáticos
|
25-30 kcal/kg de peso atual
|
35-40 kcal/kg de peso/dia
|
0,8-1,25g de proteínas/kg de
peso/dia
|
1,5-2,0g de proteínas/kg de peso/dia
|
120:1 cal não proteicas/g de
nitrogênio
|
35 kcal/kg de peso/dia
2,0-3,0g de proteínas/kg/dia
|
Fonte: Cuppari, 2002.
O consumo de lipídios não deve ser
restringido, exceto quando há esteatorreia. Neste caso, a dieta deve ser
suplementada com triglicerídeos de cadeia media (TCM). Alguns autores sugerem o
uso concomitante de TCM e óleos de peixe, que podem melhorar a função imune dos
doentes.
A ingestão adequada de carboidratos
é fundamental para “poupar” as proteínas. O consumo destes nutrientes deve
contribuir com 50 a 60% do valor energético total.
A suplementação de vitaminas e
minerais é necessária, porém não em megadoses. A literatura recente comenta que
devem suprir em 100% das recomendações para pessoas saudáveis e múltiplos de
vitamina A, E, B6, B12
e zinco. A via preferencial de administração é a oral, pois as injeções são
caras, dolorosas e podem provocar abcessos. As gestantes soropositivas devem
receber suplementação extra de ferro e folato.
Os pacientes com AIDS devem consumir
pequenas quantidades de alimentos frequentemente. Alimentos que podem ser
ingeridos com as mãos são mais interessantes para os indivíduos mais fracos e
debilitados, devido à sua dificuldade de manusear talheres.
Algumas sugestões para aumentar o
valor energético e proteico da dieta visando à recuperação do peso:
●
enriquecer bebidas, sobremesas (frutas, doces concentrados, pudins) e sopas com
leite, queijos, gelatinas, mel, açúcar, margarina;
●
adicionar óleo vegetal às preparações salgadas e saladas;
●
em preparações líquidas, como sucos de frutas, substituir a água pelo leite;
●
se a gordura não for bem tolerada, consumir suplementos e alimentos ricos em
carboidratos e proteínas, mas não em lipídios (exemplos: pudins e suflês feitos
com leite desnatado, carnes magras, peito de frango, peixes, ovos cozidos,
cereais);
●
se o leite não for bem aceito, substituí-lo por uma mistura de leite de soja
com mel ou açúcar e óleo vegetal e fornecer outras fontes de cálcio, como
queijos.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Coppini, LZ; Ferrini, MT. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) . In:
Cuppari L. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar UNIFESP/ Escola Paulista
de Medicina -nutrição clínica no adulto. 1a ed. São Paulo: Manole. 2002. p.
235-247.
Polacow, VO. et al. Alterações no estado
nutricional e dietoterapia na infecção por HIV. Rev Bras Nutr Clin 2004; v.19,
n.2: p. 79-85.
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