O envelhecimento pode ser
classificado sobre os aspectos biológicos, como o envelhecimento do corpo e das
capacidades funcionais; o psicológico, que se refere à função cognitiva, como
auto-estima, memória e percepção; e o aspecto social, que está relacionado ao
afastamento da sociedade devido a aposentadoria e outros fatores.
O avançar da idade faz com que o
indivíduo se torne menos ativo, assim diminuindo suas capacidades físicas e,
como consequência, surge o sentimento de velhice que pode causar estresse e
depressão. Isso pode levar a uma maior diminuição da atividade física,
contribuindo para o surgimento de doenças crônicas.
A atividade física tem se mostrado
uma boa medida terapêutica. Diversos estudos comprovam a eficácia da atividade
física na melhora da saúde mental do idoso.
Um estilo de vida mais ativo retarda
os efeitos deletérios do envelhecimento, preservando a autonomia do idoso. Os
benefícios psicológicos da atividade física para o idoso podem ser divididos em
imediatos: relaxamento, redução nos níveis de ansiedade e controle do estresse
e melhor estado de espírito; e a médio prazo: percepção de bem-estar geral
melhorada, melhor saúde mental, principalmente menor risco de depressão e
melhora cognitiva.
A programação da atividade física no
idoso não é muito diferente da preconizada para indivíduos mais jovens. Apenas
alguns cuidados especiais devem ser tomados caso haja alguma restrição, que
pode estar relacionada às modificações progressivas da idade ou a patologias
das mais diversas (cardiovasculares, osteoarticulares, outras). Com isso,
indivíduos nessa faixa etária inicialmente devem ser submetidos a um
questionário, cujo objetivo é saber: se apresentam algum tipo de sintoma
clínico ou patologia que possa interferir ou colocá-los em risco durante o
exercício, quais são os fatores de risco para doença coronária, qual o tipo e
intensidade de exercício que desejam realizar. Essas perguntas devem ser
complementadas com uma revisão dos sistemas e, principalmente, nos indivíduos
com doença cardiovascular, do perfil psicológico.
Em seguida, devem ser submetidos a um
exame clínico e a uma série de exames complementares, que varia de acordo com o
paciente e a rotina do serviço. É importante ressaltar que a promoção da saúde
não ocorre de forma isolada somente com exercícios físicos. Cada vez mais se
valoriza uma mudança de hábitos, como emagrecimento, controle das dislipidemias
e do diabetes melito, diminuição do estresse, entre outros. Daí, a importância
de muitos dos exames complementares, que nos permitem programar os exercícios
com maior segurança em determinados pacientes com doença, bem como, em idosos
saudáveis, realizar um investimento na prevenção de forma mais global.
Teste ergométrico (TE) - O TE é um exame barato, de baixo
risco e muito útil na avaliação inicial e progressiva do grupo de idosos que já
praticam ou desejam iniciar suas atividades físicas. Esse exame tem por
objetivo: estratificação de risco para doença coronária; prescrição de
exercícios; determinação da capacidade física inicial; comparação com
reavaliações após período de atividade física; modificação dessa prescrição no
caso de alteração do quadro clínico ou por mudança na medicação que possa
interferir de maneira importante na freqüência cardíaca ou por parâmetros
hemodinâmicos.
Segundo o American College of
Sports Medicine, todos os idosos, sejam saudáveis ou não, que forem
submetidos a exercícios vigorosos devem realizar um teste ergométrico prévio.
São considerados exercícios vigorosos aqueles cuja intensidade é maior que 60%
do VO2 máximo. Se a intensidade é incerta, podem ser definidos como
exercícios que conseguem modificar de forma importante o sistema
cardiorrespiratório ou que resultam em fadiga em intervalo máximo de 20
minutos. Se os exercícios forem moderados, intensidade entre 40% e 60% do VO2
máximo ou exercícios que podem ser sustentados de forma prolongada e
confortável, com início e progressão graduais e geralmente não competitivos.
A modalidade de exercícios deve ser aquela
que não imponha grande estresse ortopédico; de fácil acesso, conveniente e
agradável ao grupo (fundamental para aderência ao programa de atividades
físicas); os tipos de exercício podem ser os mais variados: caminhada,
bicicleta, exercícios na água, natação ou outras atividades aeróbicas.
Quanto à intensidade, devem ser suficientes
para manter uma carga no sistema cardiovascular, pulmonar e músculo-esquelético
sem sobrecarregá-los. O mínimo desejável para obter os benefícios cardiovasculares
e periféricos do treinamento é de 60% da FC obtida no pico do esforço no TE.
Porém, é melhor que se faça alguma coisa, mesmo abaixo do treinamento ideal,
como caminhar recreativamente, do que não fazer nada, pois os benefícios muitas
vezes estão relacionados à maior integração à sociedade e na esfera
psicológica.
Os pacientes idosos com doença cardiovascular
devem começar o programa de atividade física com menor intensidade de
exercícios, principalmente no grupo de sedentários, pelo risco de complicações
relacionadas à doença de base ou ao acometimento osteomuscular.
Os exercícios devem ser realizados de três a
cinco vezes por semana, com duração de 30 a 60 minutos. No grupo de
sedentários, o trabalho deve iniciar-se com tempo reduzido e progredir gradativamente.
Os exercícios ajudam a melhorar os
reflexos osteoarticulares dos idosos, bem como retardar a progressão da
osteoporose, principalmente em mulheres (associados a orientações alimentares e
os raios solares da manhã).
Muitas vezes nos vemos diante de um
idoso com importante restrição física, associada a doença coronária importante,
o que praticamente não permite a realização nem de pequenos esforços; porém, só
o fato de dar caminhadas lentamente, mesmo sem melhora da aptidão física, fazer
exercícios para aumentar o tônus de membros e conviver com um grupo que
transmite mensagens positivas, permite maior integração desse indivíduo com o
meio, como também a realização de tarefas mínimas, porém com independência
(ex.: pequenas compras de supermercado, autonomia dentro de casa, etc).
Hoje em dia não se discutem mais os
benefícios da atividade física na população de idosos, sempre programados após
avaliação clínica adequada e precedidos de um teste ergométrico (exceção apenas
para os idosos saudáveis não submetidos a atividades físicas intensas). O
programa de treinamento deve estar associado a medidas gerais (dieta alimentar,
perda de peso, outras). O aquecimento e o resfriamento devem ser lentos e
graduais; os exercícios propriamente ditos devem respeitar as restrições
individuais, para evitar complicações.
Todos
os idosos devem praticar exercícios físicos, desde que não haja alguma
restrição absoluta, sempre com o objetivo da melhoria da capacidade física,
maior integração na sociedade, bem como maior equilíbrio na esfera psicológica.
As informações contidas neste blog, não
devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de
saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e
sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Kopiler, DA. Atividade física na terceira
idade. Rev Bras Med Esporte. 1997; v.3, n.4: p. 108-112.
Mittelmann, C. Efeitos da atividade física na
saúde mental do idoso: estudo de revisão de artigos científicos. [Trabalho de
Conclusão de Curso]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, 2010.
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