segunda-feira, 17 de março de 2014

Ácido Linoleico Conjugado (CLA)


  O termo ácido linoleico conjugado (CLA) refere-se a um grupo de isômeros do ácido linoleico (ômega-6), isto é, uma classe de ácidos graxos poliinsaturados.

  O CLA é naturalmente encontrado em alimentos como carnes bovinas e de animais ruminantes, como também em aves, ovos e leite e seus derivados. Gorduras vegetais não são fontes significativas de CLA. No entanto, este pode ser produzido a partir do ácido linoleico contido no óleo de girassol.

            O consumo de CLA vem sendo atualmente relacionado a efeitos anticarcinogênicos, antiaterogênicos e, para os indivíduos fisicamente ativos e atletas, exerce efeitos sobre a composição corporal, reduzindo o porcentual de gordura, contribuindo para o aumento da massa magra. No entanto, essas ações do CLA, vêm sendo estudadas, sobretudo em pesquisas experimentais com animais. São poucos, na realidade, os estudos com humanos.

Obesidade

            Ainda não existem comprovações científicas de que a suplementação com CLA reduza o peso corporal ou o índice de massa corporal em humanos, porém algum efeito relacionado à redução do tecido adiposo parece ocorrer com doses acima de 3g de CLA por dia, especialmente na região abdominal de homens obesos, e no tecido muscular esquelético.


Existem alguns indícios de que indivíduos pós-obesos, em novo ganho de peso, sejam mais suscetíveis aos efeitos do CLA do que os de peso estável; assim como homens obesos em relação a mulheres obesas. Contudo, essas suposições ainda são inconsistentes devido à grande variabilidade nos delineamentos experimentais, especialmente quanto à dose, ao tipo de isômero(s) usado(s), e ao tempo de intervenção.

A leptina é um hormônio secretado pelo tecido adiposo e age no cérebro, através de receptores hipotalâmicos. Este hormônio fornece informações sobre a posição de reserva energética do organismo, atua na regulação da sensação de fome, utilização de substrato e no balanço energético. Atua também na função reprodutiva, na angiogênese, no sistema imune, e desempenha inúmeras funções endócrinas, tanto em humanos quanto em roedores.

A maioria dos estudos mostra uma diminuição da concentração de leptina no sangue após suplementação com CLA. Foi verificada uma diminuição da expressão de mRNA da proteína (UCP) 1, que é estimulado pela leptina, após suplementação com CLA.

Em relação à ingestão calórica e apetite, estudos realizados em humanos não verificaram mudanças. Entretanto outro estudo mostrou uma relação entre indivíduos suplementados com CLA após perda de peso, e controle da ingestão calórica e apetite.

É importante ressaltar ainda que alguns efeitos indesejáveis relacionados ao uso do CLA foram encontrados tanto em estudos com humanos quanto em animais, como aumento da resistência à insulina, aumento da glicose e insulina de jejum; elevação da peroxidação lipídica, redução da HDL-colesterol em indivíduos com síndrome metabólica (dislipidemia, hipertensão) tratados com o isômero 10-trans, 12-cis.

Câncer
 
Os tumores na glândula mamária são particularmente sensíveis aos efeitos do CLA, o que pode ser explicado, em parte, pela acumulação preferencial do CLA em lipídios neutros de adipócitos que é o tipo de célula predominante no tecido mamário. Além dos efeitos diretos do CLA no epitélio mamário, ele também age reduzindo a diferenciação das células do estroma mamário e na redução na capacidade do estroma mamário em formar redes microcapilares (angiogênese).

Um estudo mostrou que o tratamento com CLA leva à modulação de uma gama de biomarcadores que sugerem tanto um decréscimo em proliferação celular, como um aumento de apoptose.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o CLA não pode ser comercializado no Brasil, na forma isolada ou como ingrediente alimentar para ser adicionado em alimentos, devido à falta de evidência científicas que comprovem a segurança e eficácia de seu uso. A Anvisa acrescenta ainda que os efeitos adversos encontrados em estudos precisam ser melhor esclarecidos e entendidos, além de uma explicação entre os mecanismos de ação dos diferentes isômeros do CLA, que levam a distintas ações biológicas atribuídas à substância, e a interação em humanos.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Gonçalves, DC. Efeitos do ácido linoléico conjugado sobre parâmetros do metabolismo lipídico alterados pela caquexia. [Tese de Doutorado]. Universidade de São Paulo – USP, 2010.

Leser S. Os Lipídios no Exercício. In: p.49-86. Biesek S, Alves LA, Guerra I. Estratégias de nutrição e suplementação no esporte. Barueri,SP: Manole, 2005. p.49-86.

Medeiros, SR. Ácido linoléico conjugado: teores nos alimentos e seu uso no aumento da produção de leite com maior teor de proteína e perfil de ácidos graxos modificado. Tese de Doutorado]. Universidade de São Paulo – USP, 2002.

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Informe Técnico nº 23, de 17 de abril de 2007. Esclarecimentos sobre as avaliações de segurança e eficácia do Ácido Linoléico Conjugado – CLA. Disponível em: 'http://www.anvisa.gov.br/alimentos/informes/23_190407.htm. Acessado em: 09/03/2014.


Mourão, DM. et al. Ácido linoléico conjugado e perda de peso. Rev Nutr. 2005; v.18, n.3: p. 391-399.

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