quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Potássio



  
     
      O potássio, o principal cátion do fluido intracelular, está presente em pequenas quantidades no fluido extracelular (2%). A grande diferença de concentração entre o intra e o extracelular é mantida pela bomba sódio-potássio ATPase, que transporta ativamente potássio para dentro da célula. O potássio exerce duas funções fisiológicas principais: a primeira diz respeito ao seu papel de destaque no metabolismo celular, ao participar na regulação de processos (como na síntese de proteína e glicogênio) e do balanço ácido-básico. Além disso, o potássio também é responsável pela manutenção do potencial elétrico através da membrana celular; pequenas alterações na concentração do potássio extracelular podem afetar de maneira importante a relação da concentração de potássio extra:intracelular, alterando, assim, a transmissão nervosa, a contração muscular e o tônus vascular.


            Pessoas saudáveis que consomem uma dieta ocidental ingerem aproximadamente 2,7 g de potássio por dia. Quase todo o potássio ingerido é absorvido no trato gastrintestinal e transportado para o fígado através da circulação portal. Quantidades mínimas de potássio são excretadas pelas fezes e suor, sendo os rins os principais responsáveis pela excreção e regulação do balanço de potássio. A excreção de potássio pelos rins é regulada por um processo de secreção, independente da filtração glomerular e da quantidade de potássio filtrado. Cerca de 85% a 90% do potássio filtrado no glomérulo é reabsorvido na porção proximal do néfron. A quantidade de potássio urinário, no entanto, pode ser tão pequena quanto 1% do potássio filtrado – no caso de a sua ingestão ser baixa – ou exceder em até duas vezes o filtrado quando a ingestão é elevada. Assim, o néfron distal, particularmente o ducto coletor, tem a capacidade de secretar e reabsorver potássio, ocorrendo neste mesmo local o controle da homeostase desse eletrólito.

Equilíbrio Hidroeletrolítico


      O potássio, juntamente com o sódio, é importante na manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico celular. Os íons de sódio e potássio ocorrem em concentrações específicas dentro e fora das células. Assim, o sódio, em maior concentração no meio extracelular, pelo processo da difusão, se move para dentro da célula, enquanto o potássio, mais concentrado no meio intracelular, se move para fora da célula pelo mesmo processo. Com isso, a tendência é o equilíbrio entre as concentrações interna e externa desses dois íons, porém, para a manutenção do potencial elétrico da célula, é necessário que haja baixa concentração de íons de sódio e elevada de íons de potássio dentro da célula. A manutenção das concentrações ideais dos dois íons é dada pela sódio-potássio ATPase, que bombeia sódio para fora da célula e potássio para dentro dela. Como esse transporte é realizado contra os gradientes de concentração desses dois íons, há necessidade de energia, obtida com a clivagem de ATP (adenosina trifosfato). Isso permite a manutenção da pressão osmótica intracelular e do volume celular.

Pressão Arterial
 
Estudos epidemiológicos demonstram associação inversa entre a ingestão de potássio e a pressão arterial. Os resultados do estudo internacional INTERSALT, que tinha como objetivo analisar a relação entre a ingestão de eletrólitos e a pressão arterial, confirmaram que a ingestão de potássio, avaliada pela excreção urinária de potássio em 24 h, era um importante determinante independente da pressão arterial da população. Um aumento de 1,2 a 1,8 g na ingestão de potássio estava associado com uma redução média de 2-3 mmHg na pressão sistólica.

Vale ressaltar que, na análise da relação entre a ingestão de potássio e a pressão arterial, é importante considerar a interação com o sódio. Apesar das evidências apontarem para efeitos independentes desses 2 eletrólitos, a interação existe e é particularmente importante quando a dieta com elevada quantidade de potássio está associada com restrição de sódio, ou seja, existe um efeito aditivo sobre a pressão arterial. Isso foi claramente demonstrado no estudo DASH, no qual a combinação de reduzida ingestão de sódio com maior ingestão de frutas e hortaliças produziu o maior efeito sobre a pressão arterial. Além dos efeitos benéficos sobre a pressão arterial, a elevada ingestão de potássio parece ter também propriedades vasculares protetoras independentes. Há evidências de uma relação inversa entre a ingestão de potássio e o risco de acidente vascular cerebral (AVC). Um efeito protetor direto sobre a ocorrência de AVC tem sido sugerido em estudos em modelos animais

Recomendações

Quadro 1. Ingestão adequada de potássio em g/dia, segundo as DRIS.

