Na composição química das leguminosas, encontram-se
proteínas, poucos lipídios, carboidratos (principalmente o amido) e fibras por
meio da celulose, além de micronutrientes e fitoquímicos. São também ricas em
saponinas e frutooligossacarídeos, que podem apresentar ação antioxidante e vêm
sendo estudados por sua ação na redução do risco de desenvolvimento de alguns
tipos de câncer.
A maioria dos feijões contém pouca energia proveniente de
lipídios (cerca de 5%), sendo uma exceção o grão da soja, cujo percentual chega
a 47% do valor energético. O ácido graxo predominante nas leguminosas é o ácido
linoleico (ômega 6), embora estejam presentes também os ácidos graxos do tipo
ômega 3 (ácido alfa-linolênico). Entretanto, a contribuição desses ácidos
graxos na dieta é pequena pelo conteúdo limitado de lipídios totais na
composição geral das leguminosas. O aumento na ingestão de ômega 3 proveniente
das leguminosas ocorre com o aumento no consumo de soja e de seus produtos.
As leguminosas contêm carboidratos na forma de amido,
celulose e outros, inclusive alguns oligossacarídeos indigeríveis para os seres
humanos, como a rafinose e a estaquiose.
A rafinose é composta de três moléculas de
monossacarídeos (galactose-glicose-frutose) e a estaquiose, de quatro moléculas
de monossacarídeos (galactose-galactose-glicose-frutose). Pela deficiência da
enzima alfa-galactosidase na mucosa intestinal do ser humano, as ligações entre
esses monossacarídeos não são quebradas (são arranjadas de forma que as enzimas
digestivas não conseguem quebrá-las), e assim esses oligossacarídeos chegam ao
intestino grosso, onde são metabolizados por bactérias normais da flora
intestinal. Neste processo, são liberados gases (hidrogênio, dióxido de carbono
e metano) responsáveis pelo meteorismo e flatulência, característicos da
digestão das leguminosas, o que leva algumas pessoas a evitar feijões pelo
desconforto intestinal ou por causar algum embaraço. Entretanto, existem
pesquisas sobre a importância desses oligossacarídeos para o crescimento das
bifidobactérias e sobre a hipótese de que atuem na saúde do cólon.
Com relação aos micronutrientes, as leguminosas são
consideradas fontes de folato e fósforo. Os feijões são também fonte de ferro,
no entanto, a biodisponibilidade deste nutriente nesses alimentos é baixa, e
pode estar ainda diminuída pela presença de inibidores de sua absorção. Fatores
que podem aumentar em até 15% a biodisponibilidade de ferro em leguminosas são
a presença de carnes e, com menor influência, a presença de alimentos fontes de
vitamina C.
O feijão é uma das principais fontes de proteína vegetal,
ferro e vitaminas que fortalecem o sistema imunológico e dão mais energia para
o corpo. Além disso, se consumido de maneira correta, o feijão pode ser um
ótimo aliado da dieta, já que contém fibras que melhoram o funcionamento
intestinal. A leguminosa ainda ajuda a controlar o diabetes, atua na prevenção
de câncer e combate doenças que aparecem com o avanço da idade. Uma concha de
feijão (50% grão mais 50% caldo) tem, em média, 61calorias.
Alguns componentes dos feijões são considerados
antinutricionais, como os inibidores da tripsina, fitatos, oligossacarídeos e
saponinas. Os inibidores de tripsina podem certamente interferir na digestão
das proteínas, entretanto o processo de cocção reduz em 80-90% a quantidade
desses compostos.
As lentilhas, que fazem parte da dieta humana desde a
Antiguidade, são boas fontes de ferro, fósforo, potássio, cobre e manganês.
Possui fibras que ajudam a controlar o peso e os níveis de glicose no sangue.
Além disso, a lentilha ajuda a diminuir o colesterol (LDL) do organismo,
melhora a circulação sanguínea e atua no funcionamento do sistema nervoso. Cada
100g têm, em média, 116 calorias.
As ervilhas, que podem ser consumidas em enlatados ou
frescas e secas, sendo que as últimas têm maior concentração de nutrientes,
especialmente ferro, magnésio, cobre, zinco e potássio, além de algumas
vitaminas do complexo B. Sua alta quantidade de antioxidantes, combate os
radicais livres, impedindo o surgimento de doenças, como o Mal de Alzheimer e o
câncer. Também atua no controle do colesterol, melhora o funcionamento do
sistema nervoso e ainda dá mais energia para a prática de atividades físicas.
Cada 100g têm, em média, 81 calorias.
A soja, que tem produção nacional estimada em cerca de 50
milhões de toneladas anuais. Ela não é consumida apenas na forma de grãos, mas
também na forma de seus produtos, como extrato de soja e o tofu. Esse grão é um
doa melhores amigos das mulheres durante a menopausa, já que ele é rico em
isoflavonas, nutriente que ajuda a equilibrar os hormônios dessa fase,
controlando os efeitos da menopausa, como dores, cansaço e excesso de calor.
Esse nutriente também é muito eficaz na prevenção de problemas como a
osteoporose. Uma pesquisa comprovou que o consumo regular de soja diminui em
até 50% o risco de desenvolver câncer de mama. Ela também é rica em vitamina E,
que combate o envelhecimento, lecitina, que melhora o funcionamento do cérebro
e também é eficaz contra problemas no pulmão. O leite de soja é uma ótima opção
para quem tem intolerância à lactose. Cada 100g de soja têm, em média, 173
calorias.
O amendoim, que tem sementes com sabor agradável e cuja
importância econômica relaciona-se com sua qualidade nutricional por ser um
alimento altamente energético (50% do grão é constituído de lipídios e 20 a
30%, de proteínas).
Dicas
de Preparo
O preparo de feijões (e outras leguminosas) pode ser
demorado em face do período prolongado de cozimento. Estratégias que podem
abreviar esse tempo incluem lavar os grãos e deixá-los de molho por algumas
horas antes do cozimento (neste caso, recomenda-se descartar a água em que o
feijão ficou de molho e usar outra para cozinhá-lo). Outra boa alternativa é
cozinhá-lo em panela de pressão. Além disso, feijões cozidos em maior
quantidade em um único dia podem ser armazenados no congelador para uso em
preparações feitas ao longo da semana.
Como em todas as preparações de alimentos, deve-se
atentar para a moderação no uso de óleo e de sal no feijão. Use o óleo vegetal
de sua preferência – soja, milho, girassol, canola ou outro -, mas sempre na
menor quantidade possível para não aumentar excessivamente o teor de calorias
da preparação. A mesma orientação se aplica à quantidade de sal, que deve ser a
mínima possível para não tornar excessivo o teor de sódio.
Para reduzir a quantidade de óleo e sal adicionada ao
feijão, e o eventual uso de carnes salgadas, prepare-o com quantidades
generosas de cebola, alho, louro, salsinha, cebolinha, pimenta, coentro e
outros temperos naturais que você goste.
A
recomendação é consumir de 1 a 2 porções de leguminosas por dia. A porção
corresponde a uma concha média.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Cozzolino, SMF; Bortolli,
MC; Cominetti, C. Grupo dos feijões e oleaginosas. In: Philippi, ST. Pirâmide
dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. 1. ed. Barueri, SP: Manole,
2008.
Guia Alimentar
Para a População Brasileira. Ministério da Saúde, 2014.
Leguminosas. Meu
Prato Saudável. Disponível em: www.meupratosaudavel.com.br
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