A
vida corrida e atribulada, mudanças no padrão alimentar da população
brasileira, a falta de tempo, a falta de fome pela manhã e até a preocupação
com a perda de peso, são descritos como principais motivos para o declínio do
habito de consumir Desjejum ou Café da manhã. Entretanto, segundo a
recomendação brasileira esta refeição deve garantir em média 25% do total
energético consumido durante o dia1.
A
ausência do desjejum inativa a elevação da glicemia necessária para as atividades
matinais, logo após um longo período de jejum2. Práticas regulares,
como o café da manhã tem um impacto positivo na saúde mental, com o benefício
da reposição da energia consumida em uma noite de sono. Com isso pode melhorar
o humor, memória e desempenho escolar3.
O
cérebro, assim como todos os outros órgãos, é construído a partir de proteínas,
carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais fornecidos pela dieta.
Metabolicamente ativo e com reservas limitadas de energia necessita de um
aporte continuo de glicose, da mesma forma que requer um fornecimento adequado
de micronutrientes4.
O
cérebro de uma criança é relativamente maior, e metabolicamente mais ativo do
que o cérebro de um adulto, modificando suas necessidades de glicose com o
desenvolvimento até a idade adulta. Sendo assim, a composição da refeição e
frequência pode afetar crianças, adolescentes e adultos de forma diferente5.
Crianças
e adolescentes são mais suscetíveis à desequilíbrios nutricionais em função do
acelerado desenvolvimento físico6. Também são mais expostos à padrões
impostos pela mídia, ideais corporais, amizades, rituais e hábitos familiares.
Portanto, os maiores prejudicados com essas mudanças de padrões alimentares.
Hábitos
alimentares inadequados na infância e adolescência podem ser fatores de risco
para desenvolvimento de doenças crônicas e obesidade7, visto que na
infância se originam 20% da obesidade do adulto. Sendo assim, crianças e
adolescentes obesos serão potenciais adultos obesos com o avançar da idade8,
e estão mais expostos a riscos pelas alterações metabólicas sofridas durante o desenvolvimento
e a doenças como hipertensão arterial, hiperlipidêmia e síndrome metabólica,
associadas à doença cardiovascular na vida adulta9.
Observa-se que um
padrão integro de refeições sem longos jejuns, contribui para melhores escolhas
alimentares no decorrer do dia10, de modo que
mais energia é consumida no café da manhã e menos energia é consumida no final
do dia, podendo ajudar a reduzir o ganho de peso11.
Tomar
café da manhã todos os dias está associado a ter um peso corporal adequado,
sugerindo também melhora na função cognitiva relacionada com a memória12.
Além
disso, no Desjejum é consumida parte importante do cálcio da dieta, obtido
através de leite e derivados. Sabe-se que 99% do cálcio do organismo é
encontrado na massa óssea e a omissão ou má qualidade do desjejum torna-se preocupante13,
principalmente em relação à saúde de crianças e adolescentes14.
O
Cálcio é um nutriente importante para o bom funcionamento do organismo, atuando
na contração muscular, coagulação sanguínea, transmissão do impulso nervoso,
divisão celular, suporte do esqueleto e o transporte da vitamina B12 pelo trato
gastrointestinal15. Este também descrito como agente no
controle da obesidade, por alterar a absorção de gordura pelo organismo e
afetar o metabolismo dos adipócitos (células que armazenam gordura)16.
Tornam-se
cada dia mais importante promover ações de informação e esclarecimento, pois
com o passar dos anos e as intensas mudanças sofridas nos padrões de consumo,
observa-se baixa qualidade da dieta17 e omissão de refeições.
“A fonte disponível de cálcio é dietética, e a
recomendação mínima deste nutriente pela Dietary Reference Intakes (DRI) é que
o consumo médio diário deva ser de 1.300 mg (o que equivale a 3 a 5 porções de
derivados lácteos, sendo 1 porção de leite ou iogurte igual a 240 ml e 1 porção
de queijo igual a 2 fatias, ou 40 g), que garantem a manutenção, para completo
crescimento e maturação ossea17.”
Texto elaborado por: Sonaly
Petronilho Heidelmann
Graduada em Nutrição- UNIGRANRIO.
Pós-graduada em Nutrição e Pediatria - Gama Filho.
Pós Graduanda em Nutrição Clinica e Fitoterapia – UBM.
Nutricionista voluntária no Grupo de Pesquisa em Saúde Materno Infantil
- GPSMI – UFRJ.
Atuação em consultório particular com ênfase em
Nutrição Clínica Adulta e Infantil – RJ.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
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nutrição." Editora Manole, Barueri, São Paulo, 2008.
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