Estágio da vida
Ingestão adequada (AI)
Bebês

0-6 meses
0,4
7-12 meses
0,7
Crianças

1-3 anos
3,0
4-8 anos
3,8
Homens

9-13 anos
4,5
14-18 anos
4,7
19-30 anos
4,7
31-50 anos
4,7
51-70 anos
4,7
˃ 70 anos
4,7
Mulheres

9-13 anos
4,5
14-18 anos
4,7
19-30 anos
4,7
31-50 anos
4,7
51-70 anos
4,7
˃ 70 anos
4,7
Gestantes

< 18 anos
4,7
19-30 anos
4,7
31-50 anos
4,7
Lactantes

< 18 anos
5,1
19-30 anos
5,1
31-50 anos
5,1
Fonte: ILSI, 2010.

Fontes

O potássio é o mais importante mineral presente em frutas, legumes e verduras. Assim como o sódio e o cloro, o potássio é também um eletrólito responsável pela manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e pelo impulso nervoso, pela contração muscular e pelo funcionamento cardíaco. Um limitado número de enzimas necessita da presença de potássio, como a piruvatoquinase, indispensável no metabolismo de carboidratos. Devido ao fato de ser amplamente encontrado na natureza, não só nas frutas, legumes e verduras, como também em carnes, leite e derivados, a deficiência (hipocalemia) é rara. Um alimento considerado “rico” em potássio contém, por porção, mais de 5,1mEq ou 195mg.

Quadro 2. Quantidade de potássio presente em alguns alimentos, segundo porção usual.

Alimento
Porção
Peso (g)
Potássio (mg)
Frutas e hortaliças



Laranja (pera)
1 unidade média
160
260
Melão
1 fatia média
170
367
Mamão (formosa)
1 fatia grossa
150
333
Banana (nanica)
1 unidade média
70
263
Uva (rubi)
1 cacho médio
130
206
Abacate
1 unidade média
150
309
Couve manteiga crua
2 folhas médias
40
161
Cenoura crua
1 unidade média
90
284
Tomate cru
1 unidade média
90
200
Batata cozida
1 unidade média
130
426
Castanha de caju torrada
10 unidades
25
170
Amendoim
3 colheres de sopa
51
335
Lácteos/Carnes



Leite vaca integral
1 copo grande
240
319
Iogurte natural
1 pote
200
142
Queijo minas (frescal)
2 fatias médias
60
63
Carne bovina (contrafilé grelhado)
1 filé médio
90
347
Carne de frango (peito grelhado)
1 filé médio
100
387
Pescada branca frita
1 filé médio
120
426
Fonte: ILSI, 2010.

Deficiência de Potássio

É muito pouco provável a ocorrência de deficiência de potássio por consumo alimentar insuficiente. Já algumas condições clínicas (vômito ou diarreia) ou o uso de alguns tipos de medicamentos (principalmente diuréticos), por levarem à perda excessiva de potássio, podem causar deficiência desse eletrólito que se caracteriza por hipopotassemia (concentração plasmática de potássio menor que 3,5 mmol/L). Os principais efeitos adversos da deficiência grave de potássio são arritmias cardíacas, fraqueza muscular e intolerância à glicose.

Por outro lado, a hipercalemia (aumento dos níveis séricos de potássio) ocorre principalmente na presença de nefropatias e na incapacidade de excreção.


As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Cuppari, L; Bazanelli, AP. Potássio. ILSI Brasil-International Life Sciences Institute do Brasil, 2010.

MAHAN, LK; Escott-Stump, S. Krause: Alimentos, nutrição & dietoterapia, 10ª ed.Ed. Roca, São Paulo, 2002.

Philippi, ST. Pirâmide dos Alimentos: Fundamentos básicos da nutrição. 1 ed. Barueri, SP: Manole: 2008.

 

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