O botulismo foi
primeiramente descrito na Alemanha, no século XVIII, após um surto associado à
ingestão de salsicha de produção doméstica, de onde se originou o nome (botulus em latim significa salsicha).
Botulismo é o nome de uma doença causada pela toxina
produzida por uma bactéria chamada Clostridium
botulinum. A incidência da doença é baixa, com alta letalidade se não
tratada adequada e precocemente. Apresenta-se sob três formas: botulismo
alimentar, botulismo por ferimentos e botulismo infantil. O local de produção
da toxina botulínica é diferente em cada uma dessas formas, porém todas se
caracterizam clinicamente por manifestações neurológicas e/ou gastrintestinais,
podendo ter evolução grave, com necessidade de hospitalização prolongada.
Esta bactéria se desenvolve na ausência total de oxigênio
e é encontrada na natureza, principalmente no solo. A toxina botulínica é
termolábil, sendo inativada pelo calor em uma temperatura de 80°C por, no
mínimo, 10 minutos.
● Botulismo por ferimento
Ocasionado pela contaminação de ferimentos com Clostridium botulinum, que em condições de anaerobiose, assume a forma
vegetativa e produz toxina in vivo. As principais portas de entrada para os
esporos são úlceras crônicas com tecido necrótico, fissuras, esmagamentos e
membros, ferimentos em áreas profundas mal vascularizadas, ou ainda, aqueles
produzidos por agulhas em usuários de drogas injetáveis e lesões nasais ou
sinusais em usuários de drogas inalatórias. É uma das formas mais raras de
botulismo.
● Botulismo infantil
Está associado à ingestão de mel contaminado com os
esporos da bactéria (sua forma de resistência) por bebês de até um ano, pois o
intestino deles ainda é imaturo, sem imunidade suficiente. Neste caso, a
bactéria produz sua toxina dentro do intestino da criança. Por esta razão, não
se deve dar mel às crianças com menos de um ano de idade.
● Botulismo alimentar
Ocorre por ingestão de toxinas presentes em alimentos
previamente contaminados e que foram produzidos ou conservados de maneira
inadequada. Muitos são os alimentos descritos como responsáveis pelo botulismo,
tais como embutidos de carnes em geral, ou conservas em lata e vidro de doces,
hortaliças, legumes (palmitos, aspargos, cogumelos, alcachofras, pimentões,
alhos, picles, etc.), peixes, frutos do mar, e outros, especialmente
acondicionados em embalagens submetidas à vácuo, sem oxigênio, que favorecem o
desenvolvimento do microrganismo.
A toxina produzida é resistente às enzimas presentes no
nosso trato gastrintestinal e afeta o sistema nervoso. Os principais sintomas
são: visão embaçada, boca seca, dificuldades para engolir, náuseas, vômitos,
fraqueza, fala arrastada e paralisia muscular progressiva. Esses sintomas
costumam aparecer entre 12 e 30 horas após a ingestão do alimento contaminado e
demoram muito para serem revertidos. Por isso, para que o tratamento funcione,
é preciso que ele seja iniciado tão logo a doença se manifeste.
O tratamento é feito com soro antitoxina, o qual age
sobre a toxina na corrente sanguínea, mas não na que já se ligou ao nervo. O
curso normal da doença leva a morte por parada respiratória. Porém, mesmo que o
tratamento seja feito de modo correto, ele pode não funcionar. Depende do tempo
em que a toxina teve para atuar, a quantidade ingerida e se o soro é do tipo
certo.
As medidas necessárias para se prevenir esta intoxicação
incluem comprar alimentos de fontes confiáveis, buscar orientações sobre
preparação de conservas caseiras (acidificação, salmoura, temperatura etc.) e
ferver alimentos fermentados ou em conservas (principalmente caseiras) por mais
de 15 minutos, antes de consumir. Este último procedimento destrói a toxina,
uma vez que ela é sensível a altas temperaturas (destruída a 120°C). É muito
importante que os casos confirmados, ou mesmo os suspeitos, sejam comunicados à
Vigilância Epidemiológica da cidade, para que ela possa tomar as medidas
necessárias de controle desta intoxicação.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Franco,
BDGM; Landgraf, M. Microbiologia dos Alimentos. 1. ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2004.
Manual
Integrado de Vigilância Epidemiológica do Botulismo. Ministério da Saúde, 2006.
Travagin,
BNFS. Botulismo: o que é e como prevenir. Grupo de Extensão em Segurança dos
Alimentos – GESEA. Disponível em: www.esalq.us.br
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