O CLA é naturalmente encontrado em
alimentos como carnes bovinas e de animais ruminantes, como também em aves,
ovos e leite e seus derivados. Gorduras vegetais não são fontes significativas de CLA. No entanto, este pode ser produzido a partir do
ácido linoleico contido no óleo de girassol.
O consumo de CLA vem sendo
atualmente relacionado a efeitos anticarcinogênicos, antiaterogênicos e, para
os indivíduos fisicamente ativos e atletas, exerce efeitos sobre a composição
corporal, reduzindo o porcentual de gordura, contribuindo para o aumento da
massa magra. No entanto, essas ações do CLA, vêm sendo estudadas, sobretudo em
pesquisas experimentais com animais. São poucos, na realidade, os estudos com
humanos.
Obesidade
Ainda não existem comprovações
científicas de que a suplementação com CLA reduza o peso corporal ou o índice
de massa corporal em humanos, porém algum efeito relacionado à redução do
tecido adiposo parece ocorrer com doses acima de 3g de CLA por dia,
especialmente na região abdominal de homens obesos, e no tecido muscular esquelético.
Existem alguns indícios de que
indivíduos pós-obesos, em novo ganho de peso, sejam mais suscetíveis aos
efeitos do CLA do que os de peso estável; assim como homens obesos em relação a
mulheres obesas. Contudo, essas suposições ainda são inconsistentes devido à
grande variabilidade nos delineamentos experimentais, especialmente quanto à
dose, ao tipo de isômero(s) usado(s), e ao tempo de intervenção.
A leptina é um hormônio secretado pelo
tecido adiposo e age no cérebro, através de receptores hipotalâmicos. Este
hormônio fornece informações sobre a posição de reserva energética do
organismo, atua na regulação da sensação de fome, utilização de substrato e no
balanço energético. Atua também na função reprodutiva, na angiogênese, no
sistema imune, e desempenha inúmeras funções endócrinas, tanto em humanos
quanto em roedores.
A maioria dos estudos mostra uma
diminuição da concentração de leptina no sangue após suplementação com CLA. Foi
verificada uma diminuição da expressão de mRNA da proteína (UCP) 1, que é
estimulado pela leptina, após suplementação com CLA.
Em relação à ingestão calórica e
apetite, estudos realizados em humanos não verificaram mudanças. Entretanto
outro estudo mostrou uma relação entre indivíduos suplementados com CLA após
perda de peso, e controle da ingestão calórica e apetite.
É importante ressaltar ainda que
alguns efeitos indesejáveis relacionados ao uso do CLA foram encontrados tanto
em estudos com humanos quanto em animais, como aumento da resistência à
insulina, aumento da glicose e insulina de jejum; elevação da peroxidação
lipídica, redução da HDL-colesterol em indivíduos com síndrome metabólica
(dislipidemia, hipertensão) tratados com o isômero 10-trans, 12-cis.
Câncer
Os tumores na glândula mamária são
particularmente sensíveis aos efeitos do CLA, o que pode ser explicado, em
parte, pela acumulação preferencial do CLA em lipídios neutros de adipócitos
que é o tipo de célula predominante no tecido mamário. Além dos efeitos diretos
do CLA no epitélio mamário, ele também age reduzindo a diferenciação das
células do estroma mamário e na redução na capacidade do estroma mamário em
formar redes microcapilares (angiogênese).
Um estudo mostrou que o tratamento com
CLA leva à modulação de uma gama de biomarcadores que sugerem tanto um
decréscimo em proliferação celular, como um aumento de apoptose.
Segundo a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), o CLA não pode ser comercializado no Brasil, na
forma isolada ou como ingrediente alimentar para ser adicionado em alimentos,
devido à falta de evidência científicas que comprovem a segurança e eficácia de
seu uso. A Anvisa acrescenta ainda que os efeitos adversos encontrados em
estudos precisam ser melhor esclarecidos e entendidos, além de uma explicação
entre os mecanismos de ação dos diferentes isômeros do CLA, que levam a
distintas ações biológicas atribuídas à substância, e a interação em humanos.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Gonçalves, DC. Efeitos do ácido
linoléico conjugado sobre parâmetros do metabolismo lipídico alterados pela
caquexia. [Tese de Doutorado]. Universidade de São Paulo – USP, 2010.
Leser S. Os Lipídios no Exercício.
In: p.49-86. Biesek S, Alves LA, Guerra I. Estratégias de nutrição e
suplementação no esporte. Barueri,SP: Manole, 2005. p.49-86.
Medeiros, SR. Ácido linoléico
conjugado: teores nos alimentos e seu uso no aumento da produção de leite com
maior teor de proteína e perfil de ácidos graxos modificado. Tese de
Doutorado]. Universidade de São Paulo – USP, 2002.
Ministério da Saúde. Agência Nacional
de Vigilância Sanitária. Informe Técnico nº 23, de 17 de abril de 2007.
Esclarecimentos sobre as avaliações de segurança e eficácia do Ácido Linoléico
Conjugado – CLA. Disponível em: 'http://www.anvisa.gov.br/alimentos/informes/23_190407.htm.
Acessado em: 09/03/2014.
Mourão, DM. et al. Ácido linoléico
conjugado e perda de peso. Rev
Nutr. 2005; v.18, n.3: p. 391-399.
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