Autismo é um dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento
(TID), classificado como um distúrbio que se caracteriza por alterações
presentes precocemente, tipicamente antes dos três anos de idade, com impacto
múltiplo e variável do desenvolvimento humano como as áreas de comunicação,
interação social, aprendizado e capacidade de adaptação. É marcado pelo atraso
e desvio das habilidades sociais, ocorrendo uma interrupção dos processos
normais.
Esta síndrome é responsável por um padrão comportamental
restritivo e repetitivo, podendo, gerar perfis cognitivos que variam entre o
atraso mental e níveis de inteligência acima da média. Esta psicopatologia
traduz-se por uma diversidade de sintomas nestas três áreas de incidência,
como, por exemplo, os movimentos corporais repetitivos, a ausência de contacto
visual, a necessidade de estereotipias, o comportamento de autopreservação,
entre outros.
As intervenções dietéticas vem a partir da restrição no
consumo de alimentos que contem glúten e caseína que são causadores de alergias
e transtornos gastrointestinais, que desencadeiam crises comportamentais, o que
se propõe é a remoção desses alérgenos da dieta. Além de substituir alguns
alimentos, como o açúcar, alimentos industrializados, ricos em fenois e
salicilatos.
Autismo & Nutrição: A alimentação do autista deve seguir
um modelo alimentar para o autista, ou seja, uma dieta individualizada,
conforme adaptações de planos alimentares, envolvendo familiares, pessoas do
convívio, para que o paciente consiga seguir melhor as condições propostas. O
cuidado especial, a educação nutricional com os autistas e seus cuidadores, com
orientação adequada poderá ajudar nas atividades rotineiras. Os autistas são
muito seletivos e resistentes a novas experiências alimentares, por isso,
deve-se tomar cuidado de não deixá-los ingerir alimentos que não sejam
considerados saudáveis. Comportamento repetitivo e interesse restrito podem ter
papel importante na seletividade dietética.
Alergias alimentares: A permeabilidade intestinal e alergia
alimentar em portadores do espectro autista são questões avaliadas devido à
presença constante de sintomas gastrointestinais como: diarreia, constipação,
distensão e dor abdominal.
As crianças autistas com evidência de alergia alimentar
mediada ou não por imunoglobulina E (IgE) quando submetidas a uma dieta
restrita em alérgenos (caseína e glúten) tem efeitos positivos nos desconfortos
gastrointestinais refletindo também em alterações comportamentais.
Devido à alta prevalência dos sintomas gastrointestinais
e a melhora de sintomas com a intervenção dietética, um elo entre as
anormalidades gastrointestinais e as alterações de comportamento nos pacientes
com transtorno autístico tem sido investigado. Com a melhora clínica dos
sintomas gastrointestinais e comportamentais a hipótese sobre a alergia
alimentar tem sido estudada13.
A dieta sem glúten (trigo e outros cereais) e sem caseína
(leite e derivados) (SGSC) é baseada na “Teoria do Excesso de Opioides” que
sugere o desencadeamento da ação opioide no SNC, ocasionada pela presença de
peptídeos, por meio de uma permeabilidade intestinal existente e possível
infiltração pela barreira hematoencefálica, como resultados observam-se
comportamentos ou atividades anormais.
Alguns autores afirmam que o glúten e a caseína causam
sensação de prazer, além de hiperatividade, falta de concentração,
irritabilidade, dificuldade na interação da comunicação e sociabilidade.
Estudos relatam que indivíduos autistas, os quais aderiram a uma dieta isenta
de caseína e glúten, apresentaram melhora dos sintomas.
Após analise de muitos estudos, na década de 70,
estudando o autismo na área da nutrição, avaliou-se uma possível relação entre
os seus comportamentos alimentares e a presença de glúten e caseína no
respectivo regime dietético. Na sequência desta hipótese, têm sido
desenvolvidos vários estudos nutricionais que visam informar a existência em
relação à forma como o glúten e a caseína influenciam o comportamento das
pessoas com autismo. Portanto, muitos estudos formulados em torno das
intervenções dietéticas de exclusão de glúten e caseína não foram
cientificamente confirmados, desta forma torna-se indispensável à realização de
investigação complementar.
Alguns pacientes com
autismo necessitam de dietas especiais, cujas intervenções nutricionais se
baseiam em certas carências, como a ocorrência de alergias alimentares ou a
carência de importantes vitaminas e minerais que poderiam causar os sintomas
essenciais do autismo. É oferecida para autistas uma dieta sem glúten e
caseína, entretanto, alguns pesquisadores aconselham o suplemento da dieta com
vitamina piridoxina (B6) e magnésio.
Perspectivas na Nutrição: Ultimamente, as comunidades
científicas estão se esforçando e investindo na procura de soluções
terapêuticas que possibilitem a atenuação dos traços autistas em pessoas
portadoras da doença, permitindo-lhes uma vida o mais normal possível.
Nutricionistas, psicólogos, médicos, professores e até pais continuam a
manifestar uma atitude em relação
que ao retirar alimentos como o pão
e/ou o leite da alimentação dos autistas, se possa atenuar os seus
comportamentos compulsivos.
Grande parte dos estudos desenvolvidos até então
centra-se nos hábitos alimentares dos pacientes, visto que as dietas sem glúten
e sem caseína (SGSC) têm demonstrado resultados muito favoráveis nas tentativas
de diminuição das características autistas nas pessoas portadoras da doença. Na
sua quase totalidade, baseiam-se em intervenções comportamentais e
nutricionais, acompanhadas do registro de dados caracterizadores da doença,
permitindo, assim, detectar alterações comportamentais nos pacientes.
Concretiza-se, assim, uma relação entre a possível
amenização ou atenuação dos sintomas do autismo e o benefício nutricional dos
vários alimentos. Sob esta perspectiva, os princípios da nutrição voltada em um
tratamento particular ao autista podendo orientar no tratamento dessa doença
com auxilio terapêutico mais complexo20.
Texto elaborado por: Dra Juliana Gonçalves
Nutricionista. Mestre e Doutora em
Ciências da Saúde pelo Instituto de Cardiologia, RS.
Especialista em Nutrição Clínica
pela ASBRAN.
Especialização em Fitoterapia pela
Universidade de Léon (Espanha).
Especialização em Nutrição Clínica
pela Faculdade CBES.
Autora do Manual de Atendimento em
Nutrição Estética, 2ª edição, editora IPGS (2011). Coautora do
livro Atendimento Nutricional em Cirurgia Plástica - Uma Abordagem
Multidisciplinar, editora Rúbio (2013).
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
GONÇALVES,
J.S ; ASCHIDAMINI, F. Autismo e sua Relação com a Nutrição. Nutrição em Pauta,
v. 22, p. 42-46,2014.
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